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Efeito de oito semanas de estimulação de habilidade em membro 

inferior não-dominante de pré-púberes sobre
a precisão de passe e chute

Efecto de ocho semanas de estimulación de la habilidad en el miembro inferior
no dominante de prepúberes sobre la precisión del pase y el remate

 

Núcleo de Pesquisa Ciências e Corpo

Universidade de Caxias do Sul

(Brasil)

Ezequiel dos Santos Cunha

Gerard Maurício Martins Fonseca

gerardmfonseca@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo objetivou analisar o efeito de oito semanas de treinamento específico da habilidade no membro não dominante de 20 pré-púberes sobre a precisão de passe e chute. Desta forma a pesquisa foi realizada em uma escola de futebol, onde os participantes da pesquisa tinham idade entre 9 e 10 anos. Estes foram divididos em dois grupos: grupo experimental (GE) e grupo controle (GC). Para o primeiro grupo foi realizado um trabalho adicional específico com duração de 30 minutos, já o segundo grupo recebeu somente o treinamento regular da escola. O período de intervenção foi de 8 semanas (freqüência semanal de 3 vezes), delineada em três momentos diferentes: teste, período de treinamento e reteste. Os resultados obtidos permitiram supor que o grupo experimental (GE), obteve um melhor desempenho na precisão do passe e do chute, apresentando médias superiores ao grupo controle (GC), que não havia realizado o treinamento específico da habilidade motora. Portanto, recomenda-se atenção diferenciada para as crianças, sendo de suma importância que os treinadores e profissionais que trabalham com o futebol estimulem o membro não dominante e organizem um programa apropriado de atividades, ampliando o repertório motor dos indivíduos com sessões especificas de treinamento, a fim de desenvolver os gestos técnicos necessários na prática do futebol.

          Unitermos: Futebol. Fundamentos. Passe. Chute.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente, o futebol é um dos esportes que possui mais praticantes e apreciadores em todo o mundo, possuindo inserção em todos os segmentos da sociedade, principalmente entre a população mais jovem. (SCOPEL E FONSECA, 2011). Pensando dessa forma, as escolinhas de futebol em centenas de países servem como alicerce para a presença desta modalidade, despertando interesse por este esporte.

    De acordo com Scopel e Fonseca (2011), o futebol é amplamente praticado, porém muitas vezes não há um programa considerado adequado para o favorecimento do processo ensino-aprendizagem. Alguns praticantes amadores do futebol têm a concepção de que esse esporte se aprende a jogar na rua, no campo do bairro e, portanto nas escolas acredita-se que ele não precisa ser ensinado. Porém, esta não é a melhor forma de se aprender e de ensinar a jogar futebol.

    No futebol existem habilidades motoras, onde se necessita de um bom controle nesta área para a realização dos movimentos necessários para um desempenho adequado no jogo. Dentro dos conceitos de habilidade motora, o futebol é considerado um esporte bilateral, onde o desempenho adequado com os dois segmentos corporais, dominante e não dominante, são muito importantes (SCHMIDT e WRISBERG, 2001; e MAGILL, 2000). Para um bom desempenho no campo de jogo, o praticante necessita saber passar a bola, chutar e conduzi-la tanto com a perna esquerda quanto com a direita.

    As habilidades motoras envolvem diversas capacidades, no futebol, destaca-se a capacidade óculo-pedal que conforme Magill (2000) se refere à capacidade em coordenar os movimentos da visão com os pés, esta pode ser avaliada em atividades como pular pneus enfileirados ou pegar um objeto com os pés. Essas capacidades exercem um papel fundamental no desempenho de habilidades motoras. No caso do futebol, o desempenho das habilidades técnicas como passar a bola, chutar e conduzir dependem da coordenação óculo-pedal.

    Há seres humanos que possuem propensão em utilizar preferencialmente um lado do corpo mais do que o outro isso é conhecido como lateralidade, onde ele pode ser destro ou sinistro. Como já salientado, no futebol isto passa a ser uma necessidade e ao mesmo tempo uma dificuldade a ser superada.

    Para Magill (2000), a lateralidade ocorre devido a um fenômeno no qual uma pessoa não tenha vivenciado o desempenho do membro não-dominante, por isso o membro dominante é o que dará uma resposta mais precisa, entretanto, com a prática e estímulos frequentes do membro não-dominante pode-se alcançar bons resultados em diversas habilidades motoras incluindo as de passe e chute no futebol.

