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Avaliação cinesiofóbica utilizando Escala Tampa 

em idosos sedentários institucionalizados

Evaluación de la kinesiofobia utilizando la Escala Tampa en personas mayores sedentarias institucionalizadas

Kinesiophobia assessment using sedentary institutionalized elderly Tampa Scale

 

*Graduanda/o em Fisioterapia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais

Laboratório de Biomecânica do Movimento - Labim, Batatais - SP

**Graduanda em Fisioterapia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais

Projeto de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica, Batatais - SP

***Docente do Centro Universitário Claretiano de Batatais. Laboratório

de Biomecânica do Movimento - Labim, Batatais, SP

****Docente do Centro Universitário Claretiano de Batatais, Batatais – SP

(Brasil)

Saulo Fabrin*

saulo.fabrin@gmail.com

Nayara Soares**

naya_lmn@hotmail.com

Michelle Bazilio Milan*

michellebaziliomilan@yahoo.com.br

Prof. Evandro Marianetti Fioco***

evandro.fioco@gmail.com

Prof. Ms. Edson Donizetti Verri***

edverri@hotmail.com

Prof. Dra. Maria Beatriz Ferreira Gurian****

bia@claretiano.edu.br

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: Os idosos muitas vezes começam abandonar a prática de atividade física já que o risco de cair aumenta com o avançar da idade, onde existe uma maior suscetibilidade de sofrerem lesões decorrentes de uma queda, que é um evento frequente e limitante, sendo considerado um marcador de fragilidade, morte e declínio na saúde de idosos. Geralmente associado ao medo da queda está a falta de atividade física regular o que impõe ao indivíduo fraqueza muscular, déficit de marcha e de equilíbrio, este medo pode ser avaliado através de um diagnóstico cinesiofóbico, onde o termo cinesiofobia refere-se ao medo excessivo, irracional e debilitante do movimento e da atividade física, que resulta em sentimentos de vulnerabilidade à dor ou em medo de reincidência de uma lesão. Objetivo: Quantificar o grau de cinesiofobia e os fatores determinantes para o abandono da atividade física por idosos sedentários institucionalizados. Metodologia: Participaram do estudo um grupo de vinte idosos com idades entre 60 e 92 anos, sedentários e institucionalizados. Foram submetidos a aplicação da Escala de Tampa para Cinesiofobia - Brasil (ETC) e posteriormente os dados coletados foram aplicados na Escala Vertical Cinesiofóbica (EVC). Resultados e Discussão: Na média o grupo obteve 38,98 pontos ficando abaixo de 50% na EVC, no test-t de analise simples com TestValue=42 (indice de cinesiofobia) o resultado do grupo foi significativo (p<0,001) e no comparativo por sexo observou-se que as mulheres obteve um desempenho melhor do que os homens com 37,09 e 40,97 pontos respectivamente. Conclusão: Conclui-se portanto que o grupo de idosos institucionalizados e sedentários obtiveram um bom índice na Escala Tampa para Cinesiofobia e EVC. Se faz necessário novos estudos associado a idosos sedentários institucionalizados ou não, de forma a comparar o desempenho de ambos os grupos e quantificar novos resultados.

          Unitermos: Escala Tampa. Cinesiofobia. Idosos. Medo.

 

Abstract

          Introduction: The elderly often start to abandon the practice of physical activity since the risk of falling increases with advancing age, where there is a greater susceptibility to suffer injury resulting from a fall, which is a frequent and limiting event, being considered a marker of frailty, death and decline in health of the elderly. Usually associated with the fear of falling is the lack of regular physical activity which requires the individual muscle weakness, loss of gait and balance. This fear can be evaluated through a kinesiophobia diagnosis, where the term kinesiophobia refers to the excessive, irrational and debilitating fear of the movement and physical activity, which results in feelings of vulnerability to pain or fear of recurrence of injury. Objective: To quantify the degree of kinesiophobia and the determining factors for giving up physical activity by sedentary institutionalized elderly. Methodology: Took part in this study a group of twenty elderly people aged between 60 and 92 years old, sedentary and institutionalized. They were subjected to the application of the Tampa Scale of Kinesiophobia (TSK-Brazil) and later the data collected have been applied in the Vertical Kinesiophobia Scale (VKS). Results and Discussion: On average the Group obtained 38.98 points getting below 50% in VKS, in test-t of simple analysis with TestValue = 42 (kinesiophobia index) the result of the Group was significant (p < 0.001) and in gender comparison showed that women obtained a better performance than the men with 37.09 and 40.97 points respectively. Conclusion: It is concluded therefore that the sedentary and institutionalized elderly group obtained a good index in the TSK-Brazil and VKS. It is necessary further studies associated with sedentary institutionalized or not elderly, in order to compare the performance of both groups and quantify new results. 

