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Perfil dos portadores de lesões cutâneas atendidos em uma 

clínica-escola do norte de Minas Gerais durante 2007 a 2008

Perfil de los portadores de lesiones cutáneas atendidos en un hospital-escuela del norte de Minas Gerais de 2007 a 2008

 

*Enfermeiro pelas FIP-Moc. Especialista em Saúde da Família

pela Unimontes. Montes Claros (MG)

**Enfermeira pelas FIP-Moc. Especialista em Vigilância e Controle das Infecções

nos Serviços de Saúde pela Unimontes. Montes Claros (MG)

***Enfermeiro pelas FIP-Moc. Especialista em Urgência

e Emergência pelas FIP-Moc. Montes Claros (MG)

****Enfermeira pelas FIP-Moc. Montes Claros (MG)

*****Acadêmico de Enfermagem. Fundação Presidente

Antônio Carlos/FUPAC. Uberlândia (MG)

(Brasil)

Patrick Leonardo Nogueira da Silva*

Talita Fonseca Andrade **

Anderson Geraldo dos Santos***

Glaucie Graysse Duarte de Abreu****

Daiany Soares Braz****

Daniela Soares Braz****

Silas Santos*****

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetiva identificar o perfil dos portadores de lesões cutâneas atendidos em uma clínica-escola do norte de Minas Gerais durante 2007-2008. Trata-se de uma pesquisa documental, descritiva, observacional, transversal e quantitativa. A coleta de dados foi realizada através de 56 prontuários dos pacientes portadores de lesões cutâneas atendidos em uma clínica de saúde localizada no norte de Minas Gerais. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um formulário semi-estruturado baseado na ficha de cadastro desta instituição. Dos 56 pacientes investigados, 23,2% apresentava idade entre 19-25 anos. Já outros 23,2% apresentavam idade superior a 55 anos. 58,9% eram do sexo masculino. Quanto ao tipo de lesão, 46,6% eram traumáticas. 60,7% apresentavam lesões em membros inferiores. 36,1% das lesões não apresentavam exsudato, mas das que apresentavam, 26,7% eram exsudatos purulentos. A maior parte das lesões continha em seu leito tecido de granulação (48,2%) estando na fase de maturação (34,1%). A solução para a limpeza da lesão mais utilizada foi o soro fisiológico (87,6%) e a maior parte utilizava como tratamento dispensado aos curativos a neomicina (14,2%). Não houve o registro do tratamento de 60,7% dos pacientes nos prontuários investigados. Sendo assim, conclui-se que o índice de pacientes portadores destas lesões é significativamente considerável de forma que o profissional de enfermagem deve intervir a fim de melhorar a qualidade de saúde bem como as condições de vida deste paciente.

          Unitermos: Cicatrização. Ferimentos e lesões. Curativos oclusivos. Terapêutica. Planejamento de assistência ao paciente.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As feridas são representadas não apenas pela ruptura da pele e do tecido celular subcutâneo, mas também, em alguns casos, por lesões em músculos, tendões e ossos. As feridas podem ser classificadas quanto à etiologia, complexidade e tempo de existência (SMANIOTTO et al., 2012). Traumatismos, queimaduras, úlceras por pressão, úlceras por hipertensão venosa, feridas em membros inferiores de indivíduos diabéticos e feridas por radioterapia são exemplos de algumas das etiologias de feridas encontradas na prática clínica.

    Quanto à complexidade, define-se ferida simples como aquela que evolui espontaneamente para a resolução, seguindo os três estágios principais da cicatrização fisiológica: inflamação, proliferação celular e remodelagem tecidual (ISAAC et al., 2010). Já lesões que acometem áreas extensas e/ou profundas, que necessitam de recursos especiais para sua resolução, têm seu processo de evolução natural alterado e representam ameaça à viabilidade de um membro ou feridas recorrentes que reabram ou necessitem de tratamento mais elaborado, são denominadas feridas complexas (FERREIRA et al., 2006).

