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Conhecimento da equipe de enfermagem atuante em um centro
de terapia intensivo adulto relacionado às precauções padrão
e precauções específicas

El conocimiento del personal de enfermería que actúa en un centro de terapia intensiva 

de adultos relacionada con las precauciones estándar y las precauciones específicas

Knowledge of nursing staff acting in an adult intensive therapy center related to standard precautions and specific precautions

 

Enfermeira especialista em terapia intensiva

MG, Belo Horizonte

(Brasil)

Mayara Durães Bicalho Oliveira

mayarabicalho@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O estudo objetivou-se avaliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem em uma unidade de terapia intensiva no referente às precauções padrão e isolamentos específicos. O estudo é quali-quantitativo, descritivo e os dados foram coletados através de entrevista com questionário estruturado. Na caracterização dos sujeitos, observou-se predominância de auxiliares de enfermagem (44%), sexo feminino (75%), tempo de formação abaixo de dez anos (75%) e até quatro anos de experiência (50%), somente um emprego (100%). A maioria dos estudados não conhece o tipo de barreira a ser usado: sobre precauções padrão, somente 31% responderam corretamente; nas precauções de contato 13% sabem distinguir as precauções necessárias e sobre precaução por gotícula e por aerossóis 6% foram corretos ao descrever as barreiras. Ao final deste estudo, evidencia-se a necessidade de orientação e acompanhamento da equipe para permitir um equilíbrio entre teoria e a prática dos profissionais, para melhorar a qualidade da assistência prestada.

          Unitermos: Unidade de Terapia Intensiva. Isolamento de pacientes. Equipe de enfermagem. Precauções universais.

 

Resumen

          El presente estudio tuvo como objetivo evaluar el conocimiento de los profesionales de enfermería en una unidad de cuidados intensivos, con respecto a las precauciones estándar y específicas de aislamiento. El estudio es cualitativo y cuantitativo, los datos descriptivos fueron recolectados a través de entrevistas mediante un cuestionario estructurado. En la caracterización de los sujetos, se observó un predominio de las enfermeras (44%), mujeres (75%), el tiempo de formación a menos de tres años (75%) y un máximo de cuatro años de experiencia (50%), sólo un trabajo (100%). La mayoría de los estudios no conocen el tipo de barrera para su uso: para las precauciones estándar, sólo el 31% respondió correctamente; en las precauciones de contacto son capaces de distinguir entre el 13% y en las precauciones necesarias y precauciones de gotitas de aerosol 6% eran correctos al describir las barreras. Al final de este estudio se pone de relieve la necesidad de orientación y supervisión de personal para proporcionar un equilibrio entre la teoría y la práctica profesional, para mejorar la calidad de la atención prestada.

          Palabras clave: Unidad de Terapia Intensiva. Aislamiento de pacientes. Equipo de Enfermería. Precauciones universales.

 

Abstract

          The study aimed to evaluate the knowledge of nursing professionals in an intensive care unit with regard to standard precautions and specific isolation. The study is qualitative and quantitative, descriptive and the data were collected through interviews using a structured questionnaire. The characterization of the subjects, there was a predominance of nurses aides (44%), female (75%), training time below ten years (75%) and up to four years of experience (50%), only a job (100%). Most studies do not know the type of barrier to be used: for standard precautions, only 31% answered correctly; the contact precautions 13% they can distinguish the necessary precautions and about droplet precautions and aerosol 6% were correct in describing the barriers. At the end of this study highlights the need for guidance and monitoring of staff to provide a balance between theory and professional practice, to improve the quality of care provided.

          Keywords: Intensive Care Units. Patient isolation. Nursing team. Universal precaution.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Tem ocorrido um avanço tecnológico significativo nos últimos tempos associado à compreensão cada vez maior dos mecanismos fisiopatológicos das doenças e isso vem permitindo uma sobrevida hospitalar cada vez mais prolongada para clientes gravemente enfermos. Entretanto, esse mesmo aparato tecnológico e sobrevida prolongada expõem o cliente a um risco muito maior de desenvolver infecção hospitalar(1,2,3).

    É percebido que essas infecções nas Unidades de Terapia Intensiva cresceram nos últimos anos, devido ao aumento de procedimentos invasivos, desenvolvimento tecnológico, uso indiscriminado de antimicrobianos e aumento do tempo de permanência hospitalar. Os pacientes desse tipo de unidade são mais propensos a desenvolver infecções hospitalares, devido à criticidade do quadro clinico(4,5,6).

