Estudo dos efeitos da sobrecarga entre as etapas
de um programa de reabilitação cardíaca
Jônatas de França Barros, Paulo Tadeu Romagna Cavalheiro, Candido Simões Pires Neto e Aluisio Otavio Vargas Avila

Lecturas: Educación Física y Deportes | http://www.efdeportes.com/
revista digital | Buenos Aires | Año 5 - N° 19 - Marzo 2000

2 / 3

     McARDLE, KATCH & KATCH (1985) afirmam que a pressão arterial tanto sistólica quanto diastólica é reduzida significativamente com um programa de exercício. O Interval Trainig foi o método de treinamento que melhor obteve resultados de redução da pressão sistólica. Os treinamentos devem ser rítmados e moderados após 4 a 6 semanas de aplicação deste método.

     A pressão arterial sistólica durante o exercício aumenta em função direta da intensidade do esforço dinâmico, conforme argumentam ARAÚJO (1986), POLLOCK (1986), porque a pressão diastólica em exercícios normalmente varia muito pouco, mas, em geral, permanece inalterada, podendo subir ou descer 10 mmHg.

     No que diz respeito ao consumo máximo de oxigênio, Robinson apud SILVA & MEIRELLES (1987) examinou atletas ex-campeões e não-atletas aos 20 anos e depois aos 50 anos, constatando significante diferença no decréscimo de VO2 Máximo entre os dois grupos. Os ex-atletas apresentaram uma redução em torno de 71,4 ml/kg/min para 41,0 ml/kg/min, aos 57 anos de idade. No grupo de não-atletas a redução, foi de 50,6 mlkg/min para 36,6 ml/kg/min em igual escala de tempo. Aparentemente, então, os ex-atletas mantinham aos 57 anos de idade uma condição de VO2 Máximo bem mais previlegiada do que a dos não-atletas. Para Robison esta diferença entre os 2 grupos etaria relacionada com vida fisicamente ativa dos primeiros.

     MILESES et al., (1976) determinaram os efeitos sobre o consumo máximo de oxigênio de treinamento físico durante 15, 30 e 45 minutos, em 20 semanas com 3 sessões semanais. Fizeram parte da amostra 109 homens internos da prisão de San Louis (Califórnia) com idade entre 20 a 35 anos (X=28), distribuídos em três grupos experimentais: 15 minutos (n=26), 30 minutos (n=27), 45 minutos (n=28) e um grupo de controle (n=29). Os resultados observados no VO2 foram relacionados com a duração dos treinamentos. Verificou-se um aumento de 8,5, 16,1% e 16,8% para os grupos que treinaram, resceptivamente, 15, 30 e 45% minutos por sessão, sendo estes aumentos significativos a nível de p < 0.01 quando comparados ao grupo controle, que permaneceu, relativamente, constante. Houve diferenças entre os grupos que treinaram 15 e 45 minutos.

     No entanto, em relação as funções cardio-respiratórias, os médicos, geralmente, recomendam para seus pacientes, a caminhada como uma forma de aumentar a atividade física, mas esta recomendação, não implica necessariamente na capacidade funcional. Não há, portanto, um consenso de que os pacientes, após infarto do miocárdio, devem participar dos programas formais de exercícios, planejados para aumentar a capacidade funcional. Estes controvérsias tem base cientifíca, pois estudos controlados como o National Exercise Heart Disease Projet ", Shaw apud RIBEIRO (1982) e estatisticamente significativos do treinamento na morbidade e mortalidade de pacientes após infarto do miocárdio Shephard apud RIBEIRO (1982).

     "American Heart Association", no estudo a aptidão cardio-respiratória, classificou os homens na faixa etária de 40-49 anos com valores de 27-35 ml/kg/min estão na faixa regular; os valores de 36-44 ml/kg/min na faixa boa; os homens na faixa etária de 50-59 anos com valores de 23-33 ml/kg/min estão na faixa regular é de 34-42 ml/kg/min na faixa boa (LEITE, 1984).

Tabela 2 - Parâmetros médios FCT, FCR e FCE em coronarianos (n=11)
ETAPAS
FCR
FCA calculada
FCT atingida
FCE
Pré-teste
73,36 bpm
143,5 bpm
1º Mesociclo
20min e 50%
80,90 bpm
106,90 bpm
105,27 bpm
2º Mesociclo
30min e 60%
81,90 bpm
114,09 bpm
109,63 bpm
3º Mesociclo
40min e 70%
80,90 bpm
123,54 bpm
116,90 bpm
4º Mesociclo
50min e 80%
81,18 bpm
131,09 bpm
118,90 bpm
Pós-teste
72,36 bpm
151,2 bpm

