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Brasil o país da Copa de 2014

Brasil, el país de la Copa de 2014

 

*Discentes do Curso de Educação Física Universo, Campus Goiânia

**Docente do Curso Educação Física Universo, Campus Goiânia

(Brasil)

Lilia Cristina Ferreira*

Lívia Andréia Amorim*

Thatiane Massarani*

Samanta Garcia de Souza**

liliacristinaf@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho é o resultado de uma pesquisa descritiva no curso de licenciatura de Educação Física. Que buscou dentro do Estádio Serra Dourada num jogo de Goiás e Bahia o nível de entendimento dos sujeitos, técnico e tático. Buscando ver entre as pessoas do estádio até onde estavam dispostas a pagar para ver um jogo de Futebol na Copa do Mundo. Tendo como referencial os últimos acontecimentos políticos no Brasil. Sendo que a mídia é agente dominante sobre o povo dominado pelo futebol.

          Unitermos: Futebol. Ópio. Brasil.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Justificativa

    O presente trabalho pretende discutir o fato de o Brasil ter no futebol a fuga dos demais problemas, tendo o esse esporte sido usado e utilizado para a alienação dos indivíduos brasileiros das suas reais necessidades.

    Segundo Dicionário Aurélio “1. Substância que se extrai dos frutos imaturos de várias espécies de papoulas (gênero papaver), e que é utilizada como narcótico. 2. Aquilo que produz adormecimento, embrutecimento, entorpecimento.”

    Se por um lado tem quem discute o futebol como ópio do povo, seguindo a visão Marxista existem os defensores da idéia que o futebol mistura-se como elemento que exprime o ser brasileiro ser quem somos através de um esporte inglês que nós nos apropriamos. Como Damatta e Daólio, segundo Neto (2012, p. 27) “que defende considerar o futebol como ópio do povo seria desmerecê-lo, desconsiderar sua importância para a sociedade.”

    Por outro lado na visão Marxista na qual “o sentido do futebol fica tendo o sentido de religião” nessa teoria segundo Neto (2012. p. 29 apud Marx, 2005, p. 145) “a religião é o ópio do povo” segundo Marx não é a religião a responsável pelos problemas sociais, pelo contrário, é a religião o suporte para que seja esquecido seus problemas, é o apelo, uma condição que precisa de ilusões de apoio que o Futebol sustenta nesse sentido um modo de desviar as atenções do povo brasileiro de outros problemas sociais.

    Fato que no ano de 2013, a Presidente do Brasil foi vaiada em pleno Estádio Mané Garrincha segundo Costa “A presidente Dilma Rousseff foi vaiada por milhares de torcedores, por três vezes, antes do Brasil vencer o Japão por 3 a 0, na abertura da Copa das Confederações, no Mané Garrincha, estádio em que o governo do Distrito Federal gastou pouco mais de R$ 1,2 bilhão.”

    Os indivíduos que estavam no estádio pagaram um valor no qual o público comum não alcançaria, então foi vaiado por outros que não o povo. Os sujeitos que foram as ruas também eram de classe alta? Acreditamos que não. A vaia foi o estopim, mas o que é real e queremos acreditar é que o povo está cansado de pão e circo.

    Até quanto os sujeitos que estão no estádio podem pagar para assistir uma partida de futebol? Quantos iriam assistir uma final de copa 2014? Se caso o Brasil chegasse. Sendo que hoje 23/10/2013 o ingresso para a final da copa, seria segundo http://copadomundo.uol.com.br/ingressos/ de 440,00 a 990,00 reais. E o menor valor para a categoria 4 será nas eliminatórias 160,00.

Objetivo geral

    O público pagante torcedor do Goiás verá a copa do mundo? Até onde eles entendem o sistema de jogo? Sendo o Brasil o país do futebol.

Metodologia

    Segundo Thiollent (1985, p. 14) apud Mattos, Rosseto Junior e Blecher (2008, p. 35) “O método de pesquisa descritivo tem como característica registrar, analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, procurando descobrir com precisão e freqüência em que ele acorre e sua relação com outros fatores.”.

  1. Elaborar questões para aplicar com o publico que torce pelo Goiás.

  2. Entrevista propriamente dita

  3. Analisar o que é falado tanto teoricamente quanto socialmente.

História do futebol

    O futebol teve em sua trajetória quatro períodos grandes. Veio para o Brasil trazido através de Charles Müller um filho de ingleses radicalizados no Brasil. Morou na Inglaterra e trouxe em sua mochila além das regras do jogo as chuteiras e outros adereços para a prática do futebol.

