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Nutrição de atletas em região endêmica

La nutrición de los deportistas en una región endémica

 

*Profº Dr. em Biologia Experimental

Pós-Doutorando pela Fundação Oswaldo Cruz/Unidade de Rondônia

Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia

Coordenador do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA)

Integrante do Grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal

**Dr. em bioquímica. Professor do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Rondônia

Vice- Presidente da Fundação Oswaldo Cruz

***Dr. em Parasitologia. Vice-Diretor de Pesquisa e Laboratório da Fundação Oswaldo

Cruz – Unidade de Rondônia

****Dr. em Biologia Experimental

Diretor do Centro de Pesquisa de Medicina Tropical/CEPEM

*****Drª. em Sociologia e professora de Educação Física

Professora do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia

Diretora do Núcleo de Saúde da Universidade Federal de Rondônia

Líder do Grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal

******Graduada e Especialista em Nutrição

Integrante do Centro de Estudo de Esporte e Lazer/CEELA/UNIR


Ramón Núñez Cárdenas*

Rodrigo Guerino Stabeli**

Luiz Hildebrando Pereira da Silva***

Mauro Shugiro Tada****

Ivete de Aquino Freire*****

Profª. Kaymann Scheidd Skroch******

rnunezcardenas@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Considerando que o estado de Rondônia é vulnerável a endemicidade da malária e como localidade da região Amazônica, está entre as áreas consideradas holoendêmicas de anemia ferropriva, a pesquisa teve como objetivo avaliar o perfil nutricional de atletas com história de anemia e infecção por Malária da cidade de Porto Velho. Para avaliar o perfil nutricional dos atletas foi aplicado o registro alimentar de três dias consecutivos ou não, sendo um deles final de semana; e do questionário de frequência alimentar para avaliar o perfil dietético dos atletas. A análise quantitativa e qualitativa dos nutrientes foi realizada através do programa de nutrição “Ava Nutri 4.0” (LOOSLI; BENSON; GILLIEN e BOURDET, 1986; e PINHEIRO et al, 1993). Para a análise das variâncias das duas amostras utilizou-se o test-f e para as análises das médias de ambas as amostras foi utilizado o teste-t. Considerou-se o nível de significância de 5% (p<0,05). Os resultados apontaram para evidências de inadequada ingestão alimentar dos atletas estudados.

          Unitermos: Nutrição. Atletas. Região endêmica.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Com o advento dos Jogos Olímpicos de 2016 a serem realizados no Brasil, o governo do país estabeleceu políticas no âmbito do esporte tendo como desafio projetar a nação como potência esportiva mundial. Tais políticas, em fase de organização, tiveram como ponto de partida a Conferência Nacional de Esportes e Lazer, que mobilizou todos os estados da Federação e Distrito Federal (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2010).

    Entretanto, as práticas esportivas, tanto do ponto de vista amador como profissional, com ou sem incentivo dos governos federal, estaduais e locais em alguma medida, são verificadas em todo o Brasil. No município de Porto Velho este fenômeno não ocorre de modo diferente. Se por um lado trata-se de uma região cuja população apresenta motivação para a prática esportiva; por outro lado é também uma localidade do Brasil onde as condições de moradia de grande parte da população, são propícias para o elevado risco de doenças infecto-contagiosas, por exemplo. Porto Velho é considerado uma cidade endêmica, com potencial impacto para a saúde pública.

    Atualmente, a transmissão da malária no Brasil está basicamente restrita a Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins). Em 2006, os municípios de Cruzeiro do Sul (AC), Manaus (AM) e Porto Velho (RO) foram responsáveis por 22,59 % do total de casos de malária da Amazônia (VENTURA, 2010).

    A malária é uma doença infecciosa, aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles. As manifestações iniciais desta doença são febre, sensação de mal estar, dor de cabeça, dor muscular, cansaço e calafrios. No homem, os esporozoítos infectantes se direcionam até o fígado, dando início a um ciclo de aproximadamente, seis dias para Plasmodium falciparum, oito dias para a Plasmodium vivax e 12 a 15 dias para a Plasmodium malariae, reproduzindo-se assexuadamente até rebentarem as células deste local (no mosquito, a reprodução destes protozoários é sexuada). Após esses eventos, espalham-se pela corrente sanguínea e invadem hemácias, até essas terem o mesmo fim, causando anemia no indivíduo (DEANE, 1989).

