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Especialização esportiva precoce na ginástica: uma revisão

La especialización deportiva precoz en la gimnasia: una revisión

 

*Discentes do Curso de Educação Física da Universidade Salgado de Oliveira

**Orientadora. Docente do curso de Educação Física

da Universidade Salgado de Oliveira

Mestre em Ciência da Saúde

(Brasil)

Felipe Freire Reis*

Juliana da Silva Mota*

Nivaldo de Morais Souza Junior*

Ms. Samanta Garcia**

juliana.silva.mota@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem como objetivo analisar a especialização precoce em praticantes de Ginástica Rítmica (GR), pois muitos acreditam que por suas características a modalidade pode levar o atleta a ter uma especialização precoce, mais esse tabu tem que ser mudado. Para esse estudo foi realizado a metodologia da pesquisa bibliográfica. A GR tem como característica uma modalidade que tem apresentações individuais e coletivas, sendo baseada no tripé: ritmos, movimentos rítmicos corporais e manejo de equipamentos, os equipamentos utilizados na GR são: a corda, a bola, o arco, a fita e as maças. Os movimentos realizados na modalidade, como saltos, pivôs, equilíbrios e ondas, contribuem para o desenvolvimento do esquema corporal, da estruturação espaço-temporal e da lateralidade, além de favorecer as capacidades de locomoção, manipulação, coordenação dinâmica geral, equilíbrio e ritmo. Sendo assim, é possível enxergar a Ginástica Rítmica facilitador do desenvolvimento psicomotor dos seus praticantes. Ramos e Neves (2008), diz que a especialização precoce se refere “ao processo pelo qual crianças tornam-se especializadas em um determinado esporte mais cedo do que a idade apropriada para tal”. Apesar de ter que começar desde cedo, tem como não tornar esse inicio uma especialização precoce, respeitando as etapas do desenvolvimento da criança.

          Unitermos: Ginástica. Ginástica Rítmica. Especialização precoce.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O presente estudo tem como objetivo analisar a especialização precoce em praticantes de Ginástica Rítmica (GR). A ginástica é uma modalidade que tem apresentações individuais e coletivas que se baseia no tripé: ritmos, movimentos rítmicos corporais e manejo de equipamentos.

    A GR traz muitos benefícios para os seus praticantes desde que seja trabalhada dentro dos padrões de treinamento, evitando a especialização precoce, segundo Pereira (2002) os benefícios que a GR pode trazer são: coordenação motora, consciência corporal, postura e suas qualidades físicas, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do esquema corporal ou o aprimoramento do mesmo.

    Para Soares (2010) a especialização precoce é entendida ao inserir uma criança a uma determinada modalidade, tendo como alvo, a especificação dos movimentos, ou seja, muita dedicação aos treinamentos, sendo que a criança está com uma idade muito inferior a idade ideal para começar a especializar.

    Para evitar essa especialização precoce, deve-se respeitar os desenvolvimento da criança. A GR pode ser trabalhada desde a infância sem que haja a especialização precoce. Sendo assim a melhor forma de agir em relação a esse problema é respeitar o desenvolvimento motor da criança. Paes (2006) diz que se devem considerar e respeitar o processo natural de crescimento e desenvolvimento da criança, compatibilizando a proposta pedagógica com suas características e sua fase sensível à aquisição das habilidades motoras especifica.

2.     Metodologia

    Esta pesquisa caracteriza-se como bibliográfica. Pesquisa bibliográfica e aquela que se desenvolve tentando explicar um problema a partir das teorias publicadas em diversos tipos de fontes: livros, artigos, manuais, enciclopédias, anais, meios eletrônicos, etc. A realização da pesquisa bibliográfica e fundamental para que se conheça e analise as principais contribuições teóricas sobre um determinado tema ou assunto. (HEERDT e LEONEL, 2007, p. 67)

    Os indexadores utilizados para busca foram: Ginástica, Ginástica Rítmica e especialização precoce. Foram utilizados artigos científicos publicados de 2002 a 2013, em revistas eletrônicas e sites de buscas (EFDeportes.com, Google Acadêmico, Revista Psicologia e Saúde)

3.     Revisão de literatura

3.1.     Ginástica

    A Ginástica Rítmica é uma modalidade originada da Escola Alemã, aproximadamente no século XIX. De início, a ginástica em geral tinha o objetivo de regeneração da raça, promoção da saúde, desenvolvimento da vontade, da coragem, da força e da energia de viver. E dentre as primeiras escolas ginásticas está a Ginástica Moderna, que deu origem à Ginástica Feminina Moderna, sendo futuramente denominada de Ginástica Rítmica Desportiva, a atual Ginástica Rítmica – GR (MELO, 2004).

    De acordo com Melo (2004) a Ginástica Rítmica tem suas apresentações individuas ou em conjunto composta por cinco ginastas, com as mãos livres ou com a presença dos aparelhos específicos da modalidade, que são a corda, abola, o arco, a fita e as maças.

