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Desmame precoce em uma população de baixo nível socioeconômico

El destete precoz en una población de bajo nivel socioeconómico

 

*Discente do Curso Técnico em Nutrição e Dietética

Instituto Federal Minas Gerais, Campus São João Evangelista.

**Nutricionista. Docente do Instituto Federal

Minas Gerais, Campus São João Evangelista
(Brasil)

Cleicimar Gomes Costa*

Karen Cristina Braga Papa*

Liliane Aparecida Caldeira de Souza*

Isabel Cristina Mallosto Emerich de Abreu*

Márcia Cristina de Paula Cesário**

Keila Lopes Mendes**

keila.mendes@ifmg.edu.br

 

 

 

 

Resumo

          O conhecimento das práticas alimentares do aleitamento materno e da alimentação complementar é de suma importância para que o profissional de nutrição possa embasar suas atividades de orientação nutricional e alimentar. Diante disso, este estudo teve por objetivo conhecer o perfil do aleitamento materno e da alimentação complementar em crianças de 0 a 2 anos de idade cobertas por equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no município de São João Evangelista - MG. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e de natureza observacional realizado com 57 crianças entre 0 e 2 anos de idade, de ambos os gêneros, cobertas por equipes da ESF no município de São João Evangelista – MG. Os dados foram coletados através de entrevista abordando as condições sócio-econômicas da família, tipo e duração do aleitamento materno, introdução da alimentação complementar e dados antropométricos da criança. Observou-se que a maioria das crianças, apesar de eutróficas, não foram amamentadas exclusivamente até o 6º mês de vida, sendo a alimentação complementar oferecida precocemente, por meio de alimentos de pouca qualidade nutricional, como os açúcares. Diante disso, é necessário que haja um acompanhamento nutricional com as crianças e suas mães, para estimular a prática do aleitamento materno e da introdução de alimentos saudáveis na dieta da criança, minimizando as conseqüências sobre seu crescimento e desenvolvimento e assegurando que tenha uma vida saudável.

          Unitermos: Aleitamento materno. Estado nutricional. Alimentação mista.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Os cuidados com a criança nos primeiros anos de vida são fundamentais, por ser esta uma fase em que ela se encontra extremamente vulnerável, tendo em vista o fenômeno do crescimento e desenvolvimento e suas implicações. Neste sentido, a nutrição assume um papel essencial (SIMON; SOUZA; SOUZA, 2003), pois através da adoção de práticas alimentares saudáveis e adequadas, a criança pode ter um estado nutricional eutrófico, o que garante o seu crescimento e desenvolvimento dentro dos padrões de normalidade.

    As práticas alimentares recomendadas na infância são o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e complementado até os 2 anos de idade e a introdução da alimentação complementar aos 6 meses de idade.

    O aleitamento materno é um processo que envolve fatores fisiológicos, ambientais e emocionais, que garante a alimentação ideal para o bebê e contribui para seu crescimento e desenvolvimento saudável. O leite materno é, inquestionavelmente, o melhor alimento para o recém-nascido, por sua composição nutricionalmente equilibrada, temperatura adequada, por ser estéril, ter composição variável de acordo com a maturação das mamas e da capacidade gástrica da criança, possibilitar uma relação mãe/filho harmoniosa e praticamente não propiciar reações alérgicas (SPINELLI et al., 2002; VITOLO, 2003).

    As vantagens que o aleitamento materno oferece são indiscutíveis. Atribui-se a essa prática a prevenção de mais de 6 milhões de mortes de crianças menores de 12 meses a cada ano. Se a amamentação ótima (exclusiva até os 6 meses e parcial até o final do primeiro ano de vida) fosse praticada universalmente, mais de 2 milhões de mortes (de um total de 9 milhões) poderiam ser evitadas (VITOLO, 2003).

    Em relação à composição do leite materno, observa-se que esta é bem superior a do leite de vaca. A quantidade de proteínas (1,2 a 1,5 g/dl) é adequada à velocidade de crescimento do lactente. Apresenta também 7 g/dl de lactose, que além do papel nutricional, exerce papel protetor para o lactente. A quantidade de gordura é de 3,5 g/dl, com quantidades significativas de ácidos graxos essenciais. As quantidades de minerais e oligoelementos atendem às necessidades do lactente, tem alta disponibilidade e não sobrecarregam seu metabolismo. Além disso, todas as vitaminas e todas as classes de imunoglobulinas estão presentes no leite materno (VITOLO, 2003).

