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Efeitos do treinamento resistido sobre a pressão 

arterial em indivíduos normotensos e hipertensos

Los efectos del entrenamiento resistido sobre la presión arterial en personas normotensas e hipertensas

 

*Mestrando em Saúde Pública pela Uninter, PY

Professor da Faculdade de Formação de Professores de Goiana

**Graduanda em Educação Física pelo Centro Universitário Maurício de Nassau

***Mestranda em Saúde Pública pela Uninter. PY

****Doutorando em Ciências do Desporto pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro

Professor do Centro Universitário Maurício de Nassau

Mestre em Treino de Alto Rendimento Desportivo pela Universidade do Porto

Professor do Centro Universitário Maurício de Nassau

Bruno Leandro de Melo Barreto*

Camila Tenório da Silva Santos**

Isabella Cristina Gomes Rodrigues***

Carlos Augusto Mulatinho de Queiroz Pedroso****

Bruno Rafael Simões Costa*****

carlosaugustomulatinho@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A hipertensão arterial é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares. Quando diagnosticada a hipertensão, em alguns casos os indivíduos procuram um tratamento não medicamentoso, associados à possibilidade da hipotensão com utilização de exercícios. Sendo assim, o objetivo deste estudo é verificar o efeito hipotensivo do treinamento resistido em pessoas hipertensas e normotensas. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica, em livros, revistas e artigos científicos, onde foram utilizados os descritores treinamento resistido, hipotensão arterial e hipertensão arterial. A partir das bases de dados relacionadas foram utilizados oito estudos sobre hipotensão e treinamento resistido, sendo quatro estudos com sujeitos hipertensos e quatro com normotensos. Resultados: Os resultados analisados nesta revisão mostram que há hipotensão significativa em hipertensos submetidos ao treinamento resistido, porém no que se diz respeito à duração dos resultados não são lineares ou consistentes quando são aplicadas intensidades elevadas por um curto período de tempo, já que o método parece ser eficaz quando aplicado em um volume maior dando a entender que existe uma relação direta entre volume e hipotensão. Discussão: Muito se investiga para que o treinamento resistido seja utilizado como um método não medicamentoso em hipertensos, no entanto os resultados ainda são controversos, talvez pelo público em experimento ou pelo ambiente pós treino. Existe ainda variáveis como temperatura corporal, IMC, tempo de tratamento que devem ser levados em consideração para os resultados hemodinâmicos. Considerações finais: Apesar dos estudos sobre treinamento resistido não conduzirem a evidências lineares sobre a hipotensão pós exercício, identifica-se diante dos estudos analisados que é importante a prática de treinamento resistido, tanto para indivíduos normotensos como hipertensos. E que tal prática é segura mediante à prescrição de um profissional qualificado para que se respeite as necessidades e limites de cada indivíduo, seguido de recomendações existentes e pré-estabelecidas.

          Unitermos: Treinamento resistido. Hipotensão arterial. Hipertensão.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010), a hipertensão arterial é considerada um dos principais fatores de risco modificáveis e um dos mais importantes problemas de saúde pública, e apesar da sua causa ainda não ser totalmente elucidada, sabe-se que é o principal fator de risco para outras doenças, principalmente as cardiovasculares. De acordo com Mantovani et al (2009), após diagnosticada a hipertensão arterial, algumas mudanças devem ser feitas como o estilo de vida, começando por uma alimentação saudável, exclusão do álcool e tabagismo, e praticar exercícios físicos regularmente.

    Encontram-se vários estudos em relação ao efeito hipotensivo dos exercícios aeróbios (RONDON E BRUM, 2003; CASONATTO, e POLITO, 2009). Entretanto, estudos que analisaram o treinamento resistido encontraram adaptações crônicas que não eram vivenciadas no treinamento aeróbio, (POLITO; FARINATTI, 2006) como o aumento da força muscular e aumento da massa magra, fundamental para indivíduos hipertensos, pois pode apresentar um estresse cardiovascular menor na realização de algum esforço físico. Fato este que gera algumas controvérsias pelo fato de existirem inúmeras variáveis que estão relacionadas com a elevação das respostas cardiovasculares como a intensidade (CANUTO et al, 2011), musculatura envolvida (BATTAGIN et al, 2010), intervalo de recuperação (MAIOR et al, 2007), intervalo entre as séries (MAIOR et al, 2009), ordem dos exercícios (JANNIG et al, 2009), número de séries (MEDIANO et al, 2005), dentre outras.

    Por essa razão torna-se necessário um maior aprofundamento de estudos relativo às variáveis em questão no intuito de adquirir respostas plausíveis sobre o efeito hipotensivo pós exercício do treinamento resistido a fim de se obter um método não farmacológico de reduzir os níveis pressóricos. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é de verificar o efeito hipotensivo do treinamento resistido em pessoas hipertensas e normotensas.

Metodologia

    Realizou-se uma revisão bibliográfica onde foram feitas pesquisas em periódicos, livros e artigos científicos, bem como em materiais disponíveis em sites eletrônicos. Foram consultados os períodicos da Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício, Revista da SOCERJ, Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Revista da Associação Médica Brasileira, Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. Recorreu-se as bases de dados; Scielo e BVS Biblioteca Virtual em Saúde, foram utilizados os descritores: treinamento resistido, hipotensão arterial e hipertensão,. Foi selecionado nas bases, artigos a partir do ano de 2003, e excluídos artigos publicados em anos retrógrados a este, foi incluído artigos que discutiram efeitos hipotensivos pós treinamento de resistido e aeróbio como assunto principal. Quanto ao gênero não foi utilizado como exclusão já que existem manifestações relacionadas a tal prática sem mudanças significantes.

