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O modelo de jogo ideal para a formação de jovens atletas de futsal

El modelo de juego ideal para la formación de jugadores juveniles de futsal

 

Autor. CIB

Orientador. IEFES/UFC

(Brasil)

Eduardo Figueiredo Maciel*

Ms. Otávio Nogueira Balzano**

otaviobalzano@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: O Brasil, na área esportiva, caracteriza-se por ser uma potência em vários esportes coletivos. Dentre eles, podemos citar o futsal, no qual é detentor de vários títulos internacionais e referência mundial neste desporto.Objetivo: Apresentar um modelo de jogo ideal, para a formação de jovens atletas de futsal, com ênfase na defesa individual. Metodologia: Este estudo se caracteriza por uma pesquisa de revisão bibliográfica. Resultados: O domínio da marcação individual é pré-requisito básico para que os aluno/atletas aprendam da melhor maneira os fundamentos táticos básicos defensivos e ofensivos do jogo. Considerações finais: A definição de um modelo de jogo ideal para a formação de jovens atletas de futsal, num primeiro momento começa pela definição do sistema de defesa, para que em seguida se defina o sistema de ataque. Pois desta forma, treinamos fundamentos táticos básicos defensivos e ofensivos do jogo, como desarmar, abordar o adversário, manter o contato visual com a bola e com o seu respectivo adversário, enfrentar o adversário sofrendo pressão, atrapalhar passes e recepções dos adversários entre outros.

          Unitermos: Futsal. Jogo. Formação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O Brasil, na área esportiva, caracteriza-se por ser uma potência em vários esportes coletivos. Dentre eles, podemos citar o futsal, no qual é detentor de vários títulos internacionais e referência mundial neste desporto. Sendo assim, este artigo tem por objetivo colocar em pauta como tema de estudo para esta modalidade, o modelo de jogo ideal (OLIVEIRA, 2006), para a formação de jovens atletas de futsal, com a intenção de nortear o melhor caminho para que se possa organizar taticamente uma equipe de futsal e ao mesmo tempo formar atletas inteligentes esportivamente (GRECO, 1998). O esporte coletivo de alto nível caracteriza-se por um equilíbrio entre ataque e defesa, pois é dada para ambos a mesma importância nas unidades de treinamento. Durante os treinamentos, uma equipe que tem boa defesa dificulta as ações ofensivas de seus oponentes e, por conseguinte melhora seu desempenho de ataque. Durante os jogos, a equipe que tem uma defesa forte, tem confiança para realizar seus ataques. O grupo que defende bem retoma a posse de bola com mais facilidade, permitindo, assim, um maior número de contra-ataques ou ataques. Nos desportos coletivos, diferenciamos o jogo de alto nível da chamada “pelada” através da organização tática das equipes seja ela ofensiva ou defensiva. Esta diferenciação não conceitua esporte de alto nível, e sim “jogo de alto nível”. Esta definição não leva em conta a qualidade nem a idade dos praticantes, pois podemos ter um jogo de alto nível independentemente de onde ele seja praticado. Portanto, no futsal as ações táticas de ataque e defesa são condicionantes para determinar e qualificar o desempenho de uma equipe. “Uma característica da atividade nos jogos desportivos, é que todas as ações realizadas são fortemente determinadas pelo ponto de vista tático” (KONZAG, 1991). Isto reforça a importância de desenvolvermos aspectos táticos em todas as fases da formação desportiva. É importante adequar á tática coletiva às fases de desenvolvimento dos jogos desportivos coletivos que se encontram os atletas, segundo Garganta (1998), fase anárquica, descentrada, estruturada e elaborada. Desta forma, torna-se fundamental que toda a equipe tenha um modelo de jogo e que este inicie pela definição do sistema de defesa. Através do início dos treinamentos, com ênfase na metodologia centrada no jogo condicionado (Balzano, 2012), tendo como primeiro conteúdo os sistemas de defesas, os atletas terão subsídios técnicos e táticos para que possam tomar as melhores decisões quando estiverem em quadra.

Defesa individual: porque começar por ela?