    Esse tipo de infecção pode ser definido como aquela adquirida no hospital, não manifestadas, ou fora do período de incubação no ato da admissão, a menos que estejam relacionadas com internação prévia no mesmo hospital(7).

    Vem sendo considerada um dos principais problemas de saúde, tanto pública quanto privada e tem grande contribuição nos índices de morbimortalidade, além de significar não só prejuízos assistenciais, econômicos e éticos, como também ação criminal(2).

    As doenças infecto-contagiosas se destacam como as principais fontes de transmissão de microrganismos para pacientes e para profissionais. Ressalta-se que uma importante fonte de contaminação para profissionais da saúde refere-se ao contato direto com fluidos sem que medidas de biossegurança (adoção de normas e procedimentos seguros e adequados à manutenção da saúde dos pacientes, dos profissionais e dos visitantes) sejam utilizadas(8,9).

    Sabendo-se que a disseminação de microrganismo em centros de terapia intensiva é favorecida pelas características desse setor, dos pacientes nele internados, somadas ao comportamento dos profissionais que ali atuam, constata-se que medidas simples de precaução podem reduzir, ou mesmo evitar a disseminação de microrganismos responsáveis pela infecção hospitalar. Assim, é necessário que a equipe assistencial tenha conhecimento sobre as medidas de precaução para que possam contribuir para o controle de infecção nosocomial(1,3).

    Objetivou-se portanto: Avaliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem em um centro de terapia intensiva adulto no que se refere às precauções padrão e precauções por transmissão de doenças infecto-contagiosas.

2.     Metodologia

    O estudo em questão teve uma abordagem quali-quantitativa de cunho descritivo. A técnica de pesquisa utilizada para coleta de dados foi a entrevista através de questionário estruturado com questões fechadas.

    O campo da pesquisa foi uma Unidade de Terapia Intensiva adulto de um hospital de médio porte da cidade de Montes Claros – MG. A escolha desta instituição se deve à maior aproximação e afinidade da pesquisadora com este ambiente, o que originou as inquietações acerca do tema abordado no decorrer da experiência vivenciada.

    O quadro de profissionais de enfermagem do setor em estudo era composto por vinte e quatro profissionais, dentre eles os auxiliares, técnicos de enfermagem e enfermeiros. Os critérios de escolha para exclusão do estudo foram: aquele que não aceitarem participar do estudo, aqueles que estiverem de férias ou afastado do trabalho devido à doença ou que no momento da coleta de dados não estiver exercendo ativamente a função assistencial.

    As variáveis analisadas para caracterizar o perfil demográfico dos profissionais que atuam nesse setor foram: gênero, idade, tempo de trabalho na instituição, quantidade de empregos, tempo que trabalha na profissão.

    A realização de um pré-teste do instrumento em questão foi realizada com três técnicos ou auxiliares de enfermagem de uma outra unidade de terapia intensiva adulto dessa instituição, para identificar necessidades de aperfeiçoamento do mesmo.

    O instrumento é composto que questões de múltipla escolha e é subdividido em partes: a primeira que caracterizará o indivíduo participante da pesquisa, a segunda que abordará questões relativas ao conhecimento acerca do tema em questão e a terceira que realizará uma auto-análise da prática sobre as precauções por transmissão de doenças infecto-contagiosas. Os dados foram coletados no mês de novembro de 2009 após a aceitação da participação na pesquisa e preenchimento do termo de consentimento livre e esclarecido.

    O estudo fundamentou-se na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) sendo aprovado sob o número de processo 1608.

    Foi então, realizado uma análise dos dados conforme critérios estabelecidos pela autora após a criação de um banco de dados, com a utilização do software Excel 2003 e subsequentemente apresentados em tabelas e gráficos.

3.     Resultados

3.1.     Perfil demográfico dos profissionais

    A população alvo do estudo teve um total de dezesseis sujeitos. Foram excluídos cinco por se negarem a participar do estudo, um por não estar exercendo a função assistencial e dois por se encontrarem afastados (atestado médico) do setor no momento da coleta dos dados.