    Em seu primeiro momento o futebol é tido como esporte de Elite aonde só brancos de classe alta participavam, é o seu período de restrição aos clubes urbanos que pertenciam a estrangeiros. Sendo seu principal divulgador o Charles Müller Em São Paulo, formando um clube que reunia altos funcionários ingleses da companhia de gás (BRUNHS, 2000).

    No Rio em 1901, o retorno de Oscar Cox acelerou o movimento no ano seguinte do Fluminense futebol clube. Sendo os fundadores eram jovens chefes de empresas, tendo apoio da igreja católica e formação do clube The Bangu Athletic Club, também de jovens altos funcionários (BRUNHS, 2000).

    Bem vindo ao mundo do futebol com todas suas regras fundamentadas em outro país, aonde os jogos terminavam em bares segundo Bruhns (2000, p. 60) “Bebia-se whisky e cantavam-se canções inglesas, marginalizando-se os jogadores e torcedores brasileiros de origem popular... a vingança destes consistia na abrasileiração espontânea dos dizeres das canções...”

    Então o futebol passa de um inicio de restrição, na sua 2ª fase amadora, uma 3º fase inicial do profissionalismo, e uma 4ª fase de reconhecimento a nível internacional (BRUHNS, 2000).

    O que ocorreu na realidade foi um esporte branco se tornando mulato, as indústrias brasileiras perceberam cedo como o poder de comunicação poderia virar um veículo publicitário. Primeiramente através do rádio e jornal. “O aumento da cobertura do futebol pela imprensa coincidiu com o crescimento dos jornais, os quais, por sua vez, foram ajudados pelo interesse ascendente pelo futebol” (BRUHNS, 2000).

    O futebol foi na década dos 30 um esporte branco e de elite. Porém, aos poucos trouxe para ele os negros e analfabetos. “Era muita humilhação para os times grã-finos, cujos times eram formados, em sua grande maioria, por jovens estudantes e profissionais de alto nível” (BRUNHS, 2000, p. 64 apud CALDAS, 1990, p. 44).

    Então no primeiro jogo, jogava-se os jovens elegantes e ricos depois outro pelos melhores jogadores que eram pagos para jogar (BRUNHS, 2000 apud Caldas, p. 70).

    De 1933 a 1950 a competição entre os clubes aumenta-se, tornando-se agressiva procura pelos melhores jogadores, começasse a fase de profissionalização do futebol e agora já não dependia de sua origem étnica ou social, Vargas iria profissionalizar os jogadores, foram formalmente reconhecidos pelo ministério do Trabalho. Sendo acompanhado fielmente pelas rádios e da mesma forma com o apoio da imprensa escrita popular. No final da segunda guerra, o futebol havia se tornado uma indústria nacional fortemente regulada pelo governo (BRUNHS, 2000).

    A 4ª fase foi a de reconhecimento de 1950 a 1970, aonde em 1950 o Brasil se classificou em segundo lugar perdendo para o Uruguai. Apresentando um belo estilo de jogo que o acompanha até hoje. Segundo Brunhs (2000, p. 67 apud, Lopes e Maresca, 1992, p.123) “Como a perda de uma chance histórica de finalmente escapar da posição de povo destituído-funcionou como metáfora das outras metáfora das outras derrotas da sociedade brasileira, trazendo de volta as velhas teorias racistas...”.

    Na Copa de 1966 houve outra derrota após duas vitórias em 1958 e 1962, nesse novo momento entra em cena outro meio de comunicação, a Televisão. Segundo Brunhs (2000, p. 67) “Embora não transmitindo as partidas ao vivo, até 1970, a partir de 1958, a televisão passa a transmitir partidas em videotape”.

    No 5º Período,

    “A megalomania do regime militar, infiltrado na antiga CDB nos anos 70, foi o ponto de partida rumo ao brejo- inchou o Campeonato Brasileiro, levas de craque foram jogar no exterior e a seleção aderiu ao parafuso” Prosseguindo o texto refere-se à possibilidade de os responsáveis pelo cataclismo serem muitos: “cada um a sua maneira, contribuindo um pouco”: paralisando campeonatos, usando o futebol como trampolim político advogando em favor de causas indefensáveis, inflando torneios inventando esquemas que jamais funcionariam, financiando clubes com dinheiro ilegal, criando fórmulas que ninguém entendia” (BRUNHS, 2000, p. 69)

    A partir daí o futebol tem a missão de oferecer lucro às empresas e clubes e a ética é a empresarial. Devendo acumular glorias e lucro para as empresas e a maioria dos jogadores ganhava-se mal.

