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O estagio supervisionado do curso de Educação Física
do Instituto Federal do Ceará (IFCE): um relato
de experiência no Ensino Fundamental II

Las pasantías supervisadas del curso de Educación Física del Instituto
Federal de Ceará (IFCE): un relato de la experiencia en Escuela Primaria II

 

*Graduando do curso de Licenciatura em Educação Física do Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Juazeiro do Norte

** Professora Mestranda do curso de Licenciatura em Educação Física do Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – Campus Juazeiro do Norte

Antonny Viana dos Santos*

Nilene Matos Trigueiro**

antonnyviana@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O Estágio Supervisionado pode ser considerado como o primeiro momento onde o graduando se depara com a realidade que possivelmente irá enfrentar mais à frente na sua vida profissional, trazendo à tona todas às dificuldades dos mesmos em unirem a prática com a teoria, vivenciando “o diferente, o novo e o difícil”. O Estágio Supervisionado II do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) foi realizado em uma escola da rede particular localizada na Zona Urbana da cidade de Crato-CE tendo como objetivo de fornecer ao universitário um conjunto de experiências sob orientação docente no âmbito do ensino possibilitando um conhecimento de diversas possibilidades de propostas curriculares a partir da aplicação e adequação dos conhecimentos teórico-metodológicos da cultura corporal e esportiva no âmbito do Ensino Fundamental II, tendo em vista seu processo de formação profissional. Neste sentido, destaca-se a forma como os conteúdos foram apresentados e vivenciados pelo estudante que demonstrou um esforço em desenvolver um olhar crítico sobre as crianças proporcionar aos estudantes conhecimentos que lhes são negligenciados em muitas das vezes nas aulas de Educação Física escolar. Esta experiência foi de grande importância para todos os estudantes de Educação Física que participaram da mesma, pois ajudou a conhecer a realidade da organização do trabalho pedagógico da Escola e do componente curricular Educação Física escolar, além de contribuir na formação humana e profissional dos acadêmicos.

          Unitermos: IFCE. Estágio supervisionado. Educação Física. Ensino Fundamental II.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A formação do profissional nas áreas da Licenciatura costuma ser uma tarefa complexa, pois a mesma procura uma formação solida para que o professor consiga responder três perguntas básicas ao final do seu curso: “O que ensinar?”; “Porque ensinar?”; “Para quem ensinar?”; “Como ensinar?”. Dessa forma, o Estágio Supervisionado é o momento onde o futuro professor tem as suas primeiras vivências na Educação Básica. Aonde ele sofre seus primeiros impactos com a possível realidade que ele irá conviver, a qual muitas vezes, costuma diferenciar em alguns aspectos, da forma como o mesmo acostumou-se a ler em alguns livros. Gonçalves Junior e Ramos (1998) reforçam essa ideia dizendo essa vivência acaba por trazer a tona todas às dificuldades dos mesmos em unirem a prática com a teoria, vivenciando “o diferente, o novo e o difícil”.

    O Art. 10 § 2º do Parecer CNE/CES 274/2011 aprovado em 06 de Julho de 2011 reforça tudo que foi dito anteriormente afirmando que o Estágio é um momento de vivência e consolidação de todas as competências que são exigidas para o exercício acadêmico/profissional sendo sempre supervisionado por um profissional habilitado e qualificado.

    Essa prática é tida como obrigatória no curso de Formação de Professores, obrigando a todos os graduandos na área possuírem 400 horas de Estágio Supervisionado como Componente Curricular iniciando a partir da segunda metade do seu curso (BRASIL, 2002). Esse exercício constante de reflexão e ação, mediado pelas discussões em sala de aula e alimentado pelos registros dos trabalhos realizados em campo, acabam incentivando os alunos para que tentem ousar, experimentando outras possibilidades de ação diferentes das hegemônicas. (AYOUB, 2005, p. 144)

    Essas informações condizem com Pereira et al (2011 p. 02) quando a mesma afirma que o estágio supervisionado é uma atividade estratégica para o analise crítica da realidade assim como serve de instrumento de articulação entre ensino-pesquisa-extensão no campo da formação docente. A mesma norteia princípios como o desenvolvimento pleno do educando, a formação cultural e ética para o exercício da cidadania, a inserção crítica do profissional e a qualificação para o trabalho que possibilite criticar, inovar, bem como lidar com a diversidade.

