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Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares 

de 10 a 17 anos no município de Paulo Bento, RS

Predominio de sobrepeso y obesidad en escolares de 10 a 17 años del municipio de Paulo Bento

 

*Licenciada em Educação Física – Faculdade IDEAU

Cursando Especialização em Fisiologia do Exercício – Faculdade IDEAU

**Licenciada em Educação Física – Faculdade IDEAU

***Professor do curso de Educação Física da Faculdade IDEAU

Orientador do trabalho

Aline Fátima Bazzanello*

Camila Fernanda Zambiasi Gardino**

Prof. Ms. Ivan Carlos Bagnara***

ivanbagnara@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Dentre os desafios do século XXI, está a situação que envolve a obesidade. Diante de pesquisas comprova-se que é cada vez maior o numero de pessoas acometidas pela epidemia do século. Muitos são os determinantes para tal situação, das quais é possível destacar: o consumo significativo de alimentos ricos em calorias e o sedentarismo que resulta em menor queima de calorias. Diante desta realidade, se faz necessário diagnosticar que o excesso de peso e a obesidade estão ameaçando a saúde de crianças e adolescentes em todo o mundo, superando até mesmo a desnutrição e doenças infecciosas. O presente estudo analisou o IMC de crianças e adolescentes na faixa etária de 10 a 17 anos de idade, nas escolas municipais e estaduais do Município de Paulo Bento. Foram avaliados nos meses de junho e julho de 2012, 131 alunos, sendo 67 do sexo masculino e 64 do sexo feminino. Observamos que em Paulo Bento, RS os estudantes possuem baixos níveis de peso, inclusive a maioria encontrando-se na classificação de baixo peso com risco moderado para a saúde. Porém, não podemos omitir que dentre a amostra estudada encontramos um indivíduo com nível de obesidade III e outro com sobrepeso.

          Unitermos: Obesidade. Crianças e adolescentes. Alimentação. IMC.

 

Abstract 

          Among the challenges the XXI centuries , this obesity. This research demonstrates the obesity that is increasing the number of people affected by epidemic of the century. Many are the reasons for this situation, of who can highlight: the significant consumption of foods high in calories and sedentary lifestyle, which results in less burning calories. Given this reality, it is necessary to diagnose that overweight and obesity is threatening the health of children and adolescents in the world, surpassing even the malnutrition and infectious diseases, which are at the stage of childhood. The present study examined the BMI of children and adolescents aged 10-17 years old, in state and municipal schools in the city of Paulo Bento, were evaluated the months of June and July 2012, 131 students, and 67 are men 64 are women. The data were collected through the verification of weight and height of each individual research participant. After collecting data, we observed that Paulo Bento, RS students have low levels of weight, including the majority finding themselves in the classification of underweight with moderate risk to health. But, we can not omit that among the study sample met a boy with level III obesity and overweight boy.

          Keywords: Obesity. Children and adolescents. Food. BMI.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nas últimas décadas a preocupação e o interesse em prevenir a obesidade em crianças e adolescentes é um dos desafios para a área da saúde principalmente nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Consideramos também hoje, como sendo um desafio para as instituições educacionais, haja vista o número crescente de crianças e adolescentes que estão aumentando de peso ano após ano.

    O sedentarismo tem sido favorecido com o aumento e popularização da tecnologia, e, este quadro inegavelmente provoca uma diminuição considerável na prática regular de brincadeiras e atividades físicas, o que conseqüentemente diminui o gasto calórico e tem potencial em provocar acúmulo de gordura corporal. Existem vários indícios na literatura de que crianças e adolescentes obesos podem se tornar adultos potencialmente obesos. Esse quadro apresenta grande preocupação, pois a obesidade além de ser um fator de risco é também uma doença, que além de diversos males por si só, apresenta morbidade para outras doenças graves como diabetes, problemas cardiovasculares dentre outras patologias crônicas não transmissíveis.

    Como todas as crianças e adolescentes tem a obrigatoriedade de passar pela escola em nosso país, nada melhor, que transformar a instituição educacional em uma parceira no controle e combate à obesidade e suas desastrosas conseqüências para a saúde.