    Ferreira et al. (2006) definiram critérios para considerar uma ferida como complexa: I) extensa e profunda perda de tegumento; II) presença de infecção local; III) comprometimento da viabilidade dos tecidos com necrose; e IV) associação a doenças sistêmicas que dificultam o processo fisiológico de reparação tecidual

    Os curativos são uma forma de tratamento das feridas cutâneas e sua escolha depende de fatores intrínsecos e extrínsecos. O tratamento das feridas cutâneas é dinâmico e depende, a cada momento, da evolução das fases de cicatrização. Atualmente são inúmeras as opções de curativos existentes no mercado. Os recursos financeiros do paciente e/ou da unidade de saúde, a necessidade de continuidade da utilização do curativo, inclusive com visitas domiciliares, e a avaliação de benefícios e custos são alguns dos aspectos a serem considerados no momento da escolha do tipo de curativo, que devem ser adequados à natureza, à localização e ao tamanho da ferida. Embora haja uma grande variedade de curativos, um só tipo de curativo não preenche os requisitos para ser aplicado em todos os tipos de feridas cutâneas (FRANCO & GONÇALVES, 2008).

    O processo de cicatrização ocorre para restaurar a integridade anatômica e funcional do tecido, de forma que o organismo lança mão de um complexo mecanismo que envolve quimiotaxia, divisão celular, neovascularização, síntese de matriz protéica extracelular e remodelação da cicatriz (FERREIRA et al., 2008).

    Sendo o enfermeiro um profissional que detém um saber teórico e prático, o seu processo de formação acadêmica deve passar, obrigatoriamente, pelo ensino teórico e das habilidades práticas (o saber fazer) necessárias à sua formação, o que ocorrerá nos campos de estágios (COSTA, 1997).

    Sendo assim, este estudo tem por objetivo identificar o perfil dos portadores de lesões cutâneas atendidos em uma clínica-escola do norte de Minas Gerais durante 2007-2008.

Material e método

    Trata-se de uma pesquisa de natureza documental, de caráter descritivo, observacional, transversal e abordagem quantitativa.

    Este estudo foi realizado em uma clínica-escola das Faculdades Integradas Pitágoras da cidade de Montes Claros, norte de Minas Gerais/MG/Sudeste do Brasil, sendo a mesma o NASPI (Núcleo de Atenção à Saúde Pitágoras).

    A pesquisa foi realizada através dos prontuários de atendimento dos clientes portadores de lesões cutâneas na qual estabelecia seu tratamento nesta instituição. Sendo assim, foram pesquisados 56 prontuários na qual os clientes fizeram seu tratamento no período de 1º de fevereiro de 2007 a 29 de fevereiro de 2008.

    Para participação da pesquisa, foram adotados os seguintes critérios de inclusão: Fichas de atendimento contidas na instituição e registradas no período determinado; Fichas de atendimento correspondentes a portadores de lesões cutâneas; Evolução de clientes com idade maior que 18 anos.

    Como instrumento de coleta de dados, montou-se um formulário semi-estruturado contendo onze perguntas objetivas para o norteio da captação dos dados. Logo após a coleta foi realizado a tabulação dos dados para posterior análise e discussão.

    Para a realização da pesquisa foi utilizado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que garantiu o anonimato e privacidade dos clientes assistidos naquela instituição, bem como seguiu os princípios éticos definidos pelo Conselho Nacional de Saúde – CNS/2003 – através da resolução 196/96, para realização de pesquisa envolvendo dados de seres humanos contidos em suas fichas de atendimento.

Resultados

    Foram investigados 56 prontuários. De acordo a análise da Tabela 1, nota-se a prevalência da ocorrência de lesões cutâneas nas pessoas com idades entre 19-25 e maiores que 55 anos (ambas com percentual de 23,2%). Tal fato demonstra que a idade, em isolado, não é o fator determinante para se apresentar uma lesão cutânea, uma vez que o índice de lesões atingiu os dois extremos de idades encontradas, porém com o advento da idade as chances cicatriciais são menores.

