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Proteína do soro de leite para ganho de massa muscular

em praticantes de musculação: revisão sistemática

La proteína del suero de la leche para aumentar la masa muscular en fisicoculturistas: una revisión sistemática

 

Graduado/a em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Estadual

do Sudoeste da Bahia, UESB. Pós-Graduando/a em Fisiologia

do Exercício pela PROFIT

(Brasil)

Carlos Silva Amaral

Bruna Barreto Vieira

gazo.vlv@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo de revisão sistemática teve como objetivo avaliar o efeito da suplementação da Proteína Soro de Leite na massa muscular em praticantes de musculação e como ela tem sido prescrita. Assim, foi realizado um levantamento dos artigos acadêmicos nas bases de dados eletrônicas Bireme e Google Acadêmico no período de 2007 a 2012 sendo utilizados para as buscas os descritores: Proteína do Soro do Leite e Hipertrofia Muscular, e optado pela publicação em português. Conclui-se que o uso Proteína do Soro de Leite aumenta o ganho da massa muscular, entretanto este ganho não apresenta mudança significante quando comparado ao carboidrato. Além disso, ainda não foram pontuados em português quais possíveis efeitos colaterais pode decorrer de maneira que novos estudos merecem ser publicados neste idioma.

          Unitermos: Proteína do soro do leite. Hipertrofia muscular. Exercício de força.

 

Abstract

          This systematic review study aimed to evaluate the effect of supplementation of Whey Protein in muscle mass in bodybuilders and how it has been prescribed. Thus, a survey was conducted of academic articles in electronic databases and Google Scholar Bireme the period 2007-2012 is used for searching the descriptors: Whey Protein and Muscle Hypertrophy, and opted for publication in Portuguese. It is concluded that the use of Whey Protein increases the gain of muscular mass, though this gain has no significant change compared to carbohydrate. Also, have not been scored on Portuguese possible side effects which may arise so that new studies deserve to be published in this language.

          Keywords: Whey Protein. Muscle hypertrophy. Strength exercise.

 

Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso da Especialização em Fisiologia do Exercício pela PROFIT.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    De acordo com a Associação Brasileira de Academias (ACAD) estima-se que existem mais de 22.000 academias e mais de 6 milhões de brasileiros que realizam seus programas de exercícios físico em todo país (1). Entre os serviços disponíveis em uma academia, a comercialização de recursos ergogênicos e suplementos alimentares estão cada vez mais em alta, mas nem sempre sua orientação é feita por um nutricionista ou médico especializado em nutrologia, profissionais habilitados para tal.

    O comércio de recursos ergogênicos e suplementos alimentares são realizados de forma livre, e isso faz com que aumente a probabilidade do uso inadequado de tais substâncias, que muitas vezes são indicadas por profissionais de Educação Física, que mesmo sendo considerados da área da saúde pelo Conselho Nacional de Saúde, não são habilitados para tal fim, sendo, portanto, considerada uma prática irregular e antiética (2).

    A proteína é um dos suplementos mais procurados por praticantes de musculação por suas funções: de aumentar o balanço nitrogenado diário, evitar a anemia esportiva por meio do aumento da síntese de hemoglobina, mioglobulina e as enzimas oxidativas durante o exercício; aumenta a ressíntese de Adenosina Trifosfato (ATP) depois da atividade física, dentre outras funções (3).

    Assim, dentre as diversas substâncias que objetivam a hipertrofia muscular uma das utilizadas pelos praticantes de musculação é a suplementação de Proteína do Soro de Leite, a Whey Protein (terminologia em inglês). Este suplemento contém altas concentrações de aminoácidos essenciais, que são importantes no processo da síntese protéica e, após o exercício, para a recuperação celular, fator fundamental para o ganho de massa muscular (4).

    Esse ganho de massa muscular e força tem sido o enfoque da maioria dos indivíduos que adere aos programas de treinamento com peso para melhorar assim sua estética (5).

    Nesse sentido o treinamento com peso demonstra aumento nos níveis de força muscular, com isso a hipertrofia. Este tipo de treinamento também favorece a liberação de hormônios anabólicos como o hormônio do crescimento (GH) e a testosterona (5).

    Segundo Bacurau (2007) o trabalho com sobrecargas não promove por si só a deposição de aminoácidos no músculo esquelético. Este processo depende principalmente da insulina e disponibilidade de aminoácidos, sendo que este primeiro não promove a síntese muscular, apenas facilita. Entretanto, é atribuída uma importância muito grande as proteínas no que diz respeito à síntese muscular crônica, decorrente dos exercícios com peso. Dessa forma o papel da proteína no metabolismo do exercício, ocorre principalmente no período da recuperação. Sendo assim, qual o real efeito do uso da proteína do soro do leite em praticantes de musculação?