    Segundo Wehebrink

    A escola não tem como ignorar esta problemática, uma vez que a obesidade é uma doença crônica e se alastra com rapidez em altos índices entre todas as faixas etárias e níveis sociais, compete a ela como instituição de ensino oportunizar aos alunos informações que possam contribuir para uma consciência de que a alimentação equilibrada e a prática regular de atividades físicas são antídotos para enfrentar a obesidade (2011, p. 11).

    No contexto escolar, a disciplina de Educação Física é a responsável por trabalhar com o universo dos exercícios físicos e atividades esportivas, além de poder contribuir para a adoção de hábitos alimentares saudáveis e ser uma ferramenta de extrema importância para o combate e orientação ao público jovem em se tratando de sobrepeso e obesidade.

    Observa-se que crianças e adolescentes estão desenvolvendo maus hábitos alimentares que colaboram com o desenvolvimento da obesidade. Tal fato tem crescido nas últimas décadas pelo aumento do consumo de alimentos muito calóricos. Associado à isso, houve uma redução da atividade física contribuindo para o desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade. As crianças e adolescentes em sua maioria assistem muita televisão, jogam vídeo game e passam horas e horas em frente ao computador, ao invés de realizarem atividades de movimentos e que gera gasto calórico.

    A Educação Física escolar deveria ter o poder de estimular em seus estudantes comportamentos favoráveis para uma vida saudável, com componentes relacionados à saúde e qualidade de vida. A qualidade de vida que se aproxima no processo de ensino aprendizagem de vivencias por meio de satisfação encontrada na vida familiar, social e ambiental. A qualidade de vida representa uma característica essencial da experiência humana, sendo que determina a sensação de bem estar, conseqüentemente gerando satisfação das necessidades e desejos individuais. E, para se atingir a qualidade de vida torna-se necessário a prática de exercícios físicos, independente da idade.

    A obesidade é um dos problemas mais graves tanto na vida adulta, quanto na infância e na adolescência. Sabemos que a adolescência è uma fase de vida cercada de mudanças, de dúvidas e transformações, sendo a passagem da infância para a vida adulta. Atualmente tanto o sobrepeso quanto a obesidade são complicações freqüentes nesta idade e muito prejudiciais à saúde física e mental.

    Problemas psicológicos estão presentes também na obesidade infantil, pois alteram o comportamento da criança em relação aos alimentos. Muitas vezes a alteração de comportamento leva a criança a isolar-se, praticando menos atividades físicas e facilitando ainda mais o ganho de peso.

    A obesidade na infância e adolescência destaca-se como um fator de grande influência negativa sobre o bem-estar particular. Indivíduos obesos podem sofrer diversas formas de abalos e traumas físicos e psicológicos, principalmente em uma idade onde as transformações sociais, culturais e o número de relações interpessoais são constantes. Assim, a fim de evitar desgostos, traumas psicológicos e problemas de doenças crônicas não transmissíveis, muitas instituições educacionais deveriam buscar a implantação de programas preventivos para obesidade e sedentarismo a fim de melhorar a qualidade de vida de seus estudantes, principalmente o público jovem.

    Dessa forma, temos como problemática central deste estudo a seguinte questão: qual a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares com idade entre 10 e 17 anos no município de Paulo Bento, RS?

    Este estudo tem como base de pesquisa avaliar o Índice de Massa Corporal dos alunos de duas escolas públicas do Município de Paulo Bento, e permitiu a avaliação de 131 alunos de ambos os sexos, sendo 67 do sexo masculino e 64 do sexo feminino. A avaliação foi realizada nos meses de junho e julho de 2012.

    Para classificar o IMC e os riscos para a saúde utilizamos a classificação abaixo.

    Este estudo é de caráter quantitativo. É pesquisa quantitativa, porque há dados numéricos, e com dados desta natureza temos como objetivo “garantir resultados e evitar distorções de análise e de interpretação, possibilitando uma margem de segurança maior quanto às inferências” (DIEHL; TATIM, 2006, p. 51).

