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Correlação entre o teste de 1RM e estimativa de carga ótima 

para avaliação de força de grandes grupos musculares

de homens e mulheres treinadas e não treinadas

Correlación entre el test de 1RM y la estimación de la carga óptima para la evaluación de la 

fuerza de los grandes grupos musculares de hombres y mujeres entrenados y no entrenados

 

Universidade do Extremo Sul Catarinense

(Brasil)

Joni Marcio de Farias

Ana Carolina Guzzatti De Moliner

jmf@unesc.net

 

 

 

 

Resumo

          Nos últimos anos o exercício resistido tem aumentado o número de adesão em todas as faixas etárias, exigindo estudos mais aprofundados sobre formas de avaliar e prescrever os treinamentos e consequentemente melhorando a efetividade e alcançando os objetivos dos praticantes de maneira mais adequada. Diante disso, é necessário uma avaliação inicial para determinar os níveis de força e possivelmente determinar a carga inicial, que podem ser realizadas através de testes máximos, predições de valores máximos ou ainda através de procedimentos submáximos. Este estudo objetivou avaliar a correlação entre o teste de Estimativa de Carga Ótima e o teste de 1 RM em indivíduos treinados e não treinados em ambos os sexos. Participaram desse estudo 20 homens e 20 mulheres com uma faixa etária entre 20 e 35 anos, foram feitos dois grupos sendo praticantes (no mínimo 6 meses de prática) N=10 e não- treinados (sem experiência) N=10 para cada sexo. Os testes aplicados respeitaram o protocolo descrito na literatura, sendo primeiramente realizado o teste de Estimativa de Carga Ótima (E.C.O.) e posteriormente o teste de 1RM. Foram avaliados de cada participante os grupos musculares (peitoral, costas) no teste E.C.O. e após dois dias o teste de 1 RM. Em conclusão o estudo apresentou uma correlação muito forte entre os testes de Estimativa de Carga Ótima e o teste de 1 RM, correlação positiva para os grupos musculares grandes, bem como para indivíduos treinados e não treinados o que permite quantificar estimar a carga máxima baseado em testes submáximos, contribuindo sobremaneira na avaliação e prescrição de exercícios físicos resistidos, qualificando a atuação profissional, a efetividades do treinamento físico em todas as populações, podendo assim o teste de E.C.O., ser aplicado para determinar a carga máxima inicial de treinamento.

          Unitermos: Treinamento de força. 1RM. Estimativa de carga ótima. Prescrição de exercício.

 

Abstract

          In recent years, resistance exercise has increased the number of membership in all age groups, requiring further studies on ways to assess and prescribe the training and consequently improving the effectiveness and achieving the goals of practitioners more adequately. Thus, an initial assessment is required to determine strength levels and possibly determine the initial charge, which can be performed by testing maximum, predictions of maximum or submaximal through procedures. This study aimed to evaluate the correlation between the Great Weight Estimation and testing of 1RM in trained and untrained individuals in both sexes. Study participants were 20 men and 20 women with an age range between 20 and 35 years, two groups were made with practitioners (at least 6 months of practice) N = 10 and non-trained (no experience) N = 10 for each sex. The tests applied complied with the protocol described in the literature, the first being held test Weight Estimation Great (ECO) and later the 1RM test. We evaluated each participant's muscle groups (chest, back) test ECO and after two days the 1RM test. In conclusion the study showed a strong correlation between the tests and the Great Weight Estimation 1 RM test, a positive correlation was for large muscle groups as well as individuals trained and untrained to quantify the measurement of charge maximum based on submaximal tests, contributing greatly to the assessment and exercise prescription resisted qualifying professional work, to investigate the effectiveness of physical training in all populations, thus being able to test ECO, be applied to determine the maximum weight initial training.

          Keywords: Strength training. 1RM. Estimated optimum weight. Prescribing exercise.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nos últimos 50 anos o exercício resistido tem aumentado o numero de adesão em todas as faixas etárias, esta crescente faz necessário que estudos mais aprofundados sejam desenvolvidos para aplicabilidade mais efetiva aos objetivos de seus praticantes (FLECK e FIGUEIRA JUNIOR, 2003). Para FLECK e KRAEMER (1999), os indivíduos que buscam essa forma de exercício físico, a musculação, têm como objetivos o aumento da força, aumento do tamanho do músculo, diminuição do percentual de gordura corporal e conseqüentemente o ganho de massa magra entre outros.