    Nota-se na tabela 01, que em relação ao gênero, foi observado que 75% (n= 12) da população estudada é do sexo feminino e somente 25% (n=4) é do sexo masculino. A faixa etária que se encontra a maioria dos estudados foi a de 19 a 39 anos (75%). Quanto ao tempo de atuação profissional em unidade de terapia intensiva, constata-se que a maioria tem tempo inferior a dez anos (81,25%), sendo apenas 18,75% com tempo igual ou superior a esse período. A grande maioria dos estudados eram da classe profissional auxiliar de enfermagem (43,75%) e a minoria enfermeiros (25%), porém o número de enfermeiros correspondeu a 100% (quatro) desses profissionais no setor estudado. A respeito do número de empregos, todos os sujeitos se dedicavam exclusivamente a instituição estudada (100% com somente um emprego), apesar dessa não ter contrato de exclusividade. Dos entrevistados, 75% trabalha na enfermagem a menos de nove anos, 16,75% está na profissão entre 10 e 19 anos e 6,25% tem tempo superior a vinte anos nessa atividade.

Tabela 01. Perfil dos profissionais que atuam na UTI, Montes Claros, 2009

3.2.     Conhecimento acerca de barreiras a serem utilizadas de acordo com o tipo de precaução

    Para as questões relativas a essa segunda parte do questionário foram consideradas “corretas” aquelas em que todas as barreiras necessárias foram assinaladas. Concebeu-se como “parcialmente corretas” quando alguma das barreiras necessárias forem assinaladas, contudo há falta de uma ou mais, desde que a não assinalada não seja a imprescindível para cada tipo de precaução. E foram consideradas “incorretas” aquelas questões em que a barreira assinalada não fazia parte do tipo de precaução utilizado ou quando a barreira imprescindível pra cada tipo de precaução não houver sido assinalada. Para tal análise, determinou-se como barreira imprescindível as seguintes: precaução por aerossóis (máscara N-95), precaução por gotícula (máscara cirúrgica), precaução por contato (luvas) e precaução padrão (lavagem das mãos).

    É notório, conforme evidenciado na tabela 02, que a maioria dos sujeitos estudados não conhece o tipo de barreira a ser utilizado nas precauções padrão, 31% respondeu corretamente as questões acerca do tema, 25% teve a resposta parcialmente correta e 44% respondeu incorretamente.

    Pode-se concluir que 62%, a maioria, não compreendem também acerca das barreiras que devem ser aplicadas nas precauções por contato, visto que 25% dos pesquisados sabem parcialmente e 13% soube distinguir quais são as precauções necessárias a esse tipo de precaução por transmissão.

    No que tange o saber acerca precaução por gotícula, 94% dos pesquisados responderam incorretamente sobre o uso barreiras usadas para tal e 6% se posicionaram corretamente na questão relativa a esse assunto. Freqüências essas também observadas no conhecimento sobre precaução por aerossóis, em que 94% dos sujeitos da pesquisa responderam incorretamente e 6% apenas foram corretos em suas respostas.

Tabela 02. Respostas acerca de barreiras a serem utilizadas de acordo com o tipo de precaução por transmissão específica

3.3.     Auto-análise da prática sobre as precauções por transmissão de doenças infecto-contagiosas

    Para as questões que foram utilizadas na elaboração dos gráficos 01 e 02, foi aceitável considerar mais de uma resposta e consideraram-se nulas aquelas que sem resposta.

    Nota-se no gráfico 01 que 16 (100%) dos estudados foi orientado através de treinamento oferecido pelo próprio hospital, 4 (25%) desses já foi direcionado quanto ao assunto através de leituras diversas, 1 (6,25%) já foi treinado por outro hospital e a mesma quantidade teve informações sobre o tema através de eventos diversos. Dois (12,5%) dos sujeitos foram treinados durante o curso de graduação e dois (12,5%) recebeu orientações no curso de formação de nível médio.

Gráfico 1. Distribuição da freqüência dos profissionais de enfermagem segundo o local que os mesmos receberam treinamento 

sobre transmissão de doenças infecto contagiosas. Fonte: dados coletados, Santa Casa de Montes Claros, Novembro, 2009

    O gráfico 02 expõe que os fatores que mais se relacionam a não realização freqüente da higienização das mãos com água e sabão pelos estudas são eles: 75% (n=12) esquecimento e 25% (n=4) a falta de conhecimento em relação à importância do procedimento. Já 12,5% (n=2) relataram que a falta de tempo é um dos principais fatores que diminuem a adesão a tal atitude e a mesma quantidade de sujeitos, 12,5% (n=2), relacionou como fator dificultador a irritação da pele provocada pela execução do procedimento. Uma questão foi anulada devido à ausência de resposta.

