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Diferença das capacidades físicas de crianças obesas e eutróficas

La diferencia en las capacidades físicas de niños obesos y eutróficos

Difference of physical capacity obese and eutrophic children

 

*Acadêmico do Curso de Educação Física na FAUC/AUM

**Prof. Esp. do Curso de Educação Física FAUC/AUM

(Brasil)

Héliton Jânio Gomes Rosa*

helitonjanio@hotmail.com

Roberto Pereira de Oliveira**

robertopeoli@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A obesidade é uma disfunção genética em que há acúmulo de gordura no corpo podendo ser nocivo à saúde. Foi utilizada uma amostra casual tendo como objetivo analisar a capacidade física dos alunos que participam do projeto “Mais Educação” na Escola Estadual Drº. Mario de Castro, localizada no bairro Pedra 90 em Cuiabá-MT-BR, sendo adotada uma abordagem qualitativo-quantitativa, com objetivo exploratório, utilizando técnicas de pesquisa de campo. Os testes aplicados possibilitaram analisar as diferenças de capacidade física entre crianças com sobrepeso e eutróficas. Foram aplicados teste de IMC, flexibilidade, agilidade e resistência, classificando os alunos dentro dos parâmetros do PROESP-Br/2012. O resultado desse estudo foi submetido ao teste ANOVA, onde mostrou que o índice de massa corporal da amostra de obesos apesar de ser superior ao índice da amostra de eutróficos, a capacidade física dos obesos é similar aos eutróficos.

          Unitermos: Obesidade. Capacidade física. Crianças. Teste e avaliações.

 

Abstract

          Obesity is a genetic disorder in which there is accumulation of fat in the body can be harmful to health. We used a random sample and to analyze the physical capacity of the students participating in the project "More Education" in the State School Dr º. Mario Castro, located in the neighborhood Stone 90 in Cuiabá-MT-BR, being adopted qualitative-quantitative approach with exploratory objective, using techniques of field research. The tests applied to analyze possible differences in physical ability between overweight and normal weight children. BMI test were applied, flexibility, agility and endurance, classifying students within the parameters of PROESP-Br/2012. The result of this study was submitted to ANOVA, which showed that the body mass index of the sample of obese despite being above the sample index eutrophic, the physical capacity of obese is similar to eutrophic.

          Keywords: Obesity. Physical function. Children. Test and evaluation.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A obesidade infantil está intimamente ligada a fatores externos, sendo assim, é de extrema importância o papel de um profissional de educação física que auxilie tanto no processo de emagrecimento, quanto na orientação da atividade física tirando a criança de frente de aparelhos eletrônicos e promovendo nela à vontade de praticar atividade física.

    A capacidade em termos de aptidão motora é um importante atributo no repertório de conduta motora de crianças e adolescentes, tornando-se, portanto, essencial para a afetiva participação em práticas esportivas. Os maus hábitos alimentares e falta de atividade física, podem provocar o aumento de muitas doenças. Não se deve admitir que crianças e adolescentes tenham o limite de gordura corporal acima do aceitável. (GUEDES & GUEDES, 1997).

    As diferenças da composição corporal de crianças poderiam trazer aptidões diferentes? Será que crianças obesas poderiam ter rendimento de flexibilidade, agilidade e resistência aeróbia diferentes das eutróficas?

    O presente estudo tem por objetivo analisar a capacidade física das crianças e adolescentes com obesidade, comparando-as com as crianças eutróficas tendo a finalidade de expor estatisticamente se o desenvolvimento físico das crianças obesas está sendo prejudicado pelo aumento de massa corporal.

2.     Desenvolvimento

2.1.     Fundamentação teórica

2.1.1.     Breve Histórico

    A obesidade é mais antiga do que se pode imaginar, o crescimento da modernidade é um grande agravante dessa patologia, anos atrás a obesidade representava riqueza, hoje ela tornou um problema de saúde pública.

    Hoje, parece que estamos tendendo para o equilíbrio, tentando contrabalancear calorias, qualidade nutricional e sustentabilidade. Nem um corpo gordo, nem esquelético, apenas saudável.

    “Nos Estados Unidos, aproximadamente 25% das crianças entre seis e dezessetes anos são obesas ou apresentam riscos de sobrepeso”. (NEGRÃO; BARRETTO, 2006).

    No Brasil não poderia ser diferente, dados semelhantes foram encontrados em estudos realizados em algumas cidades brasileiras onde mostraram que o sobrepeso e a obesidade já atingem mais de 30% de nossas crianças e adolescentes (OLIVEIRA; FISBERG, 2003).