          Keywords: Scale Tampa. Kinesiophobia. Elderly. Fear.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Com o passar do tempo os idosos muitas vezes começam abandonar a prática de atividade física já que o risco de cair aumenta com o avançar da idade, pois existe uma maior suscetibilidade de sofrerem lesões decorrentes de uma queda. Esta população apresenta alta prevalência de comorbidades devido ao declínio funcional gerado pelo processo de envelhecimento. A queda é um evento frequente e limitante, sendo considerado um marcador de fragilidade, morte, institucionalização e de declínio na saúde de idosos(1,2,3). Geralmente associado ao medo da queda está a falta de atividade física regular o que impõe ao indivíduo fraqueza muscular, déficit de marcha e de equilíbrio, porém deve-se ressaltar os inúmeros benefícios que o exercício proporciona destacando a influência no sistema emocional e bem estar, pois é sabido que o exercício físico pode ser usado no sentido de retardar e, até mesmo, atenuar o processo de declínio das funções orgânicas que são observadas com o envelhecimento, pois promove melhoras na capacidade respiratória, na reserva cardíaca, no tempo de reação, na força muscular, na memória recente, na cognição e nas habilidades sociais(4,5,6,7). O exercício físico leva o indivíduo a uma maior participação social, resultando em um bom nível de bem-estar biopsicofísico, fatores esses que contribuem para a melhoria de sua qualidade de vida(7,8).

    Durante a realização de exercício físico, ocorre liberação da b-endorfina e da dopamina pelo organismo, propiciando um efeito tranquilizante e analgésico no praticante regular, que frequentemente se beneficia de um efeito relaxante pós-esforço e, em geral, consegue manter-se um estado de equilíbrio psicossocial mais estável frente às ameaças do meio externo(6).

    O termo cinesiofobia refere-se ao medo excessivo, irracional e debilitante do movimento e da atividade física, que resulta em sentimentos de vulnerabilidade à dor ou em medo de reincidência da lesão(9). A escala tampa é um questionário composto por 17 questões que dizem respeito a dor e intensidade dos sintomas para predizer os níveis de cinesiofobia que geram maior incapacidade. A Escala Tampa de Cinesiofobia é um dos instrumentos mais empregados para avaliar a crença de medo e a evitação da dor(10).

    É de grande importância detectar o grau de cinesiofobia nos idosos de forma a melhor entende-lo e propor terapias que possam retirar eles deste quadro de medo a prática de exercícios. Assim, investigar a qualidade de vida em idosos é observar o quanto cada fator pode afetá-los, ou seja, como o indivíduo percebe as situações e como se comporta(11). No entanto, a manutenção de um estilo de vida ativo por meio da realização regular de exercício físico contribui para um envelhecimento mais saudável, que se caracteriza, entre outros aspectos, por níveis de aptidão que se relacionam com menor risco de morbidade, mortalidade e previne quedas(12,13,14).

Objetivo

  • Quantificar o grau de cinesiofobia e os fatores determinantes para o abandono da atividade física por idosos sedentários institucionalizados.

Materiais e método

    Participaram do estudo um grupo de vinte idosos com idades entre 60 e 92 anos, sedentários, em pleno uso de suas faculdades mentais, internos do asilo “Lar Frederico Ozanan”, residentes à cidade de Orlândia-SP, foram submetidos a aplicação da Escala de Tampa para Cinesiofobia-Brasil(ETC). O termo de consentimento livre esclarecido foi enviado ao provedor do Lar que autorizou a aplicação do questionário.

    A ETC-Brasil foi aplicada a cada um, individualmente, de modo que pudessem entender a pergunta e responder o que fora indagado, visando à alfabetização de cada indivíduo.

    Foi explicado cada item e averiguado a cada pergunta se o indivíduo concordava parcialmente ou totalmente ou se discordava parcialmente ou totalmente do que lhe foi questionado. O estado emocional, físico, dor de cada interno e traumas que possam ter sofrido também foi levado em consideração durante a avaliação.

    Os resultados foram avaliados de duas maneiras, sendo que para a primeira análise foi criada a EVC (Escala Vertical Cinesiofóbica - Figura 1) que tem como intuito dar um parecer imediato ao avaliador no momento da avaliação, de maneira que o fornece uma visão dos resultados obtidos com os sujeitos de pesquisa.