    O quantitativo de clientes do sexo masculino foi maior que o de clientes do sexo feminino. Tal resultado se justifica pelo fato de os homens lidarem com maior freqüência com objetos, que são potenciais agressores à pele, como exemplo os marceneiros, garis, pedreiros, motoqueiros, jogadores de futebol, dentre outros, uma vez que esses serviços ainda são predominantemente realizados por homens.

    A maioria das lesões tratadas naquela instituição é do tipo lesão traumática (n=26, 46,6%), essa representatividade ocorreu provavelmente pelo fato de as lesões traumáticas serem mais comuns no cotidiano popular, abrangerem uma grande variedade de lesões, como por exemplo, corte com faca, cortes nos pés ou mãos por acidentes domiciliares, ou até mesmo o corte de uma cirurgia, além de torções ou quebra de ossos advindos de acidentes ciclísticos ou de moto.

    De acordo com as fichas de atendimento analisadas, a maior incidência de lesões ocorridas no período em questão localizava-se nos membros inferiores (n=34, 60,7%) seguido dos membros superiores (n=13, 23,2%). Esse percentual deve-se possivelmente por que os locais lesados provêm de lesões traumáticas, sendo estes em sua maioria braços e mãos, pernas e pés.

    De acordo com os dados obtidos, observa-se que, dentre as fichas de atendimento pesquisadas, 26 descreveram que as lesões apresentavam algum tipo de exsudato. Em 26,7% das lesões o exsudato presente foi o purulento, que é formado por leucócitos e microorganismos vivos ou mortos, e apresenta coloração que pode variar entre amarelo, verde ou marrom de acordo com o agente infeccioso; 5,3% apresentaram exsudato sanguinolento que indica, muitas vezes, lesão vascular; outros 5,3% também possuíam exsudato seroso, que é aquoso, transparente e está relacionado com lesões limpas; em 7,1% das feridas foi observado o exsudato purussanguinolento, que apresenta características do purulento e sanguinolento, mostrando uma lesão mais inflamada; e ainda em 1,7% constatou-se exsudato serossanguinolento, devido à cultura de diferentes bactérias, propiciando uma lesão bem infeccionada. Em 36,1% não apresentavam exsudato. E em 17,8% não foram encontrados relatos sobre o tipo de exsudato.

    Quanto ao tipo de tecido da ferida, foi significativa a ocorrência do tecido de granulação, correspondendo (n=27, 48,2%). Uma parcela das fichas de atendimento verificada não fazia referência ao tipo de tecido da ferida (n=13, 23,4%). Por conseguinte, a necrose coagulativa e liquefeita (n=8, 14,2%) apresentam-se na mesma freqüência absoluta e percentual.

    Dentre as fases especificadas, foi mais freqüente a fase de maturação da ferida (n=19, 34,1%). Essa fase é fundamental para a formação de uma cicatriz significativa, e compreende uma das últimas etapas do processo de cicatrização. Também foi relevante a referência à fase proliferativa (n=17, 30,3%) e a fase inflamatória (n=16, 28,5%).

    Foram pesquisados também os tipos de soluções mais usadas para higienização e anti-sepsia das lesões descritas nas fichas de atendimento. Ao analisá-los constatou-se que, para a limpeza da maior parte das feridas, em 87,6% a solução fisiológica foi a mais utilizada.

    As coberturas com maior representatividade para o tratamento foram gazes com neomicina (n=8, 14,2%), papaína (n=7, 12,5%) e sulfadiazina de prata (n=2, 3,5%). Outras coberturas foram utilizadas, mas representaram apenas 9,1% do total. Pode-se observar uma discreta diferença de percentual entre as coberturas. Essa discrição pode ser pelo fato de cada ferida ter uma indicação própria para tratamento.

    Quanto à cobertura adotada, podemos verificar que a mais utilizada é a de gaze seca (n=26, 46,4%), a qual possibilita promover um isolamento térmico, proporcionar proteção contra infecção, como também permitir a remoção sem causar traumas. Já a cobertura de gaze embebida em solução fisiológica é realizada em 19 clientes (33,9%), pois a mesma mantém a umidade na lesão, favorece a formação de tecido de granulação, amolece os tecidos desvitalizados, estimula o desbridamento autolítico e absorve o exsudato.