    O leite materno representa o alimento essencial para o lactente até o sexto mês de vida, como alimento exclusivo; a partir de então, deve ser complementado com outras fontes nutricionais até pelo menos 2 anos de idade (VIEIRA et al., 2004).

    Apesar de todos os esforços para incentivar o aleitamento materno em nosso país, o desmame precoce ainda é um desafio para os profissionais de saúde, considerando que 6% das crianças brasileiras recebem exclusivamente o leite materno até dois meses de idade. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição de 1989 mostrou mediana de 2,4 meses de aleitamento materno mais água e chá. Esses dados estão bem distantes do esperado, considerando a recomendação de aleitamento materno exclusivo por 6 meses (VITOLO, 2003).

    O desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, provocando alterações na postura e força dos órgãos fonoarticulatórios e prejudicando as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala. A falta da sucção fisiológica ao peito pode interferir no desenvolvimento motor-oral, possibilitando a instalação de má oclusão, respiração oral e alteração motora-oral (NEIVA et al, 2003). Conhecimentos mais recentes mostram que a interrupção do aleitamento materno exclusivo em idade inferior a seis meses é inadequada do ponto de vista biológico e psicossocial e representa risco à saúde e bem estar destes lactentes (NEJAR et al., 2004).

    Tão importante quanto o aleitamento materno nos primeiros meses de vida é a introdução gradativa dos alimentos complementares. A introdução dos novos alimentos, ou alimentação complementar, é um processo complexo e as decisões sobre quando, como e porque iniciar estão baseadas em fatores biológicos, culturais, sociais e econômicos, sendo um período vulnerável para a ocorrência de deficiências nutricionais, infecções, atraso no desenvolvimento e formação de hábitos alimentares inadequados (BARBOSA et al, 2007).

    O período de alimentação complementar é aquele durante o qual, outros alimentos e líquidos são oferecidos à criança além do leite materno. Estes alimentos são chamados de alimentos complementares. A alimentação complementar é um elemento essencial de cuidado do lactente, pois associada à presença ou ausência de doenças, é determinante direto da sobrevivência da criança, de seu crescimento e desenvolvimento (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2005). O objetivo dessa alimentação é complementar gradativamente a dieta do lactente em energia, proteína, vitaminas e minerais a partir de um determinado momento no qual o leite humano não é mais suficiente (DUTRA DE OLIVEIRA; MARCHINI, 1998).

    Considera-se a prática correta da alimentação complementar fundamental no combate à desnutrição infantil, pois o período crítico do desenvolvimento do déficit nutricional se dá entre 6 e 12 meses de idade. Para as crianças amamentadas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda 3 refeições diárias a partir de 6 meses e 5 refeições a partir de 12 meses de idade (SILVEIRA; LAMOUNIER, 2004).

    Existem algumas crenças e práticas que ainda estão impregnadas à cultura brasileira mostrando-se conflitivas com as recomendações para alimentação do lactente. No Brasil é comum a prática de oferecer à criança água para saciar a sede; chás para acalmar, aliviar as cólicas e tratar de diferentes doenças. Essa crença de que o leite materno não é completo para suprir as necessidades da criança, tem resultado na introdução de leites artificiais ou modificados, e alimentos complementares antes do tempo apropriado (GOMES; NAKANO, 2007).

    O conhecimento das práticas alimentares do aleitamento materno e da introdução da alimentação complementar é de suma importância para que o profissional de nutrição possa embasar suas atividades de orientação nutricional e alimentar, de forma a ter sucesso em suas atividade educativas, conscientizando a população sobre a importância da adoção das práticas alimentares saudáveis na infância.

    Diante disso, este trabalho teve por objetivo conhecer o perfil do aleitamento materno, da alimentação complementar e do estado nutricional em crianças de 0 a 2 anos de idade cobertas por equipes da Estratégia Saúde da Família no município de São João Evangelista - MG.

2.     Metodologia

    Este estudo foi realizado com crianças entre 0 e 2 anos de idade, de ambos os sexos, cobertas por equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) no município de São João Evangelista – MG. Ao todo foram avaliadas 57 crianças, sendo 21 entre 0 e 6 meses e 36 crianças entre 6 e 24 meses de idade. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo e de natureza observacional.

    A escolha da ESF como local de estudo se deu em função de sua importância social e como unidade de atenção básica de saúde, uma vez que trabalha com promoção da qualidade de vida, tem uma relação mais próxima entre as pessoas e tende a humanizar a assistência estabelecendo uma nova relação entre os profissionais da saúde e a comunidade (CICONI et al., 2004).

