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Análise da coordenação hidrodinâmica de nado 

crawl de envelhecentes da cidade de Manaus, AM

Análisis de la coordinación hidrodinámica del nado crawl de personas mayores de la ciudad de Manaus, AM

 

Universidade Federal do Amazonas

(Brasil)

Vinícius Cavalcanti

Rita Maria dos Santos Puga Barbosa

ritapuga@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar os fatores que influenciaram no aprendizado da natação por parte dos envelhecentes. A amostra foi constituída de 16 envelhecentes, sendo 14 mulheres e 2 homens, entre 45 a 74 anos. Para a obtenção dos dados foram utilizadas duas entrevistas e uma planilha de verificação das qualidades hidrodinâmicas utilizadas ao longo do programa. Os resultados apontaram: 1) aprendizado da natação da quase totalidade da amostra, exceto uma envelhecente que não aprendeu a nadar. 2) melhoria da condição física e a diminuição das dores. 3) aumento dos escores de qualidades hidrodinâmicas e metragem de 15 metros para 25 metros. Em relação aos significados de aprender a nadar, os resultados apontam que houve um melhor desenvolvimento motor e a busca de um estilo de vida saudável e o medo de um afogamento como relatos de destaque.

          Unitermos: Gerontologia. Educação Física. Educação.

 

Abstract

          This research aimed to examine the factors that influence the learning of swimming by the elderly. The sample consisted of 16 elderly, 14 women and 2 men, between 45 and 74 years. To obtain the data, we used two interviews and verification worksheet hydrodynamic qualities used throughout the program. The results showed: 1) learning to swim almost the entire sample, except one elderly not learned to swim. 2) According to reports: there was improved physical condition and decreased pain. 3) There was an increase in scores hydrodynamic qualities and footage of 15 m to 25 m. Regarding the significance of learning to swim, the results indicate that there was a better motor development and the pursuit of a healthy lifestyle and the fear of drowning as accounts prominent.

          Keywords: Gerontology. Physical Education. Education.

 

Presenteado em I Bioergonomics, Congresso Internacional sobre Biomecânica y Ergonomia, Manaus, Brasil, do 30 de maio ao 2 de junho.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 183, Agosto de 2013. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Há consenso entre os Gerontologistas de que o envelhecimento é um processo contínuo, que ocorre um declínio progressivo de todos os processos fisiológicos, e, no qual a manutenção de um estilo de vida ativo e saudável poderá retardar as alterações morfofuncionais características do envelhecimento (MORAGAS, 1997; BODACHNE, 1998; PAPALÉO NETTO, 2002; FREITAS et al, 2002; HEIKKINEN, 2006; AIDAR et al, 2006, entre outros).

    Um aspecto de suma importância no processo de envelhecimento é a prática da Educação Física Gerontológica segundo afirma Puga Barbosa (2003), pois a sua prática amplia gradativamente os afazeres de educar para o envelhecimento. Além disso, segundo a autora, os esportes gerontológicos são pontos fortes que impulsionam múltiplas ações e atividades.

    Cavalcanti (2011) assinala que é fundamental a participação dos envelhecentes em programas de atividade física que são compostos por atividade, tais como, a caminhada, a corrida, a natação, a hidroginástica, a musculação e outras mais.

    A natação é considerada um dos meios mais eficazes para prevenção e correção de problemas posturais, principalmente os desvios da coluna vertebral. O trabalho simétrico proporcionado pela movimentação alternada de membros e sua tração sobre a musculatura paravertebral têm extraordinária eficácia na redução desses desvios, especialmente no que tange à estrutura dos pés, região lombo-pélvica e região dorsal superior e cervical (TAHARA, 2006).

    Além disso, sendo natural ou não ao ser humano, tornou-se evidente que a natação vem ocupando um espaço através da prescrição médica, da opção dos praticantes e da grande preferência na realização de uma atividade física regular (MARQUES, 2001).

    Marques (2001) assinala que a questão da falta de experiências motoras anteriores no meio líquido, o provável problema de aprendizagem enfrentado por pessoas idosas que não exerceram tais experiências poderá ser similar ao de qualquer outro indivíduo, em qualquer idade, que ainda não tenha desenvolvido esta relação.

    Além disso, os programas de atividades aquáticas para Tahara (2006) vêm evoluindo de maneira satisfatória de acordo com as exigências da sociedade e do próprio ser humano, sendo uma das modalidades esportivas mais praticadas em academias, clubes, haja vista a quantidade de pessoas que adoram se exercitar em meio líquido. Inclusive, segundo Maglischo (1999) o envelhecente tem um retardo considerável no seu envelhecimento com um treinamento adequado. Além disso, o autor assinala que o envelhecente poderá ter uma capacidade de treinamento semelhante e sem restrições como de um jovem. Gallahue (2005) afirma que as diferenças não são significativas entre nadadores adultos jovens e nadadores idosos.