Hipertensão

    A hipertensão é uma das principais doenças da atualidade, segundo Pescatello et al (2004), e a mesma é resultado do débito cardíaco multiplicado pela resistência periférica, ajustados para manter a pressão sanguínea em níveis naturais em homeostase. Ainda não se sabe ao certo a causa da hipertensão, porém alguns fatores podem vir a desencadeá-la como, por exemplo, consumo excessivo de sal, ingestão de álcool, sedentarismo, obesidade, carga genética, entre outros (MION et al, 2003).

    Devido a várias ocupações diárias do individuo no mundo contemporâneo, consequência sobretudo da globalização, as pessoas atualmente encontram-se emergidas em um sedentarismo eminente, sem uma boa refeição e tempo de lazer, esquecendo-se de cuidar de si mesmo, ficando muitas vezes refém dos famosos fast-food, o que não favorece um bom estilo de vida, tendo então uma grande probabilidade de possuir alguma doença cardiovascular futuramente.

    A hipertensão no Brasil atinge mais de 30 milhões de indivíduos, 7,6 milhões de pessoas morrem a cada ano em todo o mundo (VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão). 20 a 30% dos brasileiros tem pressão arterial acima dos níveis recomendados (SACCOMANI et al, 2008). A pressão para ser considerada ótima tem que ser menor ou igual a 120 x 80 mmHg. No entanto chegando a 140 x 90 mmHg, já é considerada hipertensão estágio 1 (MION et al, 2003).

    Após o indivíduo ser diagnosticado como hipertenso, o tratamento na maioria dos casos dá-se a partir do uso de medicamentos para controlar os níveis pressóricos. Porém, a hipotensão pós exercício também pode ajudar como uma forma não farmacológica (CASONATTO; POLITO, 2009).

    Diante do fato, parece legítimo inferir que a prevenção dessa patologia perpassa pela prática regular de exercício físico e por uma alimentação saudável.

Treinamento resistido e hipotensão pós exercício em diferentes intensidades

    A diminuição da pressão arterial de repouso pelo exercício pode ocorrer tanto de forma aguda como crônica (CASONATTO; POLITO, 2009). A literatura atual apresenta alguns estudos sobre o treinamento aeróbio que mostram o efeito hipotensor pós exercício. Porém, quando se trata do treinamento resistido os resultados ainda são controversos representados na tabela I, talvez pelo público em experimento ou pelo ambiente pós treino. Outro fato que merece ser destacado é que a maioria dos estudos que analisam o efeito hipotensor do exercício resistido é realizada com pessoas normotensas.

    Nesta revisão foram analisados oito estudos sobre a hipotensão e treinamento resistido. Sendo quatro, com sujeitos hipertensos (COSTA et al, 2010; CANUTO et al, 2011; MEDIANO et al, 2005; BATTAGIN et al, 2010) e quatro, com normotensos (MAIOR et al, 2007; POLITO et al, 2003; MAIOR et al, 2009; SACCOMANI et al, 2008).

    Os dados apresentados na tabela 1 mostram que dos quatro estudos com hipertensos, dois demonstraram redução significativa na PA sistólica (PAS) e PA diastólica (PAD) pós exercício (COSTA et al, 2010; MEDIANO et al, 2005), contudo, nos outros dois estudos não houve diferença nos valores da PAS e PAD pós esforço (CANUTO et al, 2011; BATTAGIN et al, 2010). Relativamente aos estudos relacionados a indivíduos normotensos (MAIOR et al, 2007; POLITO et al, 2003; MAIOR et al, 2009; SACCOMANI et al, 2008), observou-se tiveram reduções significativas no resultados tanto na PAS como na PAD.

    Sendo assim a literatura ainda apresenta poucos estudos sobre a hipotensão pós exercício (HPE) no treinamento resistido, e além dessa escassez, os resultados são muito conflitantes, deixando assim várias lacunas.

Possíveis mecanismos

    De acordo com Casonatto e Polito (2009), ainda não é bem evidenciado os mecanismos fisiológicos que causam a hipotensão pós-esforço, porém, alguns estudos retratam que a hipotensão pode ocorrer devido a um conjunto de fatores que influenciariam dois elementos fisiológicos: a resistência vascular periférica e o débito cardíaco. E também o decréscimo da atividade nervosa simpática (ANS) (POLITO e FARINATTI, 2006; POLITO, 2009).

    Entretanto, algumas referências mostram que em indivíduos que não possuem hipertensão arterial, não ocorre alteração na ANS, possuindo modificações apenas em hipertensos (POLITO e FARINATTI, 2006; POLITO, 2009).

    Outra hipótese que possivelmente pode provocar a diminuição da ANS são os barorreceptores cardiopulmonares, já que eles ajudam a manter uma condição estável do sistema cardiovascular (CASONATTO; POLITO, 2009).

Considerações finais

    Apesar dos estudos sobre treinamento resistido não conduzirem a evidências lineares sobre a hipotensão pós exercício em indivíduos hipertensos e normotensos, identifica-se diante dos estudos analisados que é importante a prática de treinamento resistido tanto para tais indivíduos, já que os resultados apresentados na literatura, de uma forma geral referem que mesmo que não haja uma esperada hipotensão pós exercício, pode-se prescrever tal método para ganhos secundários e independência em suas atividades diárias, sugere-se ainda que mais estudos comparando a intensidade e volume em hipertensos sejam feitos a fim de diagnosticar também a influencia do meio pós exercício nas possíveis variáveis que levaram o surgimento de tal hipertensão e a compreensão do motivo de uma maior hipotensão em normotensos quando submetido ao método do treinamento resistido.

Referencias

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