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Importância das aulas de Educação Física para alunos do ensino 

médio de um colégio estadual de Maringá, PR: relato de experiência

La importancia de las clases de Educación Física para alumnos de escuela
media de un colegio estatal de Maringá, PR: un relato de experiencia

 

*Acadêmico de licenciatura em Educação Física

**Bacharéis em Educação Física

Universidade Estadual de Maringá

(Brasil)

Anderson Gerim Rowiecki*

Isabela Gouveia Marques*

Thiago Bassani Bellusci**

ig.marques@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O estudo vem no sentido de levantar elementos sobre a importância de exercícios físicos na vida futura e das aulas de educação física para alunos do Ensino Médio de um colégio estadual de Maringá-PR. Essa temática está ligada ao Conteúdo Articulador: Cultura Corporal e Saúde. E a Educação Física tem o papel de transmitir esse conteúdo e claro, a outra gama de conteúdos pertinentes ao campo da educação física. Mas alguns dos autores do presente trabalho tem se deparado com uma desvalorização da educação física e seus conteúdos pelos alunos, os quais acabam se preocupando mais com outras disciplinas para suas vidas, devido, principalmente, ao mercado de trabalho e a entrada na universidade. Num primeiro momento realizamos uma intervenção nas turmas do ensino médio e levantamos algumas questões para tentar diferenciar atividade física de exercício físico, após isso direcionamos a discussão a realização de exercícios físicos posteriormente ao término do ensino médio e algumas dificuldades para a realização dos mesmos. E por ultimo, não menos importante, sobre a importância das aulas de educação física na escola.

          Unitermos: Educação Física. Saúde. Exercício físico.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O ensino médio é um momento que, minimamente, os adolescentes começam a refletir em como será seu futuro após a escola. Uns pensam em trabalhar, outros querem seguir estudando, outros pelo menos continuar praticando o esporte que gosta e jogar em algum time para campeonatos a fora, etc. Poderíamos citar várias possibilidades que cercam o mundo dos adolescentes nessa idade, mas esse não será o nosso foco.

    Bom, mas apesar da educação física estar inserida na escola como conteúdo sistematizado, os alunos (pelo menos a maioria deles) têm a visão de que a educação física tem a função de ser apenas mais uma disciplina em que se tem que se obter uma nota para terminar, no caso, o ensino médio (antigo 2º grau), ou para recrear, liberar energia que não se gasta dentro da sala de aula nas outras disciplinas, enfim, qualquer outra possibilidade que não seja a de transmitir conteúdos sistematizados.

    Segundo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) revelou que entre a década de 80 e 90 o número de alunos matriculados no ensino médio praticamente dobrou devido a dois fatores: um deles é a necessidade do mercado de trabalho, pois sem esse nível de ensino há uma dificuldade ainda maior em se conseguir um emprego e por causa de melhorias1 (ainda que insuficientes) do Sistema Público de Ensino. Hoje temos matriculados cerca de 8,4 milhões de alunos no ensino médio no Brasil, aproximadamente 33% a mais do que na década de 90.

    De acordo com Darido et al. (1999), o ensino médio carece de atenção por parte de professores e pesquisadores do que o ensino fundamental, pois estes vêem o segundo como a porta de entrada para qualquer proposta mais ampla de acesso ao ensino e que possui muitos problemas que estão longe de serem erradicados. E deixam claro que, apesar disso, não negam que não haja problemas no ensino médio merecendo uma reflexão mais profunda.

    A mesma autora nos fala ainda que, o ensino médio vem passando por inúmeras mudanças com relação às suas funções, embora sofra até hoje o impacto que teve na reforma na década de 60, que atribuía ao ensino médio um caráter de término, ou voltado para a formação de técnicos de nível médio ou para preparar para a Universidade. Krawczyk (2011) enfatiza essa questão de que o ensino médio, talvez, nunca tivesse tido uma identidade que não fosse ser um “trampolim para a universidade ou a formação profissional”.

    A autora ainda revela que a expansão do ensino médio iniciada nos primeiros anos da década de 1990, não poderia ser chamada de um processo de universalização ou de democratização devido os inúmeros jovens que permanecem fora das escolas, os altos índices de reprovação e evasão. Isso tudo além desse mesmo processo acabar por reproduzir desigualdade regional, de sexo e outros ainda que a autora cita em seu trabalho.