    A força muscular é um importante componente da aptidão física relacionada à saúde e ela exerce um papel relevante para o desempenho físico em inúmeras modalidades esportivas, bem como para a saúde das pessoas, possui variações em seu treinamento, como: força máxima (pura), resistência de força, hipertrofia cada uma com sua metodologia de treinamento especifica quando relacionado a volume e intensidade de treinamento, para que o treinamento possa ser otimizado através de estímulos da carga a ser utilizada. (WEINECK, 1989).

    A literatura aponta a necessidade de uma avaliação inicial para determinar os níveis iniciais de força para determinar a carga inicial, de modo que quantificar a carga dos exercícios se faz necessário para maximizar os resultados (GHELLER, BOTH, SILVA 2010), e que podem ser realizadas através de testes máximos, predições e estimativas de valores máximos, ou ainda através da utilização de procedimentos submáximos. Os principais testes usados para determinar a força máxima são os testes de 1RM que seria o teste que consiste em levantar numa única repetição e com a execução do movimento de forma correta, o máximo de peso, sendo que apesar de ser um dos mais citados pela literatura, pode ser influenciado por inúmeros fatores, uma vez que exige do avaliado grande concentração e conhecimento prévio da técnica de execução, dentre outras características importantes, a execução de esforços com carga máxima pode acarretar elevado estresse muscular, ósseo e ligamentar, desencadeando modificações metabólicas importantes.

    Os testes submáximos encontrados na literatura podem ser de número máximo de repetições com uma carga fixa arbitrariamente determinada, com uma carga baseada em um percentual da massa corporal, em um percentual de 1RM, ou de carga máxima para um número preestabelecido de repetições, sendo que a carga é definida através do método de tentativa e erro, onde são feitos sucessivos incrementos de carga com intuito de atingir o máximo valor para determinado número de repetições, uma vez que esses incrementos variam conforme as características dos sujeitos que estão sendo avaliados e dos aparelhos disponíveis.

    No entanto, quando se prescreve uma carga adequada com número determinado de repetições máximas, pode-se estar prescrevendo intensidades diferentes, para grupamentos diferentes, pois um mesmo número de repetições máximas representa diferentes percentuais de 1 RM, dependendo do movimento, ou mesmo da forma de execução e do equipamento.

    A prescrição do treinamento é comumente baseada num percentual teórico do máximo, já que dificilmente o teste de 1RM é executado, devido à grande dificuldade de realização e tempo necessário (PEREIRA e GOMES, 2003), fazendo com que a estimativa de 1RM resulte em valores não muito preciso para a prescrição de exercício. De acordo com estudos realizados, as relações entre os testes de 1 RM e os testes submáximos, são determinados por fatores como a quantidade de massa muscular envolvida em um determinado exercício, nível de treinamento individual,tipo de equipamento , velocidade de execução, permitindo assim que seja investigada essa relação com intuito de predizer a força máxima sem submeter o indivíduo a um teste máximo, levando em consideração que na realização do teste de 1RM há possíveis riscos de lesões, mesmo que pouco evidenciado, mas presentes em grupos mais inexperientes ou frágeis, levando assim os investigadores a procurar testes mais simples e menos lesivos, reduzindo os riscos associados ao mesmo, para estimara força máxima.

    O estudo dessas relações também é importante na prescrição do treinamento, quanto um número de repetições ou um percentual de 1RM são estabelecidos para um determinado objetivo (PEREIRA e GOMES, 2003), e a adequação do treinamento aos objetivos traçados também vem incentivando o estudo das relações entre 1RM e força submáxima, de forma que o número de repetições e/ou a carga estabelecida para o treinamento (submáximo) consigam desenvolver os objetivos determinados pelo indivíduo.

    Ainda existem poucas informações relacionadas à validação da maioria das equações preditivas, propostas até o momento para a estimativa de uma carga ótima. Desta forma o presente projeto busca compreender a correlação entre o teste de 1 RM e um teste de repetições múltiplas (teste de estimativa de carga ótima), verificando assim a fidedignidade na prescrição de exercício resistido, independente da faixa etária , do sexo, e se o indivíduo é treinado ou não treinado, bem como analisar a eficácia do teste de Estimativa de Carga ótima na prescrição do exercício. Além disso, a maior parte dos estudos apresenta somente a proposta de 1 RM para prescrição, que não pode ser aplicado em algumas populações.

