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Atenção farmacêutica no processo de formação do farmacêutico

La atención farmacéutica en el proceso de formación del farmacéutico

 

*Enfermeiro especialista em Educação Profissional na Área da Saúde

Professor da disciplina de Farmacologia para Enfermagem (UNIMONTES)

e Farmacologia Aplicada a Nutrição nas Faculdades Unidas do Norte de Minas

**Farmacêutico. Professor da Faculdade de Saúde Ibituruna (FASI)

***Farmacêutica. Farmácia Viva Farma. Área de atuação: Farmácia Clínica

****Acadêmicas de Farmácia da Faculdade de Saúde Ibituruna (FASI)

(Brasil)

Tadeu Nunes Ferreira*

Felipe Queiroz Alvarenga**

Carla Jeane Marinho de Caires Nunes***

Maura Rúbia Marinho de Caires Teodoro****

Graciela do Carmo Oliveira****

tadeu-nunes@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A Atenção Farmacêutica constitui uma prática profissional centrada no paciente, que se encontra em fase de implantação em algumas farmácias de diversas regiões do Brasil, enfrentando porém muitos empecilhos, os quais devem ser superados em prol do resgate da profissão perante a sociedade. Uma participação efetiva e de forma integral do profissional farmacêutico com relação à Assistência Farmacêutica passa a ser muito importante no atual sistema de saúde. Neste sentido, objetivo deste trabalho foi conhecer a percepção da literatura sobre a importância da atenção farmacêutica no processo de formação do profissional farmacêutico. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada entre os meses de maio a junho de 2013. Foram utilizados como descritores para consulta as bases de dados LILACS, SCIELO e bases de informações do Ministério da Saúde do Brasil: Atenção farmacêutica, farmácia clínica, assistência farmacêutica e formação. Foram encontrados 83 artigos na base de dados SCIELO e 143 na base LILACS, em seguida foram selecionados conforme os critérios de inclusão: Publicação a partir de 2005 e tratar especificamente do tema. Sendo utilizados para este estudo 22 artigos. Percebe-se que a atenção farmacêutica constitui importante foco de abordagem clínica na assistência à saúde sendo considerável a contribuição dos instrumentos da farmácia clínica para a melhoria dos indicadores de saúde da população tendo em vista a necessidade de orientação, acompanhamento e monitoração dos clientes que muitas vezes apresentam-se heterogêneos no tocante ao grau de instrução e a adesão ao tratamento. Torna-se, portanto, de caráter fundamental o conhecimento e aplicação prática das orientações da atenção farmacêutica e para isso são necessárias novas pesquisas e estímulo para estudo desta importante área de atuação.

          Unitermos: Atenção farmacêutica. Assistência. Farmácia clínica. Formação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Bisson (2007) diz que a farmácia clínica moderna tem seu nascimento após a Segunda Guerra mundial. Período onde ocorreu grande desenvolvimento tecnológico farmacêutico e com isso a descoberta e lançamentos de novas drogas. Além da introdução de máquinas capaz de produzi-las em larga escala. Com o apogeu da indústria farmacêutica, a farmácia magistral entra em declínio, e é nesse momento que os profissionais farmacêuticos passam a repensar a grade curricular da graduação em farmácia. Voltando sua atividade para a área clínica, onde o seu foco principal é a assistência aos usuários de medicamento.

    Mesmo com o surgimento de novas drogas e com elas novas reações adversas, algumas potencialmente graves ou de efeitos nefastos como no caso daquelas com poder teratogênico, ainda não havia grande investimento na formação dos farmacêuticos com base em conhecimentos semiológicos ou assistenciais. Observava-se também uma percepção distorcida da figura do profissional farmacêutico visto muitas vezes como um intercessor entre o produto e o cliente. Interessante ressaltar inclusive a palavra “produto” que geralmente é empregada referindo-se a uma relação de consumo. (BISSON, 2007).

    Conforme assevera Storpirtis et al. (2008) na história do uso de fármacos na sociedade de consumo perde-se a essência do trabalho do farmacêutico, sua ciência e sua arte, convertendo-se em simples intercessor entre o produto e o doente. Há um papel social a ser recuperado e criado. A necessidade, não apenas brasileira, demonstra como é importante o envolvimento completo do farmacêutico com assistência primária à saúde e isso para minimizar os problemas sanitários e promover a saúde através de uma ação direta do farmacêutico na prevenção de agravos.

