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Educação Física escolar em transformação

Educación Física un transformación

 

Acadêmica do Curso de Educação Física

Universidade Estadual de Maringá - CRV

Prof. Orientador Anderson Honorato

Suzane Santos Fonseca

suzhysantos@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Educação Física escolar se estrutura hoje devido as conseqüências de sua trajetória histórica, sendo assim o presente estudo tem como objetivo buscar a compreensão dessa estrutura, para tanto traz a luz sua identidade a partir de cada concepção por ela passada, desde a higienista a popular. Utilizando este percurso realizado pela educação física, busca traçar um paralelo entre as concepções antigas e sua nova forma de ser pensada nas escolas, levando em conta o confronto existente entre passado e futuro. Para tanto, este artigo se utiliza de uma revisão de literatura na intenção de atingir essa compreensão.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Contextualização histórica. Esportivismo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A Educação Física sempre esteve presente nas escolas visando atender as necessidades da sociedade, por isso ela foi regida por varias concepções ao longo dos anos, higienista, militarista, pedagogicista, tecnicista e popular. Para compreendermos a estrutura das aulas de educação física hoje é necessário entendermos as transformações pelas quais essa disciplina passou e vem passando, desde a concepção higienista até os dias atuais onde, a educação física busca conquistar seu espaço e importância junto as outras disciplinas. (GRESPAN, 2002)

    A educação física escolar vem sendo pensada nos dias atuais como um instrumento de formação integral do sujeito, tanto uma formação física, como cognitiva e social. Entretanto essa nova forma de pensá-la se confronta com os objetivos deixados pelas outras concepções e pela presença forte do esportivismo, enfatizado pela mídia.

    Sendo assim se torna de grande valia para os professores da área a compreensão deste caminho traçado pela educação física, para que um novo caminho possa ser percorrido, neste sentido este artigo busca através de uma revisão de literatura, esclarecimentos sobre a trajetória da educação física até hoje.

2.     Desenvolvimento

    É preciso antes de mais nada contextualizar historicamente o caminho traçado pela educação física na escola, pois é por meio dessa compreensão que entenderemos o porquê das aulas serem estruturadas como são e porque a preferência por certos conteúdos em detrimento de outros.

    Vemos durante a evolução histórica da educação física que ela sempre esteve presente na escola para responder aos objetivos da sociedade, sempre que o pensamento coletivo se transformava a intenção da educação física na escola também se modificava.

    A princípio a educação física surge na escola sob o caráter higienista, voltada para formação de sujeitos fortes e sadios. Em um segundo momento ela assume a função militarista, onde sua preocupação é disciplinar e selecionar os mais aptos. Posteriormente temos a educação física pedagogicista onde a educação física busca seu perfil educativo. Após esse período ela assume uma tendência competitiva, tecnicista ou esportivista, voltada para o rendimento e formação do aluno atleta. Com a supremacia do capitalismo ela passa a se preocupar com o adestramento, capacitação e manutenção da força de trabalho, essa concepção é chamada político- desenvolvimentista. E por último tem-se a educação física popular criada pela classe trabalhadora que visava o lúdico e a cooperação (GRESPAN, 2002).

    Entretanto, na atualidade a educação física escolar vem sendo repensada a fim de se assumir como uma disciplina tão importante como as demais, na busca pela formação integral do aluno que é visto não mais como um corpo, mas como um ser integral, corrobora com essa formação Grespan (2002, p. 25) quando afirma que a educação física busca “enfocar o aluno como um ser humano integral, munido não só de corpo e da mente, mas um corpo em todas as dimensões – psicológicas, cognitivas, motoras, afetivas e, principalmente, sociais”. A forma como a educação física é vista hoje também pode ser percebida na fala de Boff que aponta para a importância social que a educação física tem no desenvolvimento do aluno:

    A socialização e a interação que só a disciplina de Educação Física nos proporciona, é fator fundamental para o desenvolvimento do aluno, pois faz com que criem capacidades de afetividade e formem relações interpessoais, entendendo as diferenças e necessidades de cada indivíduo que os rodeiam. (BOFF, 2009 p. 12)

    Outro autor que demonstra com exatidão essa mudança na forma de compreender a importância da educação física é Libâneo, 1988 (apud Ghiraldelli 1991, p. 14) que critica as concepções anteriores e reforça a nova proposta para essa disciplina

    ao invés do condicionamento à ordem social, a formação de alunos críticos e participativos; ao invés do adestramento físico, a compreensão e o uso sadio do corpo; ao invés do esporte-espetáculo e ufanista, o esporte educativo; ao invés da disciplina imposta e da repetição mecânica de ordens do professor, o autodomínio, a formação do caráter, a auto-valorização da atividade física; ao invés do corpo-instrumento, o corpo como ser social. Libâneo, 1988 (apud Ghiraldelli 1991, p. 14)

    Embora essas transformações estejam ocorrendo na área da educação física escolar, as concepções vistas anteriormente ainda deixam resquícios no modo como as aulas são planejadas e seus conteúdos escolhidos, os professores ainda concebem a educação física escolar visando principalmente o rendimento esportivo (MARQUES E IORA, 2009), selecionando os conteúdos a partir do objetivo de formar alunos atletas. Ignorando que o que deveria ser aprendido pelos alunos são as manifestações, os significados e os sentidos, os fundamentos e critérios da cultura de movimento de nossos dias, ou seja, sua apropriação crítica (FINI, 2008).

    As práticas corporais nas aulas de educação física, geralmente estão vinculadas a conteúdos que privilegiam modalidades esportivas tradicionais, como, por exemplo, o futebol, o vôlei, o basquete e o handebol. (SOUZA OLIVEIRA,1999 p. 2)

    Faz parte da Educação Física ensinar todos os conteúdos historicamente produzidos, os quais segundo Coletivo de Autores (1992) e Rosário e Darido (2005), são um patrimônio que deve ser tratado pela escola, cabendo a ela colocar seus alunos diante desse patrimônio. A Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tem como tema formas de atividades expressivas corporais como: jogos, esporte, dança, ginástica e lutas, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992; PARANÁ, 2008).

    Porém, estudos comprovam que as aulas não estão contemplando todos os conteúdos estruturantes da educação física, estando presentes nas aulas em sobressalência os esportes coletivos. Em pesquisa realizada por Goedert (2005), a autora percebeu que o futebol é conteúdo dominante nas aulas de educação física sendo escolhido pelos próprios alunos, onde eles passam o ano todo apenas reproduzindo o que já sabem, e os menos aptos se contentam em ficar de espectadores e torcedores, as aulas estão a serviço dos jogos escolares o que mostra a ênfase dada a esportivização e o abandono ao currículo destinado a educação física nas Diretrizes e Bases da Educação.

3.     Considerações finais

    Consideramos por meio dessa revisão de literatura que a Educação Física Escolar está em processo de transição, uma nova visão sobre sua função na escola está surgindo, essa visão propõe uma educação física que torne seus alunos críticos, ativos e sociais, que eles alcancem por meio de seu corpo seu desenvolvimento integral. Entretanto, essa nova proposta terá que enfrentar os resquícios do passado, de suas antigas concepções, e a forte influência da esportivização que tanto atrai os jovens. Cabe aos professores que essa transição seja concretizada e a educação física escolar ganhe seu espaço e sua importância para a educação de crianças e jovens.

Referencias bibliográficas

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