    No decorrer de um jogo de futebol, é indispensável ao atleta dominar a técnica e saber jogar com ambas as pernas, pois, em algumas situações como: receber um passe, passar a bola para seus companheiros, finalizar com um chute a gol, se faz necessário enquadrar seu corpo, principalmente quando a bola cair em seu membro não-dominante, podendo dar sequencia a jogadas rápidas.

    Cobalchini e Silva (2008) afirmam que o membro não-dominante, na maioria das vezes apenas especializado no suporte, ou seja, especializado em fornecer equilíbrio para a ação motora com o membro dominante, pode ter desempenho semelhante ao membro dominante se este receber os estímulos devidos. Neste sentido, os autores recomendam atenção diferenciada com sessões de treinamento específico, com a finalidade de ampliar os gestos técnicos necessários para uma boa prática do futebol.

    Teixeira e Mota (2007) afirmam que é necessário buscar o aprimoramento de ambos os lados do corpo, direito e esquerdo, na tentativa de não haver diferenças na habilidade de ambos. Magill (2000) ressalta que para um aprimoramento da habilidade motora é importante iniciar a prática com o membro preferencial; concentra-se no desenvolvimento de um grau razoável de competência com um dos membros, para depois começar a prática com o outro; depois alternar a prática para ambos os membros, estabelecendo intervalos de tempo para a prática de cada membro e motivar a pessoa a continuar a prática com o membro não-dominante.

    Gallahue e Ozmun (2005) apontam que na fase de habilidades motoras especializadas, o desempenho da mecânica de habilidades motoras depende de movimentos fundamentais maduros. Após o estágio transitório progredimos para os estágios finais, onde as habilidades motoras especializadas são aplicadas com maior eficiência durante a vida esportiva do individuo.

    No que se refere às habilidades motoras Gallahue e Ozmun (2005) ainda afirmam que muitas vezes as crianças são imaturas, por isso, faz-se necessário estruturar experiências motoras significativas e apropriadas para seus níveis de desenvolvimento particulares. Com isso, entende-se que as crianças não são adultas, e seu processo de desenvolvimento de habilidades motoras é diferente em cada faixa etária.

    Conforme os autores citados acima crianças entre 9 e 10 anos encontram-se em uma fase de desenvolvimento caracterizada por movimentos especializados, estando no estágio de transição, ou seja, onde o indivíduo começa a combinar e a aplicar habilidades motoras fundamentais mais efetivas que induzam a criança à construção de padrões de movimentos mais avançados e que garantam a participação em esportes, entre outras atividades. Por isso, acredita-se que é importante trabalhar a bilateralidade com crianças que se encontrem nessa faixa etária, pois, um programa de treinamento adequado poderá apresentar resultados positivos na transferência do membro dominante para o não dominante, no que se refere à aprendizagem bilateral.

    Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo analisar o efeito do treinamento específico das habilidades do futebol, sobre a precisão do passe e do chute no membro não dominante em 20 crianças pré-púberes. Para isso, estimulou-se e mensurou-se o desempenho (antes e após estimulação), durante 24 sessões de treinamento do passe e chute, desenvolvendo estas habilidades em trabalhos com bola. Estes treinamentos focaram na prática o membro não-dominante e o dominante, em participantes de uma escolinha de futebol. Por fim, comparou-se os resultados obtidos pré e pós treinamento (passe e chute) entre os membros, bem como, analisou-se as diferenças existentes entre eles.

Metodologia

    O presente trabalho baseou-se em uma pesquisa quase-experimental, que se caracteriza como uma pesquisa onde não é possível controlar todas as variáveis que interferem nos sujeitos investigados. Neste caso, não houve a possibilidade de controlar as práticas corporais e esportivas das crianças fora do horário dos treinamentos.

    O estudo também foi quantitativo na medida em que os dados foram coletados através dos testes e analisados estatisticamente. O trabalho apresentou um viés longitudinal, sendo que os dados foram coletados em dois momentos, tendo um acompanhamento do processo de aprendizagem no período entre os testes (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007).