Figura 1. Escala Vertical Cinesiofóbica

    A EVC auxilia o avaliador a verificar o estado de um sujeito de pesquisa ou até mesmo de um grupo fornecendo um resultado visual dos dados que estão sendo coletados. Para utilização prática do EVC foram utilizadas duas canetas sendo das cores azul (sujeitos masculino) e rosa (sujeito feminino) de forma a facilitar a comparação visual dos resultados através do sexo, ou seja, a EVC permite não somente uma análise individual, em grupo e também por sexo e pode variar de acordo com a criatividade do terapeuta no momento de aplicação do teste.

    Na segunda análise dos dados foram utilizados os testes “t” do software de análise SPSS versão 20.0.

Resultados e discussão

    Na primeira análise foi utilizado a EVC que forneceu informações visuais importantes no que diz respeito a Cinesiofobia em grupo e por sexo conforme demonstra a Figura 2.

Figura 2. Aplicação de dados na EVC

    Os pontos em rosa simbolizam as mulheres e os pontos em azul os homens, em uma primeira análise em grupo podemos dizer que de uma forma geral o grupo de pesquisa ficou abaixo dos 50% indicando uma boa perspectiva no que diz respeito a Escala Tampa para Cinesiofobia. Na análise por sexo podemos observar que o grupo de mulheres obteve um desempenho melhor do que os homens, ou seja, em relação ao grupo masculino as mulheres apresentam menor medo de realizar exercícios.

    Após análise visual com a EVC, foi realizada análise estatística dos dados que determinaram os seguintes resultados:

Tabela 1. Média aritmética e ponderada por idade

    Quanto a questão da média aritmética ou por idade, houve uma diferença mínima, então para efeito de cálculo independe utilizar uma ou a outra. A idade média do grupo de pesquisa foi de 75 anos (+-9,675).

    No test-t de analise simples com TestValue=42, onde o valor 42 indica que o índice de cinesiofobia esta abaixo dos 50%, obtivemos os seguintes índices:

Tabela 2. Análise por ponto de corte

    Quando realizada a análise dentro do grupo em um comparativo por sexo, os valores demonstraram uma vantagem significante das mulheres sobre os homens, o que não é perceptível nas EVC, porém a análise estatística representa bem estes valores, como a Tabela 3.

Tabela 3. Comparativo entre sexos

    Rubenstein e Josephson analisando 16 estudos de idosos vivendo na comunidade e de idosos institucionalizados, apontam um aumento do risco com a presença dos seguintes fatores, por ordem de importância: presença de fraqueza muscular, história de quedas, déficit de marcha e de equilíbrio, uso de dispositivo de auxílio à marcha, déficit visual, artrite, comprometimento em atividades de vida diária, depressão, declínio cognitivo e idade igual ou superior a 80 anos(15).

    As características apresentadas pelos idosos segundo Rubenstein e Josephson(15) também foram observadas dentro do estudo em questão, porém os resultados apresentados na Escala Tampa são animadores no que diz respeito a Cinesiofobia no exercício, pois os indivíduos de pesquisa apresentaram em sua grande parte índices cinesiofóbicos abaixo dos 50%, considerando que a média de pontos foi de 38,98 o resultado para cinesiofobia neste grupo de indivíduos está mais próximo dos 40% de medo, que levando em consideração a idade média de 75 anos para o grupo pesquisado mostrou-se é um resultado significativo, e o s sujeitos de pesquisa estão abaixo dos 42 pontos que foi a média de corte estipulada dentro dos estudo que corrobora com Salvetti, et al. 2012, que determinou em seus estudos que quanto maior o escore, maior o medo e a evitação da dor. A confiabilidade da versão em língua portuguesa foi avaliada pela análise de Rasch e revelou coeficiente de fidedignidade de 0,95, indicando excelente validade de construto(16). No presente estudo, a confiabilidade da escala foi 0,96 (alfa de Cronbach). A escala original TSK não tem ponto de corte definido. Aqui, a análise da curva ROC foi utilizada para definir um ponto de corte e resultou em área de 0,80, com ponto de corte de 42, com especificidade de 0,75 e sensibilidade de 0,75. Escores < 42 foram considerados baixos níveis e escores > 42 altos níveis de medo e de evitação da dor (17). De acordo com a pontuação média do grupo de pesquisa permite nos dizer que estes resultados são importantes dentro da realidade dos idosos institucionalizados sedentários, porém este resultado se deve ao fato dos idosos sempre estar em contato com o setor de fisioterapia semanalmente de forma que os procedimentos fisioterapêuticos e a cinesioterapia contribuem muito para uma maior segurança em relação as quedas.

