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Importância e benefícios do toque através

da Shantala: acompanhamento de casos

Importancia y beneficios del contacto a través de Shantala: acompañamiento de casos

 

*Fisioterapeuta. Graduada pela Universidade de Passo Fundo, UPF. Pós-Graduada

em Fisioterapia Neuro-funcional pela Universidade Tuiuti do Paraná. Pós-Graduanda

em Fisioterapia Dermato-funcional pelo ISEPE/Passo Fundo. Professora Especialista

do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética

ULBRA Campus Carazinho. Carazinho, RS

**Acadêmica. Graduanda em Curso Superior de Tecnologia em Estética

e Cosmética pela Universidade Luterana do Brasil

ULBRA Campus Carazinho. Carazinho. RS

Anielle de Vargas*

ani_anielle@yahoo.com.br

Priscila Fernanda Pereira**

priipereira@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Shantala é uma técnica de massagem oriunda da Índia, transmitida de geração em geração, trazida para o ocidente pelo ginecologista francês Frédérick Leboyer. Diversos autores afirmam que a prática da massagem em bebês traz inúmeros benefícios tanto para a mãe quanto para a criança. Nos primeiros meses de vida, estar bem próximo à mãe tem enorme importância, para o desenvolvimento sadio, mental, emocional e físico, a técnica favorece um canal de comunicação entre mãe e bebê e procuramos através deste trabalho acompanhar mulheres em período puerperal, explicando a importância e os benefícios ocasionados pelo toque com a prática da Shantala, para aumentar o vínculo mãe-bebê e fornecer qualidade de vida ao recém-nascido, pois após o nascimento a massagem será a continuação da relação íntima entre a mãe e o bebê. Trata-se de um estudo de campo com amostragem estratificada e intencional. Para a compreensão deste processo as participantes do grupo de gestantes atendidas pelo programa Primeira Infância Melhor (PIM) de Carazinho – RS que fizeram parte oficina de Shantala responderam a um questionário para análise dos benefícios da Shantala, nos meses de Outubro e Novembro de 2012. Ao término do estudo foi possível verificar que a massagem Shantala promove melhora no que se referem ao comportamento físico e emocional, dos recém-nascidos, resultados estes, confirmados através dos relatos evidenciados pelas mães.

          Unitermos: Shantala. Toque. Estética.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Tocar é uma das principais maneiras de comunicação, tornando-se então um importante meio de estreitar os relacionamentos humanos, como o de mãe e filho. Ao menor contato pelo toque já se observam algumas reações, e nos bebês não se faz diferente, ainda quando embrião já é capaz de sentir, pois o tato é o primeiro dos cinco sentidos a se desenvolver nas espécies.

    Todo o ser humano necessita de contato, considerado como um dos sentidos essenciais, por sua importância no desenvolvimento humano. Por meio do toque ocorre uma aproximação entre as pessoas, sentimos a presença do outro. Pelo contato corporal da mãe, a criança terá seu primeiro contato com o mundo e a partir daí começará a ter novas experiências, este contato proporciona essencialmente segurança, calor e conforto.

    Uma entrega da mãe para seu filho, ao massagear o pequeno corpo transcende o contato físico. Os bebês têm necessidade de alimento, mas muito mais de ser amados e receber carinho (LEBOYER, 1995). Tocar é comunicação, e esta comunicação deve ser nutrida com carinho, amor e afeto. Com a idéia de favorecer o que é fundamental para o recém-nascido: amor, carinho e contato, feito pela comunicação entre mãe e filho, mais que uma massagem, é uma arte, um ato de amor.

    A preocupação que permite despertar e ampliar no bebê o que foi vivenciado no útero materno, e também desenvolver ainda mais o vínculo entre a mãe e o bebê, assim é a Shantala que além de ser uma massagem preventiva, restabelece o aconchego do ventre e a ligação direta com a mãe.

    Como um carinho a Shantala é uma técnica simples e amorosa, mas com sequência e direção, realizada diariamente no bebê a partir do primeiro mês de vida. Aumentando o vínculo entre a mãe e o bebê, com os olhos e com as mãos.

    Através de suaves toques, com harmoniosos movimentos uma sabedoria oriental vem auxiliar o recém-nascido no seu desenvolvimento, a Shantala estimula diversos pontos do corpo, com benefícios fisiológicos e emocionais e também um meio de acalmar e confortar.