     Conforme a Tabela 2 acima citada, que no programa de reabilitação cardíaca, estabeleceu-se no 1º mesociclo em que os pacientes iniciaram a atividade física através de uma caminhada, respeitando o estado inicial da aptidão física destes pacientes, na qual teve uma duração de 20 minutos e com uma intensidade de 50% do VO2 máximo obtido através da esteira ergométrica pelo protocolo de BRUCE, em que ocorre uma freqüência cardíaca de treinamento: media de 106,90 bpm (calculada). Observa-se que os pacientes obtiveram uma FCT de 105,27 bpm (atingida), no 2º mesociclo com a duração de 30 minutos e a intensidade de 60%. Mediu-se uma FCT média de 114,09 bpm (calculada), observando que os pacientes obtiveram uma FCT de 109,63 bpm (atingida); no 3º mesociclo teve uma duração de 40 minutos e com uma intensidade de 70%. Mediu-se uma FCT média de 123,54 bpm (calculada), observando que os pacientes obtiveram uma FCT média de 116,90 bpm (atingida) e no 4º mesociclo com uma duração de 50 minutos com a intensidade de 80%. Mediu-se uma FCT média de 131,09 (calculada), observando que os pacientes obtiveram uma FCT de 118,9 bpm (atingida).

     Analisando neste estudo um acréscimo de 10 minutos de duração entre os mesociclos e um acréscimo de 10% de intensidade também entre os mesociclos. Conforme as variáveis independentes envolvidas: duração, intensidade e freqüência, o estudo mostra, conforme a Tabela 2, que as FC médias atingidas, obteveram valores próximos ao da FC calculada pelo teste da esteira ergométrica para cada mesociclo. No presente estudo deve se considerar que os pacientes realizaram, através da caminhada, em torno de 95% da atividade física principal e próximos ao 3º mesociclo ou 24 sessão, através de corridas, tentanto alcançar ou chegar próximo aos valores da FC calculada para cada mesociclo, isto em função de se considerar que a duração e a intensidade já tem um percentual considerável.

     Os resultados do treinamento que os pacientes de 41 a 69 anos de idade num período de 16 semanas, que os valores de duração variaram de 20 a 50 minutos, e a intensidade de 50 a 80% do VO2 Máximo. Na Tabela 2 a freqüência cardíaca de treinamento média atingida no 1º mesociclo aproximou da freqüência cardíaca de treinamento média (calculada) com uma diferença de percentual de 1,52%. No 2º mesociclo a freqüência cardíaca de treinamento média atingida aproximou da freqüência cardíaca de treinamento calculada com uma diferença de percentual de 3,9%. No 3º mesociclo a freqüência cardíaca de treinamento média atingida aproximou da freqüência cardíaca de treinamento calculada com uma diferenca de percentual de 5,27%. Finalmente, no 4º mesociclo a freqüência cardíaca de treinamento média atingida aproximou da freqüência cardíaca de treinamento média calculada com uma diferença de percentual de 9,29%.

     Entre os mesociclos, as diferenças na freqüência cardíaca de treinamento calculada/atingida. Foram observadas por um aumento da sobrecarga entre eles. Isto se deu em função da intensidade e duração, de forma progressiva e racional, e tais diferenças mostram que devemos considerar e respeitar fatores importantes, que estão inseridos nos programas dos pacientes que se submetem, pela primeira vez, a qualquer tipo de atividade física como: Controle da respiração quando inicia o programa, amplitude, freqüência, rítmo das passadas, postura correta e, principalmente, respeitar o príncipio da indivídualidade biológica e a adaptação ao treinamento. Observamos também que devemos respeitar a variável interveniente ao programa como os medicamentos na maioria beta-bloqueadores, porque os pacientes foram diagnosticados pelos seus respectivos médicos em função da sua doença cardíaca.

     Gettman et al., (1976) apud POLLOCK (1986) comentam que a intensidade de treinamento foi padronizada em 85 a 90% do limite da FC máxima com os homens, participando por 30 minutos em cada sessão de exercício. A melhora no VO2 Máximo foi de 8,13 e 17% para os grupos de um, três e cinco dias de treinamento por semana.

     Em relação à duração, AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (1978) propõe um mínimo de 15 minutos de treinamento em geral. A maioria dos programas que satisfazem essa diretriz mostram uma melhora de 15 a 25% na capacidade aeróbica. Segundo Sharkey apud LEITE (1990), os pacientes cardíacos em uso de beta-bloqueadores deverão ter suas intensidades controladas pelo nível de tolerância indivídual de esforço e por limites seguros de FC de treinamento a ser atingida. Segundo Sidney e Shepard apud EVERETT (1986) relatam que a intensidade e a freqüência são importantes fatores para produzirem efeitos de treinamento. Nenhuma resposta foi observada em sujeitos que se exercitaram menos do que 2 vezes por semana com freqüência cardíaca menor do que 120 bpm das pesquisas avaliáveis. A atividade física, aparentemente pode melhorar a aptidão física de adultos mais velhos, assim como providenciar uma maior facilidade na participação das atividades diárias.

