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Educação Física como proposta de educação ambiental:

um relato de experiência acerca do estágio supervisionado

Educación Física como propuesta de educación ambiental: un relato de experiencia de las prácticas supervisadas

 

Graduado em Educação Física. Treinamento Esportivo pela FEFF da Universidade

Federal do Amazonas/UFAM. Pós-graduando (Lato Sensu) em Treinamento Esportivo

pela UNIASSELVI/Manaus. Membro do Laboratório de Estudos Socioculturais

onde desenvolve atividades com as temáticas indígena e meio ambiente

Adenildo Vieira De Souza

souza.adenildo@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho tem como objetivo abordar e descrever uma experiência vivenciada no estagio curricular supervisionado realizado no segundo semestre de 2012 na Universidade Federal do Amazonas em Manaus, Amazonas. O estágio consistiu de quatro etapas e destaco neste trabalho a etapa intitulada: Esporte de Aventura realizada durante um evento denominado de Recreio nas Férias. Foi realizada dentro do Campus da UFAM. Participaram alunos de uma Escola Estadual próxima a Instituição com aproximadamente 100 alunos. Esta etapa enfatizou a questão de Sustentabilidade e Educação Ambiental por meio de jogos e brincadeiras. Ao final do estágio percebemos o quanto estas atividades foram importantes ao desenvolvimento Socioambiental dos Alunos, fazendo com que a sensibilidade ambiental fosse aflorada e espera-se que tal evento contribua de forma significativa com o meio ambiente através de ações propostas pelos alunos e acadêmicos que participaram.

          Unitermos: Educação Ambiental. Jogos e brinquedos. Estágio supervisionado.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O estágio supervisionado é um meio pelo qual o aluno coloca em prática o que aprendeu na graduação, reforçando os conteúdos adquiridos bem como melhorando o seu futuro desempenho profissional. Nesta etapa do estágio foi possível perceber o quanto foi importante à contribuição dada por meio da sistematização das etapas trabalhadas a partir da sua elaboração, observações e execução. Foi uma semana de atividades como regência, que me trouxe novas experiências, tanto em relação ao público (os escolares) quando o trabalho em equipe. Todo o trajeto desde o treinamento a execução foram fundamentais ao sucesso de tal etapa. Com ênfase no esporte de aventura que vem ganhando destaque entre os praticantes, descrevemos um conceito da seguinte forma, esses novos esportes são praticados por pessoas comuns, homens e mulheres que muitas vezes são considerados sedentários. São procurados também por pessoas de vida rotineira, com poucas oportunidades para atividades que requerem certo grau de destreza física (CANTORINE; OLIVEIRA, 2005). É possível vermos atualmente pessoas de outros esportes e pessoas que gostam de superar limites praticando o esporte de aventura que vem se tornando cada vez mais esportivizado, como é possível vermos na mídia, as grandes maratonas nas florestas cheias de obstáculos, com até três dias de duração onde é preciso estar bem preparado física e mentalmente para a aventura.

    Nesta etapa do estagio foram explorados atividades como: corrida de aventura, caça ao tesouro, oficinas de brinquedos com sucatas e o plantio de árvores. Procurou-se relacioná-las com a educação ambiental. Tais práticas tiveram um papel fundamental quanto à sensibilização dos alunos em relação ao meio ambiente, pois o local de realização proporcionou um paisagismo maravilhoso. Com isto estimulamos e desenvolvemos a inteligência ecológica dos participantes que para Antunes (2006) está ligada a competência de a natureza ser percebida de forma integral, havendo grande envolvimento com a fauna e flora.

    O Estágio constou de três etapas, sendo: observação, participação e regência. Descreverei cada etapa com seus objetivos e propostas didático-pedagógicas durante a realização das atividades denominada de Recreio nas Férias.

2.     Estágio de observação

    É a etapa onde se caracteriza como forma de reconhecimento e envolvimento no local bem como da equipe de profissionais e alunos do respectivo espaço, clube, escola ou centro de treinamento. O estágio foi realizado nas dependências da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia no setor sul da UFAM. Há mais de três décadas a Faculdade de Educação Física cumpre com galhardia sua missão, qual seja, a de disponibilizar ao mercado de trabalho profissionais críticos, capazes de intervir na sociedade, preparados para dessa forma promover o desenvolvimento do nosso Estado.

    A equipe participou de reuniões antes da realização do evento. Fizeram parte do estágio acadêmicos dos cursos de Educação Física - Treinamento Esportivo, Educação Física – Promoção da saúde e Lazer e Educação Física-Licenciatura. Primeiramente, participamos das reuniões referentes ao evento. Essas reuniões tiveram como objetivo descrever a forma como o recreio de férias seria executado, foram expostos atividades, como exemplos de gincanas propostas pelo programa do governo federal “Segundo Tempo”. Nas três primeiras reuniões foram para tratar e vermos as possibilidades de atividades a serem desenvolvidas em tal evento. Essas atividades foram orientadas por professores da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia - FEFF/UFAM. Nestas três primeiras reuniões os professores responsáveis por tal evento, explanaram os cuidados que deveríamos ter no decorrer das atividades, as características do público participante e a forma como deveríamos orientá-los.