    A GR traz muitos benefícios para o atleta quando iniciado e trabalhado devidamente. Pereira (2002) afirma que a Ginástica Rítmica atua na coordenação motora das crianças, assim como na sua consciência corporal, na sua postura e suas qualidades físicas, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do esquema corporal ou o aprimoramento do mesmo.

    Para um bom desenvolvimento dos aspectos psicomotores a modalidade de GR traz esse desenvolvimento a partir dos movimentos fundamentais da modalidade. Com os saltos, pivôs, equilíbrios, as ondas e a flexibilidade, a GR á capaz de trabalhar nas crianças o esquema corporal, a estruturação espaço-temporal e a lateralidade. Fonseca apud Barros e Nedialcova (1999), essas atividades são formadoras concretas de ação das estruturas psicomotoras de locomoção, manipulação, tônus corporal, organização espaço-temporal, coordenação óculo-segmentar, equilíbrio, coordenação da dinâmica geral, ritmo e relaxamento.

    A Ginástica Rítmica desenvolve valências físicas, tais como a força, a flexibilidade, o equilíbrio, a coordenação, o ritmo etc. Segundo Silva e Silva (2010), essas valências é uma grande aliada para o processo de desenvolvimento psicomotor das crianças.

    O manuseio dos aparelhos específicos da GR (bola, corda, arco, fita e maça) contribui para o desenvolvimento psicomotor das crianças, pois há diferentes formas de utilizar cada um desses aparelhos. Além dos aparelhos o desenvolvimento do ritmo proporciona o desenvolvimento cognitivo das crianças, que são estimuladas a criar e explorar movimentos advindos da modalidade, vivenciando ao máximo possível os movimentos proporcionados (FONSECA, 2011).

    Ginástica Rítmica (GR) é um esporte que proporciona o desenvolvimento de diversas habilidades motoras para os seus praticantes, pelas diversas oportunidades que a modalidade propicia. Segundo Palmer (2003) estas oportunidades são infinitas, as crianças usam sua criatividade natural e imaginação para manipular os aparelhos com formas diferentes e divertidas.

    Para Alonso (2004) a GR é um dos esportes privilegiados, que por possuir habilidades motoras bem próximas da cultura corporal encontrada nas brincadeiras e nos jogos infantis, favorece desde os cinco anos de idade a possibilidade de vivências motoras na GR sem que estejamos iniciando precocemente na habilidade.

    Hoje em dia, muitos autores mostram a preocupação com a iniciação, buscando novas possibilidades para facilitar e motivar a aprendizagem. Sendo assim, Caçola apud Gaio (1996) desmistifica o esporte buscando uma prática da GR mais próxima da nossa realidade de vida, que oferece aos indivíduos possibilidades de vencerem seus próprios limites corporais, imbuídos de prazer, num ambiente de liberdade e criatividade. Esta proposta é baseada em princípios, sendo estes: 1. Os movimentos corporais são criados, construídos a partir dos movimentos naturais utilizados para suprir as necessidades diárias de locomoção; 2. Os aparelhos oficiais são utilizados, porém, sem normas de tamanho, peso, cor específica, nem tão pouco, movimentos obrigatórios fundamentais são necessários. Esses movimentos devem ser executados de maneira espontânea e criativa; 3. A criação de novos aparelhos que proporcionem manejo por parte das crianças, com incentivo e orientação do professor; 4. Proporcionar oportunidades à criança, de identificar diferentes formas de “colocar” o corpo no solo, produzindo assim os conhecidos movimentos acrobáticos e pré-acrobáticos; 5. A GR popular tem como particularidade a “não” descaracterização da própria modalidade, porém tem como objetivo permitir que o lúdico apodere-se das atividades propostas e 6. O ritmo deve ser constantemente explorado e cultivado em atividades motoras diversas.

3.2.     Especialização precoce

    A especialização precoce é a quando uma criança inicia uma determinada atividade esportiva muito cedo, com uma carga de treino muito alta, excedendo 3 vezes semanais. Para Fechio apud Kunz (1996) a especialização precoce é entendida como um processo que acontece quando crianças são introduzidas antes da fase pubertária a um treinamento planejado e organizado a longo prazo, e que se efetiva em um mínimo de três sessões semanais, com o objetivo do gradual aumento do rendimento, além de participação periódica em competições esportivas.

    A especialização esportiva é um período onde empregam métodos de treinamento e programas especializados. É quando a criança faz, sistematicamente, um tipo de esporte, cujas aulas não são diversificadas, envolvendo ainda competições regulares, destinadas ao aprimoramento técnico dos fundamentos, assim como do conhecimento tático e o desenvolvimento das capacidades físicas direcionadas ao desempenho esportivo (FECHIO apud WHITEHEAD, 1999).

    Ramos e Neves (2008), diz que a especialização precoce se refere “ao processo pelo qual crianças tornam-se especializadas em um determinado esporte mais cedo do que a idade apropriada para tal”. É um processo de adaptação ao ambiente esportivo em determinado grau, de forma prematura e antecipada, supondo-se, o adiantamento de adaptação a determinadas etapas Balbino (2001). Ou seja, e colocar a criança para praticar determinado esporte sendo que a mesma esta muito nova para enfrentar as dificuldades advindas do esporte praticado.

