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A capoeira como prática regular de atividade física em academias

La capoeira como actividad física regular en los gimnasios

 

*Discente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro - UNISA

**Docente Ms. orientadora da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro – UNISA

(Brasil)

Daniele da Silva dos Santos*

Jose Carlos da Silva*

Mário Sérgio Mucci Júnior*

Thiago Dias Santos*

Solange de Oliveira Freitas Borragine**

josecarlos6532@hotmail.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa tem o objetivo de apontar os benefícios da Capoeira na academia como opção de prática regular de atividade física aos clientes, bem como a conquista de mais um nicho de mercado pouco observado e valorizado pelos donos de academias. Para esta finalidade utilizamos como metodologia a revisão bibliográfica. A Capoeira permite ampliar as opções para um número significativo de pessoas que nem sempre se adaptam às práticas tradicionalmente oferecidas nas academias, dando-lhes a possibilidade de acesso a um esporte diferente e completo, que pode atender a diversos objetivos. Neste trabalho, nossa intenção foi discutir a prática da Capoeira, considerando o profissional de Educação Física capacitado nesta modalidade. Constatamos, no entanto, muitas discussões em relação a atuação deste profissional, logo propomos que mais discussões sejam realizadas, pautadas nas questões pertinentes aos profissionais que devem ministrar essas aulas: o mestre com seus conhecimentos práticos ou o professor acadêmico. Quanto ao que se refere a propostas diferenciadas, que possibilitem a participação de pessoas em atividades físicas regulares para uma melhor saúde e qualidade de vida, certamente podemos propor a Capoeira, sendo esta uma possibilidade a mais para as academias que buscam aumentar o número de clientes efetivamente participativos e satisfeitos.

          Unitermos: Capoeira. Academias de ginástica. Benefícios.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 19, Nº 191, Abril de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Um grande número de academias costuma oferecer aos seus frequentadores atividades como ginástica, musculação e, quando possuem espaço para uma piscina, incluem a natação, procurando atender as necessidades e preferências dos seus clientes. Algumas poucas academias oferecem também, ao seu público, opções de práticas de lutas como o karatê e judô, buscando ampliar as possibilidades de escolha de seus alunos.

    Diante do mercado competitivo e dos mais variados interesses e necessidades do público que procura as academias, entendemos que uma opção ainda pouco oferecida, mas que, por sua versatilidade poderia compor as opções de práticas de atividade física regular é a Capoeira.

    A Capoeira possibilita ao praticante trabalhar o corpo como um todo. Como luta, destaca-se por permitir às crianças, jovens, adultos e idosos uma experiência única ao aprender sobre símbolos, cultura e filosofias, além de respeito, disciplina, auxiliando nas questões relativas a não violência, no entanto, ela apresenta muitas outras características interessantes e positivas, como o desenvolvimento da percepção rítmica, melhor conhecimento do corpo, além de proporcionar um bom gasto calórico, auxiliando, portanto, na perda ou manutenção do peso.

    No Brasil, a prática deste esporte em academias tem pouca repercussão, acontecendo recentemente uma maior visibilidade e atenção da mídia, devido a esportes como o AMM (Artes Marciais Mistas), mais conhecida como MMA (Mixed Martial Arts). Com os melhores resultados obtidos pelos atletas que representam nosso país em Olimpíadas, Campeonatos Mundiais e Pan-americanos, em esportes como o Judô, Tae-kwon-do, Karatê, Boxe entre outros, houve um aumento da visibilidade pela mídia.

    A partir da popularização dessas modalidades de lutas, podemos observar o crescimento no interesse e um maior número de adeptos das mais variadas faixas etárias, nestas atividades.

    Buscando oportunizar esse momento de maior visibilidade e entendendo a Capoeira como uma atividade que oferece inúmeros benefícios aos seus praticantes, vemos a possibilidade dela ser oferecida como mais uma opção de prática regular, atendendo aos anseios dos clientes das mais variadas faixas etárias, sendo também uma possível alternativa para as academias obterem um retorno bastante interessante, uma vez que, para sua implantação utiliza-se de pequeno investimento.