    Quanto ao prestador dos cuidados, podemos analisar que os mesmos são realizados em 14,2% dos casos pelo Enfermeiro, o qual é o supervisor e preceptor responsável pela instituição, 50% dos casos por acadêmicos do 7º período da graduação, uma vez que estes estão constantemente na clínica, pelo fato de estarem realizando estágio curricular, e 36% por acadêmicos de outros períodos, que também se encontram neste Núcleo de Atenção à Saúde para realização de práticas clínicas.

Tabela 1. Distribuição epidemiológica dos clientes portadores de lesões cutâneas atendidos pelo NASP (Núcleo

de Atenção à Saúde Pitágoras) durante o período de fevereiro/2007 a fevereiro/2008. Montes Claros (MG), 2013

Variável

Subvariável

Freqüência Absoluta

(n=56)

Freqüência Percentual

(%)

Faixa Etária

Ignorado/Branco

08

14,2

[19,25]

13

23,2

[26,35]

11

19,6

[36,45]

06

10,9

[46,55]

05

8,9

> 55

13

23,2

 

 

 

 

Sexo

Masculino

33

58,9

Feminino

23

41,1

 

 

 

 

Tipo de Lesão Cutânea

Ignorado/Branco

04

7,1

Ferida aguda contaminada

06

10,7

Ferida aguda cirúrgica

14

25

Ferida crônica

04

7,1

Queimadura

02

3,5

Lesões traumáticas

26

46,6

 

 

 

 

Localização da Lesão Cutânea

Membros inferiores

34

60,7

Membros superiores

13

23,2

Tórax e abdome

06

10,7

Cabeça e pescoço

03

5,4

 

 

 

 

Tipos de Exsudato da Lesão

Ignorado/Branco

10

17,8

Purulento

15

26,7

Sanguinolento

03

5,3

Seroso

03

5,3

Purussanguinolento

04

7,1

Serossanguinolento

01

1,7

Não-exsudativa

20

36,1

 

 

 

 

Tipos de Tecidos no Leito da Lesão

Ignorado/Branco

13

23,4

Necrose coagulativa

08

14,2

Necrose Liquefeita

08

14,2

Tecido Granulativo

27

48,2

 

 

 

 

Fases de Cicatrização da Lesão

Ignorado/Branco

04

7,1

Inflamatória

16

28,5

Proliferativa

17

30,3

Maturação

19

34,1

 

 

 

 

Tipos de Soluções de Limpeza usadas nas Lesões

Ignorado/Branco

03

5,3

Solução fisiológica (SF0, 9%)

49

87,6

Solução fisiológica + Solução anti-séptica

04

7,1

 

 

 

 

Tratamento Dispensado

Ignorado/Branco

34

60,7

Neomicina

08

14,2

Sulfadiazina de Prata

02

3,5

Papaína

07

12,5

Outros

05

9,1

 

 

 

 

Cobertura Adotada

Sem cobertura

06

10,7

Gaze embebida em SF0,9%

19

33,9

Gaze seca

26

46,4

Gaze embebida em solução de papaína

04

7,1

Compressa e atadura

01

1,9

 

 

 

 

Prestação de Cuidados

Enfermeiro

08

14,2

Acadêmico de enfermagem do 7º período

28

50

Acadêmicos de outros períodos

20

35,8

Fonte: Prontuários dos clientes atendidos no NASPI (Núcleo de Atenção à Saúde Pitágoras). Montes Claros (MG), 2013

Discussão

    Fagundes et al. (2002) destacam a necessidade de uma atenção especial a indivíduos com faixa etária acima de 51 anos, devido à relutância em aderirem aos tratamentos e às medidas preventivas que visem à manutenção da saúde, uma vez que são mais propensos a adquirirem ou a agravarem essas lesões.

    Conforme informa Gawryszewski et al. (2005), o percentual do uso de armas de fogo é mais alto entre homens que entre mulheres. Diante desses relatos, pode-se inferir que os homens estão mais propensos às lesões cutâneas (incidentes com armas de fogo ou armas brancas, brigas de rua, etc.) que as mulheres.