    Um ponto importante que ela ressalta é o desafio do que deve ser ensinado nesse nível do ensino básico. No campo da educação e, consequentemente, educação física no Paraná durante os anos de 2004, 2005 e 2006, foram realizados vários encontros, simpósios e debates para a formulação dos textos das Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, em 2008.

    Para a educação física os textos descrevem elementos como: dimensão histórica da disciplina, fundamentos teórico-metodológicos, conteúdos estruturantes, encaminhamentos metodológicos e avaliação. Dentro dos fundamentos teórico-metodológicos trás a fundamentação dos conteúdos articuladores dos conteúdos estruturantes2.

    Esses Elementos Articuladores visam romper com a forma tradicional do tratamento dado aos conteúdos estruturantes, portanto, vêem no sentido de “integrar e interligar as práticas corporais de forma reflexiva e contextualizada” (DIRETRIZES CURRICULARES, 2008, p. 53). Esses elementos procuram alargar a compreensão das práticas corporais, ampliando as possibilidades pedagógicas que possam vir a surgir no cotidiano escolar. Dentre os conteúdos/elementos articuladores podemos citar: Cultural Corporal e Corpo; Cultural Corporal e Ludicidade; Cultural Corporal e Saúde; Cultural Corporal e Mundo do Trabalho; Cultural Corporal e Desportivização; Cultural Corporal e Técnica e Tática; Cultural Corporal e Lazer; Cultural Corporal e Diversidade e; Cultural Corporal e Mídia.

    O que vai nos interessar neste momento é falarmos sobre o Conteúdo Articulador “Cultura Corporal e Saúde”. Neste conteúdo permite-se entender que a saúde possui uma dimensão histórico-social, portanto, não concebe a saúde como um simples querer individual. Possui alguns aspectos a serem trabalhados como nutrição, aspectos anátomo-fisiológicos da prática corporal, lesões e primeiros socorros e, também, o doping (DIRETRIZES CURRICULARES, 2008, p. 55-6). Portanto, abre-se mais o horizonte de ações pedagógicas para o campo da educação física e, consequentemente, para tratarmos o tema saúde com os alunos, além de, ao examinarmos, pelo menos as Diretrizes Curriculares, minimamente percebemos a sistematização pela qual a educação física passou e vem passando durante seu desenvolvimento desde sua origem com a gênese do capitalismo3.

    Pois bem, nesse sentido, problematizar sobre questões ligadas a saúde, no nosso caso, sobre atividade ou exercício físico, torna-se relevante levando em consideração que seja um conhecimento a ser transmitido dentro do campo da educação física.

    Esse trabalho vem no intuito de levantar algumas questões sobre a importância da educação física como disciplina escolar, mais especificamente, sobre o tema de atividade ou exercício físico, e como os alunos vêem essa importância na vida futura dos mesmos. A necessidade desse trabalho está vinculada, também, a experiência dos autores com relação às aulas ministradas dentro da disciplina de Estágio Supervisionado II, onde os alunos do Ensino Médio investigados de um colégio estadual de Maringá-PR mostram um grande desinteresse sobre os conteúdos referentes à disciplina de educação física. Então nos perguntamos: de onde surge esse desinteresse por parte dos alunos sobre os conteúdos da educação física? Que conteúdos são importantes? Se tem ideia da importância de alguns conteúdos, porque então não realizá-los?

Metodologia

    O presente estudo trata-se de uma pesquisa de campo de cunho descritivo, com abordagem qualitativa do tipo grupo focal. Pesquisa descritiva consiste na observação, registro e interpretação dos fatos (ANDRADE, 2007), e a abordagem qualitativa se preocupa com a essência dos fenômenos retratados nos gestos, falas e atitudes (SILVA et al., 2008; SOUZA, 2013).

    Segundo Souza (2013) a técnica de pesquisa grupo focal é realizada em sessões de grupo de aproximadamente 15 pessoas que realizam uma discussão focalizada seguindo um roteiro objetivo de cinco a seis perguntas, elaborado pelo pesquisador. Nessa técnica as pessoas partilham um traço comum, como idade, ocupação, papel que representam na comunidade, etc., e busca-se o mapeamento das falas, e não um consenso.