    Primeiramente foi feito contato com a Secretaria Municipal de Saúde de São João Evangelista – MG e com os coordenadores das equipes de ESF do município, a fim de explicar os objetivos da pesquisa e o cronograma das ações.

    A coleta de dados ocorreu através de entrevistas individuais, realizadas em um local previamente selecionado na área física do ESF, durante as atividades de pesagem das crianças e de puericultura. Foram entrevistadas todas as crianças que compareceram ao ESF durante os meses de outubro de 2011 a março de 2012.

    Os dados coletados durante a entrevista foram sobre as condições socioeconômicas da família, hábitos alimentares e dados antropométricos da criança (peso e altura).

    Para o diagnóstico do estado nutricional das crianças, estas tiveram seu peso e sua altura aferidos, utilizando o antropômetro e a balança, devidamente calibrados, das ESF. Para a pesagem, as crianças estavam vestindo apenas roupas leves e sem calçados. Deveriam permanecer eretas, no centro da balança com os braços esticados ao lado do corpo, sem se movimentar. A balança foi colocada em uma superfície lisa. Para a altura, as crianças foram colocadas em posição vertical, eretas e com os pés paralelos.

    A partir do peso e estatura foi calculado o índice Peso/Altura (P/A) em relação ao padrão NCHS/OMS. O índice foi expresso em unidades de desvio padrão (escore Z), segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde para avaliação nutricional de populações. O ponto de corte para definir obesidade foi dois desvios padrão acima da mediana de referência, e para definir eutrofia entre -1 e +1 desvios padrão.

    Para avaliação das condições sócio-econômicas, foram identificados: a renda familiar, número de filhos, escolaridade dos pais e condição de trabalho dos pais.

    Os dados relacionados ao aleitamento materno e alimentação complementar foram obtidos através do formulário de marcadores do consumo de alimentos proposto pelo SISVAN, aplicado através de entrevista individual com as mães, realizada na área física do ESF. Neste foram questionadas informações sobre: duração do aleitamento materno exclusivo, mitos e tabus ligados a amamentação, época e motivo do desmame, consumo de água e chás, tipos de leite consumidos pela criança (materno, fórmulas lácteas ou artificiais), idade de introdução da alimentação complementar, alimentos introduzidos e alimentação atual da criança.

    Após a coleta dos dados, estes foram tabulados, através do software Microsoft Excel. Utilizou-se para análise estatística o teste do qui-quadrado, a um nível de significância de 5%, com auxílio do software SPSS versão 18.0.

    Em todo o processo da pesquisa, especialmente durante a coleta de dados, foram obedecidos os princípios éticos dispostos na Resolução Nº. 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, especificamente, no seu artigo IV, que aborda o respeito à autonomia do participante da pesquisa, garantindo-lhe, entre outros direitos, o seu consentimento livre e esclarecido, o sigilo das informações e a privacidade (BRASIL, 1996).

3.     Resultados e discussão

    A fim de analisar as práticas alimentares segundo as recomendações específicas para cada faixa etária, as crianças estudadas foram divididas em dois grupos, analisados separadamente: crianças menores de 6 meses e crianças entre 6 meses e 2 anos de idade.

    No grupo entre 0 e 6 meses de idade, foram avaliadas 21 crianças, sendo 57,1% do sexo feminino e 42,9% do masculino. Todas as crianças avaliadas apresentaram peso ao nascer superior a 2500g. Quanto ao estado nutricional, 85,7% eram eutróficas, 9,5% possuíam excesso de peso e 4,8% estavam com baixo peso.

    Em relação aos dados socioeconômicos (Tabela 1), a classe econômica que prevaleceu foi a classe baixa (81%), sendo que 19% dos entrevistados pertenciam à classe média. Além disso, grande parte das mães apresentou idade adulta (85,7%) e apenas 14,3% eram mães adolescentes, sendo que, quanto ao estado civil, 52,4% das mães eram solteiras, 42,9% eram casadas e 4,8% divorciadas.

    Sobre as práticas alimentares (Tabela 2), observou-se que o aleitamento materno exclusivo estava sendo realizado em apenas três crianças (14,3%), sendo verificada introdução de água em 18 crianças (85,7%), introdução de chá em 14 crianças (66,7%) e introdução de leite de vaca em 15 crianças (71,4%).