2.1.2.     Definição

    Existem inúmeras definições sobre o que é essa doença milenar que tanto assola o mundo todo, dentre as diversas definições da obesidade destacamos as seguintes:

    Segundo a SPCO - Sociedade da Cirurgia de Obesidade (2000), a obesidade é uma doença crônica de armazenamento excessivo de gordura, sendo vista assim como a forma mais comum de má-nutrição no mundo ocidental.

    Leite (1996) relata que a obesidade é um distúrbio complexo relacionado com numerosos fatores que desequilibram o balanço energético e é, em geral, doença.

    Já para Longo & Navarro (2002), a obesidade é mais do que um problema com a aparência, é uma perigo para a saúde.

2.1.3.     Classificação morfológica

    É importante saber o tipo de obesidade para garantir o tratamento adequado. Para Carceroni (2010) a obesidade pode ser classificada morfologicamente quanto:

  • Origem: ENDÓGENA: Deriva de problemas hormonais (genética); EXÓGENA: Derivada do desequilíbrio entre a ingestão e o gasto calórico (estilo de vida).

  • Morfologia: HIPERTRÓFICA: Tem início na idade adulta (as células aumentam de tamanho); HIPERPLÁSICA: Geralmente se inicia já na infância ou na adolescência (as células aumentam em quantidade);

  • Distribuição: ANDRÓIDE OU CENTRAL (gordura acumulada nas vísceras); GINÓIDE OU PERIFÉRICA (gordura subcutânea).

2.1.4.     Fatores de risco

    Viuniski (1999) destaca em sua pesquisa que diversos fatores de risco acarretam a obesidade infantil:

    A inatividade e o sedentarismo;Uso inadequado dos alimentos; Comer noturno; Desnutrição na vida Intra-uterina até o primeiro ano de vida; Mau manejo de amamentação e do Desmame; Mau manejo das Fases Fisiológicas de Inapetência; Uso de medicamentos; Estresse Psico-social; Fases de maior risco para engordar; Obesidade na Gravidez.

    Mas o fator de maior relevância para Viuniski (1999) é o fato de que uma criança obesa será um provável adulto obeso.

2.1.5.     Conseqüências

    Ramos (1999) relata que algumas patologias podem ser consequência da obesidade: Diabetes; Aterosclerose; Hipertensão; Complicações Articulares; Distúrbios psicológicos.

2.1.6.     Tratamentos

    O tratamento comportamental é um dos mais importantes do ponto de vista preventivo, está na tentativa de mudar hábitos de vida da criança obesa, promovendo estimulo a pratica de atividade física e a realizar refeições mais saudáveis e equilibradas.

    A ABESO - Associação Brasileira para os Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica (2006) destaca dentre as formas conhecidas de tratamento da obesidade a: cirúrgica, a farmacológica e a comportamental.

2.1.7.     Atividade Física

    É fato que uma alimentação desequilibrada e a falta de exercícios físicos são elementos que causam o sobrepeso infantil.

    Para Viuniski (1999) a família age sobre o peso corporal das crianças tanto pela hereditariedade como pelos hábitos e fatores socioculturais.

    Não se pode esquecer em nenhum momento que a criança precisa ser tratada como criança. Assim a atividade física deve atender às fantasias, jogos e brincadeiras que existem no universo infantil. Dessa forma, Alves (2003) conclui que: a atividade física para crianças não pode ser punitiva e nem necessariamente competitiva, mas sempre prazerosa. Aderência é fundamental.

    Segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde (2003) a atividade física pode ser considerada como qualquer tipo de movimentação corporal capaz de produzir elevação do gasto metabólico energético.

    Para Viuniski (1999) a atividade física deve ser prazerosa, continuada, evitando exercícios muito rigorosos.

    SILVERTHON (2003) declara que a atividade física tem muitos efeitos positivos no corpo humano e que muitas condições patológicas, inclusive a obesidade podem melhorar pela prática da mesma.

    Para MARIETTO (2008) há atividades físicas para todos os gostos e faixas etárias. Mas a atividade nunca deve ser imposta e sim o que a criança deseja. A autora ainda cita algumas atividades físicas que contribuem no controle da obesidade infantil: Natação, Futebol, Balé, Ginástica, Judô, Atletismo, Corrida.