    Dentre todos os estudantes freqüentadores das escolas municipais e estaduais do Município de Paulo Bento, foram avaliados todos os que possuam idade entre 10 e 17 anos. Estudantes que não se enquadrarem dentro das condições expostas nesta unidade de estudo foram automaticamente excluídos da amostra.

    Os dados foram obtidos através das medidas antropométricas de peso corporal total e estatura. Requisitos indispensáveis para obtenção do IMC de cada estudante.

    Para verificação do peso foi utilizada uma balança da marca Filizola, com possibilidade de obtenção do peso em quilos e gramas, sendo as gramas múltiplos de 100. Para a mensuração da altura, foi utilizada a mesma balança, pois ela vem com uma fita métrica fixada na sua parte anterior. A fita métrica possibilita obter medidas em metros, centímetros e milímetros. Porém, para este estudo utilizamos somente a medida em metros e centímetros.

    Os estudantes foram preliminarmente orientados a estarem usando roupas leves e adequadas e deveriam estar descalços no momento da coleta dos dados. Ainda, as avaliações foram realizadas no período de estudo de cada um dos estudantes, ou seja, para os estudantes da manhã, as medidas foram efetuadas neste horário, para os do turno da tarde, durante a tarde e para o turno da noite durante a noite.

    Os dados foram analisados utilizando-se a estatística paramétrica, que possibilita uma leitura da realidade com base em números e comparativos de acordo com faixa etária, sexo e demais comparações.

Análise e discussão dos dados

    Dos cento e trinta e um alunos (131) investigados, sessenta e sete (67) são do sexo masculino e sessenta e quatro (64) do sexo feminino.

Quadro 1. Dados gerais de estudantes avaliados

    Conforme o apresentado pelo quadro 1, o número de meninas estudantes nos grupos investigados é inferior ao de meninos.

    Em sua obra, Pinheiro (2011) aponta alguns dados do Censo 2010, que constatou que há 3.941.819 de mulheres a mais do que homens no Brasil - 97.348.809 do sexo feminino contra 93.406.990 do sexo masculino (95,9 homens para cada 100 mulheres). Os números representam um aumento da representação feminina em comparação com a década anterior. No Censo realizado em 2000, a relação era de 96,9 homens para cada 100 mulheres. Estatisticamente nascem mais homens do que mulheres. No entanto, o principal fator apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o fenômeno é a alta taxa de morte violenta no Brasil, que atinge predominantemente a população masculina. Sendo que a região Norte do País é a única que apresenta exceção ao quadro, sendo 101,8 homens para cada 100 mulheres. Em todos os Estados da região há mais homens do que mulheres. No Centro-Oeste, enquanto Mato Grosso tem maior representatividade masculina, em uma taxa de 104,3 homens para cada 100 mulheres - é o Estado que tem a maior diferença entre homens e mulheres do País -, o Distrito Federal tem 91,6 homens para cada 100 mulheres.

    Os dados gerais do IBGE acima nos mostram que o número de mulheres é superior que homens, porém contrastando com o padrão dos estados da região Sul do Brasil, dentre os estudantes avaliados na escola municipal e estadual do município de Paulo Bento o número de meninos estudantes avaliados é superior ao das meninas avaliadas. O maior número de meninos com relação ao de meninas poderia ser explicado em partes pelo motivo de repetência escolar, que acaba sendo superior nos meninos quando comparados com as meninas.

    Segundo Oliveira (2010), um dos fatores que talvez ajudem a explicar é que os meninos podem estar entrando no mercado de trabalho mais cedo do que as meninas. E as meninas tendem a levar a escola mais a sério. Alunos que já foram reprovados uma vez têm mais chances de reprovação em outro momento da vida escolar devido ao trauma da repetência anterior, a reprovação afeta a autoestima da criança, e muitas vezes a família a rotula de “burra”.