    O percentual de crianças em aleitamento materno exclusivo encontrado em nosso estudo (14,3%) é preocupante e bem inferior ao encontrado na II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno, realizada pelo Ministério da Saúde nas capitais brasileiras, que encontrou 41% de prevalência de aleitamento materno exclusivo em menores de seis meses nas capitais brasileiras (BRASIL, 2008).

    Segundo Takushi (2003), a introdução de alimentos diferentes do leite materno antes dos 6 meses oferece riscos à saúde da criança, principalmente quando a escolha destes alimentos baseia-se no conhecimento empírico e apresenta poucos traços do conhecimento científico.

Tabela 1. Caracterização socioeconômica das famílias das crianças menores de seis meses de idade em São João Evangelista – MG, 2012

 

Tabela 2. Práticas alimentares das crianças menores de seis meses em São João Evangelista – MG, 2012

    Foi encontrada associação estatística entre a introdução de água e o estado civil materno (p=0,043), ou seja, a introdução de água, que indica claramente o desmame precoce, foi maior entre as mães solteiras quando comparadas às casadas e divorciadas.

    De acordo com Prieto de Sosa (1988), as mães solteiras em sua maioria vivem com escassos recursos socioeconômicos, devendo assumir o papel de pai e mãe, se sustentar economicamente e enfrentar os problemas de saúde e enfermidade do seu filho sozinha, contando com pouca ou nenhuma ajuda social. Esta situação influi na criança: a falta do pai, de controle do crescimento e desenvolvimento, a incompleta imunização, a amamentação insuficiente, tudo isto se manifesta mais tarde na capacidade escolar.

    Analisando o grupo de crianças entre 6 meses e 2 anos de idade, foram avaliadas 36 crianças sendo 58,3% do sexo feminino e 41,7% do masculino. Todas as crianças avaliadas tiveram o peso ao nascer superior a 2500g. Quanto ao estado nutricional, 77,8% eram eutróficas, 13,9% possuíam excesso de peso e 8,3% estavam com baixo peso.

    Esse resultado é semelhante ao encontrado por Queiroz et al. (2007), em que foi realizado um inquérito para a avaliação do estudo do diagnóstico do estado nutricional das crianças de 0 a 24 meses, o qual mostrou uma prevalência de crianças eutróficas. É importante ressaltar que mesmo a criança tendo o peso adequado, ela pode estar exposta a diversos fatores de risco que podem influenciar seu estado nutricional. Os casos de sobrepeso e baixo peso encontrados podem ser justificados como uma conseqüência do peso ao nascer, do estilo de vida, condições socioeconômicas e, principalmente, à falta de ingestão do leite materno exclusivamente até os 6 meses de idade.

    Quanto às questões socioeconômicas (Tabela 3), a classe econômica que prevaleceu foi a baixa, com 88,9%, pertencendo o percentual restante à classe média. Também, grande parte das mães apresentou idade adulta (77,8%) e apenas 22,2% eram mães adolescentes.

    Sobre os hábitos alimentares pregressos dessas crianças, observou-se que o aleitamento materno exclusivo até os seis meses foi realizado com apenas seis crianças (16,7%), sendo verificada introdução de água em 30 crianças (83,3%), introdução de chá em 28 crianças (77,8%), introdução de leite de vaca em 21 crianças (58,3%) e introdução de suco de frutas em 20 crianças (55,6%) antes dos seis meses de idade. Destaca-se que houve introdução de açúcares antes dos seis meses de idade com 17 crianças (47,2%).

    Mais uma vez observa-se que o desmame precoce é uma prática comum nesta população. Este resultado se assemelha ao encontrado por Farias Júnior e Osório (2005), onde 69,3% das crianças recebiam leite de vaca antes dos seis meses de idade.

    Os hábitos alimentares atuais dessas crianças estão descritos na Tabela 4. Verificou-se que um baixo percentual de crianças recebia o leite materno, o que não se caracteriza como um hábito saudável, visto que, segundo a OMS, o aleitamento deveria ser realizado até os 2 anos de idade ou mais.

Tabela 3. Caracterização socioeconômica das famílias das crianças entre seis meses e dois anos de idade em São João Evangelista – MG, 2012

    Apesar de a maioria das crianças receberem com freqüência alimentos saudáveis, como verduras e legumes, frutas, carne e feijão, observou-se que o consumo de carboidratos simples, como os refrigerantes e sucos industrializados, ocorreu em um considerável percentual de crianças (Tabela 4). Esta prática, além de favorecer os desvios nutricionais, como a obesidade, também pode acarretar problemas bucais, como a cárie dental.