    Diversos autores afirmam que qualquer episódio de malária leva a algum grau de anemia, em especial a anemia produzida pela hemólise intravascular. Tal relação é explicada pela ruptura das hemácias (provocada mais especificamente pelo protozoário Plamodium falciparum) bem como a dificuldade gerada na produção destas (VENTURA 1999). As hemólises intravasculares são definidas como patologias nas quais ocorre destruição precoce das hemácias mediada por auto-anticorpos fixados a antígenos da membrana eritrocitária. Essa fixação imune desencadeia uma série de reações em cascata que termina na hemólise dessas células (PINTO, 2001).

    Relacionando ao tema desta pesquisa, a hemólise intravascular entre outros aspectos também ocorre em diversos esportes como corridas, ginástica aeróbica, lutas, levantamento de pesos e mesmo na natação. Se dá pelos traumas característicos do esporte (EICHNER, 2001). A hemólise esportiva é normalmente suave. Assim, comparados a população em geral, os atletas, principalmente os que participam de provas de resistência, tendem a apresentar concentrações de hemoglobina levemente inferiores. Esta condição é conhecida como “Pseudoanemia dilucional”, “anemia do desportista” ou “falsa anemia”. Esta alteração se dá porque as práticas de exercícios regulares, com características aeróbicas provocam um aumento no volume de plasma sanguíneo que dilui as hemácias e baixa a concentração de hemoglobina (SELBY, EICHNER, 1986). Entretanto, estudos indicam que esta concentração mais baixa de hemoglobina por unidade de sangue não prejudica o desempenho físico máximo, uma vez que essa desvantagem potencial pode ser completamente compensada pelo aumento do volume sistólico cardíaco causado pelo aumento do volume sanguíneo (EICHNER, 1986).

    Anemia é a quantidade insuficiente de hemoglobina para fornecer oxigênio aos tecidos. A principal função desta proteína nas hemácias é o transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos. Neste caso, havendo diminuição de hemoglobina, os níveis de oxigenação se encontraram prejudicados. Assim, de modo em geral, um indivíduo atleta com anemia que pratique exercícios agudos e vigorosos, tem reduzido o volume plasmático em 10 a 20% (NAGASHIMA, 2000; CLINE, 2000). Os sintomas da deficiência de hemoglobina pioram com a atividade física e aumentam quanto menor o nível de hemoglobina. Com níveis de hemoglobina entre 9 e 11 g∕dL estão presentes os sintomas como irritabilidade, indisposição e dor de cabeça, entre 6 e 9 há aceleração dos batimentos cardíacos, falta de ar e cansaço aos mínimos esforços; e quando a concentração de hemoglobina chega a valores abaixo 6g ∕dL ocorrem os sintomas acima mesmo em repouso (PANCORBO, 2008).

    A deficiência de ferro tem sido apontada como causa mais comum da verdadeira anemia em atletas. A ingestão insuficiente de ferro por parte dos atletas pode prejudicar a capacidade de transporte do oxigênio, interferindo no treinamento esportivo e diminuindo, por sua vez, o desempenho atlético (THOMPSON, 1998).

    Os estudos abordando a temática anemia no campo esportivo são limitados. Os descritos na literatura predominam a população não atleta; sobretudo investigações voltadas ao crescimento físico (SILVA, 1992), aos hábitos e às preferências alimentares (DOYLE E FELDMAN, 1997) e à ocorrência de anemia ferropriva (LIMA, 2002). Do mesmo modo, no campo esportivo, não foram localizados estudo que envolva a temática da malária e da anemia e suas correlações.

    Ora, se a literatura atual afirma que o estado de Rondônia é vulnerável a endemicidade da malária; está entre as áreas consideradas holoendêmicas de anemia ferropriva (CARDOSO, FERREIRA CAMARGO E SZARFAC, 1992); do mesmo modo qualquer episódio de malária leva a algum grau de anemia (DEANE, 1986); e por outro lado, a prática esportiva intensa contribui para a deficiência orgânica de ferro em atletas (EICHNER, 1986), é legítimo, portanto, interrogar-se quais as características nutricionais dos atletas com histórico de anemia e malária; aqueles considerados sadios.

Método

    Nesta pesquisa, intitulada “Nutrição de atletas em Região Endêmica” realizou-se um estudo descritivo-comparativo. Fizeram parte do estudo um grupo de indivíduos atletas com história de anemia e infecção por malária e outro grupo de indivíduos atletas sadios do sexo masculino. Ambos os grupos foram submetidos à avaliação Nutricional. Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa do Núcleo de Saúde – CEP/NUSAU através da carta: 002/2011/CEP/NUSAU.