2.2.     Metodologia

2.2.1.     Aspectos éticos de pesquisa

    Antes do inicio dos testes foi solicitado autorização para realização da presente pesquisa à Coordenadora do Projeto Mais Educação, Srª. Valdiane da Silva Campos, através de Carta de Apresentação da FAUC/AUM, Carta de Autorização de Realização de Pesquisa, Carta de Solicitação de Coleta de Dados e Ofício de Apresentação do Acadêmico, obtendo a permissão para realização da pesquisa e coleta de dados para os fins que a justificam. Para esta pesquisa foi utilizada uma amostra casual de 43 alunos com idade de 11 a 15 anos, sendo que destes, 31 são do sexo masculino e 12 do sexo feminino.

    Todos os alunos estão matriculados no ensino fundamental e em seu contra turno escolar participam do Projeto Mais Educação.

2.2.2.     Testes e avaliações

    Antes da realização dos testes todos os alunos foram submetidos a alongamento e aquecimento com a finalidade de evitar possíveis lesões decorrentes dos testes. O peso e a estatura foram aferidos no início do estudo. A mensuração foi realizada com as crianças sem calçados. A estatura foi medida por um estadiômetro montado com aproximação para 0,1cm. O peso foi tomado usando-se uma balança previamente calibrada com escala de aproximação para 0,1kg. O IMC foi calculado pela divisão do peso pela estatura elevada ao quadrado (kg/m2). Para medir a flexibilidade dos alunos foi realizado o teste de sentar-e-alcançar em “V”, para mensurar a agilidade foi utilizado o teste do quadrado e para verificar a resistência foi lançado mão do teste de corrida dos 6 (seis) minutos, segundo Adroaldo (2012), todos do Projeto Esporte Brasil (PROESP-Br/2012). Para confirmação e comprovação dos resultados obtidos foi utilizado o teste de hipótese estatística ANOVA, aumentando assim o nível de confiabilidade nos testes aplicados.

2.2.3     Discussão e resultado

    Os dados que foram subtraídos dos testes aplicados neste estudo foram submetidos à tabulação e destes foram definidos os valores máximo, mínimo, moda, média, mediana e o desvio padrão obtido nos testes de IMC, flexibilidade, agilidade e resistência.

    Conforme nos informa as tabelas 01 e 02, a grande maioria da amostra casual total foi composta de 69% de crianças eutróficas. Um total percentil de 12% com sobrepeso, 14% com baixo peso e 5% foram considerados obesos, atingindo níveis de massa corporal superior ao indicado para idade.

Figura 1. Dados estatísticos da média das amostras no teste de IMC

    A média das amostras do grupo de obesos em relação aos eutróficos foi expressivamente maior, isso ocorreu devido o alto nível de IMC obtido no teste, chegando a 24,65 a 17,57. O que a princípio não pode ser utilizado como fator classificatório, pois não expressa a capacidade física dos grupos e sim o condicionamento físico dos mesmos. O teste de hipótese ANOVA foi utilizado para certificar se a informação de diferença amostral entre índices de massa corporal de fato existem. Vejamos a tabela seguinte:

    A tabela acima nos mostra que o valor de p<=0.0001 é inferior a 0,05, o que significa que as amostras são estatisticamente diferentes se analisadas pelos dados das amostras obtidos no teste de IMC.

Figura 2. Dados estatísticos da média das amostras no teste de flexibilidade

    A média das amostras no teste de flexibilidade revela que o nível alcançado por ambos os grupos estão de fato muito próximos, o que nos remete a analisar que o grupo de obesos tem flexibilidade semelhante ao grupo de eutróficos. Os dados colhidos no teste de flexibilidade foram submetidos ao teste de hipótese ANOVA com a finalidade de certificar a informação de que as amostras são estatisticamente equivalentes. Vejamos a tabela a seguir:

    A tabela acima nos mostra que o valor de p=0.5471 é superior a 0.05, o que significa que as amostras são estatisticamente semelhantes se analisadas pelos dados das amostras obtidos no teste de flexibilidade (sentar-e-alcançar em “v”).

Figura 3. Dados estatísticos da média das amostras no teste de agilidade

    Conforme nos mostra a figura acima, a média das amostras no teste de agilidade, aplicado às amostras de obesos e eutróficos, é semelhante. A amostra de obesos obtiveram a marca de 7’65” no teste do quadrado, e a amostra de eutróficos chegaram a marca de 7’57” no mesmo teste, o que pode ser definido como equivalentes segundo o teste de hipótese ANOVA expresso na tabela a seguir:

    A tabela acima nos mostra que o valor de p=0.952 é superior a 0.05, o que significa que as amostras são estatisticamente semelhantes se analisadas pelos dados das amostras obtidos no teste de agilidade (teste do quadrado).

