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Psicopedagogia: inclusão e aprendizagem

Psicopedagogía: inclusión y aprendizaje

 

*Instituto Superior de Educação Equipe/ FAE/RS, Brasil. Psicopedagoga

**Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –URI, RS

Doutora pela Universidade de Barcelona, ES em Filosofia e Ciências da Educação

Professora da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI – campus

de Frederico Westphalen nos cursos de Educação Física e Pedagogia. Professora

do Pós Graduação em Educação-Mestrado em Educação. Membro do Grupo de Pesquisa

em Educação URI, Membro do Grupo de Estudos Qualitativos de Formação de Professores

e Prática Pedagógica em Educação Física e Ciências do Esporte CNPq/UFRGS

Membro da Comissão de Especialista do INEP/MEC

Luçara Damé Torma Velleda*
Dra. Maria Teresa Cauduro**

maite@uri.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo
          A finalidade deste artigo foi analisar as possibilidades de intervenção do psicopedagogo na orientação das equipes pedagógicas, já que a inclusão é a ordem do dia. O motivo do estudo foi o interesse em pesquisar até que ponto a atuação do psicopedagogo pode interferir favoravelmente no processo de aprendizagem de crianças no ambiente escolar. A pesquisa utiliza dados de relatos de experiências de profissionais da educação e estudos bibliográficos existentes.

          Unitermos: Aprendizagem. Psicopedagogia. Formação. Professor.

 

Resumen

          El propósito del artículo es analizar las posibilidades de intervención psicopedagógica en la orientación de equipos pedagógicos, teniendo como eje la inclusión. El motivo de este estudio fue el interés en investigar hasta que punto la intervención del psicopedagogo puede influir favorablemente en el proceso de aprendizaje de los niños en el entorno escolar. La investigación utiliza datos de los informes de las experiencias de profesionales de la educación y los estudios bibliográficos existentes.

          Palabras clave: Aprendizaje. Psicopedagogía. Formación. Profesor.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este artigo é decorrente de reflexões sobre uma pesquisa dos relatos de experiências de colegas professores e de consultas bibliográfica, cuja temática focou a ação psicopedagógica no trabalho do professor e da equipe pedagógica para oportunizar melhores condições de aprendizagem aos alunos. O objetivo foi saber como as professoras tratavam a inclusão e como atendiam cada aluno em suas próprias necessidades, potencialidades e interesses, estimulando-os na aprendizagem.

    Há diferentes maneiras de incluir. Diferentes metodologias de professores e diferentes tipos de alunos. Este artigo vem abordar as variáveis intervenientes da inclusão/exclusão encontrados nos relatos sobre dificuldades de aprendizagem.

    No aspecto escola são identificados inúmeros itens que podem favorecer a inclusão; eles são referentes à administração da instituição e também ao espaço, recursos físicos e a prontidão de seus profissionais.

    Quanto ao aluno que deverá ser incluído perguntávamos: qual é o tipo de inclusão que deverá acontecer? Será que todo o tipo de deficiência permite inclusão em sala regular? Como podemos atender a turma toda, quando um aluno com deficiência não tem nenhuma prontidão para estar naquele ambiente e monopoliza toda atenção dos profissionais sobre si por longo período?

    Podemos chamar a isso inclusão? Não será muito mais uma exclusão ao mundo do conhecimento de muitos outros alunos? É possível que haja aprendizagem saudável quando crianças ainda bem pequenas convivem com um ou mais coleguinhas que se automachucam, agridem os demais e não tem prontidão para aquela aprendizagem? O que se quer ensinar? O que se espera que eles aprendam?

    Esses alunos que podem avançar em inúmeras áreas do conhecimento não estarão, de alguma forma, impedidos em detrimento de outros, que, por sua vez, também não avançam por não receber o tipo de atendimento que precisam?

    Será que todos os tipos de deficiências permitem inclusão?

    Sabemos que uma grande maioria dos professores não receberam nenhuma preparação mais aprofundada sobre o tema, no que condiz às deficiências/dificuldades dos alunos, muito menos às experiências metodológicas sobre alunos de inclusão.

    Nos relatos encontramos muitos aspectos que poderão ser abordados, mas selecionamos dois; o primeiro vem propor uma reflexão sobre o que a sociedade deseja com a inclusão. Se é que deseja? E se deseja, qual é a inclusão que pode ou deve acontecer? Qual será o seu verdadeiro sentido?

    O segundo aspecto trata-se da questão metodológica da inclusão. A inclusão/exclusão já está instalada na sociedade, portanto continuará acontecendo. Perguntávamos como deverá acontecer? Qual a duração? Qual o tempo? Uma parte do tempo cada grupo poderá receber atendimento diferenciado, observando as suas necessidades especiais? Essas foram nossas questões iniciais sobre o que investigar.