Tabela 1. Algumas características da amostra utilizada

Etapas do estudo

Etapa 01 (Seleção dos grupos de estudo)

a.     Desenho Amostral

    O processo metodológico da pesquisa iniciou-se com a definição dos grupos de estudos, a partir das seguintes ações: a) levantamento dos atletas federados e confederados no município de Porto Velho e convite para participação na pesquisa. O contato com os atletas se deu através das federações esportivas. b) identificação dos indivíduos atletas que apresentaram histórico de Anemia e Malária, assim como do aqueles que não apresentaram histórico de Anemia e Malária. Os atletas que fizeram parte da amostra foram selecionados aleatoriamente.

    A amostra foi composta de atletas conforme os critérios de inclusão e exclusão anteriormente descritos.

b.     Coleta de Dados.

  • Equipe Técnica

    Para o processo de coleta de dados foi formada uma equipe Multidisciplinar, incluindo Médico, Nutricionista e profissionais de Educação Física.

Instrumentos de Coleta de Dados

    Antes da coleta de qualquer informação, os indivíduos foram informados sobre os objetivos da pesquisa bem como de sua participação segundo a resolução CNS 196/96. Após as explicações, o entrevistador apresentou aos participantes o Termo de Consentimento livre e Esclarecido (TCLE). Um questionário foi também utilizado como instrumento de coleta de dados, objetivando resgatar um conjunto de dados e informações relativas à caracterização do grupo investigado. O questionário foi testado em um pequeno grupo para verificar as dificuldades de linguagem, entendimento das questões, tempo de aplicação, receptividade dos atletas, tempo necessário de treinamento.

    Outros instrumentos de coleta de dados foram utilizados conforme se descreve a continuação.

Etapa 02

a.     Avaliação Nutricional

    A avaliação nutricional foi realizada por um Nutricionista. Foi utilizado o registro alimentar de três dias consecutivos ou não, sendo um deles final de semana; e do questionário de frequência alimentar para avaliar o perfil dietético dos atletas estudados. Esses são os métodos de avaliação dietéticos mais utilizados para calcular a ingestão energética, tanto quantitativa quanto qualitativa, de uma pessoa ou população. Estes registros foram preenchidos pelos próprios atletas, após prévia orientação. A análise quantitativa e qualitativa dos nutrientes foi realizada através do programa de nutrição “Ava Nutri 4.0” (LOOSLI; BENSON; GILLIEN e BOURDET, 1986; e PINHEIRO et al, 1993).

Análise estatística dos dados

    Para a análise das variâncias das duas amostras utilizou-se o test-f e para as análises das médias de ambas as amostras foi utilizado o teste-t. Considerou-se o nível de significância de 5%.(p<0,05).

Resultados

    Sínteses dos resultados nutricionais dos atletas com história de anemia e malária e atletas sadios dos esportes coletivos e individuais de ambos os sexos (Masculino e Feminino).

    Correlação do consumo energético dos atletas com história de anemia e malária e atletas sadios dos esportes coletivos e individuais de ambos os sexos (Masculino e Feminino).

    Na tabela 2 pode ser observada síntese dos resultados nutricionais dos atletas com história de anemia e malária e atletas sadios dos esportes coletivos e individuais do sexo Masculino.

Tabela 2. Síntese dos resultados nutricionais dos atletas com história de anemia e 

malária e atletas sadios dos esportes individuais e coletivos do gênero Masculino

    Na análise das variâncias de ambas as amostras, pode-se apreciar que a variância do grupo de atletas sem história de anemia e malária não é diferente ao grupo de atletas com história de anemia e malária. Isto por que: como P(F≤f) > 0,05, se aceita a hipótese nula; ou seja, as variâncias de ambas as amostras não são diferentes em relação as Kcal ingeridas, lipídios.

    Uma vez realizada a análise das variâncias de ambas as amostras, realizou-se o teste-t presumindo variâncias equivalentes para a análise das médias de ambas as amostras. O resultado aponta que o consumo energético de ambas as amostras não é significativamente diferente (P(T≤t)>(0,05); isto é, não existe diferença significativa entre as médias de ambas as amostras (Figura 1).

