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Futsal feminino e questões sobre sua aplicabilidade

El futsal femenino y las cuestiones sobre su aplicación

Futsal female and issues on its applicability

 

* Discente em Educação Física 6º período de Licenciatura plena em Educação Física pela UFRRJ

Bolsista da CAPES pelo PIBID e integrante do Grupo de pesquisa GEPEFEG - Grupo de Pesquisa 

em Ed. Física, educação e gênero na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

** Professor ORIENTADOR do DEFD na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Nayara da Motta Stefanon*

Eduardo Rodrigues da Silva**

motta.stefanon@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve o intuito de explicitar questões relacionadas ao futsal feminino como questões que dificultam a aplicabilidade. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica para avançar sobre o tema. O futsal é um esporte amplamente difundido no mundo, com adeptos de várias idades. A modalidade é subdividida em gêneros (feminino e masculino); essa divisão tem reflexos entre os praticantes do futsal e aponta a discrepância entre espaço recebido na mídia internacional e apoio financeiro. Passadas apenas duas décadas, o que se observa é uma evolução significativa em âmbito nacional, em esfera internacional, a modalidade ainda não conta com um campeonato. O objetivo do estudo foi analisar as questões que dificultam a aplicabilidade do futsal feminino, analisando desde os problemas a partir da iniciação na prática desportiva até sua prática sistemática e profissional.

          Unitermos: Futsal feminino. Aplicabilidade. Gênero.

 

Resumen
          El presente estudio tuvo como objetivo esclarecer algunas cuestiones relacionadas con el fútbol sala que dificultan su aplicación. Se realizó una búsqueda bibliográfica para avanzar en el tema. El futsal es un deporte muy extendido en el mundo, con aficionados de diferentes edades. La modalidad se divide en géneros (masculino y femenino), esta división se refleja entre los practicantes de fútbol sala y la discrepancia en los espacios recibidos en los medios de comunicación internacionales y el apoyo financiero. Luego de sólo dos décadas, lo que se observa es un importante desarrollo a nivel nacional. En el ámbito internacional, la modalidad aún no cuenta con un campeonato. El objetivo del estudio fue analizar los problemas que dificultan la aplicación de futsal, partiendo el análisis de los problemas desde la iniciación en los deportes hasta su práctica sistemática y profesional.

          Palabras clave: Fútbol Sala. Aplicabilidad. Género.

 

Abstract

          The present study aimed to clarify issues related to futsal as issues that hinder the applicability. We performed a literature search to move forward on the issue. Futsal is a sport widely spread in the world, with fans of various ages. The form is divided into genres (female and male); this division is reflected among the practitioners of futsal and the discrepancy between space points received in the international media and financial support. After just two decades, what is observed is a significant nationwide in the international sphere, the method still lacks a championship. The aim of the study was to analyze the issues that hinder the applicability of futsal, since analyzing problems from initiation in sports until his systematic practice and professional.

          Keywords: Futsal. Applicability. Genres.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 185, Octubre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futsal é um esporte coletivo amplamente difundido no mundo, com adeptos de várias idades. É um desporto que pode ser praticado em um espaço reduzido e com número menor de participantes, comparado ao futebol de campo.

    A modalidade é subdividida em gêneros (feminino e masculino); essa divisão tem reflexos entre os praticantes do futsal1 e aponta a discrepância entre espaço recebido na mídia internacional e apoio financeiro.

    A prática do futebol de salão feminino foi autorizada pela Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA) em 23 de abril de 1983 (SANTANA, REIS 2003), contudo os problemas socioculturais característicos desses marcadores sociais, ainda persistiram mesmo sendo observados alguns avanços.

    Passadas apenas duas décadas, o que se observa é uma evolução significativa: em âmbito nacional, além da tradicional Taça Brasil de Clubes, que em 2003 completou a XII edição, formou-se pela primeira vez uma Seleção Brasileira do gênero – mais precisamente em 07/12/2001, quando de um jogo amistoso com o Paraguai, em Londrina (PR), e promoveu-se, em 2002, o I Campeonato Brasileiro de Seleções (SANTANA, REIS 2003). Em esfera internacional, a modalidade ainda não conta com um campeonato.

    No Brasil, a modalidade conta com uma liga de futsal desde 2005 que começou com dez equipes participantes. Desde então, todo ano a liga promove o campeonato. Em 2008, dez equipes participaram, em 2009 e 2010 foram doze equipes, 2011e 2012 contou com o maior número de equipes participantes até então, dezesseis. Em 2013 o evento contou com 12 equipes.