Aproximações reflexivas

    Não pretendemos trazer uma visão preconceituosa sobre inclusão, mas refletir sobre os depoimentos de colegas profissionais da sala de aula. Pretendemos aprofundar o estudo sob o ponto de vista da aprendizagem da criança que possui potencial e habilidade para aprender dentro do tempo padrão e também da criança que precisa de mais tempo. Buscamos metodologias mais específicas, atendimentos especializados.

    E investigar sob o ponto de vista dos professores foi nossa meta. Como acontece o ensino e aprendizagem em uma sala de aula com 25 crianças, das quais três, quatro ou até mais precisam de atendimento especializado para construir seu aprendizado?

    Como ficará a autoestima desses alunos? E a autoestima desses profissionais que tantas vezes se sentiram incompetentes para resolver as questões que lhes surgiram em sala de aula?

    Ser professor, estar em sala de aula, é construção, construção árdua, em primeiro plano de seu próprio entendimento, das reflexões de seu próprio fazer pedagógico. Em um relato, encontramos: o que pensar quando o professor desenvolve todo o seu planejamento com conhecimento e zelo e, ao aplicá-lo, um dos alunos de inclusão entra em crise. A professora vai atendê-lo e ninguém se concentra mais. Por muito tempo a atenção fica sobre aquele aluno.

    Observamos que isso não é exceção, tem sido regra, não acontece em um ou outro dia do ano; é rotina em muitas salas de aula.

    Vejamos sobre distúrbio de aprendizagem:

    A criança pode tornar-se arredia, ou agressiva e ser rejeitada pelas outras crianças, tornando-se então socialmente isolada. Estes comportamentos podem indicar autoestima baixa, como resultado das dificuldades com as tarefas escolares, ou imaturidade social que é na verdade um distúrbio de aprendizagem (SELIKOWITZ, 2001, p. 14).

    Na avaliação do aluno devem ser considerados os inúmeros fatores e características para uma intervenção adequada a cada caso, pois podem ocorrer diferentes graus de dislexia. Como abordam Nico e Yanhez (2001), muitas vezes o aluno disléxico tem traços de problemas emocionais. Um diagnóstico realizado por uma clínica multidisciplinar formada por psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo e neurologista em parceria com a família pode evitar essa problemática.

    Desse modo, a situação dos disléxicos, conforme Nico e Yanhez... torna-se mais complexa pelo desconhecimento e falta de capacitação dos docentes. Sendo assim, o professor ganha papel de destaque por ele ser o principal agente do processo reeducador, cabendo a esse profissional usar o bom senso e não submeter esse aluno a pressões de tempo ou competição com os colegas. É necessário que os professores entendam as necessidades dos alunos disléxicos dentro e fora da sala de aula. Para as referidas autoras, o professor precisa entender que as respostas orais desses alunos são indicações melhores de suas habilidades do que seus trabalhos escritos. As autoras enfatizam que: “os disléxicos aprendem de maneira diferente, mas, podem acompanhar o ensino convencional” (2001, p. 11).

    Essa abordagem pretende ser um recorte do que se observa na realidade, com constatações sobre o que colegas professoras têm vivenciado em suas salas de aula em municípios da grande Porto Alegre.

    Relato A – Uma das meninas Down em uma sala de aula de Língua Inglesa não acompanha, fica quietinha, não atrapalha. A professora se inquieta, pois espera que todos os seus alunos possam usufruir, aprender do conhecimento que ela está ali para oferecer. Sua meta é que seus alunos aprendam com ela. Aquele ser calado é uma pessoa que ela deseja ver se desenvolver com seu trabalho, mas como fazer isso se ela não aprendeu e se pergunta: O que eu faço?

    Relato B – Professora nova, primeira turma de alunos após o estágio, concursada, recebe 25 alunos, três sabidamente em inclusão, só gerencia conflitos durante algumas semanas e aprofunda suas pesquisas sobre cada um dos alunos, e descobre que, na verdade, tem cinco alunos de inclusão. Só então começa a progredir em suas atividades com a turma. O desgaste dessa professora é tão grande, que, em um mês de trabalho, começa a apresentar problemas de saúde. Náuseas, dores de cabeça, fadiga. Ela também pergunta o que deve fazer.

    O que elas devem fazer? O que é possível fazer? O que os psicopedagogos podem fazer? O que pode ser feito afinal para que a escola seja um lugar de prazer e aprendizagem para alunos e professores, incluídos ou não?