    Diante disso, o objetivo deste trabalho é apontar os benefícios da Capoeira inserida na academia como opção para a prática regular de atividade física. A Capoeira permite a participação de crianças, jovens, adultos e idosos; pode ser utilizada como instrumento para se atingir os mais variados objetivos almejados pelos seus praticantes; pode ser utilizada como uma ferramenta socioeducativa para a formação, integração e agregação de valores às pessoas envolvidas, além de ser uma oferta de mais um produto brasileiro.

    A razão na escolha do tema ocorre por ser uma arte genuinamente brasileira, que ainda pode ser bem difundida e ofertada nas centenas de milhares de academias do Brasil e do mundo. É parte integrante da cultura e história do povo brasileiro, e contempla a arte, a música, a ginga, o que permite aos seus praticantes a possibilidade de trabalhar e conhecer seu próprio corpo.

    A Capoeira permite ao praticante, além do desenvolvimento de suas habilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais, a possibilidade da convivência em um mesmo ambiente de prática de gerações de diferentes épocas, numa mesma roda de jogo. A arte da prática da Capoeira permite que todos, em total harmonia entre gênero, cor, raças, religião, se beneficiem e atinjam os seus anseios ou objetivos, de forma alegre e descontraída.

    Pretende-se com esse estudo, atender as expectativas do mercado de fitness, contribuir com a união familiar, as relações sociais e uma melhor qualidade de vida, sugerindo uma visão diferenciada por parte dos donos de Academias, no tocante ao retorno que poderá ser proporcionado em relação ao aumento no número de pessoas nesses estabelecimentos, bem como a oportunidade na abertura de novos postos de trabalho a uma classe pouco privilegiada.

    A pesquisa será realizada por meio de uma revisão bibliográfica de estudos publicados com a intenção de apresentar os vários pontos relacionados à prática da Capoeira e discussões acerca do assunto, destacando a apresentação e o uso da Capoeira como um produto a mais a ser oferecido pelas Academias aos seus clientes, na melhora do desempenho dos praticantes, otimização do espaço físico local e uma melhor receita mensal.

1.     Contextualizando a Capoeira

    Reid e Croucher (2003) registram que as artes marciais nasceram na China ou na Índia por volta do século VI, e dentre elas a Capoeira que, de acordo com Campos (1990) citado por Martins (2004), surgiu no Brasil no século XVI, com a vinda dos escravos africanos, oriundos de Angola, Congo e Moçambique.

    Segundo Vieira (2004) o vocábulo Capoeira tem origem indígena Tupi e significa “mato”. A expressão serviu originalmente para designar negros quilombolas como “negros das capoeiras”, ou seja, “negros dos matos”. Com o passar do tempo o significado foi mudando para “capoeiras”. Logo, o que etimologicamente significava “mato” passou a designar “pessoas” e as atividades destas pessoas, “capoeiragem” (grifos nossos).

    Registrado pela primeira vez em 1712 por Raphael Bluteau, seguido por Hermeto Lima em meados do ano de 1777, de acordo com Vieira (2004), o termo capoeira surgiu com o sentido de “luta”. Este termo foi posteriormente utilizado pelo tenente João Moreira e ficou conhecido como “amotinado”. Com isto, o vocábulo “Capoeira” passou a ser associado a uma forma de luta praticada pelos negros.

    As origens da Capoeira, conforme registros de Souza (2011) apontam Angola como sendo seu local de surgimento. Caracterizava-se como uma luta corporal, onde se fazia uso de técnicas e mobilização do corpo, sendo a capoeira de Angola a capoeira “mãe”, que tem como principal referência no Brasil, o mestre Pastinha. Uma variação da Capoeira de Angola, criada por mestre Bimba é uma ramificação embrionária de sua mãe, e é conhecida como a Capoeira regional.

    Souza (2011) apresenta que a Capoeira de Angola é a original, tradicional, e é caracterizada por seu jogo baixo, mais lento, envolta em religiosidade e misticismo, e está inserida na cultura do brasileiro mais pobre, marginalizado. Segundo o autor, seus principais golpes são o aú alto ou com cabeça no chão; rabo de arraia; benção; bananeira; passagem lateral; queda de rim; parada de mão; cocorinha; chamada de angola; rolê; carneirinho; macaquinho; currupio; tesoura; transformação; rasteira; cabeçada; volta ao mundo e aranha.