    Nas escolas os meninos tem mais afeição pelos jogos que se referem às competições, ao contrário das meninas que tem maior aptidão para assuntos que envolvam habilidades de linguagem e expressão corporal. Aliado a isso, nesta fase escolar, as meninas já começam a se tornar adolescentes, enquanto que os meninos ainda estão na fase de brincar, conseqüentemente levando seus estudos na brincadeira. Dessa forma vamos iniciar a análise dos dados referentes ao IMC das meninas avaliadas.

Quadro 2. Médias de IMC das meninas avaliadas

    Os dados apresentam que em Paulo Bento as meninas estudantes possuem baixo peso. Observamos que o IMC está mais elevado nas meninas com idade de 17 anos, porém, dentro da tabela de classificação para o IMC encontram-se na faixa de peso recomendável. A menor média de IMC foi encontrada nas meninas com idade de 11 anos, apresentando índice de 15,8, o que dentro da tabela de classificação fica na faixa de baixo peso apresentando risco de baixo a moderado para a saúde. Ficamos um tanto que preocupados com a relação deste baixo peso e o possível desenvolvimento físico das meninas com essa idade.

    A variação de média de IMC de uma idade para outra foi muito baixa. Com exceção das meninas com 17 anos de idade, que encontram-se na faixa recomendável apresentando baixo risco para a saúde, todas as outras meninas encontram-se em uma faixa de classificação abaixo, ou seja, indica baixo peso e apresentando risco para a saúde de baixo a moderado.

    Com relação ao IMC das meninas com idade de 17 anos ter sido o mais elevado de todos, uma possível explicação seria pelo fato de que nessa faixa etária já ocorreu a fase da puberdade e teoricamente o corpo, com a ação dos hormônios que estão em níveis elevados, teve acelerado o desenvolvimento e crescimento físico.

    Os dados que vamos apresentar a seguir podem ter seu conteúdo duvidoso pela falta de caráter científico, porém, nos fizeram refletir. A informação retirada de uma reportagem da revista Identidade Nutri, chamou a atenção. Durante a adolescência, especialmente na puberdade, ocorre acentuado crescimento físico, período em que há o aumento de 50% do peso e 15% da estatura final do adulto. O crescimento acelerado, acompanhado pelo desenvolvimento psicossocial e estimulação cognitiva intensa, torna as necessidades de energia e nutrientes elevadas, sendo estas atendidas inadequadamente na maioria das vezes. É nesta faixa etária que as crianças e adolescentes se sentem rejeitados pelos adultos, podendo desencadear problemas psicológicos como a depressão e a anorexia. Logicamente, esse fator torna-se mais acentuado em casos de sobrepeso e obesidade.

    Mas como a obesidade também é favorecida pelas mudanças nos hábitos alimentares das pessoas, o corre-corre do dia a dia é um fator que está cada vez mais favorecendo o desenvolvimento de distúrbios ligados ao peso corporal em jovens e adultos. O quadro abaixo mostra o percentual da classificação do IMC entre as meninas avaliadas.

Quadro 3. Classificação do IMC das meninas

    Segundo Lemos (2010), classifica-se como baixo peso a pessoa que tem um Índice de Massa Corporal (IMC) abaixo de 18,5. As causas são muito variadas, podendo ser decorrentes de doenças crônicas debilitantes, herança genética e anorexia. Quando decorrente de doenças, o diagnóstico correto e o tratamento específico, realizados pelo médico, geralmente restabelecem o peso normal. Contudo, quando tem motivos genéticos, o ganho de peso pode ser extremamente difícil. O acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, composta por nutricionista, educador físico e médico, gera melhores resultados. Deve-se ressaltar que quando se fala em ganho de peso em quem é magro, objetiva-se na verdade um aumento da massa muscular e não de gordura, pois a meta é sempre uma melhora do estado de saúde. O risco de ser excessivamente magro ocorre por uma deficiência do sistema imunológico, que predispõe ao surgimento de infecções, agravos respiratórios e até mesmo depressão. O tratamento, portanto, deve envolver uma mudança no padrão alimentar, que deve ser orientada de maneira específica para cada pessoa.