3.     Estágio de participação

    Nesta etapa, houve um treinamento com os acadêmicos que iriam participar do evento, como orientadores (instrutores). O treinamento foi orientado pelos professores da FEFF, sendo os professores da disciplina de estágio supervisionado, tanto do curso de Educação Física bacharelado quanto da licenciatura. O treinamento consistiu em atividades recreativas que foram executadas como forma de grandes jogos, sendo estes os esportes ocidentais como a Corrida de Aventura, Futebol, Futsal, Voleibol, e Rugby. Estes esportes foram adaptados conforme a idade das crianças. Outros jogos que compuseram o repertório do evento foram os jogos tradicionais como a Queimada (cemitério), Barra manteiga, Tacobol e Peteca. Houve também a oficina de Artes composta de pinturas, Desenhos e confecção de brinquedos com sucatas. Todos os jogos foram praticados pela equipe organizadora e orientadora do evento.

    Durante a elaboração das atividades, os professores coordenadores mostraram as inúmeras variações das propostas pedagógicas que poderíamos propor no decorrer da execução junto com os alunos participantes do Recreio. No decorrer das atividades, os professores coordenadores discorriam os cuidados que se deveria ter no decorrer de determinada atividade. Isto para que tivéssemos o cuidado de não excluir nenhum aluno das atividades.

4.     Estágio de regência

    Este estágio foi o momento no qual colocamos em prática e pudemos vivenciar e ter uma boa experiência de tudo o que havíamos planejado no decorrer das reuniões e no treinamento. No primeiro dia de atividades o público que aguardávamos foi pequeno. Mesmo assim desenvolvemos as atividades que estavam previstas. No segundo dia, houve um aumento considerável com aproximadamente 60 crianças. Estas crianças foram separadas em grupos e cada grupo ficou sob a responsabilidade de uma equipe de monitores/orientadores. Cada grupo ficou em uma estação/ setor (corresponde ao local em que uma atividade esta sendo desenvolvida, por exemplo: jogos tradicionais). As estações se dividiam da seguinte maneira: estações de macroginástica, de voleibol e futsal, de futebol, de jogos de raquete, de brincadeiras tradicionais. Após o término do tempo que cada grupo que ficava em determinada estação, fazia-se uma troca de setores, assim todos participavam.

Oficina de jogos e brinquedos de sucatas

    Durante os dias de realização do evento, desenvolvemos uma oficina onde pudemos aproveitar materiais alternativos como sucatas (garrafas plásticas, papel, caixas de papel e latas). Desenvolvemos brinquedos que encantassem os alunos pelo seu formato e ação. Dentre os brinquedos construídos destacamos: carros de garrafas plásticas, jogos de tabuleiros de papelão, bonecos de garrafas e tampas de garrafas, cata-ventos, fantoches, dentre outros. Os alunos confeccionaram seus próprios brinquedos com os materiais que trouxeram de suas casas, começando aí uma intervenção didático-socioambiental para uma nova Sustentabilidade.

Corrida de aventura

    Realizada no terceiro dia, esta se caracteriza como um esporte onde os atletas devem percorrer pontos demarcados em um espaço, geralmente um ambiente dentro de uma área verde, os atletas se dirigem aos pontos dentro desta área, munidos de uma carta ou mapa em mãos e devem passar por todos os pontos picotando-os.

    Para realização da corrida de orientação do recreio de férias, distribuímos os pontos na área verde do setor sul da Universidade Federal do Amazonas. Após a distribuição dos pontos, que corresponderam a sete, houve a organização das equipes, que corresponderam a treze equipes. Cada equipe ficou sob a orientação de dois ou três monitores e cada uma recebeu um nome de um animal da Fauna Amazônica. As equipes ficaram conhecidas como: tamanduá bandeira, onça pintada, arara vermelha, macaco prego, preguiça, dentre outros. Após a organização e distribuição das equipes houve a largada das equipes. Esta corrida foi organizada de forma adaptada de tal modo que as crianças e alunos participantes não sentissem dificuldades no decorrer da atividade.

    Nesta corrida de orientação tudo procedeu de forma positiva, correspondendo às expectativas da equipe organizadora do evento, não houve nenhum imprevisto por parte da equipe bem como dos alunos participante.

Figura 1. Mapa da corrida de Aventura. Área verde da FEFF

Plantio de arvores

    Realizado no último dia do evento onde teve iniciou com a execução do hino nacional, após isto, as crianças que estavam concentradas na Quadra Coberta da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia – FEFF foram distribuídas em grupos sob a responsabilidade de monitores. Cada grupo plantou sua árvore em um local demarcado, próximo ao estacionamento, ao ginásio e nas quadras cobertas, antes do plantio, os grupos receberam instruções de como proceder ao realizar a plantação. Tal prática ambiental foi de fundamental importância, pois despertou o interesse e a conscientização nas crianças em proteger o meio ambiente. Segundo Reigota (2009) a educação ambiental é um meio pelo qual se pode formar cidadãos conscientes através de ações socioambientais.

