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O uso de extratos vegetais no tratamento
da hidrolipodistrofia ginóide (celulite)

El uso de extractos vegetales en el tratamiento de la hidrolipodistrofia ginoide (celulitis)

 

*Acadêmica do Curso de Farmácia das Faculdades de Saúde

e Desenvolvimento Santo Agostinho. FASA, Montes Claros, MG

**Docente das Faculdades de Saúde e Desenvolvimento Santo Agostinho. FASA, Montes Claros, MG

Docente das Faculdades Integradas Pitágoras. FIP/MOC, Montes Claros, MG

(Brasil)

Carla Brás Amorim*

Taís Simões Ferreira*

Thaisa de Almeida Pinheiro**

Thales de Almeida Pinheiro**

thalesalmeidap@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A pele exerce função de sensibilidade, proteção, absorção, secreção e de excreção e é formada basicamente de três camadas: epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é sua camada superficial e não possui vasos sanguíneos. A derme é considerada a camada média, apresenta vasos de menor calibre e terminações nervosas. Nesta camada estão presentes as fibras de elastina e colágeno, que dão elasticidade e firmeza a pele. Já a hipoderme é a camada mais profunda, formada por tecido conjuntivo frouxo com a presença de células adiposas. Esta camada também é denominada de tecido subcutâneo. A Hidrolipodistrofia Ginóide (celulite) é uma alteração patológica com presença de edemas que ocorre na hipoderme. Envolvem mudanças nos adipócitos, alteração na derme e na microcirculação. O aparecimento da Hidrolipodistrofia Ginóide está relacionado a fatores genéticos, obesidade e sedentarismo, envolvendo também os hormônios, principalmente o estrógeno. Como consequências pode-se destacar o comprometimento da autoestima e do convívio social, podendo provocar problemas emocionais e prejudicar a imobilidade dos membros inferiores. Alguns extratos vegetais são utilizados no tratamento da Hidrolipodistrofia Ginóide, dentre eles, extrato de Ginkgo biloba, extrato de Centella Asiática e extrato de Castanha da Índia. O extrato de Ginkgo Biloba possui numerosos efeitos na circulação periférica e é usado no tratamento da celulite devido à redução da viscosidade do sangue. O extrato de Centella Asiática melhora a microcirculação e age como um agente anti-inflamatório. Ele é de origem vegetal e contém substâncias como flavonoides. Já o extrato Castanha da Índia apresenta propriedades anti-inflamatórias e antiedemas, além ser vasoprotetor da circulação sanguínea e linfática.

          Unitermos: Celulite. Extratos vegetais. Tratamento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Hidrolipodistrofia Ginóide, popularmente conhecida como celulite, é uma alteração patológica com presença de edemas que ocorre em uma das camadas da pele, denominada hipoderme1. Envolve uma mudança nos adipócitos, alteração na derme e na microcirculação2.

    A população feminina é a mais acometida com cerca de 80 a 90% dos casos, manifestando-se principalmente após a puberdade. Embora seja esteticamente de menor relevância, os homens também são acometidos. Membros inferiores, região pélvica e abdômen são as principais regiões onde ocorre a celulite1. Alguns fatores predispõem seu aparecimento, tais como fumo, sedentarismo, fatores genéticos, idade, sexo, hipertensão arterial e obesidade 2, 3.

    Alguns extratos vegetais são utilizados no tratamento da Hidrolipodistrofia Ginóide, dentre eles os extratos de ginkgo biloba, castanha da índia e centella asiática 1,4,5.

    A celulite provoca alguns desconfortos para muitas mulheres, de níveis estéticos até emocionais, como baixa autoestima, depressão e vergonha de expor o corpo em praias.

    Em virtude dos problemas ocasionados em mulheres e homens este trabalho tem como objetivo verificar os diferentes extratos vegetais existentes no mercado para o tratamento da celulite.

Desenvolvimento

Celulite

Conceito e fisiopatologia

    A Hidrolipodistrofia Ginóide (celulite) ocorre em uma das camadas da pele denominada hipoderme1.

    A pele que é considerada a maior parte do corpo humano, sendo também órgão de sensibilidade, proteção, absorção, secreção e de excreção, é formada basicamente de três camadas. Sendo elas, epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é a camada mais superficial, a protege do meio externo e não apresenta vasos sanguíneos. A derme, que é considerada sua camada média, apresenta vasos linfáticos1, nesta camada estão presentes as fibras de elastina e colágeno, que a dão elasticidade e firmeza. E por último a hipoderme, também conhecida como tecido subcutâneo, sendo a camada mais profunda da pele. É rica em tecido adiposo, pois é onde se encontram os adipócitos e onde se encontra também o processo de formação da celulite. Atua também como reservatório de água, sal e gorduras 6.

    A Hidrolipodistrofia Ginóide é uma alteração patológica com presença de edemas1,

    envolve uma mudança nos adipócitos, alteração na derme e na microcirculação2. Sua fisiopatologia, atualmente é compreendida como exclusiva para a pele da mulher, isso porque a pele feminina é mais fina e com o acúmulo de gordura na região, as células incham e pressionam por espaço. Já no homem, a pele é mais grossa e as células não aumentam de tamanho. Em pacientes com índice de massa corporal elevado, o líquido que circula sobre as células fica preso, ocasionando o aperto, o que acaba resultando no aspecto “casca-de-laranja” e depressões no tecido 7.

