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Adolescente na academia: suplementação para saúde ou estética?

El adolescente en el gimnasio. ¿Suplementación para la salud o para la estética?

 

*Discente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro, UNISA

**Orientadora e Docente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro. São Paulo, SP

(Brasil)

Danieli Yuri Takinami*

Diego de Jesus Teixeira*

Erick da Silva Rosário*

Mariane Feliciano Rodrigues*

Milene Matos*

Profa. Ms. Solange de Oliveira Freitas Borragine**

danitaki@globo.com

 

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa tem o objetivo de analisar a função e os efeitos dos suplementos consumidos pelo público jovem praticante de academia. Para este fim utilizamos o método exploratório, compreendido também como de revisão bibliográfica. Observa-se um grande número de praticantes de academia fazendo uso de suplementos para melhor desempenho e resultados na prática de suas atividades físicas com a intenção de conquistar, em menor tempo, o tão desejado “corpo sarado ou malhado” muitas vezes enfatizados pelas mídias. Essa prática, no entanto, não leva em consideração as consequências / efeitos adversos que podem causar e muitas vezes nem é avaliada a necessidade do seu uso. O fato pode se tornar mais grave ao verificarmos que, algumas vezes, a sugestão para a utilização desses suplementos vem de profissionais de Educação Física, que nem sempre possuem conhecimentos especializados para a prescrição desses. Constatamos também que a maioria dos praticantes não necessita a utilização de suplementos para a obtenção de bons resultados na prática das atividades e, por vezes, apenas uma boa alimentação, aliada a um programa de atividades adequadas são suficientes para a resposta desejada. É importante que o profissional de Educação Física tenha conhecimentos para fornecer as orientações aos seus alunos, possibilitando um resultado eficiente e sem comprometimentos.

          Unitermos: Suplementação. Recursos ergogênicos. Adolescente. Exercício físico.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente exalta-se o culto ao corpo e isso tem sido motivo da grande procura pela prática de atividade física. Hoje essa busca pelo corpo perfeito tem se intensificado, causando preocupação cada vez mais cedo do público adolescente. Entende-se assim que a procura pela prática de exercícios físicos pelos adolescentes seja motivada muito mais por fatores estéticos e pela meta de se obter um corpo ideal, atendendo ao discurso da mídia, que por seus efeitos benéficos.

    Na ânsia de resultados rápidos, esses adolescentes procuram cada vez mais novas estratégias, fazendo o uso de suplementações nutricionais que facilitem o processo, no entanto, nem sempre são informados sobre a utilização correta desses produtos, agravando o fato quando fazem a autoadministração ou ainda aceitam a recomendação, por vezes, de profissionais não especializados.

    Estudos procurando compreender os motivos do uso dessas substâncias por adolescentes, como de Oliveira et al. (2012) identificam que os consumidores mais jovens fazem uso motivados pelo aumento de massa muscular, que é verificado como um grande estímulo, pois, por meio da mídia, a sociedade estabelece um padrão estético que valoriza o corpo musculoso, que leva à aceitação pelo grupo, à admiração de todos e a novas oportunidades, não importando os meios e métodos necessários para sua aquisição.

    A ingestão irrestrita dessas substâncias, porém, deve ser desaconselhada uma vez que pode trazer graves consequências aos seus usuários, podendo levar a um mau funcionamento dos órgãos diretamente atingidos e até ao óbito. A facilidade com que os jovens conseguem se apropriar desses recursos é muito grande, dentro da própria academia é comum ter uma loja que vende, ou ainda são encorajados pelos próprios professores e colegas que já usam e relatam os benefícios, porém os efeitos adversos ficam obscuros por trás dos resultados obtidos. A falta de fiscalização também beneficia essa prática irregular, tendo o público masculino se destacado mais que o feminino nessa corrida ao tão sonhado corpo ideal.

    Esta pesquisa pretende contribuir com esclarecimentos aos profissionais de Educação Física, fornecendo-lhes subsídios para melhor orientar os adolescentes que buscam resultados por um corpo esbelto e “sarado”, por vezes a qualquer preço.

Suplementação e sua influência em adolescentes

    A mídia é um dos importantes estímulos ao uso de produtos e suplementos alimentares ao enfatizar, por exemplo, o mito ao corpo ideal, isso reflete nos adolescente hoje, uma vez que o modelo para eles é, por exemplo, o do garoto bonito do filme americano que tem tudo o que eles desejam e a conclusão que se tem disso é que a sua imagem perfeita o ajudou nessa conquista.