    Sabemos que uma alimentação saudável é fundamental para uma saúde adequada, mas não podemos exagerar em dietas para ter um corpo magro, pois as vitaminas encontradas em cada alimento são diferentes e nós seres humanos precisamos de todas estas vitaminas para termos uma saúde adequada e uma vida adulta com menores preocupações de doenças geradas pela má alimentação.

    O peso corporal de um indivíduo pode até mesmo ser influenciado por um componente genético, ou até mesmo pela freqüência de atividades físicas praticadas diariamente. Mas vimos em nossa pesquisa que as crianças e adolescentes avaliados, são aparentemente pessoas saudáveis e não demonstram casos de doenças em relação a seu peso corporal, pois nem sempre uma pessoa magra é motivo de doença. Em conversa informal, questionando às meninas se estavam satisfeitas com seu peso, a maioria respondeu que sim e pretendem manter o peso corporal da maneira como está. Dessa forma podemos presumir que as mesmas estão felizes com seu corpo.

    Após a análise dos dados das meninas, observaremos a análise dos dados referentes aos meninos. O quadro abaixo nos mostra a avaliação média dos meninos em relação a seu IMC.

Quadro 4. Médias de IMC dos meninos avaliados

    Os dados encontrados apresentam que os meninos estudantes não possuem níveis de sobrepeso ou obesidade. Observamos que o IMC está mais elevado nos meninos com idade de 14 anos, ficando em 22,9, porém ainda dentro da faixa recomendável de peso e baixo risco para a saúde. A menor média de IMC foi encontrada nos meninos com idade de 17 anos, ou seja, 16,0, o que sugere um baixo peso e risco baixo a moderado para a saúde. A variação de média de IMC de uma idade para outra não foi muito significativa, haja vista que todos encontram-se com o IMC nas classificações de baixo peso ou de peso recomendável.

    Porém, dentre os meninos avaliados encontramos um individuo com 13 anos de idade com IMC de 40,1. Este dado é de imensa preocupação, pois o mesmo encontra-se numa faixa classificatória de obesidade III. Como já abordado neste mesmo estudo e debatido imensamente pela literatura, um indivíduo obeso na infância e adolescência possui grandes possibilidades de se tornar um adulto obeso e conseqüentemente ser acometido pelos males causados pela obesidade.

    Barreto, citando a OMS, descreve que:

    A adolescência compreende o período da vida entre 10 e19 anos de idade e é caracterizada por inúmeras alterações físicas, psicológicas e sociais. Esta etapa da vida inicia-se com a puberdade, momento em que os meninos e as meninas transformam-se em adultos sexualmente ativos. A puberdade masculina e a feminina são similares, mas não idênticas, envolvendo transformações e resultados próprios do gênero. O estirão feminino coincide com o início da puberdade, ao passo que o masculino é mais tardio, iniciando no meio da puberdade, ocasionando um atraso médio de dois anos no início do estirão dos meninos (2008, p. 04).

    Sabemos que os meninos nesta faixa etária possuem um ritmo acelerado no desenvolvimento de sua estatura e massa corporal (peso), este ritmo desacelera com o decorrer da idade de cada um, ou seja, até imediatamente antes do inicio do estirão do crescimento.

    Apesar do processo natural do crescimento citado anteriormente, a alimentação diária e até mesmo a escolar pode ser considerada como um possível problema desencadeador de sobrepeso e obesidade. Caputo e Silva afirmam que:

    A obesidade é um problema epidemiológico de proporção mundial. Inatividade física associada com má alimentação e fatores genéticos configuram-se como os principais fatores associados para o ganho excessivo de gordura durante o crescimento em crianças e adolescentes. Adicionalmente, comportamentos como o uso de equipamentos eletrônicos e o tempo despendido em frente da televisão estão relacionados ao ganho de peso corporal. A obesidade infantil se torna preocupante, posto que crianças e adolescentes obesos possuem maior risco de se tornarem adultos obesos. Complicações articulares, cardiovasculares e psicossociais, estão associadas ao excesso de peso corporal, assim como uma taxa de mortalidade aumentada (2009, p. 06).