    Assim, o Estágio Supervisionado II do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) possuiu o objetivo de fornecer ao universitário um conjunto de experiências sob orientação docente no âmbito do ensino possibilitando um conhecimento de diversas possibilidades de propostas curriculares a partir da aplicação e adequação dos conhecimentos teórico-metodológicos da cultura corporal e esportiva no âmbito do Ensino Fundamental II, tendo em vista seu processo de formação profissional.

    O presente trabalho se constitui em um relato de experiência do acadêmico no Estagio Supervisionado II do Ensino Fundamental em uma escola da rede particular localizada na Zona Urbana da cidade de Crato-CE. Porém, mesmo pertencendo a uma classe mais elevada da sociedade Cratense, o bairro onde a escola se situa possui muitas famílias de baixa renda, podendo observar a situação através das casas que se situam ao redor do colégio.

    Com o passar dos tempos, o acesso à educação de qualidade foi facilitado pelo governo, sendo necessário enfatizar que ainda falta muito para chegar à democratização que todos esperam. Mesmo assim, o antigo criado e organizado para atender as necessidades de uma minoria, vem sendo substituído por um novo sistema de ensino, relativamente aberto no plano formal e, pelo menos tendencialmente, acessível à maioria da população. (BEISIEGEL, 1986, p. 383 apud OLIVEIRA 2007).

    Porém, quando se trata das aulas de Educação Física, a mesma ainda está muito presa a um método antiquado e questionado da mesma. Uma aula mais voltada a Aptidão Física e Saúde. Vemos também, uma aula voltada à prática esportiva, priorizando conteúdos fundamentados somente na questão biológica levando o aluno a buscar “[...] uma situação social privilegiada na sociedade competitiva e de livre concorrência: a capitalista [...]” inibindo as questões pedagógicas do ensino-aprendizagem e até mesmo os elementos voltados para a humanização perdendo espaço em seu conteúdo curricular. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 24)

    Muitas crianças dessa escola ainda não tiveram contato com uma Educação Física voltado a Cultura Corporal, sendo esse o principal motivo da escolha. A prática perdurou todo o mês de Março e parte do início do mês de Abril de 2013. A faixa etária selecionada significa uma peça fundamental para a formação adulta do ser, pois é nessa fase onde o mesmo começa a desenvolver o potencial do seu poder cognitivo e motor, recebendo assim uma atenção especial de vários pesquisadores das áreas da Educação, assim como também da Educação Física, para essa faixa etária. Essa preocupação em especial, também esta ligada as questões a vários problemas que estão encravados a este nível de ensino, mas que estão longe de ser solucionados.

    Levando em consideração a forma como se é trabalhada a cultura corporal na escola, a criança pode apropriar-se do conhecimento ajustando-o da forma que a interesse, produzindo conceitos sobre a sociedade e desenvolvendo um “sentido pessoal” que se dá após correlacionar com suas experiências e realidades. “Por essas considerações podemos dizer que os temas da cultura corporal, tratados na escola, expressam um sentido significado onde se interpenetram, dialeticamente, a intencionalidade/objetivos do homem e as intenções objetivas da sociedade.” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 42).

    Nesta perspectiva, a Educação Física enquanto componente curricular se apropria do esporte como uma ferramenta, onde seu objetivo central não será promover o desenvolver físico do aluno. Com a utilização da abordagem crítico-superadora, os alunos começam a conhecer e desenvolver uma reflexão crítica sobre o que aquele conhecimento irá ajudar na construção de um conceito, que posteriormente promova uma ação e por fim uma solução. Assim, os esportes coletivos podem predominar no segundo e terceiro ciclos de escolarização do seguinte Estágio Supervisionado, de forma onde as habilidades corporais devem contemplar desafios mais complexos levando o aluno ao questionamento do porque e qual o sentido de tal movimento. Porém, essas habilidades corporais devem ser utilizadas ferramenta para o verdadeiro propósito da aula que é descobrir desde como um simples fundamento auxilia no desenvolvimento de um jogo até um questionamento sobre valores sociais (individualismo, companheirismo) e como mundo esportivo influencia na sua vida.