    Na Capoeira de Angola, após muitos anos de prática e de dedicação ao mestre e à capoeira, o praticante recebe do mestre um lenço, que representa que esse discípulo está pronto para ser mestre. (MORENO e GARCIA, 2011)

    A Capoeira Regional, por sua vez, segundo os autores supracitados, é considerada a evolução da Capoeira de Angola, é mais moderna, tem um jogo alto onde os participantes ficam mais de pé e se movimentam mais rapidamente, é isenta de símbolos religiosos e goza de uma popularização entre a população branca, normalmente pertencente a uma classe com maior poder aquisitivo.

    De acordo com Souza (2011) os principais movimentos desta forma de praticar a Capoeira, são: aú; aú de frente; aú de costas; aú voltando; aú batendo; aú com cabeça no chão; arrependido; armada; queixada; meia lua de frente; meia lua de compasso; salto mortal, grupada; parafuso; martelo rodado; “s” dobrado; bananeira; rasteira; parafuso; peão com braços; peão com cabeça; benção; martelo; galopante; rolê; negativa; parafuso com os braços; parafuso com a cabeça; queda de rim; macaco; carneirinho; transformação e ponteira.

    Moreno e Garcia (2011) registram que, na capoeira regional, conforme os praticantes vão melhor desenvolvendo suas habilidades, assimilando golpes diferentes e pensando sobre eles, vão sendo graduados por meio de cordões, sendo que cada cor representa um estágio em que o praticante se classifica.

    Existem outros estilos de Capoeira como o Miudinho (um tipo de jogo mais próximo entre os capoeiras, onde o corpo ou partes dele, se tocam ao executarem os movimentos.Jogo baixo, rasteiro, no chão.), que não são considerados tão importantes para a história do esporte. “A capoeira evoluiu muito devido aos seus movimentos de grande agilidade, equilíbrio, flexibilidade e destreza, e passou a ser vista como uma excelente atividade física” (SANTOS 1985 apud MARTINS, 2004, p. 30).

    A principal característica da Capoeira para o jogo é a formação de uma roda. Nela os alunos e seu mestre são dispostos em um círculo concêntrico e permanecem todos sentados, tendo como parte integrante do grupo os instrumentos peculiares da capoeira, tais como: atabaque, pandeiro, berimbau e ganzá, entre outros. Os principais golpes normalmente sofrem variações e são diferentes em cada ambiente ou academia de capoeira.

    Dentre os movimentos básicos da Capoeira, conforme Santos apud Martins (2004) podemos citar a ginga, o rolê, aú, cocorinha, chapa de costas, benção, ponteira, meia lua de frente, rabo de arraia ou meia lua de compasso, armada, martelo, queixada e salto mortal. Além dos movimentos, outra característica identificadora da Capoeira são as músicas (ladainhas, chulas, corridos ou quadras) próprias do jogo. Estas são cantorias que exaltam os antigos mestres, os praticantes no geral, as mulheres no jogo de capoeira, os lamentos a as agruras do passado escravagista brasileiro.

    A principal forma de incentivo à pratica e evolução na atividade se faz por meio da graduação, simbolizada pelos cordões com diferentes colorações, esta segue o sistema da Confederação Brasileira de Capoeira (CBC). (PEREIRA, 2013).

    A Capoeira trabalha com diversas manifestações artísticas, e hoje ela é representada por várias entidades classificadas como Ligas, Federações e Confederações. Martins (2004) cita diferentes formas de manifestação deste esporte, como: Capoeira Dança, Capoeira Luta, Capoeira Esporte, Capoeira Música, Capoeira Ritmo, Capoeira Folclores, Capoeira Jogo, Capoeira Educação, Capoeira Conto, Capoeira Cultura, Capoeira Filosofia de Vida.

    Podemos entender a Capoeira, portanto, como uma prática corporal possível de ser oferecida como uma opção de atividade na academia, sendo importante como meio de desenvolvimento físico, psíquico e social de indivíduos em qualquer faixa etária.