    O ambiente escolar possui um papel importantíssimo nos hábitos alimentares e na prática de atividades físicas de uma criança, pois a maioria delas passam boa parte de seu tempo na escola. Sendo assim a escola deve promover programas especiais para as crianças e adolescentes, proporcionando atividades e exercícios físicos prazerosos, estimulando a prática fora do contexto escolar e auxiliando no combate do sedentarismo. Pois, como descrito anteriormente, as crianças e adolescentes passam muito tempo em frente à televisão e computadores, e que fazem mal a saúde dos mesmos, aumentando consideravelmente a possibilidade de tornarem-se adultos obesos.

    Dessa forma, sendo a escola um local de desenvolvimento de hábitos saudáveis e corretos, quando falamos em programas de exercícios e atividades físicas, o professor de educação física tem papel importante na motivação para a prática regular e sistemática de atividades físicas, preferencialmente prazerosas e que estimulem o gasto calórico.

    O quadro seguinte nos mostra a classificação do IMC dos meninos, vamos analisar estes resultados.

Quadro 5. Classificação do IMC dos meninos

    Os dados obtidos acima nos mostra que a maioria dos meninos estão com seus pesos num padrão recomendado, apesar de alguns apresentarem peso acima do sugerido. Quando questionados sobre o motivo do excesso de peso, os dois classificados acima do peso relataram que passam a maior parte do tempo em frente ao computador e televisão, tendo uma vida sedentária e com alimentação considerada inadequada, consumindo muito refrigerante, frituras e excesso de salgadinhos.

    Segundo Nahas (1999), o excesso de gordura corporal é uma das maiores preocupações dos países industrializados e mais do que uma questão de estética se trata de uma questão de saúde pública, reconhecida como uma doença e uma epidemia de grandes proporções.

    Para Bouchard (2003), os indivíduos com sobrepeso sofrem com preconceito, principalmente nesta faixa etária, mas o agravante maior, segundo o autor, está no comprometimento da saúde que o excesso de peso atribui à vida da pessoa.

    A grande parte das crianças e adolescentes de hoje estão mais obesos, por falta de cuidados na alimentação e nas atividades físicas, sendo uma das grandes preocupações do século XXI. Podemos complementar citando Lima (1998), que afirma que a medida que a tecnologia propicia o aumento e a diversificação dos alimentos, a mesma contribui decisivamente para o agravamento da saúde da população, pois as inovações tecnológicas facilitam a vida do homem e inibem seu gasto de calorias através do esforço físico.

    O IBGE (2010) revela que o problema do sobrepeso está diretamente ligado a renda familiar. Ocorre em maior proporção em rapazes de maior renda num percentual de 34,5%, enquanto que em rapazes de menor renda o percentual fica bem abaixo, totalizando 11,5%.

    Podemos dizer que o Brasil está se tornando um país com grande número de obesos. A tecnologia anda a passos largos, indústrias oferecem todos os tipos de alimentação, e as pessoas em geral preferem comprar alimentos prontos ou comer em restaurantes ou fast food, ou seja, deixando-se levar pela industrialização, prejudicando a própria saúde, se matando aos poucos. Hoje um dos grandes desafios no Brasil é a redução da obesidade, atuando na melhora da alimentação e no combate ao sedentarismo, até mesmo para manter a saúde adequada e diminuir os gastos com medicação e tratamentos médicos.

    Para Monteiro (1989), parte dos problemas de saúde e nutrição estão diretamente relacionados ao padrão de vida da população, destacando o acesso em demasia ou falta de alimentação, educação, moradia, assistência à saúde, saneamento básico, entre outros.

    Segundo Wehebrink (2011), estudos indicam que aspectos relacionados aos hábitos alimentares estão ligados há alguns distúrbios como hábitos de não tomar café da manhã, ingerir variedade limitada de alimentos, jantar consumindo grande quantidade de calorias, consumir em excesso líquidos calóricos. Estes e outros hábitos são prejudiciais e indutores para o baixo peso, ou obesidade.