Gráfico 2. Distribuição da freqüência dos profissionais de enfermagem segundo fatores relacionados à não realização freqüente da 

higienização das mãos com água e sabão pela equipe de enfermagem. Fonte: dados coletados, Santa Casa de Montes Claros - novembro, 2009

    As questões que foram respondidas e tiveram como resultado a tabela 03, deveriam ter somente um item assinalado, sendo, portanto consideradas nulas aquelas que apresentaram mais de uma resposta assinalada ou não foram respondidas.

    Com base na tabela 03, nota-se que 87% da equipe de enfermagem pesquisada não possuía conhecimento correto sobre a conduta diante de sujidade aparente nas mãos e somente 13% dos pesquisados responderam a questão de forma esperada. Ao analisar o saber sobre uso correto de luvas de procedimento, foi possível verificar que 88% respondeu corretamente sobre o uso dessas, 6% respondeu incorretamente e uma questão (6%) foi anulada.

Tabela 03. Respostas relativas a ação do sujeito diante de precauções padrão

4.     Discussão

    Desta forma, os resultados obtidos demonstram que o quadro de profissionais da enfermagem do hospital em estudo constitui-se de profissionais adultos jovens, predominantemente do sexo feminino. Em relação a atividade profissional, a maioria desses possui menos de dez anos de atuação profissional em unidade de terapia intensiva e menos de nove anos na profissão enfermagem, o que denota um grupo com experiência profissional considerável e trata-se de uma população que se encontra na fase ascendente de sua trajetória profissional e consequentemente, bastante receptiva a programas de atualização e de desenvolvimento profissional.

    Resultado esse que se encontra em consonância com estudos, reafirmando o predomínio da força de trabalho em profissões como enfermagem, as quais são representadas, em sua maior parte, por mulheres(10).

    É descrito no que tange ao tempo de formação profissional, que normalmente o comportamento adequado é pouco freqüente entre os que tem menor tempo de formação(1).

    A classe profissional da maioria dos sujeitos foi a de auxiliares de enfermagem, era de se esperar que o profissional enfermeiro estivesse em menor quantidade, visto que esses proporcionalmente são em menor número na instituição, porém, por se tratar de uma unidade de cuidados intensivos a quantidade de técnicos de enfermagem deveria ser em número superior ao de auxiliares de enfermagem. A norma regulamentadora que estabelece requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva dispõe que deve haver no mínimo um técnico de enfermagem para cada dois leitos em cada turno de serviço, o que não foi constatado(11).

    Fato interessante observado é a dedicação trabalhista única ao hospital em estudo, o que deveria proporcionar uma equipe mais capacitada e com mais tempo disponível para atualização profissional.

    Estudos afirmam que, ao manter mais de um vínculo empregatício, o profissional dedica-se menos ao lazer, convívio com familiares e, conseqüentemente, dificuldade para relaxar das tensões do trabalho. Portanto, o excesso de horas trabalhadas e o repouso insuficiente diminuem capacidade de aprendizagem e minimizam a qualidade da assistência prestada(12).

    É notório que a instituição capacita sua equipe, visto que a maioria relata ter tido treinamento sobre doenças infecto-contagiosas e alguns desses já foi direcionado quanto ao assunto também através de leituras diversas, o que denota que os sujeitos têm interesse no tema em questão. O que contradiz o fato da maioria da equipe de enfermagem pesquisada não conhecer o comportamento correto sobre a conduta diante de sujidade aparente nas mãos e vai de encontro ao fato da maioria dos sujeitos estudados saber o correto uso das luvas de procedimentos.

    A capacitação profissional em serviço ainda é uma das melhores formas de se prevenir a disseminação de microorganismos, assim como evitar falhas do processo assistencial e assegurar a manutenção de condutas ideais da equipe(13,14,15).

    Para se obter melhora das taxas de infecções hospitalares, além da monitorização contínua de resultados, uma forte adesão por parte da equipe cuidadora se faz necessário, assim como uma formação de todos os profissionais envolvidos, uma eficiente comunicação entre a equipe e uma mudança de paradigma conceituais são tão quanto eficazes nesse processo de aprendizagem(16).