    A presente pesquisa foi realizada com 20 (vinte) crianças pré-púberes (idade entre nove e dez anos) do sexo masculino, divididos em grupo experimental (n=10) e grupo controle (n=10), praticantes da modalidade futebol em uma escolinha esportiva local. Todos os participantes e seus responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

    Como critérios de inclusão, os participantes deveriam ser do sexo masculino; ter idade entre 9 (nove) e 10 (dez) anos; participar de escolinha de futebol por no mínimo 6 meses; não praticar outra modalidade esportiva de forma regular e orientada (escolinha esportiva); não apresentar nenhum tipo de lesão que limite a prática; apresentar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Delinearam-se critérios de exclusão na presente pesquisa quaisquer itens que não sejam contemplados conforme definições já citadas pelo pesquisador.

    Os sujeitos da presente pesquisa foram selecionados dentre os frequentadores de uma escolinha de futebol na cidade de Vacaria, no Rio Grande do Sul, a partir da disponibilização da lista de participantes pela direção da escola de futebol. As crianças que se enquadraram nos critérios de inclusão foram convidadas a participar do estudo através de uma carta-convite enviada aos pais e autorizada por escrito pelos mesmos.

Procedimento experimental do estudo

    Em data e horário marcados, os sujeitos que se enquadravam nos critérios de inclusão e estavam autorizados a participar da pesquisa, foram convidados a comparecer no campo de futebol onde ocorreu os treinamentos e desenvolvimento da pesquisa, após a autorização por parte da escola de futebol. Os participantes receberam detalhadamente as instruções de como aconteceria o procedimento experimental, incluindo melhoramentos e riscos em participar como amostra da pesquisa. Em seguida foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aos responsáveis para que, após a leitura e concordância fosse por eles assinado. Posteriormente, os alunos responderam a um questionário individual (anamnese), onde informaram o nome, idade, tempo de prática de futebol e volume semanal de treinamento. Após os esclarecimentos iniciais agendou-se a data de início dos testes.

    Ainda neste primeiro dia, os participantes da pesquisa foram divididos através de sorteio em dois grupos: Grupo Experimental (GE; n=10) onde foi realizado um trabalho adicional específico com duração de 30 minutos, e grupo Controle (GC; n=10) onde receberam somente o treinamento regular da escola. O período de intervenção foi de 8 semanas (frequência semanal de 3 vezes). O GE realizou o protocolo de treinamento das habilidades de passe e chute que consistiu em 24 sessões de treinamento específico além do treinamento regular da escola, que incidia no treinamento dos fundamentos do futebol como o passe, chute, drible, condução de bola, cabeceio e toda a técnica para esses fundamentos. Este grupo experimental comparecia trinta minutos antes ao local de prática para receber o treinamento, onde foi realizada estimulação dos membros inferiores dominante e não-dominante com os fundamentos do passe e chute, através de exercícios com enfoque na metodologia analítica. Para isso, utilizou-se recursos como goleiras, bolas, cones, arcos e coletes, onde os sujeitos experimentaram formas variadas de executar as habilidades com o membro não dominante. Passado este período de tempo o grupo experimental unia-se ao grupo controle para a prática do treino normal.

    A coleta de dados foi realizada nos dois grupos Grupo experimental = (GE), e grupo controle = (GC).

Instrumentos

    Para realizar a mensuração do passe foi construído um “alvo” de 91x46cm utilizando-se 2 cones e uma corda e três outros cones foram posicionados a 14m do centro do alvo (um perpendicular e os demais formando um ângulo de 45º a direita e a esquerda do cone perpendicular) (figura 1).

Figura 1. Disposição dos cones para realização do teste de precisão de passe. (COBALCHINI e SILVA, 2008)

    O objetivo do teste foi passar a bola entre os cones que formam o alvo a partir das três posições de passe sendo que foram permitidas três tentativas consecutivas em cada posição. Foram permitidas duas tentativas de prática em cada uma das posições. Concedeu-se pontuação unitária (1) ao passe toda vez que a bola passou entre os cones podendo o escore máximo atingir nove (9) pontos.

    Para mensurar a precisão do chute com o membro inferior não dominante utilizou-se uma goleira regulamentar de futebol dividida em áreas de resultado (laterais) por duas cordas presas na trave superior e no solo, a 1,22 metros de cada trave lateral. Além disso, cada área de resultado lateral foi dividida em 2 sub-áreas: superior e inferior. O avaliado realizou os chutes a partir de uma marca colocada a 14,5 metros perpendicular ao centro do gol (figura 2). O objetivo do teste foi acertar o maior número de chutes em cada quadrante lateral (superior e inferior) sendo que para isto foram dadas quatro tentativas consecutivas em cada quadrante. Foi concedido um ponto para cada chute que atingisse o quadrante determinado (pontuação máxima: 16). O avaliado pôde realizar quatro tentativas previamente ao teste como forma de treinamento.