    Quanto ao alto consumo de suplementação, Alves e Lima (2009) indicam que em 2001 a indústria de suplementos alimentares investiu globalmente US$ 46 bilhões em propaganda, como meio de persuadir potenciais consumidores a adquirirem seus produtos. Na adolescência, período de autoafirmação, muitos deles não medem esforços para atingir os objetivos pretendidos e reforçam o número expressivo de vendas destes produtos. O consumo de suplementos alimentares é amplamente difundido também entre atletas e frequentadores de academias, grande parte do público constituído por adolescentes.

    A sistematização de alimentos e/ou a suplementação de nutrientes específicos inicialmente foi criado com o propósito de melhorar o desempenho físico, dando origem à nutrição ergogênica (BUCCI, 2002 apud GOSTON e CORREIA, 2009). Essa nutrição possui como principais razões, segundo Alves e Lima (2009), compensar a dieta inadequada, melhorar a imunidade e prevenir doenças, melhorando o desempenho físico e competitivo.

    O desejo das pessoas, principalmente os adolescentes, de alcançarem resultados rápidos tem tornado o uso dessas substâncias atraente e, por vezes, tendo uma utilização diferente da sua real função, já que hoje os suplementos estão facilmente disponíveis em todo o mundo.

    De acordo com Hernandez e Nahas (2009), a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME) registra preocupação com o crescente consumo de suplementos alimentares e drogas, principalmente por seu uso de forma indiscriminada. Os autores registram que desde que liberados pela Anvisa, os suplementos são comercializados livremente, sem restrições, sem necessidade de receita e costumam ser encontrados em lugares de fácil acesso aos jovens como academias, lojas especializadas, supermercados, farmácias, sites, dentre outros, correndo o risco dos suplementos ainda serem falsificados.

    De acordo com os autores Tirapequi e Castro (2005) citado por Goston e Correia (2009, p.3):

    a palavra ergogênica é derivada da origem grega ergo (trabalho) e gen (produção de), tendo comumente o significado de melhora do potencial para produção de trabalho. Nos esportes, vários recursos ergogênicos têm sido usados, tais como equipamentos e roupas mais leves, métodos de controle do estresse e ansiedade e inclusão de nutrientes a fim de se obter maior eficiência física nas competições. Entretanto, para que uma substância seja legitimamente classificada como ergogênica, ela deve comprovadamente melhorar o desempenho (SANTOS; SANTOS, 2002).

    Em relação ao uso de suplementos, Goston e Correia (2009) relatam em seus estudos com praticantes de atividades em academia, que de 24% a 40% desses desportistas utilizam algum tipo de suplemento e ainda que em torno de 33% dos usuários recebem sugestão para seu uso por profissionais de Educação Física, considerada pelos autores uma atitude antiética e irregular, uma vez que eles não possuem habilitação técnica para tal procedimento. Azambuja e Santos (2006) corroboram quando registram que, segundo o Código de Ética do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), esta prática é caracterizada como exercício irregular da profissão e demonstra uma atitude antiética destes profissionais.

    Para suprir necessidades alimentares os profissionais de Educação Física devem indicar ao seu aluno, um nutricionista, pessoa apta para propor adequadamente dietas e suplementos necessários para cada indivíduo. ''Pessoas fisicamente ativas não necessitam de nutrientes adicionais além daqueles obtidos em uma dieta balanceada ''(ROCKWELL et al., 2001; COSTILL, 2003; SILVA,2005 apud ALVES, 2011, p. 13).

    Conforme Hathcock (2001) e Ortega (2004) citado por Alves (2011) de uma forma geral os suplementos são utilizados para atender / melhorar alguns aspectos do desempenho físico como: aumentar massa muscular, reduzir gordura corporal, prolongar a resistência, melhorar a recuperação, e/ou ainda no sentido de promover alguma característica que determinará melhor rendimento esportivo. Também tem a função de auxiliar na perda de peso; melhorar a estética corporal e diminuir os efeitos adversos do envelhecimento.

    Segundo os estudos de Rocha e Pereira (1998) citado por Goston e Correia (2009) os indivíduos do sexo masculino vêm liderando o consumo de suplementos alimentares com 63%.

    Willians (2007) citado por Pimenta e Lopes (2007) indica que:

    ”A maioria dos suplementos utilizados na prática esportiva é considerada seguro, porém, muitos usuários acreditam que a quantidade aumentada lhes trará melhores resultados, fazendo uso excessivo dos produtos, pondo em dúvida essa segurança, podendo trazer prejuízos à saúde, e provocar efeitos indesejáveis (p. 5)”.