Figura 1. Representação da correlação do consumo energético (Kcal/dia e lipídios) dos atletas com 

histórico de anemia e malária e atletas sadios dos esportes individuais e coletivos do sexo Masculino

    Na análise das variâncias de proteína e carboidratos os resultados são diferentes. Pode-se apreciar que a variância do grupo de atletas sem história de anemia e malária é diferente ao grupo de atletas com história de anemia e malária. Isto por que: como P(F<=f)< 0,05, rejeita-se a hipótese nula; ou seja, as variâncias de ambas as amostras são diferentes em relação às proteínas e carboidratos.

    Realizada a análise das variâncias, foi utilizado o teste-t presumindo variâncias diferentes para a análise das médias de ambas as amostras, tendo como resultado que o consumo energético de ambos os grupos não é significativamente diferente (P(T<=t)>0,05), isto é, não existe diferença significativa nas médias proteínas e carboidratos de ambas as amostras (Figura 2).

Figura 2. Representação da correlação do consumo energético (proteínas e carboidratos) dos atletas 

com histórico de anemia e malária e atletas sadios dos esportes individuais e coletivos do sexo Masculino

    Na tabela 3 pode ser observada síntese dos resultados nutricionais dos atletas com história de anemia e malária e atletas sadios dos esportes coletivos e individuais do sexo Feminino.

Tabela 3. Síntese dos resultados nutricionais dos atletas com história de anemia 

e malária e atletas sadios dos esportes individuais e coletivos do gênero Feminino

    Com análise das variâncias de ambas as amostra pode apreciar-se que a variância do grupo de atletas sem história de anemia e malária não é diferente ao grupo de atletas com história de anemia e malária. Isto por que: como P(F<=f) > 0,05, se aceita a hipótese nula; ou seja, as variâncias de ambas as amostras não são diferentes em relação as Kcal ingeridas, proteína e carboidrato.

    Uma vez analisada as variâncias, foi utilizado o teste-t presumindo variâncias equivalentes para a análise das médias de ambas as amostras, tendo como resultado que o consumo energético de ambos os grupos não é significativamente diferente (P(T<=t)>0,05), isto é, não existe diferença significativa nas médias (proteínas e carboidratos) de ambas as amostras (fig.3).

Figura 3. Representação da correlação do consumo energético de proteínas e carboidratos dos atletas

com histórico de anemia e malária e atletas sadios dos esportes individuais e coletivos do sexo Feminino

    Na análise das variâncias de lipídios os resultados são diferentes. Pode-se apreciar que a variância do grupo de atletas sem história de anemia e malária é diferente ao grupo de atletas com história de anemia e malária. Isto por que: como P(F<=f)< 0,05, rejeita-se a hipótese nula; ou seja, as variâncias de ambas as amostras são diferentes em relação ao lipídios.

    Quando analisada as variâncias, foi utilizado o teste-t presumindo variâncias diferentes para a análise das médias de ambas as amostras, tendo como resultado que o consumo energético de ambos os grupos não é significativamente diferente (P(T<=t)>0,05), isto é, não existe diferença significativa nas médias (lipídios) de ambas as amostras (fig.104).

Figura 4. Representação da correlação do consumo energético (lipídios) dos atletas com histórico

 de anemia e malária e atletas sadios dos esportes individuais e coletivos do sexo Feminino

    Segundo a análise estatística realizada anteriormente não existe diferenças significativas no consumo energético dos atletas com história de anemia e malária e atletas sadios dos esportes coletivos e individuais de ambos os sexos. Neste sentido poderíamos dizer que, pelo fato de ambas as amostras apresentarem déficit no consumo energético, os atletas têm um maior risco de perda de massa muscular, redução no aumento da densidade óssea, risco crescente de fadiga, lesões e doenças, segundo o preconiza a American Dietetic Association, Dietitians of Canada and the American College of Sports Medicine (2001).

Discussão

    Após a análise dos resultados nutricionais dos atletas sem história de anemia e malária e atletas com história de anemia e malária, conclui-se o seguinte:

    De modo geral, os dados levantados parecem evidenciar uma inadequada ingestão alimentar dos atletas estudados. Em termos quantitativos, a ingestão calórica diária das duas amostras foi insuficiente.

    Em termos qualitativos, preocupa o excesso no consumo de gorduras por parte dos atletas estudados. Isto implicará uma maior dificuldade para suportar os esforços submáximos com esforços mais moderados, de elevada intensidade característicos da prática esportiva, uma vez que os hidratos de carbono são os únicos macronutrientes que podem ser metabolizados anaerobicamente. Do mesmo modo, também é motivo de inquietação o déficit encontrado no consumo energético de ambos os grupos de atletas, com maior destaque para os esportistas com história de anemia e malária. Ainda que o gasto calórico de um atleta dependa da programação do treinamento e das competições, a deficiência identificada no consumo pode além de diminuir o desempenho na prática do esporte, também afetar negativamente a saúde do mesmo.