2.     A capoeira na Academia: possibilidades de atividade física regular aos praticantes

    Considerando que o mercado de fitness está cada vez mais crescente, podendo ser considerado, de acordo com Paiva (2007), uma das maiores tendências no setor de serviços, como também a acirrada competição entre as academias por clientes, principalmente nos dias atuais, aonde vem aumentando consideravelmente o número de pessoas em busca de uma boa qualidade de vida, identifica-se uma necessidade dessas empresas compreenderem as necessidades de seus clientes, bem como oferecer uma maior variedade de opções para que possam garantir sua satisfação e a sua permanência, logo, é importante que as academias inovem em relação às opções oferecidas aos clientes, pensando em atender aos mais variados gostos.

    A busca pelo aumento do número de clientes e a preocupação de satisfazê-los em relação aos serviços oferecidos, exige cada vez mais das academias, maior criatividade e melhor qualidade, desde o atendimento na recepção, instalações, simpatia, competência técnica dos funcionários e professores e maior variedade de opções. Nesse contexto, podemos sugerir a inserção da Capoeira como atividade a ser praticada regularmente.

    A Capoeira tem passado por grandes deslocamentos socioculturais, a redefinição de espaços de atuação, os novos discursos, a inserção de novos segmentos, a expansão pelo mundo, a atribuição de novas finalidades e a consolidação da profissionalização constituem sinais de deslocamentos que compõem o cenário da história da Capoeira. Inicialmente praticada pelas classes populares, pode ser atualmente uma prática das classes média e alta, uma vez que já é reconhecida também com fins terapêuticos, recreativos, educativos e de integração social. (PAIVA, 2007).

    Alguns estudos, como o de Costa (2009) já apresentam que esta modalidade é uma ótima opção para as pessoas que encontram dificuldades em se identificar com um programa de exercícios e realizá-lo de forma regular. Sendo a Capoeira uma atividade que envolve a associação da ludicidade com o esporte, ritmo com malhação, além de ser uma prática periódica, isto é: possui uma sequência, torna-se uma opção para pessoas que necessitam realizar de forma regular uma atividade física.

    Costa (2009) sugere que essa prática aconteça em treinos de aproximadamente três a quatro vezes por semana, com duração de uma hora à uma hora e meia, acompanhado por uma disciplina de programa de exercícios. O autor registra que alguns participantes que iniciaram com treinos em sala de musculação semanalmente e desistiram, passaram para a Capoeira e mudaram radicalmente de conduta, com poucas faltas e maior compromisso de presença nas aulas. Entende-se, portanto que o importante na verdade, é encontrar algo que a pessoa goste; que se sinta bem e o realize com continuidade, essa prática aliada ao prazer na realização é fundamental para que um programa de exercícios se torne um hábito para a pessoa.

    Mas na verdade, quem são os possíveis clientes praticantes da Capoeira? O que eles necessitam? Esses são alguns pontos importantes a serem observados.

    Baseando-se nos registros dos autores citados no decorrer deste artigo, e em contato direto com alguns clubes e academias, podemos observar a diversidade de praticantes da modalidade Capoeira. Frequentadores desses recintos, que realizavam outras atividades e por conta da curiosidade, do convite de amigos ou pela beleza despertada pelas ações corporais, oriunda da soltura, da leveza, graça, beleza, malandragem e picardia do jogo de capoeira, passaram a compor essas rodas, rompendo barreiras étnicas, econômicas e de classe social. Gente com intenção de desbravar novos horizontes, na descoberta de traços da mesma ou de outras culturas diferentes da sua, traduzida através dos vários significados introjetados na capoeira.

    Crianças, idosos, adolescentes, pais, mães, filhos (as),alunos de outras modalidades dentro das academias, funcionários, amigos, familiares, todos podem participar da roda de Capoeira, a partir da musicalidade, do jogo, da ludicidade que envolve essa prática, é só uma questão de contato, de vivência, visto que é quase impossível ficar alheio a algo que nos toca, nos consome, nos convida a participar. Essa prática se torna mais atrativa uma vez que não existem delimitações de idade, gênero e outros, e todos podem interagir com todos. Por conta disso, todos são clientes em potencial a serem mantidos ou conquistados pelas academias.