    Esse estudo de revisão sistemática teve como objetivo avaliar o efeito da suplementação da Proteína Soro de Leite na massa muscular em praticantes de musculação e como ela tem sido prescrita. Foi realizado um levantamento dos artigos acadêmicos nas bases de dados eletrônicas Bireme e Google Acadêmico no período de 2008 a 2012 sendo utilizados para as buscas os descritores: Proteína do Soro do Leite e Hipertrofia Muscular, e optado pela publicação em português.

Proteína do Soro do Leite (Whey Protein)

    Foram encontrados 6 (seis) estudos em português sobre o uso da Proteína do Soro de Leite para a hipertrofia muscular publicados nas bases de dados Bireme e Google Acadêmico.

    Em comum em todos os artigos encontrados destacam-se o seu efeito no ganho de massa muscular e, também, seu uso como suplemento alimentar bastante freqüente nas academias de musculação.

    Entretanto, vale o alerta de que os praticantes de musculação, muitas vezes, colocam em risco a sua saúde em busca de um corpo perfeito, tanto no que diz respeito ao grande volume de exercícios físicos que realizam quanto o uso dos recursos ergogênicos e suplementos alimentares.

    Na década de 70, houve crescimento expressivo nos métodos de preparação e uso de hidrolisados protéicos, tanto com finalidades clínicas e nutricionais, como estética. Mas, independente de sua finalidade freqüentemente o que se buscou foi a melhoria de propriedades funcionais de proteínas e alimentos de base protéica, dentre eles se destaca o Soro do Leite ou Whey Protein (5).

    Segundo Garrett Jr. (2003) citado por Morais (2008), as proteínas do soro do leite têm diversas funções no organismo. Dentre essas funções estão: regularização do metabolismo, transporte de nutrientes, atuação como catalisadores naturais, atuação na defesa imunológica, atuação como receptores de membrana, além de servir de substrato para o crescimento e, quando ingerida em alta quantidade, levam a um fornecimento de energia.

    A Whey Protein, a Proteína do Soro de Leite, contém quatro porções protéicas que são: a β-lactoglobulina, a α-lactoalbumina, albumina de soro bovino e a imunoglobulina. Estas, por sua vez, contém grandes concentrações de aminoácidos essenciais, que em grande parte são aminoácidos de cadeia ramificada. Estes aminoácidos são de fundamental importância na recuperação celular após o exercício e conseqüentemente na hipertrofia muscular quando este é o objetivo (4).

    Segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (2009) a ingestão adequada de proteínas para atletas de força seria de 1,6 a 1,7 gramas por quilo de peso corporal por dia, mas o que se vê segundo o estudo de Menon e Dos Santos (2012), é que praticantes de musculação com objetivo de hipertrofia muscular consomem em média mais de 2g/kg/dia de proteína na sua alimentação, caracterizando uma alimentação hiperproteíca (8).

Proteína do soro de leite e exercício de força para hipertrofia muscular

    Segundo Bacurau (2007) o aumento da massa magra em função do treinamento com peso ocorre devido ao maior estímulo ao processo de síntese protéica, em relação ao de degradação durante e após o treino. Nesse processo ocorrem duas adaptações. A primeira, ao se iniciar o treinamento de força, processo que se chama hipertrofia sarcoplasmática, devido ao aumento de massa muscular por elevação de glicogênio, creatina e água. Nessa fase ocorre um aumento de massa muscular, sem efetivamente ocorrer aumento de força. Na segunda adaptação, ocorre o aumento das miofibrilas, ocorrendo um discreto aumento da massa muscular, porém um aumento significativo de força.

    O uso máximo das proteínas como fonte energética do exercício não ultrapassa de 5% a 15%, e em exercícios intensos, esse percentual pode ser reduzido. Entretanto, é atribuída grande importância para estas no que diz respeito à síntese muscular crônica, devido ao exercício com sobrecargas. Desta forma, o papel da proteína no organismo ocorre principalmente no período da recuperação (6).

    Em um estudo de Sakzenian et al. (2009) que teve como objetivo verificar o efeito da suplementação com proteína do soro de leite sobre a composição corporal de jovens iniciantes de musculação frente ao treinamento para hipertrofia muscular concluiu que o aumento da massa muscular foi devido à adequação de uma dieta ao treinamento e não necessariamente à suplementação da proteína do soro de leite, afirmando que nem sempre é necessário suplementar, e mostra que a adequação protéica, independente da fonte, é efetiva para o ganho de massa muscular associado ao treinamento com pesos.