    O investimento no futsal feminino é a tendência de todas as Federações Internacionais a partir de agora. Como a modalidade luta para fazer parte do programa olímpico, o fortalecimento da categoria é primordial (SITE acessado em 26/07/13).

Figura 1. Disponível no site www.futsaldobrasil.com.br. Acessado em 26 de julho 2013

    A idéia de gênero relacionado à corporeidade está claramente demarcada no futsal, como também em outros esportes. Essa visão de que o esporte seria agressivo para o corpo feminino ou simplesmente pelo fato de que a mulher não se encaixa nesse contexto, mesmo sendo concepções tidas como ultrapassadas, ainda persistem nos dias atuais. O corpo constitui-se na referência que ancora a identidade e é significado pela cultura, conforme determinados momentos históricos (JUNIOR, 2008).

    O objetivo do estudo foi analisar as questões que dificultam a aplicabilidade do futsal feminino, abordando desde os problemas que impossibilitam a iniciação na prática desportiva questionando até sua deficiência na prática sistemática e profissional.

    A metodologia utilizada foi realizar uma revisão da literatura através de artigos recentes e sites especializados a fim de produzir uma discussão a partir da leitura dos mesmos.

    Os resultados foram tratados através das questões que dificultam sua aplicabilidade e que perpassam também pela falta de apoio ao futsal feminino visivelmente discrepante em relação ao futsal masculino, tanto na iniciação como também no profissional, podendo ser constatado a partir de exemplos como espaço cedido nas mídias escritas e televisionadas.

    Os impedimentos começam durante o processo de iniciação na modalidade que é tardio e normalmente sem apoio para as meninas tanto familiar como do próprio grupo em que estão inseridas por se tratar de um esporte de contato e culturalmente reconhecido como sendo do gênero masculino.

    Nas aulas de educação física, os atos de exclusão se reforçam na medida em que o conteúdo central é o esporte, pois sendo conteúdo generificado e generificador, já traz em seu contexto histórico a problematização de gênero reafirmando os preconceitos estabelecidos em outros tempos, sobre a participação feminina nessas aulas (FURLAN, SANTOS 2008).

    As atribuições do professor de Educação Física na escola vinculam-se à finalidade de contribuir para a formação global do cidadão, incluindo-se assim, os aspectos biológico, cultural, social e afetivo (JÚNIOR, 2002).

    A idéia da aproximação entre o futsal e a masculinização da mulher ainda é muito forte, o que acaba gerando preconceitos referentes à prática feminina (FOCHI ET AL). As desigualdades são geradas pela sociedade (SAVIANI, 2008) e perpetuadas culturalmente pela mesma. Esse convencionalismo é o resquício de vários preconceitos que estão sendo ultrapassados, mas que ainda existem.

    A modalidade também é recente no gênero feminino, com apenas duas décadas, e não configura uma exceção dentro dos desportos.

    Outro obstáculo é a dificuldade em encontrar locais em que as meninas possam praticar a modalidade, poucas escolas desenvolvem treinamentos de futsal feminino sistematizados (FURLAN, 2008) atrasando assim, a iniciação em relação aos meninos e conseqüentemente a vivência dentro da modalidade.

    Esse atraso não consegue ser reparado já que, mais adiante, a dificuldade é encontrar clubes para treinar. (...) Um repertório motor fundamental escasso, dificulta seu desempenho e a aquisição de habilidades especializadas nos esportes e modalidades específicas como o futsal, apresentando-se como um fator restritivo para a qualidade técnica do futsal feminino (FOCHI ET AL). Outro fator agravante é a quanto inferior e muitas vezes, insuficiente (em relação aos meninos) de meninas que queiram praticar a modalidade por muitos motivos que vão desde “inaptidão física” a vergonha.

    A tabela a seguir foi realizada a partir de um estudo de SANTANA e REIS (2003) que deixa evidentes fatores que problematizam a prática como média de idade, local de iniciação na prática desportiva e iniciação da prática sistemática entre outros aspectos.

Figura 2. Tabela de síntese do perfil das atletas; (SANTANA e REIS, 2003)

    Através do gráfico, é possível perceber os fatores que impedem a aplicabilidade do futsal feminino, deixando claro que o apoio familiar, escolar e profissional seria o início para que a modalidade pudesse considerar o êxito, eliminando os fatores que estão na base do fracasso. Analisar a questão “gênero” também facilitaria culturalmente sua prática. Pensar que o futsal pode ser aplicado sem essa distinção e praticado nas escolas entre meninas e meninos.