5.     Resultados e discussões

    Este evento, o recreio nas férias, foi um elo onde se pode conscientizar alunos sobre a temática ambiental, principalmente, quanto a preservação dos recursos hídricos e florestais bem como o ambiente citadino que vem sendo bastante afetado pela ação predatória do homem.

    Por ter sido realizado em uma área verde, ficou fácil a intervenção didático-socioambiental por intermédio dos jogos e brincadeiras por estes fazerem parte do cotidiano dos alunos, facilitando com isto os conteúdos abordados durante o recreio nas férias. Segundo Almeida (2007) o brincar é inerente a nossa vida, principalmente na vida das crianças, é importante e imprescindível que todas as crianças brinquem. Sem haver distinção de classes sociais e religiões.

    Aliamos a cultura lúdica às temáticas ambientais, onde conseguimos contextualiza-las e fazer uma intervenção socioambiental no decorrer das atividades. Ao longo das atividades percebemos alegria e vontade de poder fazer algo para contribuir com a preservação do Planeta. E sem dúvida, constatamos o quão é importante aliar a natureza ao universo lúdico, facilitando a assimilação de uma resposta ecológica que precisa ser dada.

    Para criarmos conscientização ambiental não devemos esperar datas comemorativas e sim trabalha-la de forma interdisciplinar e multidisciplinar, dentro de um contexto pedagógico que possibilite sua visibilidade perante a sociedade. Conforme Higuchi, Farias e Vieira (2010) a educação ambiental não é a educação objetivada, e sim um conceito que se traduz a educação em si, sendo uma educação revigorada, inovadora, inquisitória e propositora, sem ser prescrita, onde não se tem receitas ou modelos preconcebidos.

    Atitudes por meio de atividades socioambientais nos possibilita uma nova intervenção pedagógica, ou uma nova educação para o futuro (MORIN 2011, p. 14): “Para a educação do futuro, é necessário promover grande remembramento dos conhecimentos oriundos das ciências naturais, a fim de situar a condição humana do mundo; dos conhecimentos derivados das ciências humanas, para colocar em evidencia a multidimensionalidade e a complexidade humanas, bem como para integrar (na educação do futuro) a contribuição inestimável das humanidades, não somente a filosofia e a historia, mas também a literatura, a poesia, as artes...”

    A preservação do Planeta não implica apenas, nos cuidados com a fauna e flora e sim na melhoria da qualidade de vida do Ser humano que precisa de um ambiente harmônico e saudável para que possa desfrutar deste, de forma humana e sustentável.

    A organização e execução deste seguimento do estágio proporcionaram grande contributo na formação acadêmica da equipe organizadora e principalmente, dos alunos envolvidos nas atividades, pois experiências como estas propiciam novas formas de pensamento, novas metodologias e iniciativas tão necessárias aos futuros profissionais da Educação.

6.     Considerações finais

    Tal evento foi de grande importância a comunidade acadêmica e externa, para a acadêmica pelo fato de proporcionar uma experiência recreativa comum no âmbito escolar, fazendo com os mesmos vivenciassem a organização e execução das atividades com um público que realmente encontrarão na escola, no clube ou no centro de treinamento, aliando teoria e prática. Já para a comunidade externa (os alunos), oferecemos uma semana repleta de alegria e atividades recreativas, artísticas e ambientais. Observamos em seus olhares e sorrisos a vontade de participar de tais atividades e ao chegarem no dia seguinte com muita empolgação. Sem dúvida, houve uma grande troca de saberes, pois foi possível aprender muito com este público. Contudo, é necessário que atividades deste cunho perpetuem cada vez mais no âmbito escolar e universitário para que estas iniciativas se transformem em um aliado do planeta.

Referências bibliográficas

  • ALMEIDA, Marcos Teodorico Pinheiro. Brincando com palitos e adivinhações. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

  • ANTUNES, Celso. Inteligências múltiplas e seus jogos: Inteligência Ecológica, vol. 3. Petrópolis, RJ : Vozes, 2006.

  • CANTORINI, José; OLIVEIRA JR, Constantino. As atividades físicas de aventura na natureza: Um Estudo na Perspectiva do Processo Civilizador e da Tecnologia como Fator de Afastamento e Aproximação da Natureza. Ponta Grossa, PR, Brasil. 24 a 26 de Nov. 2005.

  • HIGUCHI, Maria Inês Gasparetto; FARIAS, Maria Solange Moreira; VIEIRA, Fernanda Bandeira. Jogos interativos e dinâmicas de grupo em educação ambiental: temas amazônicos. Manaus: 2010.

  • MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 2ª ed. rev. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2011.

  • REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. 2° ed. São Paulo: Brasiliense, 2009 (Coleção primeiros passos; 292).

  • SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: Sucata vira brinquedo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

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