    Este trabalho pretende correlacionar os dois tipos de testes,verificando a eficácia do teste de Estimativa de Carga Ótima, contribuindo para os profissionais de diversas áreas, tais como clinicas, academias, clubes, na utilização de formas alternativas para classificar os níveis de força mais acessível e preciso, sem dispensar de longos períodos de tempo para realização e ainda podendo ser aplicado em todas as faixas etárias, sexo, grupos especiais.

Metodologia

População do estudo

    A população foi constituída por pessoas de ambos os sexos com idade entre 20 e 35 anos, praticantes de exercício resistido com no mínimo seis meses de pratica e não praticantes (que não tenha nenhuma experiência neste modelo de exercício físico). Cada grupo foi constituído com 10 voluntários, sendo (G1 – Grupo Treinado masculino / G2 Grupo não Treinado masculino / G3 – Grupo Treinado feminino / G4 – Grupo não Treinado feminino).

Procedimentos do estudo

    Após o contato com os locais onde foi realizada a pesquisa, todos os usuários da academia (alunos ingressantes e praticantes e mais de seis meses) foram convidados para participar de estudo. A coleta dos dados foi realizada dentro da(s) academia(s), os grupos musculares avaliados foram dois grandes grupos (dorsal e peitoral). Os níveis de força foram avaliados por protocolo especifico denominado de este de 1 RM e Estimativa de Carga Ótima, detalhados a seguir. A coleta dos dados foi por meio de um inventário próprio para as anotações.

Protocolo de teste

    O protocolo dos testes foi respeitado o descrito na literatura, sendo que primeiramente foi avaliado o teste de Estimativa de Carga Ótima onde o avaliado realizou uma série para aquecimento, e em seguida estabeleceu-se uma carga submáxima e pediu-se que o avaliado realiza-se o maior número possível de repetições com aquela carga sugerida, sendo que tinha que realizar as repetições de forma constante e sem interrupção (todos os grupos). Não ocorreu nenhum caso em que o avaliado ultrapassasse as repetições sugeridas pelo protocolo e utilizando o cálculo de (GUEDES, 2006). Para não correr o risco de ter interferência no teste, a avaliação de 1 RM foi realizado em outro dia, não ultrapassando o tempo de dois dias, respeitado a descrição do teste, onde primeiramente o avaliado realiza um breve aquecimento no aparelho onde será realizado o teste. A carga inicial apropriada foi estipulada pelo avaliador, levando em consideração o teste de Estimativa de Carga Ótima como um ponto de partida. Em caso de o avaliado completar pelo menos uma repetição, sendo esta de forma completa, deve-se interromper o movimento, sem necessidade de uma segunda repetição. Seguiu-se este procedimento até que o avaliado não conseguisse mais mover o peso proposto, sendo que o peso movido na última repetição realizada de forma completa e com um movimento padronizado corresponde ao resultado do teste de 1RM (Guedes, 2006). Cada pesquisado avaliou todos os grupos musculares no mesmo dia no teste E.C.O e de após dois dias o de 1 RM. Os grupos musculares avaliados foram de costas, peitoral, bíceps, tríceps e quadríceps.

Análise estatística

    Os dados serão expressos em media e desvio padrão, para verificar a correlação foi utilizado a correlação de Pearson “R”, o nível de significância estabelecido para o teste estatístico é de p<0,05. Foi utilizado o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 17.0 como pacote estatístico.

Resultados

    Para melhor apresentação e compreensão dos dados do estudo, optou-se por utilizar tabelas com os valores de média, D.P. e os valores de correlação entre o teste de 1RM e o teste de Estimativa de Carga Ótima, para ambos os sexos, sendo o Grupo 1 (homens – treinados), Grupo 2 (Homens – não treinados), Grupo 3 (Mulheres – treinadas) e o Grupo 4 (Mulheres - não treinadas), cada tabela terá a identificação do grupos muscular analisado (Peitoral, costas, bíceps, tríceps e Quadríceps).