    É muito comum observarmos nas categorias iniciantes, professores organizarem sua defesa através do modelo zona. Acredito que isto aconteça devido a dois fatores. O primeiro deve-se ao fato de haver uma confusão entre sistema ofensivo e defensivo. O segundo na visão dos treinadores, ser mais fácil posicionar os alunos em zona, dando um setor para cada atleta ocupar na quadra. Estudando as fases de compreensão da estruturação do jogo, a sistematização defensiva mais fácil de ser utilizada pelos aprendizes nos jogos coletivos é a estruturação centrada na bola, ou seja, é aquele famoso “futebol de cachorro”, pois todos estão em torno da bola, conceituado por Garganta (1995) como fase anárquica. Na segunda e terceira etapas de aprendizado, este mesmo autor destaca para a descentração gradual da bola, mas ainda há uma grande concentração nas estruturas do jogo, ou seja, passa-se a descentrar a atenção no objeto móvel (a bola), mas a referência dos alunos começa a ser as estruturas fixas (os gols, a quadra de ataque e a quadra de defesa), criando-se, o que se diz na gíria do futebol “o jogador da banheira” e os jogadores que ficam fixos na defesa para evitar que o atacante receba a bola sozinho, surgindo então a necessidade de começar a ser individualizada a marcação, sempre com o intuito de não deixar ninguém sozinho na quadra. Os alunos que se encontram ainda em uma fase de desenvolvimento cognitivo bastante centrado no objeto do jogo (a bola) – portanto anárquico – acabam recebendo uma mera informação do professor, “cada um marca um”, que na realidade acaba não sendo bem compreendida pelo aluno criando a este uma grande contradição de objetivos a serem atingidos no jogo – seguir a bola ou seguir o adversário? – e a tal “defesa simples” passa a ser dotada de grande complexidade para o jogador iniciante. Portanto, defesa individual não pode ser encarada apenas como uma simples determinação do professor e deve ser “pedagogizada” e acreditar que este tipo de estruturação defensiva é a mais simples de ser utilizada pelos alunos.

Defesa individual é coletiva

    O fato de jogar com marcação individual não é modelo de defesa de time de alto nível, ou de jogadores experientes ou com ênfase na estratégia de anular os melhores jogadores de uma determinada equipe. O caso de jogar com marcação individual é um saber típico da iniciação ao futsal, pois, através da desta defesa, os alunos/atletas iniciantes podem vivenciar no momento em que jogam tarefas bem definidas. O que facilita o cumprimento dessas tarefas é aprender a conviver com as referências bola e adversário para que se consiga desenvolver a capacidade de proteger seu gol (alvo) e recuperar a bola de seu adversário. Esta proteção de alvo constrói uma condição importante para fazermos a marcação individual, o binômio “bola e marcador”, pois através deste conceito construiremos a capacidade de entender e desenvolver alguns aspectos da tática individual defensiva, entre eles a cobertura (GRECO, 1998). Essa organização defensiva, apesar de ter uma relação direta de enfrentamento individualizado, não pode ser considerada em essência uma organização descompromissada com a coletividade, pois esta situação de 1 contra 1 é onde desenvolveremos aspectos da tática individual defensiva fundamentais para que, nas categorias de formação com idade avançada, nosso aluno consiga jogar com outros sistemas de defesa. Um fato importante que desenvolvemos com a defesa individualizada é buscar a coletividade e dar aos alunos a consciência de que, mais do que marcar um determinado jogador, existe também a possibilidade de “marcar” as linhas de passe que o jogador com a posse de bola possui, possibilitando a antecipação da trajetória da bola por parte dos marcadores. Isso é bastante comum quando um marcador indireto, interceptando a bola – ou seja, aquele que não marcava diretamente o possível receptor da bola abre mão de sua defesa individualizada em detrimento da possibilidade de antecipar a trajetória que a bola está realizando. É importante ressaltar que alguns princípios defensivos segundo Saad (2002) regem as estratégias individuais de cada um dos alunos/atletas que marcam de forma individual, pois uma falha pode comprometer a estrutura defensiva de sua equipe, reforçando a idéia de coletividade.