    O conceito de gênero, que se pressupõe fundado nas diferenças biológicas dos sexos, enfatiza as divisões sociais culturalmente construídas, evidenciando um processo de educação (escolar ou não) cujas condutas são, através de certos sentidos/significados, ensinadas/aprendidas via movimentos corporais que, também, são considerados “naturalmente” masculinos ou femininos (JUNIOR, 2008).

Considerações

    Existem marcadores de longa data que são resultado do que hoje se verifica em algumas modalidades esportivas tanto coletivas como individuais. São limites antiquados que prejudicam a prática desses desportos.

    É necessário expor os eventos culturais e sociais que bloqueiam a prática da modalidade, são demarcações históricas que não são analisadas e continuam sendo aplicadas às práticas desportivas prejudicando seu avanço igualitário em ambos os gêneros. A diferença entre os gêneros perpassa a construção sócio-cultural dos costumes, condutas e normas do ser humano, considerando-se a dimensão biológica e a cultural (FURLAN, SANTOS 2008).

    É a partir dessas condutas e normas perpetuadas que é possível verificar o porquê continua sendo difícil enxergar o futsal feminino, como um esporte que pode ser praticado pelas meninas e de modo sistêmico e profissional.

    Na prática podemos observar uma diversificação de tratamentos para meninos e meninas, perpetuando os modelos sexualmente tipificados pela família e sociedade (JÚNIOR, 2002).

    Para que sua aplicabilidade seja ampla, esses empecilhos não podem ser ignorados, é a partir deles que se pode entender o porquê do esporte não conseguir avançar em escolas, nem profissionalmente como é visível no futsal de gênero masculino nem mesmo como forma de lazer, de divertimento. (...) Por força do processo de transmissão cultural reforçam-se os preconceitos, colaborando para que as meninas não tenham as mesmas experiências dos meninos, criando-se então uma cadeia de situações que leva à exclusão e à falta de motivação por parte das mesmas quanto à prática da Educação Física (JÚNIOR, 2002).

    O professor de educação física também tem importância relevante na modificação do quadro atual, desenvolvendo questões sobre gênero seja em quadra ou em sala, com prática ou através da teoria. A visão cultural social desenvolvendo e perpetuada tem que ser modifica através do ambiente escolar.

    Posteriormente outras problemáticas são evidenciadas perpetuando essa problemática como apoio financeiro e midiático, mencionado neste texto.

    Analisar as dificuldades é o primeiro passo para conseguir êxito na modalidade para que então, as meninas possam ter vivência e ter a oportunidade de escolher entre optar ou não pelo futsal. A partir daí, será possível começar a extinguir pré-conceitos históricos e propor para o avanço tanto da modalidade quanto para o esporte uma amplitude longe de práticas sexistas e desiguais.

Nota

  1. Início na modalidade, incentivo psicológico e financeiro para a continuação no desporto. A produção midiática de ídolos no futebol de salão masculino e a ausência desse apoio para o gênero feminino.

Referencias

  • FOCHI, Juceline Taufer; BARRETO, Adriano; JÚNIOR, Miguel Freitas. Futsal feminino: a prática e suas limitações. 9.° CONEX.

  • FURLAN. Cássia Cristina; SANTOS, Patrícia Lessa dos; Futebol Feminino e as Barreiras do Sexismo nas Escolas: reflexões acerca da invisibilidade. Motrivivência Ano XX , Nº 30, P. 28-43 Jun./2008.

  • http://www.futsaldobrasil.com.br/2009/index.php Acessado em 26 de julho de 2013.

  • JUNIOR, Agripino Alves Luz; Gênero & Educação Física: Tornando visíveis fronteiras e outras formas de reconhecimentos. Revista Motrivivência, 2008.

  • JÚNIOR, S. Moreira Osmar; DARIDO Cristina Suraya. A prática do futebol feminino no ensino fundamental. R. Motriz, Jan-Abr 2002, Vol.8 n.1, pp.1-9.

  • SANTANA, Wilton Carlos de; REIS, Heloisa Helena Baldy dos. Futsal Feminino: perfil e implicações pedagógicas. R. bras. Ci. e Mov. Brasília v. 11 n. 4 p. 45-50 out./dez. 2003.

  • SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 4ª Edição, 2008.

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