    Conforme o IBGE (2010), a obesidade é mais grave nas áreas urbanas onde 19,5% dos adolescentes se enquadram nesta realidade, já nas áreas rurais este percentual é de 11,4%. O problema é maior na região Sul, onde a obesidade atinge 23,6% na zona urbana e 22,0% dos adolescentes da zona rural.

Quadro 6. Média geral de idade e IMC entre meninos e meninas

    Sabemos que há uma grande diferença entre meninos e meninas, principalmente na etapa escolar, onde se diferem muito em relação à maturidade um do outro, os relacionamentos, interesses, gostos, formas de socialização, de reagir diante de idênticos estímulos, maneiras de brincar, afetividade, comportamento e peso, entre outras tantas coisas que são bem visíveis na idade escolar.

    Para Fernandes (2010), o dado anterior sugere que necessitamos determinar diferentes formas de aprendizagem, exigindo aplicação de métodos e técnicas pedagógicas diferentes para meninos e para meninas. A velocidade de maturação, cerebral e física é distinta. As meninas amadurecem antes. Nas meninas a parte do cérebro destinada às habilidades lingüísticas, o hemisfério esquerdo, desde os seis meses de idade já mostra mais atividade elétrica quando escutam sons lingüísticos. Quando começam a falar articulam melhor as palavras, criam frases mais longas e complexas, falam mais e com maior fluidez. E, ao contrário dos meninos, encontram mais facilidade para escrever durante os primeiros anos escolares. Os meninos requerem uma atenção diferenciada para sua compreensão leitora. O desenvolvimento corporal (e o psíquico) das meninas é de 2 anos antes dos meninos. Na puberdade os meninos vivem “dominados” pelas meninas. Eles, em geral, reagem com excessos de violência, dificultando a convivência em sala de aula. Os meninos tímidos retraem-se, isolando-se em suas relações com as meninas.

    Segundo Cruz (2012), a compreensão sobre as diferenças corporais e sexuais, culturalmente se cria na sociedade, da mesma forma que idéias e valores sobre o que é ser homem ou mulher. Esta diferenciação se denomina representações de gênero. Desse modo, as questões de gênero encontram-se diretamente relacionada à forma como as pessoas concebem os diferentes papéis sociais e comportamentais relacionados aos homens e às mulheres, estabelecendo padrões fixos daquilo que é “próprio” para o feminino bem como para o masculino, de forma a reproduzir regras como se fosse um comportamento natural do ser humano, originando condutas e modos únicos de se viver sua natureza sexual. Isso significa que as questões de gênero têm ligação direta com a disposição social de valores, desejos e comportamentos no que tange à sexualidade.

    Podemos dizer que a escola tem um papel fundamental na destruição destas diferenças entre meninos e meninas, além de ser um importante instrumento para a compreensão destes estudantes sobre os valores e atitudes de cada um, permitindo um olhar mais crítico e reflexivo sobre as identidades de cada um, ao invés de ser um lugar de práticas de desigualdades e de produção de preconceitos e discriminações. Louro destaca que:

    Diferenças, distinções, desigualdades... A escola entende disso. Na verdade, a escola produz isso. Desde seus inícios, a instituição escolar exerceu uma ação distintiva. Ela se incumbiu de separar os sujeitos — tornando aqueles que nela entravam distintos dos outros, os que a ela não tinham acesso. Ela dividiu também, internamente, os que lá estavam, através de múltiplos mecanismos de classificação, ordenamento, hierarquização (1997, p. 57).

    Sendo assim a diferença de comportamento de cada sexo, talvez, seja estimulado pelo ambiente escolar, fazendo com que os alunos se identifiquem como são aceitando um ao outro, sem julgar o outro por ser menino ou menina. Existe também certo preconceito em relação a obesidade, quando um aluno na escola é “gordo”, ele vira motivo de gozação dos colegas, ele acaba tendo vergonha de si mesmo. Como conseqüência algumas crianças não querem mais ir para a escola, pelo motivo dos colegas chamarem de gordinho dentre outros apelidos muito piores.