    A higienização das mãos é a principal medida de inibição da disseminação de doenças infecto contagiosas em ambientes de assistência à saúde. Estudos demonstram que a prática de higienização das mãos é muitas vezes negligenciada, pois a maioria a executam menos vezes do que é necessário(2).

    Ainda sobre a higienização das mãos, a não adesão ao procedimento se relaciona ao fator esquecimento, como pode ser observado por outros estudos. A baixa adesão dos profissionais de saúde a essa prática associada ao esquecimento ainda é uma realidade que vem sendo constatada ao longo dos anos e tem sido objeto de estudo em diversas partes do mundo(3).

    A melhor forma de prevenir e controlar a infecção hospitalar é o cumprimento das boas práticas como: precauções básicas, assim como o uso de precauções por isolamentos específicos para pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas(16).

    A maioria, não compreende as barreiras que devem ser utilizadas em isolamentos específicos. Sendo que relacionado ás precauções por contato, apesar do pouco conhecimento evidenciado ainda foi o tipo de isolamento que demonstrou ter maior esclarecimento pelos estudados, visto que sobre as precauções por gotícula e por aerossóis o nível de respostas incorretas superou o que era esperado pela autora, ultrapassando os 94% de respostas incorretas.

    O isolamento de pacientes, que pode ser definido como a segregação de pessoas infectadas em local sob condições para evitar a transmissão direta ou indireta do agente infeccioso a indivíduos suscetíveis ou que possam transmitir a outros, estão atreladas ao avanço do conhecimento científico(17).

    A construção não sólida a respeito das medidas utilizadas nas precauções padrão num grupo como um todo coloca vulnerável a função social de tais medidas, e isso é preocupante pois interfere diretamente na qualidade da assistência(13)

    Em um estudo realizado em um hospital de Hong Kong, que objetivou-se avaliar o conhecimento e a adesão à precauções padrão pela equipe de enfermagem, revelou que tanto os níveis de conhecimento quanto à adesão às precauções universais foram baixos(18).

    Os dados encontrados levam à reflexão sobre o compromisso, a responsabilidade e a ética desses profissionais para com o cliente e sua profissão. Deve ser ressaltado também que os achados levam a pensar a questão de segurança do cliente no que tange a prevenção de controle de infecção e agravos.

    Assim, é preciso que a equipe tenha conhecimento desse problema e que exista um compromisso, entre todos os seus membros, para a mudança de suas rotinas de trabalho, na busca por resultados mais positivos.

    É fundamental que, em todos os momentos da prestação de cuidados ao doente, existam ações que atuem simultaneamente, quer na área da prevenção, quer na área do controle da transmissão cruzada de microrganismos. Este conjunto de ações e recomendações, aos quais se dá o nome de precauções padrão e isolamento, constituem os alicerces do controle de infecção, são a primeira “barreira de segurança” nos cuidados de saúde. É muito importante que cada profissional de saúde saiba reconhecer os riscos a fim de que possam identificar os incidentes e ainda que tenham a percepção da sua importância(16).

5.     Conclusão

    O desenvolvimento deste trabalho possibilitou uma avaliação do conhecimento dos profissionais de enfermagem em um centro de terapia intensiva (CTI) adulto no que se refere à precauções padrão e precauções por transmissão de doenças infecto-contagiosas.

    Constatou-se um conhecimento limitado dos profissionais de enfermagem desse setor, no tocante às precauções padrão e isolamentos específicos, principalmente no que se refere ao tipo de barreira utilizada e foi verificado que menos da metade dos profissionais das categorias avaliadas possuíam esse conhecimento.

    Analisando o conhecimento sobre as precauções por transmissão de doenças infecto-contagiosas, percebe-se, frente aos dados encontrados que a equipe de enfermagem em questão não está sensibilizada em relação à importância do comportamento individual e do coletivo no controle da disseminação de microrganismos.

    Outro achado importante é que o pouco conhecimento sobre o assunto é inversamente proporcional às questões envolvendo a prática sobre precaução padrão e isolamentos específicos. Essa constatação pode ser atribuída à desvinculação entre teoria e prática, fazendo supor que os profissionais são, algumas vezes, preparados para repetir mecanicamente e executar de forma crítica os procedimentos.

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