    O seguinte Estágio Supervisionado II se utilizou dos Esportes Coletivos: Futebol e Basquetebol. As regras, táticas e técnicas, serão ser contextualizada considerando a realidade sociocultural em que está inserida. Assim, se aproveitará da abordagem Crítico-Superadora para que facilite o desenvolvimento de um pensamento crítico que possibilite o entendimento dos sentidos e o significado dos valores que inculca e as normas que o regulamentam dentro de nosso contexto sócio histórico. Também propõe olhar para as práticas constitutivas da cultura corporal produzidas pelo homem com vistas a atender determinadas necessidades sociais (OLIVEIRA, 1997, p.25).

    Também será oferecida a oportunidade ao aluno de ver o mundo esportivo por trás das cortinas, observando os valores políticos, econômicos e sociais que envolvem todo um “espetáculo”. Nesta perspectiva, o aluno poderá relacionar com a sua vida, analisando criticamente e como um agente transformador, o que se pode retirar de bom e de ruim daquilo, percebendo que a sua forma de pensar e reelaborar novas formas de usufruir algo é bem mais eficiente que se apropriar de algo para enfrentar os problemas.

2.     A experiência na disciplina de estagio supervisionado II: conhecendo a realidade escolar

    Antes de tudo, é necessário enfatizar as características da localidade do colégio. O bairro onde a escola se situa possui muitas famílias de baixa renda, podendo observar a situação através das residências que se situam ao redor. A instituição oferece os níveis de Ensino Infantil, Fundamental I e Fundamental II com o corpo docente formado por professores que ainda estão em seus respectivos cursos de graduação sendo que na sua maioria, lecionam disciplinas que muito diferenciam do que aprendem na sua graduação. Existem casos onde os professores que lecionam não são formados e em outros, não estão incluídos na área da licenciatura.

    Possui ótima infraestrutura, deixando a desejar somente no local destinado ao local destinado a quadra, pois o mesmo ainda não está concluído. Os materiais fornecidos pela escola para o desenvolvimento de atividades em todas as disciplinas possuem excelentes condições.

    Poucas informações foram retiradas do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola. Esse documento descreve as normas que tanto escola e comunidade devem seguir para facilitar o alcance do objetivo da escola: “efetivar o ensino e a aprendizagem, através de recursos pedagógicos, financeiros e administrativos, qualificando todo o corpo discente desta unidade escolar visando o ensino eficaz”.

    Porém, observando as informações acima repassadas e contrastando com as informações exposta no parágrafo anterior, há um confrontação. De um lado, o PPP da escola afirma buscar a qualificação dos alunos através de um ensino eficaz e na prática tudo o que foi descrito no documento é contradito, pois analisando de forma superficial esse contexto, acredita-se que quanto a transmissão de conhecimento por parte dos professores, ela poderá ser bem sucedida, porém, a falta de um curso de Licenciatura na formação do professor, poderá interferir na forma de avaliação adotada pelo mesmo, se apoiando somente nas formas quantitativas. Acredito que isso afeta a forma de pensar dos alunos e pais da comunidade, pois o mesmo começa a acreditar que só as notas poderão definir o seu nível de inteligência, como também o seu nível de maturidade.

3.     O estagio supervisionado de Educação Física no ensino fundamental: primeiras aproximações

    A escola possui duas professoras de Educação Física onde uma fica responsável pelo Ensino Infantil e boa parte do Fundamental I (até o 4º ano) e a outra fica responsável por parte do Fundamental I e todo Fundamental II (5º a 9º ano). Não existe divisão entre as turmas, porém a quantidade de alunos em algumas é de seis a sete alunos. A Educação Física do Ensino Fundamental II costumam possuir duas aulas (normalmente costumam ser uma teórica e outra prática). Os alunos possuem uniforme específico para as aulas de Educação Física e são optativos o seu uso.