    Santos (2000) apud Blanes (2004) relata que as feridas podem ser classificadas de acordo com o tempo de reparação tissular, em agudas e crônicas. Essa classificação constitui uma importante forma de sistematização necessária para o processo de avaliação e registro. As feridas agudas são originadas de cirurgias ou traumas, e a reparação ocorre em tempo adequado, sem complicações. As feridas crônicas são aquelas que não são reparadas em tempo esperado e apresentam complicações. Outra forma de classificar as feridas refere-se às estruturas comprometidas e consiste na descrição anatômica de sua profundidade. Esse sistema é adotado para estadiar alguns tipos de feridas crônicas, como as úlceras por pressão, entre outras. A ferida superficial limita-se à epiderme; ferida com perda parcial está limitada à epiderme e porção superior da derme; e a perda total provoca destruição da epiderme, derme e tecido subcutâneo, podendo invadir músculos, tendões e ossos.

    Segundo Fagundes et al. (2002) a localização de uma ferida pode ser um indício de possíveis problemas, como risco de contaminação, ou problemas de mobilidade (provocados por feridas nos membros inferiores). Relatam ainda, que o tempo de permanência da ferida está relacionado com processos individualizados de cada portador e passíveis de alterações, uma vez que características, manejos e hábitos pessoais podem influenciar nesse tempo.

    A característica e quantidade de exsudato constituem parâmetros para diagnóstico clínico de infecção e escolha de procedimentos e técnicas para o tratamento da lesão.

    Segundo Dealey (2001), o tecido de granulação relaciona-se com o estágio de restauração tissular, e caracteriza-se pela cor avermelhada da ferida e pela presença de paredes dos vasos capilares bem espessas e fáceis de serem lesadas. Em concordância, Hess (2002) afirma que esse tecido consiste em macrófagos, fibroblastos, colágeno imaturo, vasos sangüíneos e substância matricial.

    Segundo Flanagan (1997) apud Orosco e Martins (2006), para a avaliação de feridas e otimização da reparação tecidual é necessário compreender a fisiologia da cicatrização e os fatores relacionados a ela. Hess (2002) relata que o processo de cicatrização ocorre em três fases: inflamatória, proliferativa e maturação. O mesmo autor ainda completa dizendo que a fase de maturação pode durar de 21 dias a 02 anos, sendo identificada pela reorganização, remodelação e amadurecimento do tecido neoformado.

    Para Mandelbaum (2003), a proliferação é responsável pelo "fechamento" da lesão propriamente dita, sendo dividida em três subfases: a reepitalização, a fibroplasia e a angiogênese. Van Winkle (1967) apud Mandelbaum (2003) relata que a segunda fase da proliferação inclui a fibroplasia e formação da matriz, que é extremamente importante na formação do tecido de granulação.

    A fase inflamatória pode ser identificada por edema, eritema, calor e dor, surge no momento da lesão inicial, e dura de 04 a 06 dias (HESS, 2002).

    De acordo com Cândido (2001), a solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9% poderá ser utilizada tanto no tratamento da ferida como na limpeza da mesma. Sabe-se que essa solução é indicada na maioria dos casos, pois mantém o potencial hidrogeniônico (pH) natural da pele e é suficiente para a limpeza. A escolha de um ou outro tipo de limpeza é definida de acordo com as características da lesão.

    Além da limpeza e debridamento, outro princípio importante da terapia tópica de feridas é a oclusão com as coberturas (BLANES, 2004). A utilização de número reduzido de coberturas específicas pode ser devido ao fato de o tratamento farmacêutico ser mais dispendioso ou à falta de conhecimento por parte dos profissionais de outras fórmulas, condicionando-os assim ao uso restrito de coberturas.