    Participaram do estudo quatro turmas do ensino médio, sendo duas turmas do segundo ano e duas do terceiro ano, com média de 25 alunos em cada turma, de ambos os gêneros, com idades entre 16 e 19 anos.

    A coleta de dados foi realizada nas quatro turmas do ensino médio que possuem aula de educação física. A técnica de coleta de dados grupo focal foi realizada como aula teórica, em que os temas eram apresentados e criavam-se discussões. O roteiro foi previamente elaborado pelos pesquisadores e orientadores, e abordava questões como a diferença entre atividade física e exercício físico, para padronização de termos; importância e consequências do exercício físico; o planejamento e intuito de prática regular de exercício físico após a vida escolar; e a importância das aulas de educação física na vida escolar.

    Foi utilizado um gravador de voz para registrar os dados, e conforme os conceitos e opiniões eram apresentados, transcreveu-se no quadro para melhor visualização. Os dados foram transcritos e analisados.

Atividade física ou exercício físico pra vida?

    Primeiro de tudo precisamos caracterizar quais seriam as diferenças entre atividade física e exercício físico para que possamos ter mais claro o objetivo desse trabalho. Após isso verificar o que os alunos vêem como conseqüência do exercício físico e a importância das aulas de educação física visando seus conteúdos de forma geral e também em relação ao tema deste artigo.

    Pois bem, são muitos os benefícios proporcionados pela prática regular de atividade física na infância e no desenvolvimento humano, justamente por possibilitar incremento das funções cardiovasculares, metabólicas, músculo-esqueléticas e auxiliar no controle e redução da adiposidade corporal. (STRONG et al, 2005 apud CESCHINI, et al, 2009).

    Enquanto atividade física vem sendo entendida como qualquer movimento corporal, produzido voluntariamente pelos músculos esqueléticos, que resulta em demanda energética acima dos níveis considerados de repouso; exercício físico expressa a capacidade funcional direcionada à realização de esforços físicos associados à prática de atividade física, representada por conjunto de componentes relacionados à saúde e ao desempenho atlético (CASPERSEN, POWELL, CHRISTENSEN, 1985 apud GUEDES et al, 2002).

    É evidente que a prática de exercício físico causa inúmeros benefícios a saúde das pessoas, independente da idade, seja de um adolescente a um idoso. A ação de colocar o corpo em movimento além de melhorar o condicionamento físico cuida também da saúde mental dos praticantes (STRONG, et al, 2005 apud FEMINO, et al, 2010).

    E a falta de exercício física na adolescência, devido ao dia a dia muito mais tecnológico das crianças e adolescentes, vem sendo alvo de grande preocupação da sociedade, pois esta inatividade muitas vezes causa a obesidade. A obesidade é considerada doença universal de prevalência crescente e hoje assume caráter epidemiológico, como o principal problema de saúde pública na sociedade moderna (POLLOCK, WILMORE, 1993 apud SABIA, SANTOS, RIBEIRO, 2004).

    Muitas instituições em todo o mundo vêm trabalhando na busca de calcular qual seria a dose diária de exercícios físicos que traria maiores benefícios á saúde. Dentre algumas publicações uma do Reino Unido, sugere que os jovens devem participar diariamente de atividade física de intensidade modera­da a vigorosa por, pelo menos, 60 minutos (CAVIL, BIDLLE, SALLIS, 2001 apud TENÓRIO, et al, 2010).

    Bom, adotaremos o termo exercício físico para nossos estudos.

    O momento inicial da coleta de dados foi destinado à padronização de terminologias, enfatizando a diferença entre atividade e exercício físico, a fim de definir atividade física como qualquer movimento do músculo esquelético em que ocorra maior gasto energético que o basal, e o exercício físico como atividade planejada, estruturada com objetivo de manter ou melhorar a saúde ou aptidão física (CHEIK et al., 2003).

    Após análise dos dados foi possível observar que os alunos possuem entendimento teórico superficial com relação à importância e consequências do exercício físico regular para a saúde. Os principais apontamentos remeteram-se a emagrecimento, prevenção de diabetes e obesidade, melhora na circulação sanguínea, metabolismo e resistência: “Estimula o funcionamento do corpo”, “Estimula nos estudos, estimula o psicológico”, “Pra não travar”, “Atrofia (hipertrofia?), fortalecimento dos músculos, melhora respiração, circulação, pra saúde em geral”, “Consequências do EF é câimbras, lesões...”, “Mas consequência pode ser boa como hipertrofia, não é?” e “Também melhora a aparência e a autoestima”.