    O conteúdo das aulas de Educação Física durante a observação foi voltado à “alimentação” nas aulas teóricas, se utilizando da abordagem Aptidão Física e Saúde. As aulas práticas eram realizadas brincadeiras, porém, pelo tempo disponível, não conseguiu realizar uma observação minuciosa sobre a aula pratica. Porem, o pouco observado ajudou a definir qual abordagem era utilizada: Construtivista.

    Os alunos demonstraram participar ativamente das aulas, pois era um momento de avaliação, onde a mesma valia uma parcial importante para a nota mensal dos mesmos, sendo retirados pontos de alunos que não cooperassem com seus colegas no desenvolvimento das atividades. Além disso, a utilização de duas abordagens e a ausência da ênfase de uma relação sobre o assunto abordado na teoria e na prática resulta em uma aula sem significado para o aluno, tornando as mesmas em algo sem sentido para os alunos.

4.     A prática de ensino no estagio supervisionado II

4.1.     Quanto à seleção dos conteúdos e das turmas

    Segundo a LDB 9.394/96, art. 32 afirma que os objetivos do Ensino Fundamental será o desenvolvimento da formação básica do aluno. Essa formação é destacada através dos seguintes Incisos da lei:

  1. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

  2. A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

  3. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

  4. O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

    Através da Educação Física na escola, pode-se promover ao aluno, um aprendizado significativo que englobe todos os objetivos da lei citada acima assim como possibilitar a prática na formação de cidadãos autônomos, participativos e críticos. Para isso, utilizou-se de conteúdos até hoje utilizados de forma tradicionalista, porem procurou analisar todo o seu conceito histórico-social relacionado, de forma crítica, à questão da cultura corporal.

    Portanto, os conteúdos “Basquetebol” e “Futebol” foram selecionados, pois os mesmos ainda estão “encravados” na cultura corporal da sociedade, não de uma forma crítica, mas sim alienada, através de diversos fatores extrínsecos (mídia, amigos). Os conteúdos foram aplicados levando em consideração a quantidade de alunos na turma e a forma como poderia ser aproveitado de acordo com o nível cognitivo dos alunos, ficando dividido da seguinte forma: 6º e 7º ano – Basquetebol; 8º e 9º ano – Futebol.

Os conteúdos selecionados buscam desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que a partir do que o homem produziu durante sua história, sempre levando em conta a expressão corporal e que são identificados como “representação simbólica das realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 26).

    Para isso, observou-se o esporte desde os seus primórdios analisando como a Revolução Industrial do século XVIII na Inglaterra desencadeou uma série de mudanças na maneira de pensar das pessoas, fazendo com que todos os países procuravam criar uma identidade própria. O esporte moderno, que surgiu nessa época, não ficou de fora dessas mudanças. Todos os países procuravam uma identidade nacional, algo que “realmente fosse deles”. Dessa forma, surgiram vários esportes com características “próprias” de cada país, seja ela política, social ou econômica.

    Consequentemente, os alunos iriam conhecer a origem e a evolução e ao chegar à atualidade onde começariam a entender como a mídia influência na uma cultura corporal “específica” para as práticas esportivas até chegar às questões sócio-políticas que envolvem os mesmos.

4.2.     Quanto às intervenções práticas e a forma como foram avaliadas

    Em todas as salas, o primeiro momento da aula era reservado para expor o conteúdo proposto para a realização do estágio explicando aos mesmos que as aulas não seriam dedicadas somente a prática: iria haver um momento teórico e outro prático todos os dias, onde cada momento duraria uma aula. Esse momento chamou atenção, pois mesmo sendo exposta a forma como seriam ministradas as aulas, boa parte dos alunos em todas as salas não ficaram só perguntando se iriam haver aulas práticas, com exceção do 7º ano, turma essa a qual teve mais dificuldade.

    Sempre foi explicada a importância da leitura, informando aos alunos que seriam discutidos textos na forma de debate durante o momento teórico além da apreciação de vídeos (alternativa essa que foi colocada em prática com o decorrer das aulas, pois se sentiu a necessidade da aplicação de novas formas de chamar a atenção para o conteúdo) e nas aulas práticas analisariam todos os conteúdos debatidos em sala de uma forma onde conseguisse correlacionar com fatores que envolvessem seu contexto social, compreendendo que o desenvolvimento do mundo se dar a partir, primeiramente, do pensamento crítico dos mesmos.