    Através dos testes estatísticos, observou-se que o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses não estava associado a desvios no estado nutricional das crianças (p=0,915), embora fosse esperado que o aleitamento materno exclusivo repercutisse positivamente no estado nutricional das crianças em alimentação complementar.

Tabela 4. Práticas alimentares das crianças entre seis meses e dois anos de idade em São João Evangelista – MG, 2012

    Entretanto, identificou-se associação estatística entre o consumo de carne e o estado nutricional (p=0,003), ou seja, a maioria das crianças eutróficas e em sobrepeso consumiam carne. Este consumo mostrou-se importante para a manutenção do estado nutricional eutrófico das crianças, e nos casos de sobrepeso faz-se necessária uma avaliação criteriosa, pois o sobrepeso pode ter sido ocasionado por outros fatores alheios ao consumo de carne.

    A carne é um alimento que deve estar presente diariamente no prato das crianças, pois se sabe que ela contém ferro de alta biodisponibilidade. A deficiência deste nutriente está associada com anemia ferropriva, retardo no desenvolvimento neuropsicomotor e diminuição das defesas do organismo e da capacidade intelectual e motora (BRASIL, 2005).

4.     Considerações finais

    Através da realização deste estudo, observou-se que a maioria das crianças, apesar de eutróficas, não foram amamentadas exclusivamente até o 6º mês de vida, havendo introdução precoce de água, chá, suco de frutas, leite de vaca e açúcar em sua dieta. Além disso, a alimentação complementar oferecida precocemente tinha baixa qualidade nutricional, sendo composta por excesso de carboidratos simples.

    Neste sentido, é necessário que haja acompanhamento nutricional com as crianças e suas mães, principalmente as mais jovens e solteiras, a fim de estimular a prática do aleitamento materno e da introdução de alimentos saudáveis na dieta da criança, minimizando as conseqüências sobre seu crescimento e o desenvolvimento e assegurando que tenha uma vida saudável.

Referências

  • ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E. M. A. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2005.

  • BARBOSA, M. B. et al. Custo da alimentação no primeiro ano de vida. Revista de Nutrição, Campinas, v.20, n.1, p. 55-62, jan./fev., 2007.

  • BRASIL. Resolução n° 196, de 10 de outubro de 1996. Estabelece os requisitos para realização de pesquisa clínica de produtos para saúde utilizando seres humanos. Diário Oficial da União; Poder Executivo, 16 out. de 1996.

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças menores de 2 anos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. 152 p.

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 108 p.

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  • DUTRA-DE-OLIVEIRA, J. E; MARCHINI, J. S. Ciências nutricionais. São Paulo: Savier, 1998.

  • FARIAS JUNIOR, G.; OSORIO, M. M. Padrão alimentar de crianças menores de cinco anos. Rev. Nutr., Campinas, v. 18, n. 6, dez. 2005.

  • GOMES, P. T. T.; NAKANO, A. M. S. Introdução à alimentação complementar em crianças menores de seis meses atendidas em dia nacional de campanha de vacinação. Revista Salus, Guarapuava, jan./jun., 2007.

  • NEIVA, F. C. B. et al. Desmame precoce: implicações para o desenvolvimento motor-oral. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, v. 79, n. 1, p. 7-12, jan/fev. 2003.

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  • PRIETO DE SOSA, R. I. El hijo lactante de madre adolescente. Anales de La Facultad de Ciências Medicas de la Universidad Nacional de Asunción, v. 20, n. 1-2, p. 151-168, 1988.

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  • SILVEIRA, F. J. F., LAMOUNIER, J. A. Prevalência do aleitamento materno e práticas de alimentação complementar em crianças com até 24 meses de idade na região do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais. Rev. Nutrição em Pauta, Campinas, v. 17, n. 4, p.437-447, out/dez., 2004.

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  • SPINELLI, M. G. N. et al. A situação de aleitamento materno de crianças atendidas em creches da Secretaria da Assistência Social do município de São Paulo - região Freguesia do Ó. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., v. 2, n. 1, p.23-28, 2002.

  • TAKUSHI, S. A. M. Alimentação complementar na opinião das gestantes. 2003. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, 2003.

  • VIEIRA, G. O. et al. Hábitos alimentares de crianças menores de 1 ano amamentadas e não amamentadas. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 80, n. 5, p. 411-416, set/out, 2004.

  • VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação à adolescência. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2003.

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