    Em outro estudo, desenvolvido por Morais et. al. (2008), em que foram selecionadas 12 pesquisas envolvendo treinamento de força e suplementação com proteínas em pessoas entre 18 e 80 anos, publicados entre 1995 e 2007, demonstrou que em 83% dos artigos o efeito da suplementação da proteína no treinamento de força foi positiva, enquanto 17% não encontraram necessidade de utilizar esse nutriente no treinamento em questão. Ainda, os autores ponderaram que esse efeito ocorreu em pessoas jovens e que em pessoas com idade acima de 56 anos não foi observada a mesma eficiência.

    Nos padrões de beleza atual, onde ser magro e com grandes definições musculares é o que chama atenção, muitos indivíduos fazem a ingestão de proteína sem procurar um profissional apto para esta indicação, para fins somente estéticos, sem se preocupar com a ingestão correta e com a saúde.

    Segundo Inácio et. al. (2008) a ingestão excessiva de proteínas e aminoácidos pelos alimentos ou suplementos protéicos, tem mostrado efeitos danosos à saúde. E que proteínas acima de 15% das calorias totais podem levar a cetose, gota, sobrecarga renal, aumentar a gordura corporal, desidratação, promover balanço negativo de cálcio e induzir a perda de massa óssea. Esses efeitos demonstram o quanto pode ser danoso para o organismo o consumo irregular e desnecessário da Proteína do Soro de Leite. Com isso, uma pergunta emerge: será que os consumidores de fato sabem desses efeitos?

Conclusões

    Após a leitura dos 6 (seis) artigos publicados na língua portuguesa a respeito da proteína do soro do leite foi possível concluir que há diferença na hipertrofia muscular entre praticantes que fizeram uso da Proteína do soro de leite comparados com quem não o fez, mas não tão significativa, é dependente da faixa etária e pode gerar efeitos colaterais danosos ao organismo. Além disso, pode-se concluir que poucos são os estudos publicados em português o que gera a inquietação de acesso pelos profissionais que estão no mercado de trabalho. Neste caso, ficam as dúvidas: para os profissionais a língua pode estar sendo uma barreira para entender melhor este assunto? Será que os profissionais buscam essas informações? Se sim, onde será que eles buscam? Será que eles conhecem seus efeitos danosos? Enfim, novos estudos merecem ser desenvolvidos para elucubrar tais inquietações.

Referências

  1. http://www.acadbrasil.com.br . Acessado em 05 de fevereiro de 2013.

  2. DOMINGUES, SF; MARINS, JCB. Utilização de recursos ergogênicos e suplementos alimentares por praticantes de musculação em Belo Horizonte – MG. Fit Perf J 2007: 6(4).

  3. MORAIS R, MEDEIROS R, LIBERALI R. Eficácia da Suplementação da Proteína no Treinamento de Força. Rev Bras Nutr Espo. 2008; 2(10): 265-276.

  4. SAKZENIAN VM, MAESTÁ N, CASTANHO GKF, MICHELIN E, ORSATTI FL, MORAES JE, SALES MD; BUSCARIOLO FF, BURINI RC. Suplementação de proteína do soro de leite na composição corporal de jovens praticantes de treinamento para hipertrofia muscular. Revi Soc Bras Alim Nutr. 2009; 34(3): 57-70.

  5. TERADA L, GODOI M, SILVA T, MONTEIRO T. Efeitos Metabólicos da Suplementação do Whey Protein em praticantes de exercícios com pesos. Rev. Bras Nutr Espo. 2009; 3(16): 295-304.

  6. BACURAU, RF. Nutrição e suplementação Esportiva. 5ª edição. São Paulo: Editora Phorte, 2007.

  7. http://www.medicinadoesporte.org.br/diretrizes.htm. Acessado em 05 de fevereiro de 2013.

  8. MENON D, DOS SANTOS JS. Consumo de Proteína por praticantes de musculação que objetivam hipertrofia muscular. Rev. Bras. Med. Esporte. 2012; 18(1).

  9. INÁCIO, F. R; COSTA, C. E. R; De BARROS, A. R; GRANJEIRO, P. A. Levantamento do uso de anabolizantes e suplementos nutricionais em academias de musculação. Rev Movi Percep 2008; 9(13).

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