    O Método de Resolução de Problemas foi usado dependendo a partir da situação passada para o aluno, onde o mesmo identificava um problema que necessitava ser resolvido a partir da reflexão investigando através de leituras e vivências de como ocorria e/ou ocorre à prática de acordo com as regras do momento. Nesse momento, o método Global em forma de jogo foi utilizado para auxiliar na vivência dos alunos durante as aulas praticas, e que os mesmos pudessem vivenciar o esporte em questão através da prática da modalidade como um todo. Isto é, partindo do princípio de que se aprende um esporte através do próprio jogo. (TENROLLER & MERINO, 2006, p.23) No entanto, sempre procurou fazer com que a utilização desse método nunca sobressaísse sobre o Método de Resolução de Problemas, pois e a partir dele que o professor irá realizar algumas intervenções no jogo proposto, na medida em que for necessário, para questionar com os alunos se a atividade está ocorrendo de maneira onde todos possam participar de maneira igualitária.

    Esse questionamento sempre era mediado pelo professor através das indagações e afirmações dos alunos, conduzindo o dialogo para que os mesmo entendam como o jogo é atualmente, levando em consideração quais mudanças trouxeram benefícios (ou não) para o desenvolvimento do mesmo. O aluno também era conduzido a refletir sobre os valores políticos, capitalistas e sociais que influenciaram na mudança do mesmo.

    Durante as primeiras aulas, se possuía um sentimento segurança para com todas as turmas, pois o conhecimento da personalidade de cada uma a qual iria dar aula vinha de um curto espaço de tempo ao qual tinha sido realizado um trabalho anterior a esse com os mesmos. Porém, ao ter o primeiro contato com a turma, surpreendeu-se com algumas turmas, pois estavam mais agitadas e outras mais tranquilas comparando com as aulas observadas. Acreditou-se que o problema se daria porque naquele momento, os alunos imaginavam que as aulas seriam mais voltadas há um “jogo sem sentido”, pois além de estarem acostumados com o conteúdo visto dessa forma, poderia ser predito que a aula analisada anteriormente estava valendo nota e esse seria o motivo do bom comportamento dos alunos.

    Com o passar das aulas, observou-se a compreensão de como ocorreu todo processo histórico, técnico e tático para a prática dos esportes propostos nos dias atuais, sempre identificando e relacionando aos valores sociais e culturais adquiriam por imposição da sociedade moderna e como as questões políticas se envolviam nesse contexto. Logo se identificaram, tanto através das aulas teóricas e práticas, os fatores extrínsecos ao esporte que influenciam direta ou indiretamente à sua prática.

    Bratifische (2008, p. 24) afirma que a escola é um lugar de transformação, e, para que ocorram as transformações, é necessário estimular a criatividade do aluno e oportunizar a liberdade de expressão. Dessa forma, os aspectos cognitivos e afetivos devem fazer parte de uma avaliação que visualize o aluno no seu todo, definindo um sistema de avaliação na área afetiva através de quais valores permeiam a prática da Educação Física e se utilizando da dialetização dos conceitos para a avaliação do aspecto cognitivo.

    Dessa forma, a avaliação era realizada durante todo o processo de ensino-aprendizagem, tanto de forma qualitativa quanto quantitativa, levando em consideração todas as áreas afetivas cognitivas e psicomotoras, pois de forma direta ou indireta, com o decorrer da aprendizagem de certo conteúdo, as mesmas se fundem evidenciando todos os valores e atitudes que o aluno adquira ao longo do tempo (BRATIFISCHE, 2008, p. 24).

    A avaliação do desenvolvimento das aulas também era realizada de forma sistemática, extraindo “tanto os elementos da avaliação formal como também os momentos avaliativos informais”, que podem ser exemplificado através das atitudes tomadas pelo professor no decorrer da aula em certas ocasiões. Os momentos formais podem ser descritos como quando o professor sintetizou certas informações para facilitar a sua interpretação, compreensão e explicação (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 80). A avaliação do aluno se dava de forma assistemática, questionamentos e sínteses verbais, pois irá avaliar o aluno como um todo, analisando o desenvolvimento de valores e atitudes a partir do conhecimento adquirido.