    A massagem de Shantala favorece tanto a nível psicológico como físico, na medida em que propicia um diálogo de amor pelo toque. A massagem é uma arte original de “tocar com qualidade” de proporcionar descanso no corpo todo ou em partes específicas, é uma forma ampliada de toque que, uma vez corretamente desenvolvida e praticada dará maior conhecimento e compreensão do bebê (MONTAGU, 1988).

    Muitos são os benefícios, a começar pelo aperfeiçoamento da comunicação com a mãe ou quem estiver fazendo a massagem, todo o processo beneficia tanto a criança como quem está interagindo com ela (LIMA, 2004).

    O exercício da massagem desenvolve em ambos, mãe e bebê, as suas sensibilidades através do tato compartilhado, despertando e criando uma lembrança do sentido (BRÊTAS; SILVA, 1998).

    Diante disso e da necessidade de esclarecimento dos principais aspectos que envolvem o toque no comportamento dos bebês e a conexão entre mãe e filho, o objetivo geral do estudo foi verificar através de relatos feitos pelas mães quais são os benefícios proporcionados pelo toque através da Shantala, no que diz respeito aos aspectos relacionados aos benefícios do toque em recém-nascidos. Tendo como objetivos específicos: acompanhar de maneira observacional um grupo de gestantes atendidas pelo Programa Primeira Infância Melhor (PIM) de Carazinho – RS, que fizeram parte da oficina de Shantala; analisar através do questionário intitulado “diferenças notadas nos bebês após aplicação da massagem”, os benefícios da técnica de Shantala; além de divulgar a profissão de Tecnólogo em Estética e Cosmética, disseminando a sua importância na área da saúde.

2.     Shantala

    A massagem surgiu do conceito de contato físico e existe há vários milênios como elemento das medicinas orientais. O toque é o contato primordial entre a mãe e o bebê, quando este ainda permanece no calor do útero, flutuando no líquido amniótico. O toque feito com amor é a melhor forma de dar as boas vindas ao recém-nascido, além de aumentar o vínculo afetivo entre mãe e filho, assegurando ao bebê um bem estar físico e mental (MAZON; ARAÚJO, 2002).

    A prática de massagear bebês teve origem no Sul da Índia, na região de Kerala, inicialmente praticada pelos monges e depois se transformou em uma tradição, passado de mãe para filha, e assim continua por gerações. Com o desenvolvimento da gestação as instruções necessárias eram dadas, para os devidos cuidados com seu futuro filho (CAMPADELLO, 2000).

    Trazida para o Ocidente pelo ginecologista francês Frédérick Leboyer em meados dos anos 70, foi em uma viagem à Índia que ele se encantou com uma mãe sentada no chão com seu bebê deitado sobre suas pernas que massageava com movimentos habilidosos e uma concentração impressionante. Maravilhado com a cena aproximou-se e pediu a mulher se poderia registrar aquele momento, a partir disto batizou a técnica com o nome da mulher: Shantala (PEREIRA, 1996).

    O ato de massagear crianças é um gesto comum e faz parte do cotidiano e da cultura dos indianos, existindo uma crença no fato do bebê ser capaz de assimilar as sensações de harmonia e amor que a mãe transmite no momento da massagem (BRÊTAS; SILVA, 1998). Além disso, Lima (2004) aponta ser uma massagem preventiva, que reestabelece o aconchego do ventre e a ligação direta com a mãe.

    A particularidade da massagem de shantala consiste na intensa e sentida passagem de amor da mãe para o filho, por leves toques e manipulações em seu corpo (CAMPADELLO, 2000).

    Como um sistema cuja seqüência estimula automaticamente vários pontos meridianos, a shantala consegue influenciar beneficamente todos os órgãos da criança, harmonizando ou ativando se caso estiverem desvitalizados (VICTOR e MOREIRA, 2004).

    Turner e Nanayakkara (1997) mencionam à shantala enquanto toque terapêutico proporciona a estimulação cutânea e o desenvolvimento psicomotor da criança. O toque estimula a pele que produz enzimas necessárias à síntese protéica, também ocorre à produção de substâncias que ativam a diferenciação de linfócitos T, responsáveis pela imunidade celular, e ativa a produção de endorfinas, neurotransmissores responsáveis pelas sensações de alegria e bem estar.

