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Prática de atividade física em estudantes das áreas de saúde

e não saúde de uma universidade do interior de São Paulo

La práctica de actividad física en estudiantes de las áreas de salud y no salud de una universidad del interior de Sao Paulo

 

*Programa de Mestrado em Promoção da Saúde – UNIFRAN – Franca, SP

**Laboratório de Metabolismo e Fisiologia do Esforço - MEFE – UNESP – Bauru, SP

***Faculdade de Medicina – Universidade de Ribeirão Preto – Ribeirão Preto, SP

****Educação Física – UNIFRAN – Franca, SP

*****Centro Universitário Hermínio Ometto – Araras, SP

(Brasil)

Matheus Soares Sicaroni*

Daine Carrijo****

Luciana Moreira Motta Raiz****

Daniel Gottardo de Souza* ****

Cassiano Merussi Neiva* ** ***

Alaércio Perotti Júnior*****

Maria Georgina Tonello* ****

lumm1973@unifran.br

 

 

 

 

Resumo

          A população mundial tem cada vez mais dificuldade de realizar suas atividades diárias e de lazer, ficando, dessa forma, mais sedentárias. Sedentarismo pode ser considerado como redução ou falta de atividade física, abaixo do volume mínimo proposto pela OMS. A atividade física traz mudanças de comportamento e de condutas no ambiente. Este estudo teve como objetivo identificar o NAF dos alunos dos cursos da área de saúde Educação Física e Enfermagem e compará-lo com os níveis identificados dos cursos da área de não saúde Engenharia de Produção e Pedagogia. Teve como objetivo específico correlacionar os volumes encontrados de 15 participantes, com o estado de condicionamento físico cardiorrespiratório (VO2máx). Participaram deste estudo 125 alunos, de ambos os sexos, de uma universidade do interior de São Paulo. Foi realizado um estudo de corte transversal no período de agosto a outubro de 2012. Para avaliação inicial do volume de atividade física foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão longa. Para avaliar a aptidão cardiorrespiratória foi realizado o teste do banco de Katch e McArdle (1981). Os dados foram analisados de acordo com o nível de atividade física (NAF) apresentados pelos universitários nas sessões 1, 2, 3, 4 do questionário IPAQ, e os resultados de 15 participantes foram correlacionados com o teste de VO2máx. A partir dos resultados encontrados podemos afirmar que: na sessão 1 do IPAQ os estudantes da área de saúde apresentaram resultados estatisticamente superiores aos da área de não saúde para a classificação muito ativo. Na sessão 2 os resultados foram superiores e significativos para a área de saúde na classificação muito ativo e na classificação de sedentários. Os resultados da sessão 3 foram semelhantes ao da sessão 1, apresentando para a área de saúde a categoria muito ativo com diferenças estatísticas. Na sessão 4, encontramos para área da saúde resultados significativos para os níveis de muito ativos e irregularmente ativos. No total das 4 sessões encontramos resultados significativos para os muito ativos e sedentários. Quando teve a tentativa de associação 15 participantes entre os níveis encontrados pelo IPAQ versão longa e o teste do banco de VO2máx, os resultados encontrados não demonstraram associação significativa. Os resultados desse estudo mostram uma necessidade de políticas de incentivo à atividade física no ambiente Universitário, ressaltando uma maior necessidade dos alunos que não atuam na área da saúde.

          Unitermos: Promoção de saúde. Atividade física. Exercício físico. Universitários.

 

Abstract

          The world’s population is having more and more difficulties in performing their daily activities and leisure, becoming, this way, more sedentary. Sedentary lifestyle can be considered as a reduction or as a lack of physical activity, less than the minimum volume suggested by the World Health Organization (WHO). Physical activity changes the behavior and some environmental acts. This study aimed to identify the NAF of students in the area of Physical Education and Healt Nursing and compare it with identified students’ levels non-health areas, being Production Engineer and Pedagogy. Aimed to correlate the found volume of 15 participants, with the state of cardio respiratory fitness (VO2max). The study included 125 students of both sexes from a university located in São Paulo state country. We conducted a cross-sectional study from August to October of 2012. For the initial test of the volume of physical activity we used the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) long version. In order of assessing cardio respiratory fitness, the Katch and McArdle seat test (1981) was used. Data were analyzed according to Physical Activity Level (PAL) presented by the university students in sessions 1, 2, 3, 4 of the IPAQ, and 15 students’ results were correlated with VO2max test. From these results we can say that: IPAQ session 1 showed that students in the health area are statistically superior to the non-health students area to the high-active classification. In session 2 the results were significant and superior to the health area and very active in sedentary classification. The session 3 results were very similar to session 1, showing that the health area as high-active with statistics differences. In session 4 we can see very significant results for health area in high-active areas and irregular actives. A total of 4 sessions found significant results for very active and sedentary. When was the attempt of association between levels 15 participants found the IPAQ long version and test bank VO2max, the results showed no significant association. The results of this study show a need for policies to encourage physical activity in the University environment, emphasizing a greater need for students who do not work in healthcare.