    Goston e Correia (2009) relatam a preocupação em relação ao uso de suplementos quando apresentam que mais da metade dos esportistas afirmam que a indicação para o consumo de suplementos foi por meio de revistas (66%), amigos ou parentes (63%) e vendedores das lojas (56%), alertando também o uso de suplementos com substâncias que podem ser proibidas.

    Para Braggion, Matsudo e Matsudo (2000) o período da adolescência é caracterizado pelas intensas mudanças corporais da puberdade e pelos impulsos do desenvolvimento emocional, mental e social. É a fase em que o crescimento se acelera, os órgãos sexuais ganham definição, surgem mais facilmente as alterações de humor e, juntamente a essas mudanças ocorre uma acentuada modificação da imagem corporal. Além dessas transformações, os adolescentes se deparam com novos desafios trazidos pela globalização e a forte influência dos meios de comunicação nos comportamentos humanos. Como afirma Ruffino (1993) citado por Campagna e Souza (2006), isso tudo reflete em uma homogeneização de comportamentos e os grupos sociais vão perdendo seus traços culturais característicos, acentuando nos adolescentes a preocupação com os padrões de beleza e com o “corpo ideal”, uma vez que os meios de comunicação, e a própria sociedade, influenciam essa questão.

    A preocupação com a aparência e o aumento da insatisfação com o corpo, principalmente com o peso corporal, tem sido muito evidente em adolescentes, e o motivo dessa preocupação, segundo Campagna e Souza (2006) é entendida como resultado de padrões de beleza que, muitas vezes, podem levar os jovens à depressão. Especialistas acreditam que a imagem corporal esteja diretamente ligada ao peso corporal dos adolescentes.

    Percebe-se, portanto, que a influência da mídia e da sociedade se mostra cada vez mais evidente na vida do adolescente, por este motivo, muitas vezes, os jovens tomam medidas drásticas para ter o tão sonhado “corpo ideal” e acabam prejudicando sua saúde para agradar a si e os outros.

Necessidades nutricionais para adolescentes e suplementação

    De acordo com Eisenstein e Coelho (2004), para se avaliar as necessidades nutricionais na adolescência é preciso conhecer a ampla variação do normal no que diz respeito ao crescimento, o que implica a grande diversidade da demanda dos adolescentes.

    Na adolescência o incremento de peso e altura é feito à custa do aumento do esqueleto, da massa muscular, da gordura, dos órgãos, com expansão do volume sanguíneo. O início destes fenômenos, sua amplitude, a duração em cada fase e o término variam muito de indivíduo para indivíduo, ainda que do mesmo sexo, originando necessidades nutricionais diversas. (EISENSTEIN e COELHO, 2004)

    Segundo Mayer e Perrone (2008) o consumo energético adequado é necessário para o crescimento, saúde e manutenção da massa corporal. A ingestão energética crônica inadequada pode conduzir à baixa estatura, atraso da puberdade, irregularidades na menstruação, ossos menos saudáveis e risco aumentado de lesões.

    Segundo Alves e Lima (2009) suplementos alimentares têm por objetivo complementar uma determinada deficiência dietética. Muitas vezes eles são comercializados como substâncias ergogênicas capazes de melhorar ou aumentar a performance física. Proteínas e aminoácidos, creatina, carnitina, vitaminas, microelementos, cafeína, betahidroximetilbutirato e bicarbonato são os suplementos alimentares mais procurados e utilizados pelo adolescente.

    Sobre os principais motivos apresentados pelos adolescentes para o uso de suplementos, de acordo com os estudos de Alves e Lima (2009), podemos apresentar: ganhar massa muscular; melhorar o desempenho competitivo; aumentar a performance física; retardar o surgimento da fadiga; compensar dieta inadequada; ultrapassar o platô de condicionamento físico obtido apenas com a alimentação; norma cultural em alguns esportes; recomendação de amigos, colegas e técnicos; conhecimento de que potenciais competidores fazem uso de suplementos; disponibilidade dos suplementos em farmácias e lojas especializadas: propaganda de que eles são seguros, “naturais”, isentos de efeitos adversos e que podem aumentar a força e a resistência muscular; imitar atletas de elite que supostamente fizeram uso desses suplementos; prevenir doenças; melhorar a imunidade.