Evolução do ataque a partir da defesa

    É preciso maturidade para se jogar contra uma defesa por zona, tanto que em alguns campeonatos de basquetebol, por exemplo, é proibido o uso do sistema de defesa em zona. Por mais que seja difícil jogar contra este sistema, ele não é o ideal para a iniciação, pois tiramos do jogo um aspecto fundamental para que qualquer defesa ou ataque desenvolva-se, o enfrentamento 1 contra 1. Este enfrentamento que acontece na marcação individual desenvolve o processo de tomada de decisão do nosso aluno/atleta, pois este precisa decidir o tempo todo, qual ação irá tomar. Driblar ou passar, dar linha de passe ou deslocar-se sem bola (desmarcar), penetrar no espaço vazio ou posicionar-se atrás da linha da bola, entre outras, pois assim, teremos a oportunidade de construir um jogador mais inteligente esportivamente (FILGUEIRA e GRECO, 2008).

Considerações finais

    A definição de um modelo de jogo ideal para a formação de jovens atletas de futsal, a partir de todos os aspectos tratados anteriormente, passa, no primeiro momento pela definição do sistema de defesa para que em seguida se defina o sistema de ataque com suas manobras. Acredito que o domínio da marcação individual é pré-requisito básico para que os alunos/atletas aprendam da melhor maneira os fundamentos táticos básicos defensivos e ofensivos do jogo, ou seja, desarmar, abordar o adversário, manter o contato visual com a bola e com o seu respectivo adversário, enfrentar o adversário sofrendo pressão, atrapalhar passes e recepções dos adversários, deslocar-se explorando o jogo lateral e profundidade, colocar-se em linha de passe, realizar bloqueios de corridas dos adversários, entre outros. Buscar uma forma mais agressiva (ofensiva) de defender mantém os alunos/atletas motivados e estes sentirão prazer em jogar no setor defensivo, pois participarão ativamente, perturbando o adversário a todo tempo, reduzindo o tempo de ataque e a chance de tomar um gol, diminuindo também a área de atuação do time adversário. No lado ofensivo, acredito que a motivação aconteça do mesmo modo, pois os alunos terão que tomar decisões durante o jogo, e isto desenvolverá aspectos cognitivos fundamentais para o bom desenvolvimento do jogo.

    Muitos treinadores, depois de trabalhar a marcação individual, levam seus alunos a marcar em uma defesa meia quadra ou 1/3 de quadra, o que acaba limitando os jogadores a percorrer apenas a extensão da área e, na maioria das vezes, jogar em função do bloqueio de chutes adversários. Isso pode tirar a motivação dos alunos, deixa o ataque muito livre para fazer o que quiser e, normalmente, o melhor jogador adversário vai realizar a maioria dos chutes e, fatalmente, os converterá em gols. Desta forma, acredito que trabalhar uma defesa mais aberta, onde ainda seja valorizada a situação de 1contra 1, seja interessante. Com esse tipo de defesa, mais aberta e mais agressiva, até diferenças grandes de força podem ser superadas, por exemplo: times mais fracos fazendo uma defesa “agressiva”, marcando os jogadores adversários na pressão, dificultando o chute de longa distância. Futuramente, quando os alunos/atletas já tiverem incorporado o espírito da marcação, podemos trabalhar mais tranquilamente com defesas mais fechadas ou em zona, com mais coberturas e elementos táticos.

Referências

  • BALZANO, Nogueira Balzano. Metodologia dos jogos Condicionados para o Futsal e Educação Física Escolar. Editora Fontoura. Jundiaí/SP, 2012.

  • FILGUEIRA, F. M. e GRECO, P. J. Futebol: um estudo sobre a capacidade tática no processo de ensino-aprendizagem–treinamento. São Paulo, Revista Brasileira de Futebol, 2008 Jul-Dez; 01(2): 53-65.

  • GRECO, J. P. Iniciação Esportiva Universal 2: Metodologia da Iniciação Esportiva na Escola e no Clube. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

  • GARGANTA, Júlio. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; GARGANTA, Júlio. O ensino dos jogos desportivos colectivos: perspectivas e tendências, 1998.

  • KONZAG, I. A Formação Técnico-Tática nos Jogos Desportivos Coletivos. Treino Desportivo, Porto, n. 19, p. 27-37, mar, 1991.

  • OLIVEIRA, B. et al. Mourinho: Porquê Tantas Vitórias?. Lisboa. Gradiva, 2006.

  • OLIVEIRA, J. (Org.). O ensino dos jogos desportivos. 2. ed. Porto: Universidade do Porto, 1995.

  • SAAD, M.A. Estruturação das sessões de treinamento técnico-tático nos escalões de formação do futsal. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

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