    A obesidade é um dos problemas de saúde que mais tem apresentando aumento em seus números, todo um sistema de vida inadequado favorece este tipo de acontecimento, são estes: sedentarismo, hábitos familiares inadequados, alimentação insatisfatória, velocidade de refeição, os lanches desequilibrados e consumo de doces e guloseimas. No Brasil, por exemplo, a obesidade infantil e posteriormente na adolescência cresceu nada menos do que 240% nos últimos 20 anos. A obesidade na adolescência vem aumentando nos últimos anos, atingindo índices de 10,6% nas meninas e 4,8% nos meninos, sendo que na região Sul do País os índices de prevalência chegam a 13,9%. A detecção de alterações na composição corporal durante a infância é importante, por permitir uma intervenção precoce e prevenir as complicações da obesidade. As modificações nos padrões alimentar e de atividade física, em geral, são mais aceitas pelas crianças e os hábitos alimentares são fixados neste período. 

Considerações finais

    A pesquisa realizada nos mostra que dentre os alunos das escolas Municipal e Estadual do Município de Paulo Bento, com idade entre 10 e 17 anos, a maioria não possui índices de sobrepeso e obesidade, apesar de existirem estudantes com esse problema. Porém, a grande maioria dos alunos tanto do sexo masculino quanto feminino estão com seus pesos recomendados para uma vida saudável e bom desenvolvimento físico. Tal situação pode ter como contribuintes menor nível socioeconômico, atividades contínuas e intensas que consomem maior energia, como atividades relacionadas à vida no campo, por se tratar de cidade de interior e hábitos alimentares mais saudáveis.

    Vale lembrar que a obesidade é considerada uma doença crônica que provoca ou acelera o desenvolvimento de inúmeras doenças e que causa a morte precoce de um significativo percentual de indivíduos. O indivíduo obeso tem comprometimento da sua qualidade de vida em todos os aspectos.

    De posse dos resultados e do que dizem os estudos já feitos sobre o tema, podemos recomendar que a escola deve contribuir, incentivando e promovendo pesquisas sobre o assunto bem como atividades físicas, para ter suporte na promoção de discussões com a comunidade escolar e saber educar para uma vida mais saudável.

    Recomendamos assim a importância e relevância de um maior número de pesquisas e palestras desta natureza para a melhoria da saúde, no presente e no futuro, não somente com os alunos, mas com seus familiares também e quem sabe com a população em geral. É importante que se incentive as pessoas a praticarem exercícios físicos e consumirem alimentos saudáveis; hábitos fundamentais para o controle do peso e diminuição dos níveis de sobrepeso e obesidade, e conseqüentemente diminuição do risco e associações a doenças.

    Podemos dizer que após a avaliação de todos os grupos de alunos tanto da área urbana, quanto na área rural, consideramos que na área urbana os níveis de peso tendem a ser maior, bem como em famílias com nível socioeconômico mais elevado.

    Devido a estes e outros fatores que influenciam a obesidade e o sobrepeso em crianças e adolescentes, chegamos a uma determinada conclusão de que tais fatores podem ser trabalhados nas escolas, para depois os pais, vendo os resultados de melhoras para seus filhos comecem a implantar em suas casas com seus filhos o ensinado pela escola, seja desenvolvendo atividades físicas ou mesmo mudando hábitos alimentares educando-os para toda a vida e evitando complicações maiores no passar dos anos e até prolongando os anos de vida.

    Sabemos que com a correria do dia a dia, muitas vezes esquecemos dos hábitos saudáveis, como a alimentação e atividade física e até mesmo de ensinar aos mais novos isto também, porém sabemos que são essenciais para uma boa qualidade de vida. É necessário que a atividade física faça parte da nossa vida cotidiana, como escovar os dentes, tomar banho e até mesmo comer.

    Precisamos tratar a educação física como uma disciplina tão importante quanto as outras, tirar o rótulo de uma aula de brincadeira e sim de uma aula educativa para o bem estar físico e mental do ser humano.

Referencias bibliográficas

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