Carboidratos

    Identificou-se no estudo uma percentagem média do VET de 51,82 % para os atletas com história de anemia e malária (Tabela 2 e Fig. 2); e 52.28% para os atletas sem história de anemia e malária (Tabela 2 e Fig. 2), referente ao sexo masculino; 53,52 para atletas com história de anemia e malária (tabela 3 e fig.3), e 51,98 % para atletas sem história de anemia e malária (tabela 3 e fig. 3) do sexo feminino relacionado à ingestão de CHO. Consideram-se estes resultados excessivamente baixos uma vez que ficam distante dos valores recomendados para atletas, conforme a literatura consultada. Para os praticantes de atividade física é recomendado de 55-60% de ingestão de carboidratos em relação ao valor energético total (VET). As recomendações aumentam em atletas de resistência e indivíduos que treinam diariamente para 65-75% do valor energético total (Rodrigues, 1995; Veríssimo, 1999; Manore, 2000; American College of Sports Medicine, 2001; Associação Dietética Americana e Nutricionistas do Canadá, 2001). Os carboidratos são os combustíveis que permitem mais rendimento à célula muscular. Durante um exercício desenvolvido a intensidades entre os 60–80% do VO2Max., a fadiga está perfeitamente relacionada com a depleção das reservas de CHO. É recomendável a ingestão desse nutriente em quantidade suficiente dado que atrasa o aparecimento da fadiga em 20 a 30 minutos. Nas lutas, como o Taekwondo, por exemplo, que exige grande intensidade, o recrutamento dos Carboidratos é maior do que das gorduras.

Lipídios

    Nos dados levantados se pode verificar que a média (33.31% Tabela 2 e Figura 1) de ingestão de lipídios correspondente aos atletas com história de anemia e malária; e a média (32.55% Tabela 2 and Figura 1) dos atletas sem história de anemia e malária do sexo masculino, e a media (32.18% Tabela 3 and Figura 4) correspondente aos atletas com história de anemia e malária, e a media (33.29% and Figura 4) de atletas sem história de anemia e malária do sexo feminino é superior a qualquer dos valores máximos recomendados na literatura consultada. Estudos orientam que os atletas não devem ingerir menos que 15%, recomendando uma percentagem de ingestão diária de 25–30% VET, favorecendo positivamente os resultados dos atletas (Manore, 2000; Horta, 1996).

Proteínas

    Verificou-se no estudo, uma percentagem de ingestão proteica em 14,85% (Tabela 2 e Figura 2) em atletas com historia de anemia e malária, e 15,12% (Tabela 2 e Fig. 2), em atletas sem história de anemia e malária do sexo masculino. Também foi identificado que a ingestão de proteína do sexo feminino foi de 14,37% (Tabela 3 e Figura 3) de atletas com historia de anemia e malária, e 15,18% (Tabela 3 e Figura 3), em atletas sem história de anemia e malária. A literatura recomenda que varia entre os seguintes percentuais: a) 10-15% do VET b) 12-14% do VET c) 12% -15% do VET, e d) 15% TEV (Manore de 2000 ; Horta, 1996).

Conclusões

    Depois de analisar os resultados nutricionais de atletas sem história de anemia e malária, e os atletas com história de anemia e malária, podemos concluir o seguinte:

    O consumo de energia dos atletas sem história de anemia e malária não é significativamente diferente de atletas com história de anemia e malária, observando-se um déficit no consumo de energia em ambas as amostras.

    Dos resultados obtidos deduz-se a necessidade de investimentos em Políticas Públicas voltadas ao esporte, com enfoque na saúde dos atletas. Os déficits nutricionais identificados apontam que é imperativo maior controle nutricional dos atletas, principalmente antes, e após os treinamentos. A alimentação adequada é fator fundamental quando se pensa em êxito esportivo de alto rendimento; e o cuidado com a saúde dos praticantes é essencial nesse processo. O salto de qualidade do desempenho esportivo brasileiro depende de investimentos, mas não somente naqueles atletas que já despontaram a nível nacional ou internacional, mas, sobretudo na descoberta de talentos.

Referências

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