    A Hidrolipodistrofia Ginóide é considerada uma infiltração edematosa, entretanto não inflamatória, que ocorre no tecido conjuntivo subcutâneo. Suas características estruturais e metabólicas não se encontram devidamente identificadas de acordo com sua resposta fisiológica. De acordo com pesquisas científicas realizadas, tem sido considerada uma expressão fisiológica da adiposidade feminina 8.

Figura 1. Ilustração das Diferentes camadas da pele. Fonte: BEAR, M.F., CONNORS, B.W. E PARADISO, M.A. 

Neurociências – Desvendando o Sistema Nervoso. Porto Alegre 2ª Ed. Artmed Editora, 2002.

Fatores de risco e incidência

    Os fatores que iniciam o aparecimento da Hidrolipodistrofia Ginóide compreendem desde alterações hormonais, provindas da adolescência, até mesmo o sexo, sendo o estrógeno o principal hormônio envolvido. Fatores genéticos, idade, obesidade, sedentarismo e má alimentação também propiciam o aparecimento da patologia. Sendo sua exata origem desconhecida 2,3.

    A Hidrolipodistrofia Ginóide acomete principalmente o sexo feminino, após o período da puberdade, atingindo principalmente a região dos glúteos e das coxas, podendo acometer qualquer parte do corpo, porém, em menor proporção a panturrilha, os braços e o abdômen2, e nunca couro cabeludo, palma da mão e planta dos pés 2,3.

Classificação e conseqüências

    A Hidrolipodistrofia Ginóide segundo os aspectos clínicos e histopatológicos pode ser classificada em Graus I, II, III e IV.

Figura 2. Esquema ilustrativo da evolução da celulite em seus diferentes Graus (I, II, III e IV)

Fonte: http://www.biomodulacaocorporal.com.br/adm/imageimage/celulite

 

Figura 3. Ilustração dos diferentes graus de Celulite.

http://www.biomodulacaocorporal.com.br/ adm/imageimage/celulite

    O grau I é assintomático e percebido somente pela contração muscular, onde ocorre o aumento da permeabilidade capilar, anisopoiquilocitose adipocitaria, micro-hemorragias diapedéticas. Na classificação de grau II aparecem depressões visíveis, mesmo sem compressão do tecido. Após a contração muscular ou compressão da pele observa-se palidez e hipotermia e elasticidade diminuída. Na histopatologia, ocorre a hiperplasia e hipertrofia periadipocitárias, provocando a dilatação capilar1. Já no grau III se dá o aspecto de “casca de laranja”, é visível sem a compressão do tecido. Sensação palpatória de finas granulações, elasticidade do tecido diminuída, dor a palpação, palidez e hipotermia3. Na histopatologia, devido à neoformação de fibrilas de colágeno, observa-se a dissociação do tecido adiposo, formando numerosas microaneurismas, hemorragias, neoformação de capilares e dilatação das vênulas e pequenas veias1. O grau IV apresenta todas as características do grau III, além da presença de nódulos palpáveis, dolorosos e visíveis e ondulações na superfície com aspecto de saco de nozes3. Na histopatologia desaparece a estrutura lobular do tecido adiposo e aparecem nódulos encapsulados por tecido conjuntivo denso, lipoesclerose difusa, formação de macronódulos e importantes alterações da microcirculação. Além de varizes, microvarizes, e atrofia da epiderme1.

    As conseqüências da Hidrolipodistrofia Ginóide, principalmente em graus avançados, são o comprometimento da autoestima e do convívio social, ocasionando problemas álgicos nas zonas acometidas, provocando sérias complicações como problemas emocionais e diminuição das atividades funcionais. Podendo também prejudicar a imobilidade dos membros inferiores e causar câimbras devido à má circulação e dores intensas na palpação ou pressão da pele1.

Extratos Vegetais

    Ginkgo Biloba

Ginkgo Biloba

    O extrato de folhas de Ginkgo Biloba conte substâncias como flavonoides e terpenos12. O extrato possui numerosos efeitos na circulação periférica e é usado no tratamento da celulite devido à redução da viscosidade do sangue9. Inibe o fator de ativação plaquetária, diminui a permeabilidade vascular e aumenta a deformabilidade dos glóbulos vermelhos, melhorando a microcirculação10. Possui ação antirradicais livres, ativa o metabolismo celular e inibe a fosfodiesterase 11. Os flavonoides agem como antioxidantes e antiinflamatórios em formulações tópicas, além de atuar como vasodilatadores arteriais e vasoconstritores venosos12. O extrato é usado numa concentração de 5 a 10% em formulações tópicas. Os terpenos inibem o ativador de plaquetas, fator especialmente ginkgolide B. Diminui a permeabilidade e melhora a tonicidade da parece vascular. A concentração recomendada de Ginkgo Biloba é de 1 a 3% 7.

