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O cuidado à mulher no âmbito da Estratégia de Saúde da Família (ESF)

El cuidado a la mujer en el ámbito de la Estrategia de Salud de Familia (ESF)

 

*Graduanda em Biomedicina (FG)
**Graduando em Enfermagem (FASB)
***Graduação em Educação Física (FASB). Pós-graduação em Saúde Coletiva com Ênfase em ESF (FG)
Integrante do corpo docente da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB)

(Brasil)

Denise Bastos de Araújo*

denise_tkd@hotmail.com

Edilson Magalhães Rêgo**

edilson.rego@hotmail.com

Deise Bastos de Araújo***

deisetkd@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No que tange os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) o cuidado à mulher precisa ser realizado desde o setor primário de atendimento, neste sentido a Estratégia de Saúde da Família (ESF) não pode ficar alheia a esta atenção, para tanto oferece serviços básicos em prol da qualidade de vida desta classe, mesmo diante de dificuldades encontradas nas esferas da Unidade de Saúde e na sociedade. Por fim, através de pesquisa bibliográfica, este artigo objetiva elucidar o cuidado à mulher no âmbito da ESF, partindo da realidade do cenário brasileiro referente à políticas públicas, intervenções profissionais, discussões acerca dos movimentos feministas, integralidade e gênero.

          Unitermos: Cuidado à mulher. Estratégia de Saúde da Família. Atenção Primária.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Estratégia de Saúde da Família (ESF) enquanto integrante da Atenção Primária de Saúde, “fundamenta-se na promoção da qualidade de vida através de práticas de saúde centradas na família e na comunidade, gerando um novo modelo de atenção à saúde, mais justo, eqüitativo, democrático, participativo e humanizado” (CARDOSO et al, 2005, p. 430).

    Partindo deste conceito, em que a ESF tem a família como o cerne de seu desenvolvimento, torna-se evidente que este é um caminho essencial para a construção de uma sociedade mais saudável, por esta ser uma forma de introduzir uma “nova visão no processo de intervenção em saúde na medida em que não espera a população chegar para ser atendida, pois age preventivamente sobre ela” (ROSA e LABATI, 2005, p. 1028).

    Neste sentido, o cuidado à mulher não pode ficar alheio às intervenções desta Estratégia, pois “a saúde da mulher é prioridade no contexto da gestão federal do SUS, em acordo com as diretrizes do Pacto pela Saúde, das Metas do Milênio e diversos acordos nacionais e internacionais” (BRASIL, s/d, p. 1), em que “o cuidado deve ser permeado pelo acolhimento com escuta sensível de suas demandas, valorizando-se a influência das relações de gênero, raça/cor, classe e geração no processo de saúde e de adoecimento das mulheres” (COELHO et al, 2009, p. 155).

    Entretanto, pode ser identificadas no cenário brasileiro mulheres que ainda “disputam seus direitos e buscam ampliar a participação e a incidência pública nos processos políticos, desafiando até mesmo os limites da política institucional” (COSTA, 2009, p. 1082) na tentativa de sanar as dificuldades que ainda encontram na sociedade, inclusive no acesso à saúde.

    Por fim, através de estudos bibliográficos, este artigo objetiva elucidar o cuidado à mulher no âmbito da ESF, partindo da realidade do cenário brasileiro referente à políticas públicas, intervenções profissionais, discussões acerca dos movimentos feministas, integralidade e gênero.

Referencial teórico

    O movimento Feminista serve como referência aos movimentos sociais brasileiros, destacando-se “pelas decisivas contribuições no processo de democratização do Estado produzindo, inclusive, inovações importantes no campo das políticas públicas” (CARNEIRO, 2003, p. 1) e com isso tem ganhado respeito no território nacional e tem despertado interesses no campo internacional, assim sendo o Brasil “signatário de vários acordos internacionais que reme­tem, direta ou indiretamente, à questão dos direitos da mulher” (BRASIL, 2004, p. 8).

    A década de 80 (oitenta) foi o período que marcou as políticas públicas direcionadas às mulheres, pois o surgimento do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), “pioneiro no uso do termo integralidade da saúde na política pública, cujo significado é construído e proposto pelos movimentos feministas” (SOUTO, 2008, p. 164), trouxe a este público o rompimento do “paradigma materno-infantil, onde a mulher era vista pelo sistema de saúde como produtora e reprodutora de força de trabalho” (SOUTO, 2008, p. 165).

    Outro fato que marcou “a potência deste movimento foram os encaminhamentos da Constituição de 1988, que contemplou cerca de 80% das suas propostas, o que mudou radicalmente o status jurídico das mulheres no Brasil. A Constituição de 1988, entre outros feitos, destituiu o pátrio poder” (CARNEIRO, 2003, p. 1).