Figura 4. Dados estatísticos da média das amostras no teste de resistência

    O teste de resistência foi o mais surpreendente, a média das amostras no teste da corrida de 6 minutos foi praticamente igual, o que pode ser confirmado pelo teste de hipótese ANOVA. Vejamos a tabela seguinte:

    A tabela acima nos mostra que o valor de p=0.7274 é superior a 0.05, o que significa que as amostras são estatisticamente semelhantes se analisadas pelos dados das amostras obtidos no teste de resistência (corrida dos 6 minutos).

3.     Considerações finais

    Reconhecemos dessa forma o valioso papel que a atividade física tem nos programas de controle da obesidade infantil bem como no auxilio das outras formas de tratamento dessa patologia: o farmacológico e o cirúrgico. Seja qual for o tipo de exercício utilizado no tratamento da obesidade, aeróbio ou anaeróbio, quando se trata de prescrição de atividade física para criança e adolescente, deve ser levado em conta aspectos: estruturais (anatômicos) e fisiológicos; de capacidades físicas e perfil metabólico, principalmente por se tratar de crianças com sobrepeso e obesas. Dessa forma, o perfil da atividade física para esse público deve se caracterizar por movimentos lúdicos e muita criatividade, pois a inatividade é uma das causas precípua dessa patologia chamada obesidade. O resultado desse estudo mostrou que o índice de massa corporal da amostra de obesos é superior ao índice da amostra de eutróficos. Contudo, segundo o teste de hipótese ANOVA, aplicado nos dados das amostras obtidas dos testes de flexibilidade, agilidade e resistência, pode-se afirmar que a capacidade física da amostra de obesos é de fato semelhante à capacidade física da amostra de eutróficos, pois o nível de confiabilidade de p, em todos os testes, foram maiores do que o estabelecido pelo protocolo ANOVA. Portanto, considerando o empenho e determinação dos alunos na realização dos testes, principalmente das amostras de obesos, considera-se como satisfatória tal pesquisa por alcançar os objetivos destacados no inicio do estudo, mostrando que desenvolvimento físico das crianças obesas não está sendo prejudicado pelo aumento de massa corporal.

Referências

  • _____ABESO - Associação Brasileira para os Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Disponível em: http://www.abeso.org.br/revista/revista13/index.htm. 2006. (Acesso em: 15/06/2012)

  • _____OMS – Organização Mundial de Saúde. Obesity: preventing and managing the global epidemic, Geneva, 2003.

  • _____SPCO – Sociedade da Cirurgia de Obesidade (2000) Disponível em: http://www.spco.pt (acesso em: 15/06/2012).

  • ADROALDO, Gaya. et al. PROESP-Br – Projeto Esporte Brasil. Manual de testes e avaliações. 2012. Disponível em: http://www.proesp.ufrgs.br (acesso em: 15/06/2012).

  • ALVES, J.G.B. Atividade física em crianças: promovendo a saúde do adulto. Revista Brasileira Saúde Materno Infantil, Recife, v. 3, nº 1, p. 5-6, 2003.

  • CARCERONI, Denise. Obesidade e Exercício. Disponível em: http://www.fiqueinforma.com/obesidade/obesidade-e-exercicio/ (Acesso em: 15/05/2012).

  • GUEDES, D. P. e GUEDES, J. E. R. P. Crescimento, composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes. São Paulo: CLR Balieiro, 1997.

  • LEITE, P.F. Obesidade na clínica médica. Belo Horizonte: Health, 1996.

  • LONGO, E & NAVARRO, E. Manual Dietoterápico. 2ª Ed. Artmed, Porto Alegre, 2002.

  • MARIETTO, Vanessa Salvador. Atividades físicas para crianças. Revista brasileira de saúde materno-infantil, São Paulo, 2008.

  • NEGRÃO, C.E; BERRETTO, A.C.P. Cardiologia do exercício: do atleta ao cardiopata. São Paulo. Manole. 2º ed. 2006. Pag.309-321.

  • OLIVEIRA, C. L. de; FISBERG, M. Obesidade na Infância e adolescência: uma verdadeira epidemia. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia & Metabologia. São Paulo. Vol.47. Num.2.2003.

  • RAMOS, Alexandre Trindade. Atividade Física: diabéticos, gestantes, 3ª Idade, crianças, obesos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Sprint, 1999.

  • SILVERTHON, D. U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. São Paulo. Manole. 2º ed. 2003.

  • VIUNISKI, Nataniel. Obesidade Infantil: um guia prático para Profissionais da saúde. Rio de Janeiro: EPUB. 1999.

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