Figura 2. Divisão da goleira para realização do teste de precisão de Chute (COBALCHINI e SILVA, 2008)

    Foi realizado o reteste das variáveis dependentes (habilidade de passe e chute) conforme descrito acima.

Análise dos dados

    Com relação aos dados obtidos, estes foram apresentados sob forma de média, sendo dois testes para os dois grupos através da estatística descritiva. Também foram realizadas as medidas de dispersão através do desvio padrão.

    Para verificação da diferença entre os grupos experimental e controle foi utilizado o Teste T de Student para amostras independentes e pareadas. Desta forma, foi verificada a precisão do passe e do chute com o membro não dominante antes e após o período de oito semanas entre o grupo experimental e o grupo controle. Foi adotado um nível de significância de p< 0,05. Os dados foram analisados no pacote IBM SPSS Statistics 19.0.

Apresentação e discussão dos resultados

    Nos quadros abaixo serão apresentados os resultados referentes ao período de treinamento das habilidades com o membro inferior não dominante, verificando se o grupo experimental obteve melhor desempenho do que o grupo controle e se houve diferença significativa. A comparação ocorreu entre as habilidades de passe e chute. Desta forma, foram comparados os resultados do teste inicial e do teste final.

    No quadro 1 a seguir, serão apresentados os valores das variáveis de passe, do GE nos momentos pré e pós-treinamento.

Quadro 1. Passe nas condições pré e pós-treinamento do GE

    Com base no quadro acima, percebe-se que existe diferença significativa entre o resultado do teste inicial de passe com o reteste (teste final), tendo em vista, que o nível de significância era de p< 0,05. Isto possibilitou aferir que nesta pesquisa o período de treinamento do membro não dominante, na habilidade motora passe no futebol, apresentou um resultado significativo comparado ao teste inicial.

    Por outro lado, as crianças do GC apresentaram Média no Teste Inicial para passe de 1,80 e Desvio Padrão de 1,31. Já no reteste, da mesma habilidade motora, os resultados foram de 2,30, como Média e 1,25 para desvio padrão. Tais valores não correspondem a uma diferença significativa, com base nos valores traçados para o estudo.

    Já, a seguir, no quadro 2, observa-se os resultados dos testes referentes à habilidade motora chute para o GE:

Quadro 2. Chute nas condições pré e pós treinamento do GE

    Assim como aconteceu na habilidade motora anterior, passe, no teste e reteste de chute também houve diferença significativa após o período de treinamento utilizado com os participantes do estudo.

    Entretanto as crianças do GC apresentaram Média no Teste Inicial de chute de 2,10 e Desvio Padrão de 1,37. Já no reteste, da mesma habilidade, a Média foi de 2,40 e o desvio padrão foi 2,01. Estes valores apresentados também não correspondem a uma diferença significativa, com base nos valores do estudo.

    Desta forma, observou-se uma significativa melhora dos participantes do GE, que receberam o treinamento especifico das habilidades, em comparação com os participantes do GC, que não receberam treinamento específico.

    Autores como Cobalchini e Silva (2008) corroboram ao afirmar que os grupos que recebem treinamento específico apresentam na média uma melhora estatisticamente significativa, o que indica que o treinamento gera uma adaptação nos atletas promovendo um ganho na precisão de seu membro não dominante.

    Schmidt e Wrisberg (2001), afirmam que para um sujeito aprender novas tarefas motoras é necessário que este se engaje em tentativas de performance ou de prática, tendo como resultado desta prática um aumento da capacidade de produzir a ação desejada. Assim sendo, quanto mais o sujeito praticar ou experimentar determinada habilidade, o resultado desta melhorará consequentemente.

    Já Magill (2000) fala que a meta do aprendiz na primeira etapa é captar a ideia de movimento, na segunda é a fixar e diversificar habilidades fechadas e abertas e na terceira é desenvolver a coordenação. O autor ainda afirma que as sessões de prática muito longas e pouco frequentes não levam a uma aprendizagem ideal e que as pessoas aprendem melhor em sessões mais numerosas e curtas.