    Blanes (2004) definiu algumas características na escolha da cobertura mais apropriada para manutenção do ambiente propício à reparação tissular. São eles: manter umidade na interface ferida/cobertura, remover o excesso de exsudato, permitir a troca gasosa, promover isolamento térmico, proporcionar proteção contra infecção, ser isento de partículas e contaminantes e permitir a remoção sem causar traumas. Além destas, Dealey (2001) acrescenta disponibilidade, flexibilidade, facilidade de manuseio e custo-eficácia.

    Em significativo número de fichas de atendimento (34 casos) não houve descrição sobre o tratamento das feridas com fármacos, o que pode ser entendido como não-uso, relacionado à ocorrência dos tipos de lesões identificadas nesse estudo. E, de acordo com Cândido (2001), a solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9 % poderá ser utilizada tanto no tratamento da ferida como na limpeza da mesma.

    Em relação ao prestador de cuidados, dentro de uma clínica-escola onde há a presença de profissionais graduados e acadêmicos se graduando, os acadêmicos apresentam maior contato com o cliente do que o próprio profissional, pois enquanto aluno o mesmo deve adquirir a experiência prática dos cuidados durante a graduação em sua formação. Nesta instituição, os acadêmicos de enfermagem realizam o internato em atenção primária e secundária durante o 7º período. Já outros acadêmicos de outros períodos realizam estágios eletivos com menor carga horária prática.

Conclusão

    A partir deste estudo, foi possível identificar e descrever o perfil dos portadores de lesões cutâneas em uma clínica-escola da cidade de Montes Claros/MG durante o período de 2007-2008.

    A idade e o sexo são variáveis muito importantes ao se analisar o perfil destas lesões, pois enquanto jovem, considerando o intervalo de 18-25 anos, o tecido lesado tem a facilidade de cicatrização em um tempo menor quando comparado a uma pessoa idosa (idade superior 55 anos) portadora de lesão na qual a mesma demora um tempo maior para a cicatrização devido à perda fisiológica de componentes cicatriciais com o passar dos anos. O homem, diferentemente da mulher, está mais propenso à aquisição de uma lesão cutânea considerando o fato de que o mesmo exerce uma maior quantidade de atividade de risco na qual envolvem alguns cuidados prioritários.

    Lesões traumáticas são mais prevalentes e fazem parte de nossa rotina habitual e doméstica em comparação a outros tipos de lesões menos típicas, tal como queimaduras, cirurgias e outras. As lesões de modo geral prevalecem em membros inferiores (MMII) e membros superiores (MMSS), pois são as partes corporais mais expostas a tal evento na qual os mesmos são utilizados como sistema de defesa a qualquer ameaça externa para proteção das partes corporais centrais.

    A presença de exsudato geralmente indica a possibilidade de um foco infeccioso, podendo vir acompanhado de sinais flogísticos (dor, rubor, calor e a própria infecção devidamente instalada). Para a melhora da lesão, espera-se que com o tempo a mesma vá produzindo tecido de granulação de forma a atingir a fase de maturação para posteriormente fechá-la. Em caso de infecção instalada, a lesão só fechará com o cessamento da evolução do patógeno, caso contrário ficará propenso a novas infecções e, com isso, ao agravamento do quadro clínico. Tecidos necróticos não meio de cultura que propiciam o desenvolvimento de agentes patogênicos.

    O soro ou solução fisiológica é o melhor agente para limpeza de uma lesão, pois além de hidratar o leito da ferida, o mesmo participa da reposição hidroeletrolítica fazendo com que o meio propicie ao desenvolvimento granulativo. Nos casos de necrose, as mesmas precisam ser retiradas para favorecer o fechamento da lesão. Para isso são utilizadas coberturas que atuam no debridamento químico tal como a papaína.

    Os acadêmicos de enfermagem, por estarem em maior contato com o cliente durante seu tratamento devido ao seu internato clínico, apresentam maior suporte de cuidados quando comparado aos docentes bem como aos profissionais da própria instituição.

    Sendo assim, conclui-se que o índice de pacientes portadores destas lesões cutâneas é significativamente considerável de forma que o profissional de enfermagem deve intervir a fim de melhorar a qualidade de saúde bem como as condições de vida deste paciente

Referências

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