          Keywords: Health promotion. Physical activity. Physical exercise. University.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As universidades formam pessoas com condições de influenciar e ensinar sobre qualidade de vida, conhecimento desenvolvido nos projetos, pesquisas e artigos, e ampliar o comprometimento com a promoção de saúde. Universidades promotoras de saúde discutem mudanças em cursos no setor de educação e saúde no Brasil. A promoção de saúde tem incorporado no cotidiano dos profissionais possibilidades de mudanças nos projetos pedagógicos e diretrizes curriculares nacionais (1).

    Os universitários são pessoas em processo de passagem para o mercado de trabalho e estão propensos a condutas negativas de saúde, e a inatividade física é o principal fator de risco responsável por mortes em todo o mundo. As doenças cardiovasculares deverão ocupar, em 2030, o primeiro lugar em causas de morte no mundo e a inatividade física preenche forte influência para o aparecimento de tais agravos, como as doenças cardiovasculares (2).

    A atividade física traz mudanças de comportamento de condutas no ambiente. O ambiente que ofereça estruturas adequadas para a prática de atividade física no lazer e espaços públicos abertos tem influenciado no estilo de vida das pessoas, que podem vir a adotar hábitos saudáveis (3).

    De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a atividade física traz impacto positivo na qualidade de vida. O exercício regular aprimora o condicionamento físico e previne o ganho de peso (4).

    A prática de atividade física está associada ao estilo de vida dos universitários e à promoção de saúde, porém alguns alunos universitários não são regularmente ativos. O ambiente universitário proporciona conhecimentos sobre como ter um estilo mais saudável, o que depende das mudanças de hábitos de cada aluno (5).

    Na prática do exercício físico o objetivo é ter um efeito fisiológico de treinamento. É necessário que o exercício seja realizado num nível de sobrecarga maior do que a pessoa esteja acostumada a fazer numa intensidade controlada (6). A atividade física, objeto de estudo deste trabalho, apesar de não fornecer os mesmos benefícios apresentados pelo exercício físico, traz mudanças de comportamentos e de condutas no indivíduo, o que torna a sua vida mais fisicamente ativa. Esse aspecto pode ser um primeiro passo para o indivíduo adotar hábitos mais saudáveis.

    Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo Avaliar o volume de atividade física e o estado de condicionamento físico em estudantes universitários e comparar os níveis de atividade física entre os estudantes da área de saúde com os da área de não saúde.

Metodologia

    Trata-se de um estudo de corte, de caráter quantitativo, do qual participaram 125 estudantes universitários dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Engenharia a de Produção e Pedagogia, do ano de 2012, com idades acima de 18 anos, de ambos os sexos, de uma universidade privada em Franca, no interior de São Paulo, Brasil. O projeto de pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Franca, nos termos da Resolução 196/96 sob o número de protocolo 0064/10 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

    Os participantes receberam o endereço eletrônico do questionário que estava anexado na sua pagina da própria universidade (Portal ASA) junto com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram fornecidas instruções gerais para o preenchimento do questionário que foi constituído por questões relacionadas a curso, idade, sexo, renda familiar e o questionário de avaliação de nível de atividade física - IPAQ versão longa.

    O IPAQ inicialmente fornece a classificação de atividade física por seções: atividade física no trabalho; atividade física como meio de transporte; atividade física em casa: trabalho, tarefas domésticas e cuidar da família; atividades físicas de recreação, esporte, exercício e de lazer e o tempo gasto sentado. Foram também calculados os gastos de energia em (trabalho, trans­porte, atividades domésticas, lazer e total), expressos em MET (measure energy total) para a computação do nível de atividade física total dos participantes.