3.     Opção da Capoeira como prática regular de atividade física: benefícios para praticantes e Academia

    A Capoeira, que é uma atividade genuinamente brasileira e natural, não exige muito espaço, vestimentas ou sofisticações para sua prática. Ela promove o lazer e desperta outros interesses centrados na música, na dança, no folclore e no ritmo. Além disto, a Capoeira é um instrumento de grande poder de socialização e ajuda na melhoria da autoestima de nossos jovens e crianças, sobretudo aqueles considerados excluídos. (CONFEF, 2001, p. 3)

    A Capoeira, apresentado por Adriano (2006) funciona como importante agente facilitador no trato com o movimento, uma vez que auxilia o praticante a familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, já que os exercícios que permeiam a Capoeira envolvem todas as partes do corpo. Freitas (1997) cita que jogando Capoeira o praticante trabalha as valências físicas sem sobrecarga, apenas com os movimentos e peso do próprio corpo, além de serem vivenciados de forma prazerosa.

    Nunes e Peixoto (2011) indica uma série de benefícios trazidos pela prática regular da Capoeira como: resistência aeróbica e muscular, flexibilidade, velocidades de reação e de deslocamento, forças dinâmica, estática e explosiva, agilidade, equilíbrio, coordenação, ritmo e descontração. Além disso, promove a seus participantes uma série de processos cognitivos, emocionais, afetivos e, principalmente, motores.

    Segundo Neira (2003), os trabalhos com o movimento, devem contemplar a multiplicidade de funções do ato motor, visando à ampliação corporal do indivíduo. Na Capoeira, diferentemente de outras lutas, essa multiplicidade se apresenta com maior naturalidade. Na participação em uma roda, por exemplo, ninguém fica estático.

Considerações finais

    A partir desta revisão bibliográfica buscamos analisar os vários pontos de ligação dos estudos publicados, entre os quais, alguns aqui citados. Da origem à necessidade da prática, passando da marginalização a autorização reconhecida, muitos foram os personagens dessa história. Ícones que deixaram a seus discípulos, traços de um povo, de uma cultura e suas manifestações, disseminados à uma nação que já não cabendo em si, transborda pelo mundo, por intermédio de uma arte envolta em ações corporais passíveis de reconhecimento, desenvolvimento e melhoria das condições motoras de cada indivíduo, respeitando os limites de cada um.

    Na medida de sua popularização, bem como o reconhecimento dos benefícios alcançados por seus praticantes, a Capoeira saída dos grilhões, das senzalas, dos porões, das rodas de rua, do fundo dos quintais e de alguns poucos espaços próprios, ofertados por vezes pelos centros esportivos de algumas cidades brasileiras, vem se colocar a disposição, como meio de consumo à locais específicos da prática de atividades físicas,como as academias.

    Reconhecida e difundida entre nós, sujeitos de todas as classes sociais, a Capoeira agrega valores, conceitos e possibilidades a novos tempos globalizados, somando pontos àqueles que se colocam a frente de seu tempo. Enquanto as possibilidades se concretizem, se fazem necessárias algumas reflexões que surgem acerca da implementação da atividade nos espaços pré-definidos. Uma das reflexões nos remete ao indivíduo para a condução da atividade.

    É certo que nos centros educacionais e academias próprias, quem comanda é um mestre responsável e seus alunos com graduação passível do ensinamento, entretanto é sabido que nas academias tradicionais, que envolvem várias atividades, faz-se necessário que o professor tenha curso superior com formação em Educação Física e esteja credenciado pelo Conselho Regional de Educação Física - (CREF), porém, é comum o mestre e seus professores, em razão de uma formação cultural, não conseguirem atender as exigências da entidade representante, e aqueles que atendem a essas nem sempre tem formação prática na atividade, a medida que seus centros de formação não dispõem, em sua maioria, de uma grade curricular que contemple a atividade lutas, mais especificamente a Capoeira.

    Encontramos-nos diante de um impasse, a tradição em contraponto a exigência legal. Na medida do bom senso, o que fica é: Quem deve ministrar as aulas de Capoeira: o teórico na figura do professor (CREF) ou o prático na figura do mestre? Diante desse impasse sugerimos mais discussões a respeito que possibilitem uma maior difusão desta prática bem como o seu reconhecimento. Analisando a questão de propostas diferenciadas, que possibilitem a participação de pessoas em atividades físicas regulares para uma melhor saúde e qualidade de vida, certamente podemos propor a Capoeira, sendo esta uma possibilidade a mais para as academias que buscam aumentar o número de clientes efetivamente participativos e satisfeitos.

Referências bibliográficas

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