    Observou-se que quando os alunos eram questionados sobre prática regular de exercício físico, poucos se manifestaram, sendo que em uma turma cinco alunos possuíam apenas o espaço da aula de educação física escolar como tempo destinado ao exercício físico. Os principais motivos apresentados para não praticarem regularmente foram: falta de tempo, preguiça, falta de disposição, não possuir recursos financeiros para essa finalidade, falta de lugares para prática, “não faço porque cansa” e falta de incentivo. Os motivos “falta de tempo” e “falta de dinheiro” foram os mais apontados.

    Quando questionados sobre a importância das aulas de educação física as respostas foram bastante diretas, retratando claramente a visão dos alunos frente à disciplina de educação física: “Pra ganhar nota”, “Nenhuma. Só pra desfilar na quadra pra ganhar nota”, “É a aula de não fazer nada”, “Ah, que bom! Agora é aula de educação física, vou dormir”, “Pra tirar uma soneca mesmo”, “Não serve pra nada”.

    Segundo Chicati (2000, p. 99) também faz parte do papel do professor de educação física “esclarecer as pessoas dentro e fora da escola sobre a grande importância dessa disciplina no contexto escolar, a fim de desmistificar essa visão equivocada de que a Educação Física não tem papel no contexto pedagógico”.

    Martinelli et al. (2006) estudaram sobre a desmotivação em alunas de ensino médio, e concluíram que se as alunas tivessem mais espaço para expressar sua opinião sobre os conteúdos e atividades abordadas nas aulas, teriam maior interesse e estímulo para participar, pois não haveria o foco de fazer por obrigação, e passaria a ser praticada com prazer. Nesse sentido Snyders apud Soares (1996, p. 7) nos:

    [...] afirma a existência possível de uma escola alegre; afirma a possibilidade da alegria como o sentimento que floresce do ato de conhecer. Não fala de uma alegria frívola, de fazer o que se gosta e por isto sentir alegria. Fala da alegria da descoberta, da alegria de se aproximar do que é mais elaborado, do que é difícil, daquilo que não seria possível sem o professor e sem a escola.

    O estudo de De Ávila (1995, apud Darido et. al., 1999), mostrou que nas aulas de educação física do magistério, quando incrementaram expressões, ritmos e dança, as alunas que não participavam das aulas começaram a participar e justificaram que, agora que não precisavam competir com ninguém nem mostrar ser melhor que outros alunos.

    Paiano (1998, apud MARTINELLI et al., 2006, p. 15) também aponta como razão para desmotivação

    (...) o conflito de interesses gerado pela ênfase da competição que ocorre quando o professor assume a postura de técnico ou treinador, exige de seus alunos uma postura de atleta cobrando altos rendimentos, que muitas vezes são inadequados e não correspondem ao seu desenvolvimento motor e o objetivo da Educação Física Escolar, dessa forma fazendo com que os alunos percam a vontade de participar da aula, que ao invés de prazerosa passa a ser maçante e por isso desmotivante, pois enquanto para uns a aula de Educação Física vista como competitividade, para outros é tida como uma forma de lazer e socialização.

    Matos e Neira (2000, apud MARTINELLI et al., 2006) pontuam que nas aulas de educação física no ensino médio geralmente ocorre um impasse entre o professor que almeja desenvolver os conteúdos programáticos, e os alunos que desejam apenas jogar bola. Os autores defendem que quando o aluno ingressa no ensino médio suas experiências motoras já foram adquiridas em etapas anteriores, e então optam “por transformar as aulas de Educação Física em espaços de recreação e lazer, já que na sala de aula a responsabilidade aumenta” (MATOS; NEIRA apud MARTINELLI et al., 2006, p. 15).

Conclusão

    Percebemos que os benefícios do exercício físico são, minimamente, conhecidos pelos alunos do ensino médio de um colégio estadual de Maringá-PR. Podem não saber muito sobre como os exercícios atuarão anátomo-fisiologicamente no organismo ou quais as consequências do excesso do mesmo para o organismo, mas basicamente seus benefícios como incremento das funções cardio-vasculares, redução da adiposidade corporal, etc.

    Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008), os “cuidados com a saúde não podem ser atribuídos tão-somente a uma responsabilidade do sujeito, mas sim, compreendidos no contexto das relações sociais”. Talvez aqui não aprofundemos essa questão, mas levantaremos alguns elementos para debater, quem sabe, num outro trabalho.

    Baseando-se nas falas dos alunos sobre o exercício físico futuramente, por exemplo, quando responderam se praticariam quando saíssem da escola ou não, obtivemos respostas que nos remeteram a falta de tempo para se realizar isso, falta de dinheiro, o cansaço também seria um dos problemas, um dos alunos mencionou o cuidado com os filhos. Então, não devemos colocar a culpa no indivíduo por ele praticar ou não o exercício físico, isso seria excluir os fatores relacionados com os mesmos.

    Portanto, apesar dos alunos estarem conscientes dos benefícios, apresentaram também uma consciência sobre as dificuldades na vida futura para a prática de exercício físico. E apesar disso, levantaremos aqui um elemento que nos chamou bastante a atenção nessa intervenção com os alunos: o desprezo dos alunos em relação à disciplina de Educação Física. Várias falas mostram a visão dos alunos sobre a educação física e seus conteúdos. E então nos questionamos: de onde vem essa desvalorização da educação física?

    Será que a educação física passa por este estado para cumprir com seu papel na reprodução social para manutenção da hegemonia capitalista? Pois há uma exaltação das outras disciplinas como Português, Matemática, História e Geografia em relação a Educação Física. São disciplinas importantes para se conseguir uma possível4 inserção no mercado de trabalho ou, dando outro exemplo, na universidade. Será porque são conhecimentos que o mercado de trabalho tem necessidade, minimamente, para poder explorar essa força de trabalho?

    O que os professores de educação física têm que ter em mente é que temos uma ferramenta, com conhecimentos sistematizados, a serem passados para os alunos de acordo com cada contexto, para que o conteúdo tenha relação com a vida do aluno e, consequentemente, um sentido, uma importância. E que, ao menos, transmitir esse conteúdo sob uma prática pedagógica coerente – claramente, levando em conta todo o contexto que vive cada professor de educação física. Aqui é válido ressaltar também que, não é querer culpar os professores. Mas ressaltar a importância de se transmitir os conteúdos sistematizados da educação física para os alunos. E fazer com que estes últimos tomem consciência da importância da problematização que gira em torno de todos os conteúdos presentes no campo da educação física.

Notas

  1. Melhorias, pois, segundo Maceno (2011), a universalização tal qual é pregada atualmente, em seu sentido pleno, ela não é universal. Numa sociedade de classes antagônicas a educação nunca vai ser plenamente igualitária para as classes fundamentais que a compõe, pode apenas ser reformada. Mészáros (2008) discute a problemática lógica incorrigível do capital, onde argumenta sempre a favor de uma mudança nas bases sob a qual a educação está colocada e, também, que melhorias graduais não levam a emancipação humana, fica restrito aos limites do capitalismo e que acabam por contribuir para a perpetuação do modo de produção.

  2. Entendendo aqui como conteúdos estruturantes da Educação Física na escola, de acordo com Soares et al (1992), como sendo os jogos, brinquedos e brincadeiras, a ginástica, as lutas, a dança e os esportes. Todos esses elementos formando, na sua totalidade, a chamada cultura corporal.

  3. De acordo com Mello (2009), a educação física como uma das disciplinas presentes nas escolas, surge na consolidação da sociedade capitalista e é incorporada quando se tentava organizar, em vários países, os Sistemas Nacionais de Ensino. Na busca de suprir as necessidades engendradas nas novas relações estabelecidas, a educação física sofreu várias modificações assumindo durante seu desenvolvimento características higienistas e eugenísticas, servindo também para disciplinar o caráter e a vontade, formar o sentido patriota para formação, manutenção e aperfeiçoamento dos Estados Nacionais.

  4. É uma possibilidade porque o término do ensino médio não mais garante emprego para a população. Quanto mais o trabalho vai se tornando complexo, a formação desse homem deve seguir no mesmo sentido.

Referências

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