    Após o término do preenchimento do questionário foram fornecidas instruções para participação da segunda fase da pesquisa, que consistiu em uma avaliação da aptidão cardiorrespiratória. O teste para avaliar a aptidão cardiorrespiratória foi o do banco de Mcardle (7).

    O participante subiu e desceu do banco durante 3 minutos num ritmo (cadência) de 22 ciclos por minuto para as mulheres e em 24 ciclos por minuto para os homens. Cada ciclo se completou quando o participante subiu com uma perna, depois com a outra perna, desceu com a primeira perna e finalmente desceu com a segunda perna. Para a monitorização da cadência foi utilizado um metrônomo regulado para 96 batidas por minutos para os homens e 88 batidas por minuto para as mulheres. Os participantes foram orientados a permanecerem de pé e a freqüência cardíaca de recuperação foi aferida no terceiro minuto pós-esforço. O resultado final do teste de VO2 máx. foi fornecido pelos níveis de atividade física: muito fraca, fraca, regular, boa e excelente. Para a análise estatística foi utilizado o Teste de Fisher.

Resultados e discussão

Tabela 1. Distribuição do NAF na seção 1: Atividade física no trabalho, segundo as 

categorias do IPAQ versão longa dos participantes dos cursos de saúde e não saúde

    Os resultados apresentaram diferença significativa quando comparados os participantes dos cursos de saúde (p<0,05) e não saúde para a categoria muito ativo. Esses achados estão de acordo com o trabalho realizado na Universidade Federal de Paraíba em 2007 com 1.503 estudantes, analisados também pelo IPAQ, que apresentou maior prevalência de baixo nível de atividade física no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) (45,5%), e as menores no Centro de Ciências da Saúde (CCS) (19,7%) e no Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA) (25,3%) (8). Foram verificados em estudo semelhante (9), os níveis de atividade física, hábitos alimentares e controle de peso corporal em universitários. A amostra incluiu 357 estudantes; os homens mais ativos estavam nas áreas de saúde (90,9%) e exatas (88,0%), os menos ativos estavam nas áreas de letras (25,0%) e humanas (23,2%).

Tabela 2. Distribuição do NAF na seção 2: Atividade física como meio de transporte segundo 

as categorias do IPAQ versão longa dos participantes dos cursos de saúde e não saúde

    Os resultados conforme demonstrados na Tabela 2 de NAF como meio de transporte quando comparados os participantes dos cursos de saúde e não saúde apresentaram resultados significativos para a categoria muito ativo e Sedentário (p<0,05).

Tabela 3. Distribuição do NAF seção 3: Atividade física em casa: trabalho, tarefas domésticas e cuidar da família, 

segundo as categorias do IPAQ versão longa dos participantes dos cursos de saúde e não saúde

    Os resultados conforme demonstrados na Tabela 3 de NAF em casa, tarefas domésticas, quando comparados com os participantes dos cursos de não saúde, os da saúde foram significativos para a categoria muito ativo (p<0,05).

    Com relação às atividades ocupacionais foram estudados docentes universitários do município de Toledo-PR, que tiveram seus níveis de atividade física investigados pelo IPAQ, versão curta, além das possíveis barreiras para a prática regular de atividade física (10). A amostra foi composta por 112 sujeitos (n=63 do sexo masculino e n=49 do sexo feminino), com idade entre 39,06 ± 8,63 anos. O sedentarismo foi a condição prevalente em ambos os sexos (48,21%), e 26% dos docentes foram considerados insuficientemente ativos. A elevada prevalência de sedentarismo observada possivelmente está relacionada às atividades ocupacionais realizadas pelos docentes.

Tabela 4. Distribuição do NAF na seção 4: Atividades físicas de recreação, esporte, exercício e lazer segundo

 as categorias do IPAQ versão longa dos participantes dos cursos de saúde e não saúde (Teste de Fisher)

    Os resultados, conforme demonstrados na Tabela 4 de NAF de recreação, esporte e lazer, dos participantes dos cursos de saúde foram significativos para a categoria muito ativo e irregularmente ativo (p<0,05) quando comparados com os cursos de não saúde.