    No que se refere à integralidade na atenção à saúde das mulheres, esta pode ser compreendida como a “concretização de práticas de atenção que garantam o acesso das mulheres a ações resolutivas construídas segundo as especificidades do ciclo vital feminino e do contexto em que as necessidades são geradas” (COELHO et al, 2009, p. 155).

    Ao refletir sobre integralidade é indispensável abordar sobre gênero, por este ser “uma categoria de análise que se assenta na construção social e cultural das diferenças sexuais” e que “implica tomar como referência os modos como homens e mulheres se relacionam no cotidiano de suas vivências, que são resultado da determinação social do processo saúde/doença e se evidenciam nos seus corpos e marcam suas vidas” (SOUTO, 2008, p. 165).

    Mediante a este contexto, referindo ao cuidado da mulher, o Sistema Único de Saúde (SUS) propõe a assistência desde o setor primário ao terciário de saúde, já que “as mulheres têm muito a contribuir para a consolidação do SUS. São suas maiores usuárias e estão fortemente presentes nos espaços de gestão participativa” (BRASIL, s/d, p. 5). Logo, a ESF enquanto aliada ao atendimento básico, oferece a este público planejamento familiar, pré-natal, prevenção do câncer de colo de útero, prevenção dos problemas odontológicos em gestantes, dentre outros procedimentos em prol da qualidade de vida desta classe.

    Vale ressaltar que uma das principais características da ESF, que muito favorece a acessibilidade à saúde, “é a busca ativa: a equipe vai às casas das pessoas, vê de perto a realidade de cada família, toma providências para evitar as doenças, atua para curar os casos em que a doença já existe, dá orientação para garantir uma vida melhor, com saúde” (BRASIL, s/d, p. 35).

    Entretanto, ainda é possível encontrar no território nacional mulheres que ainda encontram dificuldades na acessibilidade aos serviços básicos de saúde, como a ESF, devido a vários fatores – culturais, econômicos, sociais, que precisam ser reavaliados para que sejam estabelecidas intervenções que respeitem os direitos das mesmas, “para tanto, deve-se realizar uma permanente interação com a mulher, no sentido de mobilizá-la, estimular sua participação e envolvê-la nas atividades” (PRIMO et al, 2008, p. 77).

    Dessa forma, podendo utilizar a educação em saúde como ferramenta mediadora, por sua “prática transformadora e humanizante nas relações com os (as) usuários (as) e, por considerar que o saber do outro favorece espaço para reflexão com a apreensão de novos conhecimentos que impliquem na mudança de atitude” (ARAÚJO, 2004, p. 63).

    Portanto, as equipes da ESF, em apoio do Núcleo de Atendimento de Saúde da Família (NASF), deverão perpassar por uma rotina de trabalho organizado e estruturado, para melhor atender o público feminino, e isto implica a:

    Necessidade de estabelecer espaços rotineiros de reunião, o que incluiria discussão de casos, planejamento de ações, estabelecimento de contratos, definição de objetivos, critérios de prioridade, critérios de encaminhamento ou compartilhamento de casos, critérios de avaliação, resolução de conflitos etc. Tudo isso não acontece automaticamente, tornando-se necessário que os profissionais, tanto do NASF como das equipes de Saúde da Família, assumam sua responsabilidade na cogestão da saúde e os gestores coordenem esse processo, em constante construção (BRASIL, 2010, p. 13).

    Contudo, a ESF no âmbito do cuidado à mulher, por apresentar nos últimos anos um crescimento significante no apoio à atenção básica de saúde, precisa incorporar “o aperfeiçoamento do processo de monitoramento e avaliação, com o objetivo de identificar as fortalezas e deficiências do processo de implantação” (SOUZA, 2002, p. 4), para garantir que este crescimento seja contínuo e coerente com suas propostas.

Considerações finais

    Partindo do pressuposto de que a ESF é uma ferramenta indispensável para o progresso das ações centradas na atenção básica de saúde no Brasil, ao disponibilizar o cuidado às mulheres, assume a responsabilidade de melhorar a qualidade de vida desta classe, beneficiando as mesmas e a sociedade em geral.

    Dessa forma, incumbindo aos órgãos competentes, mais investimentos nas Unidades de Saúde, sejam elas da zona urbana ou rural, para que aumentem as possibilidades de melhoria nos índices de acessibilidade e atendimento, oferecendo dessa forma, melhor suporte às demandas locais.

    Por fim, a ESF ao cuidar da mulher no seu sentido mais amplo, estabelece a concretização de uma busca constante de direitos e deveres que se propagam em uma sociedade permeada de pré-conceitos e contradições, colocando-se assim como necessidade o apoio e segurança no que tange a principal fonte de vida: a saúde.

Referências

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