    Composta por uma série de movimentos pelo corpo todo, exigindo atenção e domínio, a shantala afeta diretamente os sistemas nervoso, circulatório, musculoesquelético e os processos bioquímicos e fisiológicos que também são regulados pelos mesmos sistemas (UMEMURA et. al , 2010).

    Dentre esses efeitos Campadello (2000) ressalta a técnica de shantala excelente para:

    A partir de um diálogo corporal, a massagem abre uma via de comunicação, proporcionando uma experiência rica em estímulos sensório-motores, como ternura, segurança e aprendizagem, consistindo numa linguagem universal onde o bebê bem compreende (BRÊTAS; SILVA, 1998).

“Os bebês têm necessidade de alimento, mas muito mais de ser amados e receber carinho” (LEBOYER, 1995, p. 21).

2.1.     Benefícios da Shantala

    Mais que uma técnica de massagem, a shantala é uma arte, um ato de amor. Muitos são os benefícios da técnica, um deles é o aperfeiçoamento da comunicação com a mãe ou quem estiver realizando a massagem, visto que o processo favorece tanto a criança quanto quem interage com ela (LIMA, 2004).

    Dentre os inúmeros benefícios que a shantala proporciona ao bebê, Walker (2000), menciona os seguintes:

  • Intimidade e alegria entre a mãe e o bebê;

  • Descoberta das carícias que o bebê mais aprecia e os locai do corpo que prefere ser acariciado;

  • Transmissão da sensação de amor e proteção ao bebê;

  • Reforço do vinculo afetivo e emocional;

  • Desenvolvimento da sensação de segurança do bebê;

  • Auxílio à digestão;

  • Fortalecimento do sistema imunológico do bebê.

    O fato de tocar e ser tocada traz um benefício muito grande para a saúde mental da criança, como cita Mazon e Araújo (2002), a massagem ajuda a fortalecer os elos já pré-estabelecidos durante a gestação.

    Como se trata de uma técnica de fácil aprendizado, qualquer indivíduo com vontade e habilidade consegue aplicar em crianças, sem o uso de instrumentos específicos, usando somente as mãos e uma disposição profunda de doação. A aplicação da shantala não causa efeitos dolorosos, e sim conduz a criança a uma sensação de relaxamento e bem estar (HOFFMANN, 2005).

2.2.     Preparação para a massagem

    Conforme descreve Kavanagh (2005), Walker (2000), Campadello (2000) e Cruz (2008) para desfrutar o efeito relaxante da massagem, a escolha do local onde será realizada a shantala é essencial, para isso alguns itens devem ser levados em consideração:

  • O local deve ser tranqüilo, onde possam permanecer sem serem interrompidos e com temperatura agradável sem correntes de ar;

  • Vista roupas confortáveis, largas que fiquem a vontade;

  • As mãos devem estar limpas, aquecidas e sem adereços e relógio, as unhas bem cortadas para não machucar a criança;

  • Procure estar calma e relaxada, a posição deverá ser a mais cômoda e a mais segura para quem realiza e para quem recebe a massagem;

  • Se o bebê não apresentar nenhum problema, pode-se utilizar óleo de preferência vegetal. É importante lembrar que o óleo deve ser derramado sobre as mãos da pessoa que irá realizar a massagem e nunca diretamente sobre o corpo do bebê.

2.3.     A técnica

    Sentada no chão, com as pernas esticadas, costas eretas e ombros relaxados, a mãe pousa o bebê com a cabeça voltada para seus pés, e os pés do bebê encostando-se a seu abdome. A massagem se inicia com o bebê de barriga para cima. Começando pelo tórax, depois pelos membros superiores e após os inferiores; então o bebê é colocado de bruços para receber a massagem nas costas e nas pernas; e, por último, o bebê é virado outra vez de barriga para cima para receber a massagem no rosto (CRUZ, 2008).

    Campadello (2000) destaca a importância da comunicação durante a massagem, com ou sem palavras, o contato visual é muito profundo e importante para o bebê que no início da vida observa e registra tudo, além da concentração da mãe no que está fazendo.