    Para que a Assistência Farmacêutica seja restaurada faz-se necessário que o profissional farmacêutico retome a sua responsabilidade como agente atuante nesse processo, além de se basear em novos fundamentos. Essa mudança ocorrerá quando esse profissional for capaz de estimulá-la conforme Storpirtis et al. (2008).

    Bisson (2007) informa ainda que o farmacêutico que deseja trabalhar em contato com pacientes deve possuir uma série de conhecimentos e habilidades e se faz necessária uma transposição destes conhecimentos para a prática diária promovendo uma mudança cultural onde se inclui a valorização profissional perante a sociedade, os demais profissionais de saúde, e, principalmente, perante os administradores, gestores, órgãos governamentais e até mesmo dos proprietários dos estabelecimentos de saúde. Assim, muitos obstáculos podem ser encontrados pelos profissionais farmacêuticos para o exercício pleno das atividades assistenciais e clínicas.

Metodologia

    Trata-se de uma revisão integrativa da literatura realizada entre os meses de maio a junho de 2013. Foram utilizados como descritores: Atenção farmacêutica, farmácia clínica, assistência farmacêutica para consulta as bases de dados LILACS, SCIELO e bases de informações do Ministério da Saúde do Brasil. Foram encontrados 83 artigos na base de dados SCIELO e 143 na base LILACS, em seguida foram selecionados conforme os critérios de inclusão: Publicação a partir de 2005 e tratar especificamente do tema. Sendo utilizados para este estudo 22 artigos.

A atenção farmacêutica

    A Atenção Farmacêutica constitui uma prática profissional centrada no paciente, que se encontra em fase de implantação em algumas farmácias de diversas regiões do Brasil, enfrentando porém muitos empecilhos, os quais devem ser superados em prol do resgate da profissão perante a sociedade conforme Oliveira et al. (2005).

    Até há pouco tempo, o foco da Assistência Farmacêutica era basicamente restrito ao medicamento. Atualmente, tem-se buscado conciliar as ações voltadas ao medicamento e ao usuário. O desenvolvimento da Atenção Farmacêutica, no Brasil, possibilitou novo olhar ao cuidado no exercício da profissão farmacêutica, voltando a atenção ao usuário e à identificação, prevenção e resolução de problemas relacionados aos medicamentos e para isso é importante ressaltar a prática do atendimento farmacêutico na atenção primária onde se verifica que a família pode ser um campo de atuação do farmacêutico para resolver de forma mais eficaz os problemas com a medicação de determinados pacientes principalmente idosos, os quais, muitas vezes, apresentam doenças crônicas e/ou degenerativas e fazem uso de polimedicação de acordo com Foppa et al. (2008).

    Para Araújo et al. (2008), nas últimas décadas, o farmacêutico reorientou sua formação principalmente para o medicamento, esquecendo-se de seu objetivo principal que é o paciente. Entretanto, nos dias atuais, devido ao modelo implantado pelo serviço de saúde, tornou-se primordial uma nova relação profissional do farmacêutico, assumindo um papel central no seguimento/acompanhamento farmacoterapêutico dos usuários portadores de patologias crônicas. Devido a isso, a profissão farmacêutica tem passado por transformações no perfil desse profissional, centrando sua formação acadêmica no cuidado aos pacientes, através da implantação do currículo generalista, que permite ao farmacêutico integrar-se profissionalmente ao sistema de saúde, assumindo um papel importante na informação sobre a utilização correta dos medicamentos e desenvolvimento pleno da assistência farmacêutica.

    Esta formação mais abrangente e focada no cliente – tendência mundial – também tem sido direcionada para a busca da qualidade como fator indispensável ao desenvolvimento tecnológico e científico, passa-se então a exigir a definição do papel do farmacêutico na cadeia da assistência. Uma participação efetiva e de forma integral desse profissional com relação à Assistência Farmacêutica passa a ser muito importante no atual sistema de saúde conforme explicita Bernardi et al. (2006).

Os procedimentos e métodos da atenção farmacêutica no Brasil

    O setor farmacêutico brasileiro tem passado por importantes transformações, principalmente nos últimos cinco anos, destacando-se entre elas a aprovação da Política Nacional de Medicamentos (PNM), a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Lei de Genéricos e, mais recentemente, a realização da Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, a criação no Ministério da Saúde (MS), da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) e como parte dela o Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF), e a aprovação da Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF). O acompanhamento e a avaliação desses processos e seus resultados são fundamentais. No entanto, tais mudanças têm sido pouco documentadas e avaliadas (BRASIL, 2005).