    Centella Asiática

Centella Asiática

    O extrato de Centella Asiática também é utilizado para o tratamento da Hidrolipodistrofia Ginóide por melhorar a microcirculação e atuar como agente antiinflamatório12. A Centelha Asiática é de origem vegetal e possui substâncias como flavonoides que ajudam a reduzir os edemas e acelera a integração do metabolismo de lisina e prolina, que são fundamentais na estrutura do colágeno3. Na Sua formulação tópica, o extrato de Centella Asiática deve ser utilizado em concentrações de 2% a 5%12.

    Castanha da Índia

Castanha da Índia

    A Castanha da Índia apresenta propriedades antiinflamatória, antioxidante e antiedema4. Apresenta também ação vasoprotetora da circulação sanguínea e linfática11, além de possuir ação descongestionante7.

    A escina é o componente principal da castanha da índia. Ela reduz até 30 % da atividade das enzimas lisossômicas, estabilizando o teor do colesterol das membranas lisossomas, reduzindo assim a liberação de enzima capilar12. A concentração recomendada é de 1 a 3% 9.

    Existem outros extratos indicados no tratamento da celulite, mas são pouco utilizados na prática clínica.

Considerações finais

    Conclui-se que a Hidrolipodistrofia Ginóide é uma alteração patológica de nível estético e emocional que faz com que as mulheres procurem cada vez mais as clínicas estéticas para que possam se tratar.

    Atualmente, vem se ressurgindo a medicina e a cosmética natural, fazendo com que as plantas e extratos naturais ganhem o espaço no mercado e nas clínicas de estética. Os produtos tópicos a base de extratos vegetais disponíveis para o tratamento da Hidrolipodistrofia Ginóide dispõem de estudos bem controlados, com eficácia e segurança comprovadas. Apesar dos avanços na área da estética, os extratos vegetais estão sendo cada vez mais utilizados, pois possuem ações que melhoram a circulação sanguínea, e consequentemente proporcionam uma grande eficácia no tratamento desta patologia.

    Alguns anticelulíticos como o extrato de Ginko Biloba, Centelha Asiática e Castanha da Índia, atuam melhorando a circulação sanguínea, por possuírem substâncias vasoprotetoras, ação vasodilatadora, propriedades antiinflamatória, antiedema e antirradicais livres.

Referências

  1. Santos I. M. N. S. R, Sarruf, F.D, Balogh T. S, et al. Hidrolipodistrofia ginóide: aspectos gerais e metodologias de avaliação da eficácia. Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, vol. 36, nº 2, pp. 85-94, 2011.

  2. Pires V. A, Arrieiro A. N, Xavier M. Fibro Edema Gelóide: Etiopatogenia, Avaliação e Aspectos Relevantes- Uma Revisão de Literatura. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba. Anais de Congresso, 2009.

  3. David R. B, Paula R. F, Schneider A. P; Lipodistrofia ginóide: conceito, etiopatogenia e manejo nutricional. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, Vol. 26, nº 3, pp. 20-206, 2011.

  4. Frederico M. R, Gomes S. V, C, Melo V. C, et al. Tratamento de Celulite (Paniculopatia Edemato Fibroesclerótica) utilizando fonoforese com substancia acoplante à base de hera, centella asiática e castanha da índia. Fisioterapia Ser, vol. 1, nº 1, 2006.

  5. Sant’Ana E. M. C, Marquetil R. C, Leite V. L; Fibro edema gelóide (celulite): fisiopatologia e tratamento com endermologia. Fisioterapia Especialidades, Vol. 1, nº 1, 2007.

  6. Costa C. R. M, Sperancini M. A. C; Atividade física e o processo de envelhecimento da pele. Revista Min. Educação Física, Vol. 9, nº 2, pp. 73-88, 2001.

  7. Fiorenzo Angehrn, Christoph Kuhn, Axel Voss. Can cellulite be treated with low-energy extracorporeal shock wave therapy? Clin Interv Aging. 2007 December; 2(4): 623–630.

  8. Afonso J. P. J. M., Tucunduva T. C. M., Pinheiro M. V. B., Bagatin E.; Celulite: artigo de revisão. Sociedade Brasileira de Dermatologia, Vol. 2, nº 3, 2010.

  9. Hexsel D, Orlandi C, Zechmeister do Prado D. Botanical extracts used in the treatment of cellulite. Dermatol Surg. 2005; 31(7 Pt 2):866-72.

  10. Doris Hexsel, MD, and Mariana Soirefmann, MD, MSc. Cosmeceuticals for Cellulite; Semin Cutan Med Surg 30:167-170, 2011.

  11. Krupek T., Costa C. E. M; Mecanismo de ação de compostos utilizados na cosmética para o tratamento da gordura localizada e da celulite. Revista Saúde e Pesquisa, v. 5, n. 3, p. 555-566, set./dez. 2012.

  12. Ruivo J. S. P. Fitocosmética: aplicação de extratos vegetais em Cosmética e Dermatologia. Monografia de Mestrado, 2012. Disponível em: http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3574/3/T_JoanaRuivo.pdf. Acesso em jun. 2013.

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