2.4.     Indicações e contra-indicações da Shantala

    Por apresentar inúmeros benefícios a massagem de shantala é indicada para bebês, a partir do primeiro mês de vida, com intuito de obter algum de seus diversos efeitos, tais como: fisiológicos, psicomotores e comportamentais (CRUZ, 2008).

    Brêtas (1999) menciona algumas contra-indicações, sendo que não deve ser realizada se a criança estiver com febre ou gripada, com a manipulação a circulação é ativada e a temperatura aumentada, se estiver com diarréia, o relaxamento provocado pode intensificar a situação.

    Para Kavanagh (2005) o bebê não pode ser submetido à massagem se tiver sido vacinado na semana anterior, ou se estiver sofrendo com a reação da vacina e se apresentar erupções, infecções ou tomando alguma medicação.

    Já Cruz (2008) destaca que a pessoa que for realizar a massagem deve estar livre de preocupações e relaxada, pois através das mãos pode transmitir sentimentos negativos (insegurança, indiferença, raiva).

    Por sua simplicidade a aplicação da shantala tem a vantagem de não implicar custos e ainda produz diferentes efeitos. Torna-se uma resposta construtiva e gratificante as necessidades do contato físico, resultando em um crescente envolvimento, maior confiança, segurança e troca de afeto com o outro. Muito mais que uma técnica, mas sim um ato que se expressa pelo toque, com a seqüência dos seus movimentos (LIMA, 2004).

3.     Metodologia

    Esta pesquisa visou trabalhar com métodos das ciências sociais, particularmente com o método comparativo, com nível de pesquisa descritiva e delineamento baseado no estudo de campo com amostragem estratificada e intencional.

    A população do estudo foi constituída por seis indivíduos do gênero feminino, que estavam no período puerperal, participantes da Oficina de Shantala do PIM do Município de Carazinho – RS. A seleção da amostra ocorreu através de convite informal e intencional, através de contatos com as pessoas responsáveis pelo programa.

    Para a colaboração na pesquisa, as participantes foram selecionadas de acordo com os critérios de inclusão ao estudo, os quais foram: ter idade acima de 18 anos; estar no período de puerperal; ser atendida pelo programa PIM; ter tempo disponível para realização da entrevista; aceitar a participação na pesquisa mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

    Para o desenvolvimento do estudo, consideramos os aspectos éticos referentes à pesquisa envolvendo seres humanos, o presente estudo foi submetido à avaliação e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em Seres Humanos da ULBRA Canoas via Plataforma Brasil, sob protocolo número 101.660.

    A coleta de dados foi realizada entre os meses de Outubro e Novembro de 2012 após a aprovação do projeto de pesquisa e como instrumento de coleta utilizou-se um questionário adaptado de Costa et al. (2010), composta por oito questionamentos, sobre a percepção das diferenças observadas nos bebês após aplicação da massagem Shantala. A técnica foi realizada pelas mães durante a oficina do PIM.

    A aplicação do Questionário aconteceu nas dependências do PIM, localizado na Rua Silva Jardim, 1413, Carazinho - RS

    Após a realização da pesquisa os dados foram tabulados em programa Microsoft Windows Excel 2010. Os resultados foram discutidos e mensurados através de uma análise descritiva, tendo por base os conhecimentos abordados na revisão e apresentados na forma de gráficos, com o objetivo de visualizar melhor os resultados alcançados com a realização da pesquisa.

    Também se utilizou do processo etnográfico os quais algumas falas advindas dos relatos foram utilizadas para contextualizar os resultados e discussão do presente trabalho.

4.     Análise dos dados e discussão dos resultados

    Após o término da coleta de dados foi possível observar os benefícios que a Shantala proporcionou nos recém-nascidos, tais como: a diminuição das cólicas e a melhora no funcionamento intestinal, o sono mais tranqüilo e o aumento do vínculo entre mãe e filho. Os resultados estão embasados nas referências bibliográficas encontradas e no levantamento dos dados mais significativos. Para descrição dos relatos as mães foram nominadas aleatoriamente de: mãe 1 (M1), mãe 2 (M2), mãe 3 (M3), mãe 4 (M4), mãe 5 (M5) e mãe 6 (M6).