    Outros estudos demonstraram para estas variáveis resultados diferentes entre os sexos (11), participaram 60 alunos avaliados pelo (IPAQ longo), onde 30 participantes eram do sexo feminino e 30 do sexo masculino, com idades de 18 a 38 anos, de uma universidade do interior de São Paulo. Os resultados relativos à atividade física no esporte e lazer demonstraram uma diferença significante entre os sexos (p=0,0053), sendo que o sexo masculino apresentou maior nível de atividade e exercício físico no esporte e lazer. Os resultados encontrados são semelhantes aos já apresentados em estudos anteriores, mostrando que mulheres apresentam menores índices de atividade e exercício físico, sendo mais propensas a comportamentos sedentários (12).

Tabela 5. Distribuição do NAF na seção 5: Total segundo as categorias do IPAQ 

versão longa dos participantes dos cursos de saúde e não saúde (Teste de Fisher)

    Os resultados demonstrados na Tabela 5 representam o Nível de Atividade Física Total, segundo a classificação do IPAQ versão longa. Esse resultado total é equivalente à computação: Atividade física Total = soma de Trabalho Total + Transporte + Total Doméstica e Jardim + Total de pontos de lazer (em minutos por sessão). Quando comparados os participantes dos cursos de saúde os resultados foram significativos (p<0,05) em relação aos do não saúde para as categorias muito ativo e sedentário.

Conclusão

    O resultado do nível de atividade física total nos permite concluir que a partir da somatória de todas as categorias avaliadas pelo instrumento IPAQ versão longa, os participantes da área da saúde apresentaram um comportamento “Muito Ativo” significante em relação aos da não saúde, isto pode ser justificado pelo conhecimento que a área da saúde tem em relação aos benefícios da prática regular de atividades físicas para promoção da saúde e qualidade de vida e que as demais áreas precisam ser mais estimuladas a um estilo de vida ativo.

Referências

  1. Mello ALSF, Moysés ST, Moysés SJ. A universidade promotora de saúde e as mudanças na formação profissional. Interface comun. saúde educ. 2010;14(34): 683-692.

  2. Souza LHR, Santos IKB. Nível de atividade física em acadêmicos do curso de Educação Física da Faculdade São Francisco de Barreiras. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 2012;17(167). http://www.efdeportes.com/efd167/atividade-fisica-em-academicos-de-educacao-fisica.htm

  3. Florindo AA, Salvador EP, Reis RS et al. Percepção do ambiente e prática de atividade física em adultos residentes em região de baixo nível socioeconômico. Rev. Saúde pública. 2011;45(2):302-10.

  4. Sávio KEO, Costa THM, Schmitz BAS et al. Sexo, renda e escolaridade associados ao nível de atividade física de trabalhadores. Rev. Saúde pública. 2008;42(3):457-63.

  5. Guedes DP, Santos CA, Lopes CC. Estágios de mudança de comportamento e prática habitual de atividade física em universitários. Rev. bras. cineantropom. desempenho hum. 2006;8(4):5-15.

  6. Ciolac EG, Guimarães GV. Exercício físico e síndrome metabólica. Rev. bras. med. esporte. 2004;10(4):319-24

  7. MCardle W. Fisiologia do exercício. Interamericana. 1985.

  8. Fontes ACD, Vianna RPT. Prevalência e fatores associados ao baixo nível de atividade física entre estudantes universitários de uma universidade pública da região Nordeste – Brasil. Rev. bras Epidemiol. 2009;12(1):20-9.

  9. Simão CB, Nahas M, Oliveira ESA. Atividade física habitual, hábitos alimentares e prevalência de sobrepeso e obesidade em universitários da Universidade do Planalto Catarinense - Uniplac, Lages. S.C. Rev. bras. Atividade Física Saúde. 2006; 1(11):3-12.

  10. Elsangedy HM, Krinski K, Buzzachera CF, Vitorino DC, Cieslak F, Silva SG. Nível de atividade física e suas possíveis barreiras em docentes universitários de Toledo - PR. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 2008; 12(118): 1-4. http://www.efdeportes.com/efd118/nivel-de-atividade-fisica-em-docentes-universitarios.htm

  11. Rodrigues DC, Sicaroni MS, Montanhini AM, Chereguini P, Tonello MGM. Nível de atividade e exercício físico no esporte e lazer em universitários do curso de Educação Física: uma comparação entre os sexos. In: Anais do 7º Encontro de Iniciação Científica e de Professores Pesquisadores; 8-10 nov 2012; Franca, BR. Franca: Universidade de Franca; 2012.

  12. Matias, WB. Nível de atividade física habitual de universitários. Pulsar, 2011; 3(1).

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