Tabela 1. Exercício de puxada pela frente supinada

    Na tabela 1, pode-se observar que todos os grupos apresentaram valores de correlação positiva, com nível de significância muito alto. Há diferença nos valores entre os grupos indicando um grau de treinamento adequado para caracterizar a diferença dos treinados e não treinados, tanto para as mulheres como para os homens. Deve-se levar em conta que a prescrição é baseada em um número de repetições, porém, a intensidade (% 1RM) que um número de repetições representa para um exercício ou um grupamento muscular pode não ser a mesma para outro. (SIMÃO, POLLE, LEMOS, 2004). Isso ocorreu no estudo de Shimano (2006), onde ao comparar o número de repetições em diferentes exercícios com carga de 60%, 80% e 90% de 1 RM em homens treinados e não treinados, verificou-se que o numero de repetições varia significativamente entre diferentes exercícios realizados em um mesmo percentual de 1 RM. O mesmo autor ainda cita que essa diferença pode estar relacionada a quantidade de massa muscular usada no exercício, uma vez que mais repetições podem ser realizadas em um agachamento do que no exercício de rosca bíceps para uma mesma carga relativa. Concordando com o estudo de LÁCIO et al. (2010), a metodologia utilizada para a aplicação do teste e 1RM, por se tratar da utilização de cargas máximas, é um método contraindicado para indivíduos iniciantes, para crianças, adolescentes sedentários, idosos, hipertensos e cardíacos, devido ao seu elevado risco em causar lesões, além de ser um teste na maioria das vezes demorado para ser aplicado. Levando em consideração que o teste E.C.O., sua aplicabilidade é melhor (tempo, carga, etc.) pode ser esta uma saída para prescrição da intensidade de esforço para todos os grupos musculares avaliados, já que o teste de 1RM é mais complexo a sua utilização na academia.

Tabela 02. Exercício peck deck

    Na tabela 2, observou-se uma forte correlação entre o teste de 1 RM e a E.C.O., onde o grupo 1 e 2 apresentaram uma correlação positiva com um bom nível de significância. Dados semelhantes foram apresentados por JUNIOR et al. (2012), onde os testes aplicados no supino utilizando as equações de Mc Ardle e Brzychi, o grupo dos indivíduos treinados houve uma correlação de 0,999 e 0,987 respectivamente, semelhante a este estudo, onde o grupo 1 e 2 apresentaram r=0,995. Destacam-se nesta tabela os dados das mulheres não treinadas, as quais tiveram valores menores de correlação r = 0,751, porem estatisticamente significativas. De acordo com o estudo JUNIOR et al. (2012), a percepção de força tem haver com o tempo de treinamento que o individuo tem com a atividade de gerar a força máxima, portanto mulheres não treinadas podem apresentar dados diferentes decorrente da falta de prática desta modalidade. Outro fator que pode influenciar no resultado do teste é a quantidade de massa muscular do grupo analisado. No estudo de MONTEIRO (1997), é citado que um fator que contribui para a diferença de força de homens e mulheres relaciona-se com a área de secção transversa do músculo, onde as mulheres geralmente apresentam valores menores que os homens, o que comprova o resultado deste grupo, onde de acordo com a literatura as mulheres apresentam uma menor quantidade de massa muscular quando comparada aos homens, bem como o tempo de treinamento da população avaliada que interfere no resultado do teste aplicado.

Conclusão

    O estudo apresentou correlações positivas em todos os grupos musculares avaliados, como a forte confiabilidade na correlação entre o teste de Estimativa de Carga Ótima e o teste de 1 RM, em ambos os sexos e no grupo de indivíduos treinados e destreinados. Estes resultados remetem a possibilidade real de aplicação do teste de Estimativa de Carga Ótima para predizer o valor de Carga Máxima de treinamento. Outros estudos já têm indicado valores semelhantes aos encontrados neste estudo como proposição de outras formulas para estimar a força máxima e assim contribuir para uma atuação profissional mais efetiva. O trabalho também nos remete a aplicabilidade do teste de Estimativa de Carga Ótima em todas as populações, especificamente neste estudo em mulheres, homens, tanto treinados como não treinados, contribuindo significativamente na prescrição dos exercícios físicos pelos profissionais, para calculo de volume e intensidade de treinamento.

    De maneira critica podemos dizer que a prática do teste de 1RM nas academias torna-se quase inviável devido a metodologia do protocolo e por ocasionar riscos de lesões, portanto mais uma justificativa para a utilização do teste de Estimativa de Carga Ótima nestas população. Uma limitação do estudo foi não avaliar outras populações como idosos, pessoas com doença crônica degenerativa não transmissível, mas que certamente com a continuidade dos estudos serão realizadas pesquisas semelhantes para estas populações.

Referências

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