    Corroborando com o autor acima, Wilmore e Costill (2001) afirmam que em todos os esportes, o desempenho geralmente diminui com a idade. Entretanto, na natação que depende bastante de habilidade, alguns atletas mais velhos obtêm seus melhores resultados na quarta ou na quinta década de vida. Gallahue (2005) assinala que adultos idosos saudáveis podem ter altos níveis de desempenho em domínios de tarefas especificas através do envolvimento regular na prática de atividades físicas. Além disso, segundo o mesmo autor, evidências sugerem que idosos que mantêm-se fisicamente ativos, além de se adaptarem as modificações da idade, inibem o declínio mais efetivamente do que os adultos sedentários.

    Este artigo tem por objetivo caracterizar os fatores que influenciaram no aprendizado da natação por parte de envelhecentes.

Procedimentos metodológicos

    A amostra deste estudo foi composta por dezesseis envelhecentes (n=16). Os envelhecentes foram convidados a participar da pesquisa durante o processo de matricula, posicionando-se favoravelmente. Os envelhecentes foram incluídos com base nos seguintes critérios: não saber nadar nenhum dos quatro estilos da natação (borboleta, crawl, costas e peito) segundo seu próprio relato; ter idade variando de 45 a 59 anos e 60 anos em diante; por demanda espontânea, ou seja, sua vontade própria; por serem considerados aptos para a prática de atividades físicas, após apresentarem um atestado médico.

    Para esta pesquisa foram utilizadas duas entrevistas semi-estruturadas que foram adaptadas de Marques (2001) e uma planilha de verificação das qualidades hidrodinâmicas que foi adaptada de Machado (1998). Este estudo foi inscrito no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas, protocolado no CEP/UFAM com o CAAE de nº 351.0.115.000-09. Aprovada por unanimidade na reunião do dia 16 de dezembro de 2009.

    Os resultados finais implicaram em uma análise descritiva dos objetivos e questões investigadas, analisando assim o conhecimento do nadar por partes dos envelhecentes voluntários desta pesquisa. Para apresentar os resultados quantitativos da pesquisa foi utilizada como elementos estatísticos, a frequência e a média. Para expressar os resultados qualitativos foi aplicada a técnica de Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977), a qual revela as essências dos conteúdos surgidos nas entrevistas.

Resultados

    No que se refere ao teste de realização de braçadas do estilo solicitado (gráfico 01), na distância de 15 metros, houve a predominância do nível 4, com uma baixa presença dos níveis 1, 2 e 3 da escala e a não ocorrência do nível 5. Já no teste na distância de 25 metros, não registramos os níveis 1 e 2, sendo os maiores percentuais obtidos nos níveis 3, 4 e 5.

Gráfico 01. Teste de realização de braçadas do estilo solicitado

nas distâncias de 15 metros (coluna de cor) e 25 metros

    No que tange ao teste de realização de pernadas do estilo solicitado (Gráfico 02), na distância de 15 metros, houve a predominância do nível 4, com uma discreta presença dos níveis 1, 2 e 3. Na realização da prática de pernadas, não ocorreu à presença do nível 5. Já no teste na distância de 25 metros, não registro dos níveis 1 e 2, sendo os maiores percentuais obtidos nos níveis 3, 4 e 5.

Gráfico 02. Teste de realização de pernadas do estilo

solicitado nas distâncias de 15 metros e 25 metros

    No que concerne ao teste de coordenação de braços e pernas na execução do estilo de nado solicitado (Gráfico 03), na distância de 15 metros, ocorre a predominância do nível 4, tendo uma baixa presença dos níveis 1, 2 e 3. No teste de distância de 15 metros não houve a presença do nível 5. No teste da distância de 25 metros, não ocorreu o registro dos níveis 1 e 2, sendo os maiores percentuais obtidos nas distâncias de 3, 4 e 5.

Gráfico 03. Teste de coordenação de braços e pernas na 

execução do nado nas distâncias de 15 metros e 25 metros

Discussão

    Sobre os resultados obtidos nos testes, observa-se uma melhoria dos escores nos testes das distâncias de 25 metros em relação ao teste obtido na distância de 15 metros, sendo que na distância de maior metragem, há maiores percentuais nos níveis 3, 4 e 5, além de não ocorrer mais o registro dos níveis 1 e 2. Um ponto importante para a melhoria dos escores nos exercícios de braçadas foi que para superar as dificuldades da questão da respiração do meio aquático foram utilizados exercícios de coordenação de braçada com respiração, primeiro na borda da piscina, e depois, com os nadadores utilizando um dos braços fixos à frente e o outro braço realizando o movimento de braçada com a respiração do mesmo lado.