Comportamento da criança durante a massagem

    Observou-se que durante a execução da massagem, a criança apresentou mais tranquilidade, logo podemos observar pelos dados publicados no Gráfico 1.

Gráfico 1. Como foi o comportamento da criança durante a massagem?

Fonte: Coleta de dados entre os meses de Outubro e Novembro de 2012. Carazinho. RS.

    A pesquisa foi composta por uma amostra de 6 indivíduos, os quais foram mulheres que se encontravam no período puerperal e que participaram da oficina de shantala, oferecido pelo PIM, os dados foram realmente significativos e apontaram que 100% dos récem-nascidos quando massageados, comportavam-se de maneira mais tranquila, sendo que nenhum deles chorou ou ficou mais agitado.

    A massagem acalma visto que causa uma sensação de conforto, a criança se sente mais segura quando é massageada com frequência. Estando mais calma e segura faz com que ela fique menos irritada. Segundo Cruz (2008), acredita-se que a massagem eleve o nível de serotonina, hormônio que permite que uma pessoa mantenha um comportamento adequado, ou seja, regulando o humor, reduzindo a irritabilidade.

    “... meu bebê se sente mais relaxado, tranquilo após a massagem...” (M3).

    “... Ao massagear meu bebê senti que ele fica leve, tranquilo, se sente relaxado...” (M5).

    Quando as mães tocam os bebês, eles sentem mais segurança e tranquilidade, as maiorias das mães tocam delicadamente, movimentando-se sem pressa, balançando lentamente, segurando seus bebês com carinho.

    Verificou-se que o sucesso na aplicação da Shantala também tem muita relação com o ambiente escolhido para a aplicação da técnica.

    “... a shantala é o método de relaxamento que mais gostei. Procuro deixar o ambiente à meia luz, uma música calminha...” (M1).

Diferença no sono

    Definido como essencial, as mães atribuem ao sono de seus filhos muita importância, de acordo com o gráfico 2 observou-se que todas as participantes relataram diferença no sono.

Gráfico 2. Teve alguma diferença no sono?

Fonte: Coleta de dados entre os meses de Outubro e Novembro de 2012. Carazinho. RS.

    Diante alguns relatos e com as respostas das mães foi possível constatar que 100% após a massagem os bebês sentem-se calmos e em seguida adormecem.

    “... o sono é mais tranqüilo...” (M1).

    “... uma criança muito calma dorme super bem...” (M5).

    Talarico (2008) diz que, para as mães, o sono do bebê é o momento em que se recupera e restabelece a vitalidade necessária, e também reconhecem as repercussões que a massagem promove aos bebês, lembrando que a prática da Shantala auxilia na melhora e na qualidade do sono.

Diferença no comportamento social

    Na investigação quanto ao comportamento social do bebê, relacionado com a prática da massagem, mais da metade da amostra notou diferença no comportamento social. Seguem os dados conforme o Gráfico 3.

Gráfico 3. Percebeu-se diferença no comportamento social?

Fonte: Coleta de dados entre os meses de Outubro e Novembro de 2012. Carazinho. RS.

    Conforme podemos constatar no gráfico acima, 67% das mães disseram que com o decorrer da aplicação da massagem, o comportamento social dos bebês, mesmo que com suas mais simples formas de comunicação, foi percebido devido à socialização com as pessoas de seu convívio.

    A sensação de tocar e ser tocado conforme Davis (1991) é uma potência mesmo que por poucos segundos, é extraordinário. Faz com que as pessoas sintam-se melhor e integram estas boas percepções com outros estímulos.

    Somos dependentes do toque desde a vida intra-uterina. Os bebês quando choram são consolados com um colo, recebendo uma carícia ou beijados. Este conforto proporcionado pelo toque permanece até a vida adulta. Procuramos por ele como consolo, bem como nos comunicarmos, propagar solidariedade e percorrer pelo Mundo.

    Concordando com Braun (2007) o toque é muito poderoso e, se utilizado de maneira apropriada, traz resultados extremamente positivos à experiência humana.

    Kavanagh (2005) menciona que o toque por meio da massagem traz inúmeros resultados e ainda ressalta que através dos benefícios que ela proporciona aos bebês e crianças, pode prolongar-se por todo o seu crescimento

Diferença no desenvolvimento motor

    Verificou-se que no quesito sobre o desenvolvimento motor foram percebidas diferenças para grande parte da amostra. Os demais dados seguem conforme o Gráfico 4.