    Se nos anos 50 e 60, foram marcados como de uma incipiente sociedade de consumo, as décadas de 1970 conforme Bruhns (p. 70 apud Ortiz, 1988, p. 113-115).

    “pela consolidação de um mercado de bens culturais. Nesse contexto, procurou-se garantir integridade da nação, na base de um discurso repressivo, eliminando as disfunções, isto é... organizando-as em torno de objetivos comuns e desejados por todos”

Resultados e discussão

    Pesquisa realizada pelos alunos do 6º período da Faculdade Universo tendo o objetivo de assistir o jogo e realizar uma entrevista com os torcedores que se encontravam no Estádio Serra Dourada, pela 28º rodada do campeonato brasileiro série A. O Goiás foi a campo com a formação tática 4-5-1 e o Bahia 4-3-3.

    A pesquisa-questionário:

  1. Qual time do coração?

  2. Quantas vezes você vem ao estádio?

  3. Qual outra atividade de lazer você possui?

  4. Toda a família vem ao estádio?

  5. Qual sistema de jogo seu time utiliza? Hoje que sistema de jogo seu time realizará?

  6. Qual a importância de perder ou ganhar?

  7. Até quanto você pagaria para assistir a copa do mundo.

    Foram nove entrevistas realizadas:

  1. Torcedor: JÂNIO, torcedor do Goiás, não tem ídolos, vai ao estádio quando o ingresso está barato, 10 a 20 reais. Nos momentos de tempo livre, ele namora e faz ginástica. Ele vai só ao estádio o filho prefere ficar na internet. O sistema de jogo seria na opinião dele 4x5x1. É indiferente pra ele se o Goiás perder ou ganhar, vai mesmo pois se diverte. Pagaria 50,00 para ver um jogo da copa do mundo.

  2. Torcedor: Marco Silva, Torcedor do Goiás. Vai ao Estádio todas as vezes que o Goiás joga. Quando está livre vai à chácara, shopping, corre. Não bebe e só vai para assistir. Vai só ao estádio, o sistema ele disse que seria: 4x3x2x1 que o Goiás só joga assim. Que pagaria 100,00 para ver algum jogo da copa.

  3. Torcedor: Felipe. É flamenguista, mas que naquele dia ele estava torcendo pelo Goiás, 1º vez que foi ao estádio, em seu tempo livre ele sai a passeio com a família. O sistema de jogo é: o Goiás vai atacar, pois ele tem que posicionar na tabela para tentar uma vaga na libertadores. Pagaria até 200,00 reais para ver a copa do mundo.

  4. Torcedora: Regina, torcedora do Goiás que vai às vezes ao campeonato que era a 3º vez que ela ia neste. Que às vezes também ia ao cinema. Não vai só, vai com o esposo. O esposo respondeu que o sistema seria 4x4x2. E pagariam até 200,00 pra ver o Brasil jogar.

  5. Torcedor: Wolsey, Só vai ao estádio ver os jogos do Goiás. Ele disse que toca e canta violão no tempo livre, que vai só ao estádio. Disse que o sistema de jogo tinha que ser pra cima. Para não ficar ameaçado.Pagaria até 500,00 para ver o jogo da copa do mundo.

  6. Torcedor: Valber, É torcedor do Goiás, o sistema do jogo seria o 4x4x2, Que o time tinha q subir na tabela. No tempo livre ia ao shopping, jogar futebol. Que pagaria 500, 00 para ver Brasil jogando.

  7. Torcedor: João Ramos dos Santos, tem 73 anos, o time do coração é o Goiás, visita ao estádio umas 100 vezes, que em seu tempo livre ele lê. Não bebe. O sistema de jogo seria 3x4x2. Dando um total de nove jogadores.Quando o Goiás perde ele fica triste e quando ganha fica alegre.

  8. Torcedor, Nayara, 23 anos. Time que torce, Goiás, que vai à maioria dos jogos, que em seu tempo livre ela lê livros, que vai só ao estádio, que o Goiás jogaria na retranca. Que o importante é participar, pagaria até 100,00 pra ver a copa.