    Conforme observação da melhora dos níveis dos testes das distâncias de 25 metros em relação ao teste obtido na distância de 15 metros, Maglischo (1999) destaca que exercícios de braçada devem ser incluídos nos programas de treinamento para nadadores nesta faixa etária, pois os mesmos serão beneficiados. Após estes exercícios, os nadadores realizaram o trabalho completo de pernada e braçada e a respiração com uma maior eficiência e qualidade no gesto motor. Com o domínio da respiração do meio aquático, os nadadores conseguiam executar de melhor forma as outras tarefas.

    Com base nesta melhora no rendimento apontada pelos níveis dos testes das distâncias de 25 metros em relação ao teste obtido na distância de 15 metros, Maglischo (1999) aponta que ocorre uma melhora da qualidade de treinamento em virtude da inclusão de exercícios de pernadas nos programas de treinamento de nadadores neste faixa etária.

    Com base nos resultados obtidos nos testes, observa-se o aumento dos escores na distância de 25 metros em relação a distância de 15 metros, o que pode ser aferido pela quantidade de aulas ao longo da permanência do programa, a quantidade de exercícios de pernada e braçada, além dos educativos específicos para a realização do giro do pescoço para a realização da respiração lateral.

    Através da análise dos resultados obtidos, demonstra-se que prática da atividade física é de suma importância, pois os adultos ativos experimentam declínios menores em relação aos adultos que não são fisicamente ativos. Os programas de treinamento resistido melhoram a força, aumentam a massa muscular e, assim, as diferenças não são significativas entre nadadores adultos jovens e nadadores idosos (GALLAHUE, 2005).

    Com a prática de uma atividade física segundo Cavalcanti (2011), o envelhecente consegue diminuir o declínio em relação àquele que não realiza nenhuma atividade. Dessa forma, é de suma importância o engajamento dos envelhecentes na prática de atividades físicas.

    Além disso, Buss (2000) afirma que a atividade física faz parte da promoção de saúde, cuja finalidade reside na transformação do comportamento dos indivíduos, focando nos seus estilos de vida, localizando-os no seio de suas famílias e, no máximo, no ambiente das culturas da comunidade em que se encontram. Esta mudança no estilo de vida advém da eliminação do sedentarismo, que é fator predominante na população idosa e que, é caracterizado, como sendo um estilo de vida, incluindo a atividade física, com gasto energético inferior a 500 quilocalorias por semana (kcal/sem). Isto se somando às atividades laborais, prazerosas, de vida diária e de locomoção (NAHAS, 2001).

    Ainda segundo McArdle, Katch e Katch (2001) com a vida sedentária é capaz de produzir perdas na capacidade funcional pelo menos tão significativas quanto os efeitos do envelhecimento, pois o desuso do corpo leva a estagnação de diversas funções orgânicas, que começam com um estilo de vida com menos ou nenhuma atividade física, alimentação inadequada e outras mais.

    Sobre a postura, Woodhouse et al (1999) acreditam que as atividades aeróbicas contribuem para a melhora da autonomia, pois as mesmas envolvem não somente a força muscular, mas, também, a interação da capacidade cardiovascular, estabilidade postural, o tempo de processamento cognitivo e os efeitos de emagrecimento.

    Os envelhecentes que realizam treinamento de resistência aeróbica apresentam uma melhoria da atividade enzimática oxidativa de seus músculos, além de retardar as alterações da composição corporal (WILMORE e COSTILL, 2001). Uma das áreas que melhor tem desempenhado seu papel nas atividades para os envelhecentes é a Educação Física, pois a atividade física tem desempenhado um papel fundamental na melhoria dos níveis de força, flexibilidade, resistência aeróbica e anaeróbica (DIAZ, 2008; VERDERI, 2004).

Conclusões

    Com base nos resultados apresentados e seguindo a linha metodológica desta pesquisa, podemos aferir e comprovar a capacidade que os envelhecentes possuem na aprendizagem da natação. Apesar de a idade da amostra pesquisada, entre os 45 até os 74 anos, os progressos foram evidentes a ponto de este grupo participar de uma olimpíada da terceira idade.

    Na avaliação da aplicação do programa ficou caracterizada a capacidade de aprendizagem da natação pelos envelhecentes no processo planejado, e empreendido pelo docente, como demonstram os resultados quantitativos da verificação de qualidades hidrodinâmicas do nado.

Referências bibliográficas

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