Gráfico 4. Apresentou diferença no desenvolvimento motor?

Fonte: Coleta de dados entre os meses de Outubro e Novembro de 2012. Carazinho. RS.

    Das mães entrevistadas 83% relataram que houve diferença no desenvolvimento motor dos recém-nascidos e apenas 17% não perceberam a diferença neste importante quesito investigado.

    A partir dos dados percebe-se que os efeitos que a Shantala promove no bebê, são a ampliação da respiração, dá noção de limites corporais, fortalece os músculos e articulações, prepara o bebê para engatinhar e andar e alivia as tensões entre as vértebras, ocasionadas pelo fato de passar muito tempo deitado. Proporcionando ainda equilíbrio, harmonia e relaxamento para mãe e o bebê (SOUZA, 2011).

    Além de estimular o relaxamento muscular e a flexibilidade das articulações, ajuda o bebê a endireitar e alongar os membros (KAVANAGH, 2005).

    “... sua coordenação está mais forte, espicha as pernas e abre bem seus braços...” (M3).

    A criança quando massageada sente-se amada, assim fica segura, aliviará tensões localizadas, e consequentemente irá relaxar, terá um desenvolvimento motor muito melhor, resultando em uma criança calma tranqüila e ao mesmo tempo ativa e inteligente (SANT’ANNA, 2003).

    Brêtas e Silva (1998) ressaltam que a massagem proporciona experiências sensoriais que maximizam a consciência do corpo através da memória corporal, e entre a relação mãe e filho, onde a criança toca e é tocada, auxilia o desenvolvimento do tônus muscular e da coordenação motora, fazendo com que o bebê desenvolva a capacidade de desfrutar uma experiência do funcionamento corporal.

    Nos primeiros meses de vida, os bebês recuperam-se de sua posição fetal e para isso estendem os músculos, abrem as articulações e coordenam os movimentos, assim a massagem é fundamental nesta fase, uma vez que contribua em uma força de coesão ajudando na coordenação muscular e preparando o bebê para executar atividades e habilidades físicas de forma coordenada como menciona Walker (2000). Ao analisar os relatos, que seguem, verificamos que as mães observaram os inúmeros benefícios que a prática da Shantala pode proporcionar.

Percepção dos benefícios à saúde do bebê no que diz respeito ao alívio de cólicas e ao funcionamento intestinal

    As mães foram questionadas sobre alguns benefícios que a massagem pode gerar ao bebê, dentre eles, foi indagado se perceberam melhora no alívio de cólicas e funcionamento do intestino. Abaixo os relatos das mães:

    “... percebi uma melhora significativa com relação às cólicas. Quanto ao funcionamento intestinal notei que ela libera mais facilmente os gases...” (M1).

    “... parece que a bebê com a massagem faz mais cocô, e mais seguido, não chega a ficar com a barriguinha inchada, não fica chorosa com as dorzinhas na barriga...” (M2).

    “... após a massagem, tem poucas cólicas, mas acredito que a massagem ajuda a aliviar esse desconforto, soltas gases com mais facilidade ajudando seu intestino a funcionar normalmente...” (M3).

    Através dos relatos foi possível verificar uma diminuição nos sintomas das cólicas e significante melhora no funcionamento intestinal.

    Leboyer (1998) descreve que a massagem age na normalização dos movimentos peristálticos, resultado da estimulação proporcionada pelo toque ritmado sobre a barriga do bebê.

    Como a massagem realizada na barriga, movimenta os conteúdos do estômago para o duodeno, auxilia na liberação do intestino e combate, desta forma, a constipação crônica e devido ao relaxamento do trato intestinal, contribui para o alívio de cólicas abdominais (CRUZ, 2008).

    Souza (2011) relata que os movimentos da região abdominal facilitam o funcionamento do intestino e a eliminação dos gases, ocasionando um alívio para as cólicas. Ao fazer a massagem em sentido horário e na direção do peito para baixo faz com que os movimentos acompanhem o caminho das fezes e gases no intestino, aliviando assim qualquer ten­são ali existente.