    O consumo de suplementos deve ser avaliado, pois muitos adolescentes consomem produtos recomendados por profissionais não especializados. É fundamental que os jovens recebam informações precisas para a aquisição de bons hábitos alimentares, tenham ciência dos prejuízos no uso incorreto de suplementos, alertando-os a consumir suplementos quando for realmente necessário e recomendado por um profissional de saúde habilitado (ZIMBERG et al, 2012.)

Suplementos: funções e efeitos

    De acordo com a Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, suplementos são vitaminas ou minerais combinados ou isolados e que não ultrapasse 100% da Ingestão Diária Recomendada (IDR), com valores acima dos estabelecidos eles são enquadrados como medicamentos, só podendo ser vendidos com receita médica. (SILVA JUNIOR. et al, 2008)

    Os agentes ergogênicos nutricionais, segundo Barros Neto (2001), caracterizam-se pela

    [...] administração de estratégias e pelo consumo de nutrientes com grau de eficiência extremamente variável. Os consumidores de suplementos nutricionais geralmente utilizam estas substâncias em doses muito acima do recomendável, o que também se constitui em uma preocupação, apesar de grandes controvérsias quanto aos eventuais problemas à saúde consequentes ao abuso. (p. 121)

    Lorete (2007) citado por Cortez (2011) registra que os alimentos disponibilizados no mercado para os praticantes de atividade física são compostos por aminoácidos provenientes da hidrólise de proteínas, aminoácidos essenciais usados em suplementação para alcançar grande valor biológico e aminoácidos de cadeia ramificada, desde que não apresentem ação terapêutica ou tóxica. Os suplementos para praticantes de atividade física são divididos, de acordo com Biesek et al. apud Cortez (2011) em: repositores hidroelétricos, energéticos, protéicos, compensadores e aminoácidos de cadeia ramificada (BIESEK et.al., 2005), e possuem ação nutricional, farmacológica, fisiológica, psicológica e biomecânica (DANTAS, 2005 apud Cortez, 2011).

Recursos ergogênicos nutricionais

    Conforme Williams e Branch (1999) apud Alves (2002) os recursos ergogênicos são definidos como facilitadores da produção de trabalho e têm sido frequentemente utilizados com o objetivo de melhorar o desempenho humano, ou seja, esses recursos quando utilizados de maneira adequada trazem benefícios para o individuo. A proposta da maioria dos recursos ergogênicos nutricionais é, portanto, aumentar o desempenho pela intensificação da potência física, dessa forma, prevenir ou retardar o início da fadiga.

    Eles servem para aumentar o tecido muscular, a oferta de energia para o músculo e a taxa de produção de energia no músculo. Os nutrientes estão envolvidos com os processos geradores de energia por três funções básicas: alguns deles são utilizados como fonte de energia; alguns regulam os processos pelos quais a energia é produzida no corpo; e outros promovem o crescimento e o desenvolvimento dos tecidos corporais. (ALVES, 2002) Segundo o autor os nutrientes podem ser agrupados em 6 diferentes classes: carboidratos; gorduras, proteinas; vitaminas, minerais e agua.

    De acordo com Alves (2002), carboidratos são a maior fonte de energia e devem ser responsáveis por 50 a 60% do total calórico consumido, eles são indicados para atletas de longo percurso que usualmente ingerem uma dose extra de carboidratos. As proteínas são as substâncias construtoras do corpo, devem ser administradas na proporção de aproximadamente 15% do total calórico e uma alimentação equilibrada supre a carga proteica necessária ao corpo humano. Elas estão relacionadas a hipertrofia muscular.

    As vitaminas têm papel muito importante nas reações ocorridas no metabolismo humano. Assim como com as proteínas, uma alimentação variada em termos de vegetais atende as necessidades de qualquer individuo sendo desnecessária a suplementação. (ALMEIDA et al, 2009)

    Os agentes ergogênicos nutricionais caracterizam-se pela aplicação de estratégias e pelo consumo de nutrientes com grau de eficiência extremamente variável. Um dado alarmante, de acordo com pesquisa de Barros Neto (20010) é que os consumidores de suplementos nutricionais geralmente utilizam estas substâncias em doses muito acima do recomendável, constituindo-se em uma preocupação, apesar de ainda existirem grandes controvérsias quanto aos eventuais problemas à saúde consequentes ao abuso.