     Isto demonstra que os estudos de duração mais curta revelaram-se melhores na potência aeróbia e na aptidão cardiovascular geral, ou seja, (Morse & Smith) ocorreu declínio na pressão sangüínea e diastólica de repouso, (De Vries) e na pressão sangüínea sistólica durante o exercício (Stamfford apud EVERETT, 1986).

     Segundo MOREHOUSE & MILLER (1978), o principal fator que influência uma resposta ao regime de treinamento é a intensidade de esforço em relação à capacidade inicial do sujeito. A duração e a frequência das sessões possuem efeitos menores para estes autores , porque se a freqüência do treinamento for realizada de 5 para 3 vezes por semana, ocorre uma diminuição da capacidade aeróbica de 19,5% para 16%.

     MILESIS et al. (1976) chegaram a resultados semelhantes sobre o VO2 Máximo, utilizando um programa de 20 semanas a 88% da reserva da FC máxima com grupos que andaram e correram 1, 3 e 5 vezes por semana. Estes resultados foram comparados com resultados de andar/correr realizados 3 dias por semanas com duração de 15, 30 e 45 minutos por sessão de treinamento. Através dos resultados, conclui-se que um dia por semana, com duração de 30 minutos, resultou num ganho de VO2 máximo comparável ao obtido após um programa que consistia de uma freqüência de 3 dias por semanas e com uma duração de 15 minutos.

     POLLOCK et al. (1971) verificaram os efeitos do caminhar sobre a composição corporal em homens de idade média de 48,9 anos. As atividades foram realizadas durante 20 semanas, 4 dias por semana, durante aproximadamente 40 minutos cada sessão. A cada semana os participantes foram estimulados a aumentar a distância, baseadas na freqüência cardíaca que aumentou progressivamente de 132 a 146 bpm. Foram realizadas 3 avaliações, após uma semana, após 10 (dez) semanas e no final do trabalho. Os resultados indicaram diferenças significativas nas variáveis peso corporal, somatório das dobras cutâneas, percentual de gordura, circunferências abdominal e glútea e a gordura corporal permaneceu relativamente constante.

     Reforçando a análise, NAHAS E PERON (1982) concluiram que a atividade física aeróbica prescrita em bases indivíduais e regulares podem trazer modificações significativas nas funções cardio-respiratórias e metabólicas gerais. O estudo foi realizado durante 10 semanas, com 3 sesões semanais de 30 minutos cada uma, com indivíduos sedentários de idade de 30 a 44 anos. Os indivíduos foram divididos em dois grupos. Um grupo além da atividade física aeróbica realizada de forma contínua (andar/correr), iria ingerir 12 a 15 gramas de farelo de trigo. O estudo mostrou que ocorreram alterações significativas na gordura corporal relativa, VO2 máximo, freqüência cardíaca em exercício, pressão arterial sistólica em exercício e redução da FC em repouso.

     Com isto, MATHEWS & FOX (1983), comentam que uma atividade física só fará efeito se atingir um limiar de intensidade. Este limiar varia de indivíduo para indivíduo e está diretamente relacionado com o nível inicial de aptidão.


Resultados e Análise do Grau de Flexibilidade
     Conforme as variáveis envolvidas no estudo da Tabela 3, as médias e desvio padrão observadas obtiveram valores tão próximos do pré-teste como do pós-teste com nível de significância p < 0.05. Com relação ao teste t de student houve diferença estatisticamente significativa entre o pré e pós-teste, nas variáveis FT (flexão do tronco), FLTD (flexão lateral do tronco para direita), FLTE (flexão lateral do tronco para esquerda) e DDPE (decúbito dorsal perna esquerda).

     Observou-se, também, que não houve diferença significativa em relação ao teste t nas variáveis RTD (rotação do tronco para direita), RTE ( rotação do tronco para esquerda),DDPD (decúbito dorsal perna direita), DVPD (decúbito ventral perna direita) e DVPE (decúbito ventral perna esquerda).

     Na aplicabilidade dos testes com relação ao programa houve uma melhora significativa em torno de 11,6% nos pacientes da avaliação do grau de flexibilidade, através do giro máximo, observando ângulos executados nos pacientes. Há diferenças significativas nas avaliações da amplitude de movimentos articulares.