Sentimento da mãe durante a massagem

    O sentimento da mãe perante seu bebê durante a massagem da Shantala foi também investigado, com o seguinte questionamento: “O que você sentiu ao massagear seu bebê”?

    As mães relatam que:

    “... me senti como uma mãe de verdade, sentimento maternal no sentido prazeroso, uma coisa diferente do que tinha sido até o momento, que é toda aquela responsabilidade básica de trocar fraldas, mamadas, banhos, cuidar das coisinhas dela, identificar choros, caretas e trejeitos, lembrar de tudo na hora certa, dor nos seios, dor na barriga, dor nas costas e ombros. Na hora da massagem toda essa responsabilidade sumiu e ficou apenas o NOSSO momento...” (M2).

    “... algo muito bom é você e ela apenas. A sensação é tão maravilhosa, ver ela sorrindo, demonstrando estar adorando...” (M4).

    “... é só eu e ele, no quartinho fechado, passar todo meu carinho para ele...” (M6).

    Como se observa nas falas, o sentimento da mãe ao tocar em seu bebê é relatado como um momento particular entre os dois, sendo aproveitado por ambos. Quanto mais tempo você passa com seu bebê, mais você aprenderá a perceber do que ele gosta, do que ele não gosta o que ele quer e suas emoções. Quando isso ocorrer, você e seu bebê terão um entendimento maior e os dois crescerão com mais proximidade (SOUZA, 2011).

    Para Kavanagh (2010), a massagem consiste no ato de compartilhar a linguagem do toque, beneficiando assim tanto o massagista quanto o massageado, sendo uma comunicação em duas direções. A massagem fortalece o desenvolvimento de laços afetivos e auxilia na formação da relação calorosa e positiva entre a criança e os pais (DOMENICO e WOOD, 1998).

    Também Souza (2011) observa que a ligação emocional existente entre mãe e filho é muito maior que uma troca de interesses, pois o vínculo se constitui respondendo tanto no fator físico como no emocional, e isto, é uma grande influência para a criança em seu investimento emocional.

    Ao tocar, as mães são contempladas com alguns benefícios, Brêtas (1999) descreve os seguintes: treinamento de sua acuidade de observação, percepção das necessidades da criança, estimulação da capacidade de se moldar de acordo com o diálogo corporal estabelecido com o bebê, conhecimentos acerca do desenvolvimento psicomotor, felicidade na comunicação, além de prazer, interação e apego emocional.

O toque

    A investigação quanto ao “toque” é de suma importância na Shantala uma vez que o toque é uma das necessidades básicas do ser humano. Braun (2007) relata que em todas as culturas, assim como entre os animais, ele está presente. Usado na comunicação e como forma de aprendizado também proporciona conforto e aumenta a autoestima. Muitas pesquisas científicas apontam o toque como indispensável para o crescimento, desenvolvimento e função imunológica, tornando-se essencial a sobrevivência.

    As mães foram indagadas da seguinte forma: “Como você interpreta o toque como um exercício de carinho em seu bebê”? Podemos acompanhar os resultados nos relatos que seguem.

    “... o toque é essencial para o desenvolvimento da criança...” (M1).

    “... o momento da massagem é um momento de aproximação, onde passamos segurança e tranquilidade para eles, fazendo com que o amor de mãe e filho cresça dia a dia, com o toque suave das mãos e o olhar sincero que é trocado nesse momento...” (M3).

    “... temos intimidade, ficamos a sós, temos nosso momento de descobertas...” (M4).

    Nas falas acima podemos perceber que as mães interpretam o toque de uma maneira especial, entendendo que através dele os dois, mãe e filho, estão sendo beneficiados. A sensação do tato acontece em decorrência ao menor contato ativando os terminais nervosos adequados retransmitindo mensagens sensoriais ao longo da coluna vertebral para o cérebro. É através do sentido do tato que a nossa pele recebe as impressões sensoriais reagindo assim ao contato (DAVIS, 1991).

    Por meio do toque, acontece uma aproximação entre os indivíduos. Sentimos a presença do outro e firmamos compromissos. Tocar é uma das principais formas de comunicação, pois se constitui em um meio poderoso de estreitamento dos relacionamentos humanos, como no vínculo mãe-filho (MONTAGU, 1998).