    Do verdadeiro arsenal de suplementos nutricionais que encontramos no mercado, o único que tem efeito ergogênico comprovado cientificamente é a creatina (4,5), que tem se constituído no recurso interativo com o treinamento atualmente mais utilizado para aumento de massa muscular. O seu consumo nos Estados Unidos já havia ultrapassado as 300 toneladas somente em 1997. Apesar da literatura não relatar efeitos colaterais relacionados ao seu uso, as consequências de eventuais superdosagens ou uso por períodos de tempo extremamente prolongados ainda requer cuidado. A preocupação nestes casos não está restrita ao consumo por parte de atletas. O aumento de massa muscular promovido pela suplementação de creatina constitui-se em um efeito extremamente sedutor para os que praticam exercícios com objetivos prioritariamente estéticos e que muitas vezes relegam a saúde a um plano secundário. (BARROS NETO, 2004, p. 2)

Recursos ergogênicos farmacológicos

    Os recursos ergogênicos farmacológicos são drogas destinadas a funcionar como hormônios ou neurotransmissores encontrados naturalmente no corpo humano. São usados para influenciar os processos fisiológicos ou psicológicos a fim de aumentar a potência física ou a força mental (WILLIAMS, 2002).

    De acordo com Barros Neto (2001) os agentes ergogênicos farmacológicos constituem-se, atualmente, no maior problema para a saúde, a ética e a própria legislação esportiva.

    Como recursos ergogênicos farmacológicos, conforme cita Ribeiro (2012) podemos considerar uma série de medicamentos e drogas que melhoram a performance desportiva e promovem um maior desenvolvimento muscular. O uso de alguns desses recursos pode, por vezes, ser prescrito como medicamento para tratar determinadas patologias, no entanto, a sua utilização vai contra uma série de questões éticas e legais das competições desportivas. A sua utilização é também bastante controversa devido aos efeitos colaterais que produz nas pessoas, que por vezes os usam sem conhecimento dos malefícios que podem trazer à sua saúde.

    Segundo Barros Neto (2001), o grande efeito anabolizante desses recursos associado à prática de exercícios com pesos remete o praticante à promessa do corpo perfeito. O efeito terapêutico dos anabolizantes, no entanto, infelizmente é alterado pela concepção leiga do seu nome ser associado à um perigo iminente, o que de fato se justifica em decorrência dos abusos cometidos e dos frequentes fatos trágicos.

    O autor complementa registrando que se acredita que o maior problema em todo este contexto dos agentes ergogênicos seja o perigo de se minimizar os efeitos do treinamento físico. Na medida em que os atletas cada vez mais recorrem ao seu uso, o indivíduo comum parece ser levado a acreditar que exercício só tem efeito em conjunto a algum recurso ergogênico. O bom resultado do treinamento associado a uma dieta balanceada parece cada vez ser mais questionado pela população.

Esteróides anabolizantes androgênicos

    De acordo com Ribeiro (2012) esteroide anabolizante androgênico (EAA) é uma substância derivada do hormônio masculino testosterona, que possui características masculinizantes ou androgênicas. A palavra esteróide quer dizer que essa substância é sintetizada a partir do colesterol.

    Cunha et al (2004) apresenta que os EAA são um grupo de compostos naturais e sintéticos formados a partir da testosterona ou um de seus derivados, indicados tradicionalmente a situações de problemas de hipogonadismo e quadros de deficiência do metabolismo proteico.

    Os efeitos esperados para ambos os sexos podem ser assim apresentados: Hipertrofia muscular; aumento de força; aumento da agressividade; aumento da concentração; melhora da coordenação motora fina. Tendo normalmente como efeitos colaterais problemas de leucemia; acromegalia; hipertensão; coma hipoglicêmico; câncer hepático; ginecomastia; esterilidade (geralmente provisória); "Roid Rage" surto psicótico que leva a episódios de agressividade. Ou seja, o uso desta substância deve ser totalmente controlado, além de receitada por um médico, pois quando é utilizada inadequadamente pode trazer riscos a vida e efeitos prejudiciais irreparáveis. (RIBEIRO, 2012)

    Cunha et al (2004) registra em seus estudos que esses recursos são declarados ilegais pelos setores governamentais desportivos, entretanto os EAA são o grupo de substâncias ergogênicas mais comumente utilizadas no processo de doping. Estudos mostram que altas doses de EAA podem acarretar vários efeitos adversos como atrofia do tecido testicular, tumores hepáticos e de próstata, alterações hepatocelulares, no metabolismo lipídico, de humor e de comportamento.

    De acordo com Mottram e George (2000) citado por Silva e Moreau (2003) como esses recursos possuem inúmeros efeitos adversos indesejáveis, sua utilização terapêutica é rigorosamente restrita a casos de hipogonadismo masculino, síndrome de Turner, tumor de mama, pré-menopausa, estados catabólicos graves e algumas anemias refratárias a outras terapias.