Tabela 3 - Resultados médios dos valores da avaliação neuro-motora (grau de flexibilidade) (n=11)
Variáveis
Pré-testes
Pós-testes
 
 
 
x
s
x
s
T
p
Diferença %
FT
53,9
16,7
71,5
25,2
-3.40
.007
24,6
FLTD
16
3,4
23,8
6,4
-4.31
.002
32,7
FLTE
16
3,9
23,3
6,1
-4.14
.002
31,2
RCD
70,3
14,5
67,3
19,2
.50
.732
-4,45
RCE
65,9
22,4
67,2
11,2
-.17
.867
-1,93
RTD
31
10,6
36,2
9,4
.136
.204
14,36
RTE
33,5
9,7
37,4
12,7
-.99
.344
10,42
DDPD
68,6
10,8
75,6
9,3
-2.00
.066
9,26
DDPE
68,2
10,2
75,5
8,7
-3.34
.007
9,66
DVPD
36,1
13,1
36,1
12,5
-.01
.991
-
DVPE
37,1
12,7
37,7
14,7
-.19
.851
1,59
p < 0,05

     CLARKSON (1991) mostra que a amplitude de movimento ativa normal está em primeiro lugar a flexão do tronco, através de uma avaliacão mais profunda, onde a pessoa normal vai de 0 a 80 graus. Conforme Tabela 3, verifica-se que os pacientes tiveram uma variabilidade quanto à flexão do tronco em função das suas médias de 53,9 graus para 71,5 graus, estando dentro dos parâmetros estudados pelo autor. Na flexão do tronco houve uma melhora no seu percentual em relação ao pré-teste de 24,6%, sendo que a flexão lateral do tronco mostra que amplitude de movimento ativa normal, que vai de 0 a 35 graus, e em relação a este estudo os pacientes obtiveram médias de 16 graus para 23,8 graus (FLTD), e 16 graus para 23,3 graus (FLTE). Estando dentro dos parâmetros estudados pelo autor, observa-se que na flexão lateral do tronco houve uma melhora do seu percentual em relação ao pré-teste na flexão lateral do tronco para direita de 32,7% e da flexão lateral do tronco para esquerda de 31,3%. Na rotação da cabeça, o autor mostra que amplitude de movimento ativa normal, vai de 0 a 60 graus, e com relação a este estudo os pacientes obtiveram médias 70,3 graus para 67,3 graus (RCD) e 65,9 graus para 67,2 graus (RCE), estando próximo dos parâmetros estudados pelo autor. Observa-se com isso que a rotação da cabeça teve uma diminuição no seu percentual em relação ao pré-teste: rotação da cabeça para direita - 4,45%, para e da rotação da cabeça para esquerda -1,93%.

     Na rotação do tronco mostra que amplitude de movimento ativa normal vai de 0 a 45 graus. Em relação ao estudo em evidência, os pacientes obtiveram médias de 31 graus para 36,2 graus (RTD) e 33,5 graus para 37,4 graus (RTE), estando dentro dos parâmetros estudados pelo autor. Na rotação do tronco houve uma melhora no seu percentual em relação ao pré-teste na rotação do tronco para direita de 14,36% e para esquerda de 10,42%. Em decúbito dorsal da perna mostra que a amplitude de movimento ativa normal vai de 0 a 120 graus. Neste estudo os pacientes obtiveram no decúbito dorsal da perna médias de 68,6 graus para 75,6 graus (DDPD) e 68,2 graus para 75,5 graus (DDPE), estando dentro dos parâmetros estudados pelo autor. Observa-se que no decúbito dorsal das pernas houve uma melhora no seu percentual em relação ao pré-teste, para direita 9,26% e para esquerda 9,66%. Em decúbito ventral das pernas mostra que a amplitude de movimento ativa normal vai de 0 a 30 graus. Neste estudo os pacientes obtiveram no decúbito ventral médias de 36,1 graus para 36,1 graus (DVPD) e 37,1 graus para 37,7 graus (DVPE), estando próximo dos parâmetros estudado pelo autor. Observa-se que em decúbito ventral das pernas houve uma melhora no seu percentual em relação ao pré-teste em decúbito ventral perna direita os mesmos valores, e esquerda 1,59%.

     Na apresentacão desta análise, consideramos que em alguns movimentos, em determinadas articulações, houve uma melhora significativa, na qual POLLOCK (1986) comenta que a flexibilidade está limitada em algumas articulações tanto pela estrutura óssea ou massa muscular circunjacente ou ambos. No entanto, para a maioria das articulações a limitação do movimento, através da gama de movimentos é imposta pelos tecidos moles, incluindo (1) O músculo e seus envoltórios; (2) O tecido conjuntivo com tendões, ligamentos e cápsulas articulares e (3) A pele.


sigue F

  www.efdeportes.com/
http://www.efdeportes.com/ · FreeFind
   
revista digital · Año 5 · N° 19 | Buenos Aires, marzo 2000  
© 1997/2000 Derechos reservados