    Para Voormann e Dandekar (2004) todo ser humano precisa de contato carinhoso, esta necessidade por contato, aconchego e calor vêm de tempos imemoráveis. Davis (1991) descreve que todos nós ao nascermos, temos diversas necessidades, entre tantas, as do contato físico permanecem em constante intensidade. O contato físico não é somente um estímulo agradável, mas sim uma necessidade biológica.

    Kavanagh (2005) menciona que o toque por meio da massagem traz inúmeros resultados e ainda ressalta que através dos benefícios que ela proporciona aos bebês e crianças, pode prolongar por todo o seu crescimento.

Benefícios observados com a massagem de Shantala

    Muitos são os benefícios proporcionados pela massagem, sendo eles físicos ou emocionais, ocasionando principalmente o bem-estar para o bebê. Notar que uma simples técnica pode favorecer um ser tão amado, que é um filho, é de grande valia.

    Como descrevem as mães:

    “... o sono é mais tranquilo, as cólicas diminuíram muito, o intestino funcionou melhor e percebi também que ela parece mais calma...” (M1).

    “... de noite só coloco ela no berço que ela dorme tranquila até a madrugada, quando acorda, é para mamar e já dorme de novo...” (M2).

    “... ele ficou mais calmo, tranquilo, não chora quando sai do colo...” (M6).

    Nas expressões acima constatamos que a Shantala realmente proporciona benefícios para o bebê, conforme o que as mães notaram, auxiliou no alívio das cólicas, no funcionamento intestinal. Além disso, bebês ficaram mais calmos e tiveram um sono melhor.

    Mais que uma técnica de massagem, a Shantala é uma arte, um ato de amor. Muitos são os benefícios da técnica, um deles é o aperfeiçoamento da comunicação com a mãe ou quem estiver realizando a massagem, visto que o processo favorece tanto a criança quanto quem interage com ela (LIMA, 2004).

    A Shantala favorece tanto a nível psicológico quanto físico, na medida em que propicia um diálogo de amor através do toque, agindo também na prevenção de disfunções orgânicas tais como: cólicas, prisão de ventre, nas articulações auxiliando um desenvolvimento motor mais rápido e é extremamente relaxante, pois o toque suave diminui eficientemente os fatores do estresse (SANT’ANNA 2003).

    Brêtas (1999) apresenta a massagem como uma chance para que a mãe tome conhecimento e aprenda a linguagem do corpo do bebê, os ritmos de comunicação e os limites para a estimulação, pois é no contato entre os seres que surgem as relações, ocorrendo possibilidades de trocas afetuosas, aprendizagens, descobertas e aumento do vínculo que foi iniciado durante a gestação

5.     Considerações finais

    A partir dos objetivos propostos e resultados obtidos, foi possível elaborar as considerações finais deste estudo. No que se menciona aos efeitos físicos, observou-se no decorrer do trabalho, e foram confirmados pelos relatos das mães, que a qualidade do sono dos bebês melhorou, tornando-se mais tranquilo. Quanto às cólicas, a massagem propiciou alívio e subsequente melhora no funcionamento intestinal.

    Durante a aplicação da Shantala, através dos relatos das mães, verificou-se que o comportamento de todos os bebês se deu de maneira tranquila e que para as mães tornava-se um momento de interação e de grande emoção, pois através de suas mãos podiam passar para seus filhos muito mais amor e carinho.

    Desta forma, é importante destacar que durante o período de desenvolvimento desta pesquisa, pôde-se compreender a importância do toque para o ser vivo, especialmente nesta fase da vida, em que mais se necessita do contato físico para o desenvolvimento.

    Além disso, foi possível compreender que a massagem Shantala auxilia a fortalecer o vínculo afetivo entre mãe e filho, numa relação pura e calorosa, que vai ajudar a criança a desenvolver a sua autoimagem.

    O poder das mãos é indiscutível, o tato, diluindo todas as tensões, o calor humano, assim teremos, futuros adultos mais equilibrados, mais harmonizados com o mundo e consigo mesmo.

    Esta pesquisa contribuirá como ponto de partida e de referência para novos estudos de cunho experimental, onde profissionais da estética podem e devem sempre buscar novas alternativas, enaltecendo a importância deste estudo que aborda o toque como uma transmissão de carinho.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 184 | Buenos Aires, Septiembre de 2013
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