    Muitas crianças iniciam muito cedo na ginástica, devido sua exigência. Segundo Rubio et al. (2000) estas crianças são apresentadas e inseridas prematuramente na triste realidade do mundo dos adultos, em que o prazer do lúdico cede lugar à competência e à performance e a recreação transforma-se em competição.

    Para Voser (2004), a especialização desportiva é um processo de ensino aprendizagem mediante o qual o indivíduo adquire e desenvolve as técnicas básicas para o desporto. Para trabalhar com a iniciação deve-se ter muito cuidado, apesar de que é na infância a melhor faze para o desenvolvimento dos fundamentos técnicos, deve ser trabalhada com moderação, respeitando as fazes do desenvolvimento da criança.

    Pode-se notar que a participação da criança muito cedo no esporte, gera abandono, antes mesmo da pré-adolescencia ou adolescência. A saturação esportiva, de acordo com Todt et al. (2002) acontece quando a aplicação do modelo de treinamento e competição dos adultos é levado para as crianças.

    A falta de prazer no esporte praticado, é uma dos motivos de abandono. Investigações com crianças que abandonaram o esporte ou substituíram a modalidade em que competiam pela prática de outra, indicam que a “falta de prazer” foi a principal razão para esta decisão (BAKER,2003).

    A especialização esportiva precoce traz grandes riscos para a criança. Essa prática pode desenvolver, em crianças competidoras, problemas ósseos, cardíacos, musculares, entre outros, visto que, o treinamento excessivo ou incorreto é extremamente prejudicial à saúde da criança (NETO & VOSER 2001).

    Ramos e Neves (2008) apontam como riscos da especialização precoce na vida da criança os seguintes aspectos:

  • Formação escolar deficiente devido a grande exigência em acompanhar com êxito a carreira esportiva;

  • A unilateralização de um desenvolvimento que deveria ser plural;

  • Reduzida participação em atividades. Brincadeiras e jogos do mundo infantil, indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade na infância;

  • Estresse de competição, causado principalmente por conflitos oriundos de uma pratica excessivamente competitiva. A criança, nesse caso, tem medo de errar, sente-se insegura e com a autoestima ameaçada;

  • Saturação esportiva que se manifesta quando criança apresenta sinais de desânimo e desinteresse em continuar a pratica do esporte. Sente-se, assim, porque o praticou em excesso e quer abandona-lo;

  • Problemas de ordem psicológica;

  • Lesões que advêm, principalmente, pela pratica em excesso e inadequada para a faixa etária

    De acordo com Souto (2002) as atividades esportivas que apresentam competitividade excessiva podem levar a situações de estresse, com manifestações de insônia, cefaleia, ansiedade, inapetência, agressividade ou passividade excessiva. O prejuízo que a especialização precoce traz é muito grande.

    Para evitar que as crianças vivenciem todos os problemas advindos de uma especialização esportiva precoce, é importante que o processo de treinamento seja contínuo, formativo e planejado de forma a favorecer o desenvolvimento integral do indivíduo, sem prejudicá-lo. Sendo assim, durante as primeiras etapas do aprendizado esportivo é que se devem estabelecer as bases do futuro desempenho do atleta. E, para isso, o trabalho do psicólogo do esporte pode ser fundamental. Paes (2006) diz que se devem considerar e respeitar o processo natural de crescimento e desenvolvimento da criança, compatibilizando a proposta pedagógica com suas características e sua fase sensível à aquisição das habilidades motoras especifica.

4.     Considerações finais

    A especialização precoce e muito discutida nos dias de hoje, ainda mais na ginástica rítmica, que as atletas começam bem cedo devido a sua característica.

    Como se pode observar, a ginástica tem características fundamentais que as diferenciam de outras modalidades. De acordo com Melo (2004) a Ginástica Rítmica tem suas apresentações individuas ou em conjunto composta por cinco ginastas, com as mãos livres ou com a presença dos aparelhos específicos da modalidade, que são a corda, abola, o arco, a fita e as maças. A ginástica é uma modalidade que tem apresentações individuais e coletivas que se baseia no tripé: ritmos, movimentos rítmicos corporais e manejo de equipamentos.

    A especialização precoce é quando uma criança é inserida desde cedo em treinamentos regulares, buscando o desempenho. Fechio apud Whitehead (1999), especialização precoce é quando a criança faz, sistematicamente, um tipo de esporte, cujas aulas não são diversificadas, envolvendo ainda competições regulares, destinadas ao aprimoramento técnico dos fundamentos, assim como do conhecimento tático e o desenvolvimento das capacidades físicas direcionadas ao desempenho esportivo.

    Muitos colocam que a GR, é uma modalidade que se inicia muito cedo, sendo assim, colocando seus atletas em uma especialização precoce, mais nos dias de hoje, a GR pode ser trabalhada desde cedo, em que haja essa especialização, desde que seja respeitada as etapas do desenvolvimento da criança.

Referências bibliográficas.

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