    Observa-se que entre os praticantes de musculação em academias é grande a utilização de substâncias como os EAA, com a finalidade de diminuir os depósitos de gordura e aumentar a força e massa muscular. Porém, muito pouco se sabe sobre os efeitos deste uso para essa finalidade. O consumo disseminado de EAA é um problema extremamente sério, pois se trata de compostos de alta toxicidade, utilizados de forma indiscriminada. (SILVA e MOREAU, 2003)

Hormônio do crescimento

    Segundo Ribeiro (2012) o hormônio do crescimento sintético (GH) é outro recurso ergogênico farmacológico bastante utilizado e normalmente até em conjunto com alguns esteroides anabólicos androgênicos (EAA). A utilização deste hormônio em modalidade como o culturismo é bastante comum, uma vez que na sua utilização os atletas conseguem uma redução de peso no nível de gordura e um aumento de peso no nível de massa magra. Os seus efeitos secundários não estão bem definidos, no entanto estes devem ser semelhantes aos dos EAA.

    Muitos dos indivíduos que praticam a musculação, além do uso de recursos alimentares, fazem uso de recursos ergogênicos farmacológicos, condenados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), e o hormônio do crescimento (GH) é um dos mais utilizados, devido ao seu efeito anabolizante (AZAMBUJA; SANTOS, 2008; ELLENDER; LINDER, 2005).

    O uso indiscriminado de GH, conforme registro de Domingues e Martins (2007), pode causar inúmeros efeitos de pequena proporção até irreversíveis, podendo citar, por exemplo, a causadora de câimbras e cansaço muscular provocado pela creatina principalmente em indivíduos não adequadamente hidratados, até provocar uma acromegalia, problema causado pelo consumo e produção excessiva de hormônio de crescimento.

Recursos fisiológicos

    Os recursos ergogênicos fisiológicos, segundo Ribeiro (2012) são considerados aqueles que através de uma sobrecarga de determinados componentes essenciais ao nosso organismo, vão melhorar o desempenho desportivo de um atleta.

    De acordo com Barros Neto (2001) os agentes ergogênicos fisiológicos incluem todo mecanismo ou adaptação fisiológica para melhorar o desempenho físico. “O próprio treinamento pode ser visto como um agente ergogênico fisiológico, quando em altitudes percebe-se a adaptação do indivíduo”. (p. 121). Essa adaptação constante à altitude, ao promover um aumento de glóbulos vermelhos no sangue, atua como um agente ergogênico fisiológico na medida em que a volta para baixas altitudes proporciona uma melhora do desempenho físico aeróbio nos primeiros dias subsequentes ao retorno, enquanto a capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue permanecer aumentada.

    Os mais conhecidos e que podemos abordar aqui são: a dopagem sanguínea, inalação de O2 e a dopagem sanguínea com o uso de eritropoetina (EPO), no entanto esses são mais utilizados por atletas profissionais.

Considerações finais

    Com base nos estudos realizados constata-se que o consumo de suplementos é, atualmente, amplamente difundido, especialmente entre atletas e adolescentes frequentadores de academias, no entanto a grande maioria desses praticantes poderia obter resultados satisfatórios apenas com uma alimentação equilibrada, portanto, sem a necessidade da inclusão de outros recursos para aumentar o desempenho, como anda acontecendo.

    Inúmeros produtos são oferecidos no mercado prometendo resultados tentadores, no entanto, muitos desses ainda não apresentam comprovações cientificas, podendo comprometer de forma drástica a saúde dos consumidores.

    Para a implementação desses recursos aos programas de treinamento é importante que o praticante receba orientação e prescrição de profissional especializado e capacitado para esse fim, para que se atenda às efetivas necessidades individuais, sem comprometimento da saúde e qualidade de vida. Constata-se que grande número de pessoas que utilizam esses suplementos o faz de forma aleatória, seguindo sugestão de amigos, antigos usuários ou até mesmo incentivados por profissionais de educação física, que na verdade não estão habilitados para tal conduta.

    É importante que os profissionais de educação física compreendam os efeitos do consumo desses recursos, orientem seus alunos no sentido de compreenderem a importância da orientação para a administração desses por um profissional especializado, e enfatizem a necessidade de um maior número de pesquisas para a devida confirmação da eficiência desses produtos, bem como suas reações e efeitos para cada indivíduo.

Referências bibliográficas

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