    Araújo et al. (2008) informa ainda que no Brasil, o Encontro Nacional de Assistência Farmacêutica e a Política de Medicamentos (1988) considerou a assistência farmacêutica como um conjunto de procedimentos necessários à promoção, prevenção e recuperação da saúde, individual e coletiva, centrado no medicamento, englobando as atividades de pesquisa, produção, distribuição, armazenamento, prescrição e dispensação, esta última entendida como o ato essencialmente de orientação quanto ao uso adequado dos medicamentos e sendo privativa do profissional farmacêutico.

    Conforme Pereira e Freitas (2008) de acordo com esta definição, pode-se compreender que a Assistência Farmacêutica é ampla, portanto a prática da Atenção Farmacêutica encontra-se inserida no contexto da Assistência Farmacêutica. Essa visualização torna-se mais evidente quando se observa o ciclo da Assistência Farmacêutica. Os mesmos autores evidenciam o conceito de Atenção Farmacêutica estabelecido no Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica de 2002.

    Para Correr e Otuki (2011) o processo de atenção farmacêutica obedece a uma seqüência de passos conhecida como método clínico. O método clínico inclui a coleta de dados, identificação de problemas, implantação de um plano de cuidado e seguimento do paciente. De modo geral, todas as profissões da saúde seguem estas mesmas etapas no processo de cuidado do paciente, sendo a principal característica de uma profissão sua experiência e autonomia na resolução de um grupo específico de problemas do paciente. Os farmacêuticos são especialistas em medicamentos e, portanto, são aptos a resolver problemas relacionados à farmacoterapia, com objetivo de promover seu uso racional e assim garantir sua máxima efetividade e segurança.

    Conforme Correr e Otuki (2011), para tanto é necessário que os farmacêuticos, como profissionais de saúde, percebam o paciente de forma integral, respeitando os ciclos de vida de forma contextualizada com o momento em que vive para assim prover os cuidados necessários à sua saúde. A atenção farmacêutica, como toda prática clínica, está focada no paciente, portanto, este deverá integrar-se aos profissionais de saúde na tomada de decisões e nas responsabilidades.

Os métodos da atenção farmacêutica

    Conforme Ivama (2002) a Atenção Farmacêutica divide-se em seis macrocomponentes: educação em saúde (incluindo o uso racional de medicamentos), orientação farmacêutica, dispensação, atendimento farmacêutico, registro sistemático das atividades (através da mensuração e avaliação dos resultados) e acompanhamento farmacoterapêutico (AFT). A definição apresentada no Consenso Brasileiro de atenção farmacêutica de 2002 esclarece o conceito do acompanhamento farmacoterapêutico e estabelece conforme seus critérios sua aplicabilidade prática. O acompanhamento farmacoterapêutico é um dos pilares da atenção farmacêutica. Nesta prática o profissional farmacêutico assistirá ao paciente em relação ao uso do medicamento, deixando claro como o medicamento prescrito deverá ser utilizado e a necessidade de seu uso. Além de detectar, prevenir e resolver possíveis problemas relacionados aos medicamentos.

    Um dos pontos mais importantes do acompanhamento farmacoterapêutico (AFT) é a documentação sistemática e para isso podem ser utilizadas formas variadas de controle e registro. Segundo Pereira e Freitas (2008) os dois modelos mais utilizados no mundo pelos pesquisadores e farmacêuticos são o Modelo de Minnesota (americano) e Método Dáder (espanhol). É importante ressaltar que existem diferenças entre eles, como a forma com que os problemas farmacoterapêuticos são classificados, no método Dáder a não adesão do paciente ao tratamento é a causa dos Problemas Relacionados a Medicamentos e no método de Minnesota a não aderência constitui um problema farmacoterapêutico. Assim, cabe ao farmacêutico escolher o modelo que melhor se adéqua à sua rotina de trabalho.

Considerações finais

    Percebe-se que a atenção farmacêutica constitui importante foco de abordagem clínica na assistência à saúde sendo considerável a contribuição dos instrumentos da farmácia clínica para a melhoria dos indicadores de saúde da população tendo em vista a necessidade de orientação, acompanhamento e monitoração dos clientes que muitas vezes apresentam-se heterogêneos no tocante ao grau de instrução e a adesão ao tratamento. Torna-se, portanto, de caráter fundamental o conhecimento e aplicação prática das orientações da atenção farmacêutica e para isso são necessárias novas pesquisas e estímulo para estudo desta importante área de atuação.

Referências

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