    No presente estudo um período de oito semanas de treinamento específico pôde ser suficiente para promover modificações significantes na precisão do membro inferior não-dominante nos fundamentos de passe e chute.

    Além disso, é necessário se trabalhar constantemente com o membro não dominante nas habilidades motoras de futebol, pois assim como referem Cobalchini e Silva (2008), em estudo, que fala sobre a utilização do membro não-dominante no futebol, é importante dar maior atenção ao membro não-dominante, durante os treinamentos, tendo em vista que a prática diária predominantemente direciona sua atenção ao desenvolvimento da habilidade do lado dominante.

    Neste momento, para melhor visualização das diferenças nos resultados dos testes inicial e final do GC e GE, nas habilidades motoras de passe e chute no futebol criou-se o quadro 3, que compara as médias dos testes realizados com ambos os grupos:

Quadro 3. Passe e chute nas condições pré e pós treinamento do GC e do GE.

    A partir dos dados expostos anteriormente fica clara a diferença entre o GC e o GE, onde os níveis de significância apontam para uma melhora significativa do GE, em comparação com o GC.

    Ferrari, Krebs e Braga (2008), em estudo similar a este, que não teve GC, verificaram a transferência bilateral no chute do Futsal, utilizando protocolo de teste idem ao do presente estudo. Nos dados do estudo dos autores mencionados anteriormente, não houve diferença significativa entre as médias após o período de aprendizagem bilateral, porém foi observada uma melhora na média de desempenho dos participantes após o período de aprendizagem.

    Na comparação entre os dois estudos, que tiveram períodos de treinamento distintos, observou-se que houve diferença significativa entre um e outro. Entretanto, nos dois estudos foi perceptível a melhora dos participantes submetidos aos grupos de treinamento em transferência bilateral, na habilidade motora chute, apesar de esportes diferentes.

    Em estudo sobre transferência bilateral e preferência manual, Vasconcelos (2006), considera que com o resultado da prática com um membro, é adquirida informação cognitiva importante, a qual é disponibilizada quando a habilidade motora é executada com o outro membro. Através desta afirmação percebeu-se que as informações cognitivas pertencentes ao membro dominante são repassadas ao membro não dominante, na execução de tarefas motoras e melhor desempenhadas de acordo com o tempo de prática.

    Pinho, Lage, Unigrowitsch e Benda (2007), investigaram a direção da transferência bilateral em uma tarefa seriada considerada de menor complexidade: digitação. Os resultados do estudo indicaram que ambos os grupos apresentaram maior consistência ao final da prática, após o período de treinamento.

    Por outro lado falando-se em preferência lateral, Teixeira e Paroli (2000), detectaram em comparações entre os desempenhos da mão preferida e não preferida superioridade consistente de desempenho com a mão preferida na tarefa de toques repetidos, reforçando assim o poder da prática e da estimulação do membro dominante sobre o não dominante.

Considerações finais

    Através dos resultados obtidos nesta pesquisa observou-se que o efeito do treinamento específico sobre a precisão de passe e chute no futebol realizado com o membro não dominante em crianças pré-púberes, ocasionou uma melhora significativa naqueles participantes que receberam atividades extras para o desenvolvimento das habilidades motoras mencionadas anteriormente.

    Durante o estudo o (GE) grupo experimental apresentou resultados estatisticamente significativos, enquanto que o (GC) grupo controle não teve diferenças significativas pelo fato de não receberem o mesmo treinamento do (GE). Portanto conclui-se que o membro não-dominante nas habilidades de passe e chute, que por muitas vezes é utilizado apenas como pé e perna de apoio, sendo responsável em fornecer equilíbrio para a ação motora com o membro dominante, pode ter desempenho parecido ao membro preferido, desde que seja treinado. Para isso sugere-se atenção diferenciada para as crianças, sendo de suma importância que os treinadores e profissionais que trabalham com o futebol estimulem o membro não dominante e organizem um programa apropriado de atividades, ampliando o repertório motor dos indivíduos com sessões especificas de treinamento, a fim de desenvolver os gestos técnicos necessários na prática do futebol. Sendo assim, este benefício consistirá no desempenho durante a construção de jogadas visando o passe preciso, e no chute obtenha uma boa finalização apontando o gol adversário em diversas situações do jogo.

Referências bibliográficas

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