5.     Conclusão e considerações finais

    Durante a vida acadêmica, que muitos estudantes de Educação Física costumam adentrar em oportunidades de empregos que lhe colocam frente a frente com crianças de faixa etária semelhante da intervenção em questão. Sendo que na maioria desses casos, o mesmo não possui nenhuma experiência para trabalhar com esses indivíduos e acabando por utilizar de conhecimentos empíricos para criar e ministrar as atividades. Dessa forma, nota-se claramente que a importância da vivência sob orientação de alguém apto para essa função, onde essa pessoa irá indicar quais caminhos você pode seguir para concretizar o objetivo dentro da proposta e abordagem selecionada pelo mesmo.

    A utilização da Abordagem Crítico-Superadora obteve ótimos resultados, pois ao final da prática boa parte dos alunos começou a analisar não só os valores sociais que estavam intrínsecos ao Futebol e Basquetebol, mas sim todos os esportes em geral. Também conseguiram delimitar alguns fatores extrínsecos (políticos, econômicos) ao esporte que influenciam direta ou indiretamente à sua prática.

    Neste sentido, destaca-se a forma como os conteúdos foram apresentados e vivenciados pelo estudante da disciplina de Estágio Supervisionado II do IFCE, que demonstrou um esforço em desenvolver um olhar crítico sobre as crianças de um colégio na zona urbana da cidade de Crato-CE dentro e fora da escola, cujo objetivo foi proporcionar aos estudantes conhecimentos que lhes são negligenciados em muitas das vezes nas aulas de Educação Física escolar. Esta experiência foi de grande importância para todos os estudantes de Educação Física que participaram da mesma, pois ajudou a conhecer a realidade da organização do trabalho pedagógico da Escola e do componente curricular Educação Física escolar, além de contribuir na formação humana e profissional dos acadêmicos.

Referencias bibliográficas

  • AYOUB, Eliana. Narrando experiências com a educação física na educação infantil. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 26, n. 3, 2005.

  • BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

  • BRASIL. Resolução CNE/CP 2/2002, de 19 de Fevereiro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, 4 mar. 2002. Seção 1, p. 9. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CP022002.pdf. Acesso em: 17 mai. 2013.

  • BRASIL. Parecer CNE/CES nº 274/2011, de 6 de Julho de 2011. Indicação referente à revisão do texto das Diretrizes Curriculares Nacionais para curso de Graduação em Educação Física. Ministério da Educação / Conselho Nacional de Educação, Brasília, DF, 6 jul. 2011. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=8772&Itemid=. Acesso em: 17 mai. 2013.

  • BRATIFISCHE, Sandra Aparecida. Avaliação em Educação Física: um desafio. Revista da Educação Física/UEM, v. 14, n. 2, p. 21-31, 2008.

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

  • GONÇALVES JUNIOR, Luiz; RAMOS, Glauco Nunes Souto. A prática de ensino e o estágio supervisionado nos cursos de licenciatura em educação física. Revista da Unicastelo, São Paulo, v. I, n. 1, p.13-15, 1998.

  • OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bassoli de. Metodologias emergentes no ensino da Educação Física. Revista da Educação física/UEM, v. 8, n. 1, p. 21-27, 2008.

  • OLIVEIRA, Romualdo Portela de; Da universalização do Ensino Fundamental ao desafio da qualidade: Uma análise histórica. Educação & Sociedade, v. 28, n. 100, p. 661-690, 2007.

  • PEREIRA, Eliene Lacerda; MARQUES, Fabricia Ribeiro; BARBOSA, Flaviana Panta; MENDONÇA, Marielli Gomes; GONÇALVES, Sabrina Fernandes. A Intervenção Pedagógica da Educação Física Escolar: A Experiência do Estágio Curricular Supervisionado I, Fef/Ufg. IV EDIPE - Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino, 2011.

  • TENROLLER, Carlos Alberto; MERINO, Carlos Alberto Tenroller Eduardo. Métodos e planos para o ensino dos esportes. Editora da ULBRA, 2006.

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