  9. Silas Henrique, 26 anos, Torce pelo Goiás. Vai a todos os jogos . Que vai ao cinema no tempo livre. Que o Goiás jogaria na retranca. Pagaria 100,00 pra ver o jogo da copa. Não bebe.

    Apenas um dos entrevistados acertou o sistema de jogo, sendo que cinco não souberam dizer o que era um sistema de jogo, e três erraram a predição do sistema de jogo. Oito deles eram torcedores do Goiás, um se disse Flamenguista por simpatia e nem é carioca.

    A maioria das pessoas entrevistadas eram pessoas humildes, transparentes como a maioria, 2 pessoas disseram que pagariam até 500,00 sendo que outros sete ficaram entre os 50 a 200,00 reais. A maioria de nós brasileiros não assistirá a final Copa do Mundo. Então do grupo entrevistado apenas 7 veriam as fases iniciais da Copa das Confederações de 2014, se eles adquirirem os ingressos hoje.

    Assim sendo a maioria de nós brasileiros não iremos assistir a Copa do Mundo. Partindo da teoria crítica de Bracht (2003, p. 31) “Todo gol comemorado no esporte é, na verdade, um gol contra a classe trabalhadora.”

Considerações finais

    Acerca de todas as referências trazidas para o trabalho de futebol podemos perceber que o mesmo foi influenciado diretamente pela mídia, que se por um lado tem uma corrente que não acredita que o futebol seja o ópio do povo de outro lado tem a corrente de Marx que apresenta uma discussão coerente entre a fuga dos próprios problemas através do esporte enquanto religião.

    E a pergunta agora muda, a pergunta é o que é realmente desejado por todos? Que tipo de pessoa se agregava em torno disso? O que une as pessoas? Pra frente Brasil, salve a seleção. Já diz a música cantada e orada por todos os brasileiros, que esporte é este que cega e empobrece o espírito de luta dos fracos e oprimidos dessa terra, que se chama Brasil.

    Devemos pautar aqui, que no Brasil o futebol é sinônimo de riqueza, pois seus jogadores são tratados como deuses, que ganham milhões de reais para jogar nos maiores times, sendo referência para crianças e jovens. Qual o papel do profissional de educação física, quando tem um aluno alienado e cheio de esperança a respeito do futebol? Devemos deixá-los com essa ilusão? Devemos passar para eles uma visão crítica, mostrando o que realmente é o futebol, e quão inalcançável é para as pessoas normais?

    Se o Brasil é o país do futebol o é também, do samba e do carnaval e da capoeira. Tem toda uma cultura popular que se deve também valorizar. Nossa sociedade é pautada por valores machistas no qual o menino é obrigado às vezes a jogar um esporte condicionado a mídia e a indústria cultural, tirando também as meninas da prática do mesmo.

    A mídia cerca e cega à população brasileira por um tipo de futebol que luta por uma ideologia na valorização dos clubes na desvalorização do atleta, na clareza da divisão traduzidas pelos clubes e na valorização do ataque e na ideologia da vitória, na presença do machismo e da violência são alvos dos aplausos advindos do futebol e suas torcidas. É tão claro, como claro é o dia, o futebol é o que é por agente midiático de poder dominante sobre dominados.

Referencial bibliográfico

  • BRACH, V. Sociologia Crítica do Esporte. Ijuí, Rio Grande do Sul. Editora Unijuí, 2003.

  • BRUNHS, H. Futebol, Carnaval e Capoeira. Campinas. SP, Papirus. 2000.

  • COSTA, B. Dilma é vaiada na copa das confederações, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/esporte/folhanacopa/2013/06/1295825-presidente-dilma-rousseff-e-vaiada-na-abertura-da-copa-das-confederacoes.shtml. Acesso dia 23/10/2013.

  • FERREIRA, B.H.A. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio De Janeiro. Editora Nova Fronteira. 1988.

  • INGRESSOS DA COPA DO MUNDO. Disponível em http://copadomundo.uol.com.br/ingressos/ Acesso dia 23/10/2013.

  • MATTOS, M. G.; ROSSETTO JUNIOR, A. J. e BLECHER, S. Metodologia da pesquisa em Educação Física: construindo sua monografia, artigos e projetos. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo: Phorte, 2008.

  • NETO, J. O Conceito Marxiano de ópio do povo e a perspectiva Brasileira do futebol. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. Volume 2, 2012.

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