    O tratamento fisioterapêutico tem apresentado resultados significativos na população idosa, levando ao aumento da amplitude de movimento (ADM), melhor desempenho na realização das AVDs, melhora na velocidade da marcha e do equilíbrio, redução no número de quedas e melhora no bem-estar geral, dessa forma um dos aspectos que devem ser considerados é a escolha do tipo de atividade física a ser prescrita na terceira idade(18).

Conclusão

    Conclui-se, portanto que, o grupo de idosos institucionalizados e sedentários obtiveram um bom índice na Escala Tampa para Cinesiofobia e EVC, este achado é importante ao mesmo tempo que ressalta a qualidade do serviço fisioterapêutico que pode estar associado ao bom desempenho. Se faz necessário novos estudos com escala tampa associado a idosos sedentários institucionalizados ou não, de forma a comparar o desempenho de ambos os grupos e quantificar novos resultados.

Referências

  1. Centers for Disease Control and Prevention.CDC Recommendations Regarding Selected Conditions Affecting Women’s Health. MMWR 2000; 49(no. RR-2).

  2. Graafmans WC, Ooms, ME, Hofstee HMA, Bezemer PD, Bouter LM, Lips P. Falls in the elderly: A prospective study of risk factors and risk profiles. Am. J. Epidemiol 1996;143(11):1129-1136.

  3. Perracini MR, Ramos LR. Fatores associados a quedas em uma corte de idosos residents na comunidade. Revista de Saúde Pública 2002;36(6):709-16.

  4. Cardoso, J.R. Atividades físicas para a terceira idade. A terceira idade. 1992; 5 (4) : 9-21.

  5. Fries, J.F. e Crapo, L.M. Vitality and aging. San Francisco, W.H. Freeman, 1981.

  6. Marin-Neto, J.A. et al. Atividades físicas: “remédio” cientificamente comprovado? A Terceira Idade.1995; 10 (6): 34-43.

  7. McArdle, W.D.; Kath, F.K.I.; Kath, V.L. Fisiologia do Exercício. Energia nutrição e desempenho humano, 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992.

  8. Brogan D.R. Rehabilitation services needs: Physicians’s perceptions and referrals. Arch Phys Med Rehabil. 1981; 62: 215.

  9. Salvetti, Marina de Góes. Incapacidade em pessoas com dor lombar crônica: prevalência e fatores preditores. Marina de Góes Salvetti . São Paulo, 2010. p122.

  10. Siqueira FB, Teixeira-Salmela LF, Magalhães LC. Análise das propriedades psicométricas da versão brasileira da Escala Tampa de Cinesiofobia. Acta Ortop Bras. 2007;15(1):19-24

  11. Luft CDB, Sanches SO, Mazo GZ, Andrade A.Versão brasileira da escala de estresse percebido: tradução e validação para idosos. Rev Saúde Pública. 2007;41(4):606-15.

  12. Rubenstein LZ. Falls in older people: epidemiology, risk factors and strategies for prevention. Age Ageing. 2006:37-41.

  13. Gardner MMM, Robertson C, Campbell AJ. Exercise in preventing falls and fall related injuries in older people: a review of randomised controlled trials. Br J Sports Med. 2000;34:7-17

  14. Khan KM, Liu-Ambrose T, Donaldson MG, McKay HA. Time to intervene in high risk groups using falls as Physical activity to prevent falls in older people an outcome. Br J Sports Med. 2001;35:144-5

  15. Rubistein ZL, Robbins AS, Josephoson KR, Schulman BL, Osterweild D. The value of assessing falls in an elderly population: a randomized clinical trial. Ann Intern Med 1990; 113(4).

  16. Siqueira FB, Teixeira-Salmela LF, Magalhães LC. Análise das propriedades psicométricas da versão brasileira da Escala Tampa de Cinesiofobia. Acta Ortop Bras. 2007;15(1):19-24.

  17. Salvetti, Marina de Góes; Pimenta, Cibele Andrucioli de Mattos; Braga, Patrícia Emília; Corrêa, Claudio Fernandes. Rev Esc Enferm USP; 46(spe): 16-23, out. 2012. tab.

  18. Pereira, G. D. Benefícios da Fisioterapia nas Alterações do Envelhecimento. V Congresso Paranaense de Fisioterapia. 2002

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