    É licito saber que ainda não estão dispostas respostas para todas as perguntas, mas as perguntas precisam ser feitas e, no caso de não haver respostas prontas, que essas venham a ser buscadas.

    Imbernón (2011) diz que a formação de professores deve ser em equipe, entre pares, e que o conhecimento pedagógico especializado se legitima na prática, reside nos procedimentos, e que os saberes se darão entre os próprios professores.

    É preciso que os profissionais da sala de aula saibam que estão sendo testados, juntamente com seus alunos. Estamos fazendo parte de um imenso laboratório, isso não é ruim, mas requer estudo, pesquisa de toda a estrutura educacional de nossa época.

    Pesquisas devem ser divulgadas a todos os profissionais, para que saibam que estamos em terreno de areias movediças, como diz Imbernón (2011). Não precisamos deter todo o conhecimento para resolver todos os problemas da sala de aula. É no coletivo que buscaremos competências e habilidades. Há inúmeras formas de ensinar e aprender.

    Muitas perguntas que os professores se fazem, têm respostas disponíveis em teorias, em autores que já pesquisaram e em outros profissionais que as detêm. O professor deve entender que seu trabalho é compartilhado e há uma equipe com a qual ele pode e deve contar, sem que com isso ele seja menos competente.

    Por um lado a equipe deve estar ciente de que essa é a sua função na escola e que deve haver esforços na própria escola, e, se preciso, fora dela, para auxiliar o professor. Imbernón (2011, p. 74) diz que a formação deve ser no local de trabalho, na própria instituição educacional.

    O psicopedagogo precisa subsidiar a equipe pedagógica de maneira a assegurar confiança e segurança aos professores, pois dessa maneira, respaldada com conhecimento e afetividade além de poder transmitir tranqüilidade aos alunos.

    Na condução da aprendizagem dos seus alunos, o professor tem duas funções básicas: a função incentivadora, pois precisa garantir situações que incentivem o aluno a continuar progredindo nos estudos e estimulem sua participação ativa no ato de aprender, e a função orientadora, pois cabe a ele ensinar, isto é, orientar o processo de aprendizagem dos alunos para que possam construir o próprio conhecimento. A autoridade do professor é inerente à sua função educadora, ou seja, é a autoridade de quem incentiva e orienta. (CARVALHO, 2001)..

    O psicopedagogo deve implementar ainda estratégias de comunicação que favoreçam o funcionamento da instituição escola. É certo que o entendimento entre os diferentes setores da escola, a escola/ família e a comunidade produzem ambiência favorável à aprendizagem e ao diálogo entre professores e alunos.

    Na relação professor-aluno, o diálogo é fundamental. A atitude dialógica no processo ensino-aprendizagem é aquela que parte de uma questão problematizadora para desencadear o diálogo, no qual o professor transmite o que sabe, aproveitando os conhecimentos prévios e as experiências anteriores do aluno. Assim, ambos chegam a uma síntese que elucida, explica ou resolve a situação-problema que desencadeou a discussão.

    “Quando um educador respeita a dignidade do aluno e trata-o com compreensão e ajuda construtiva, ele desenvolve na criança a capacidade de procurar dentro de si mesma as respostas para os seus problemas, tornando-o responsável e, conseqüentemente, agente do seu próprio processo de aprendizagem”. (DROUET, 1995, p13).

    A atitude de compreensão promove o diálogo e a construção de vínculos afetivos, que, ao seu tempo, provocam prazer em aprender e interesse pela escola. O bom professor não é o “bonzinho”, esse não será respeitado. O bom professor é exigente, correto. Diz o que quer e explica como chegar lá, mas nunca deixa o aluno sozinho. Vai junto

    O bom professor planeja, faz sua tarefa, mostra organização, confiabilidade e realiza autoavaliação. Os registros são fundamentais, pois tornam-se base para futuros planejamentos tanto seus como de seus colegas.

    Esse momento histórico que estamos passando de inclusão é importante para que se amplie o conhecimento sobre as diferentes estruturas sociais que constituem a sociedade desse tempo. Agora é preciso que reflitamos e que nos organizemos enquanto professores que fazemos parte de um coletivo que quer avançar.

Considerações finais

    Os dados apresentados neste artigo, sobre os relatos de atuação dos professores que possuem crianças com dificuldades de aprendizagem precisam de mais reflexão e de mais pesquisas sobre o tema. Essa foi a nossa parcela.

    É preciso que o psicopedagogo institucional participe mais intensamente no processo de aprendizagem de crianças em turmas de inclusão, com os professores. A maioria das nossas perguntas iniciais não foram respondidas.

    Entretanto ficou evidente o papel do psicopedagogo no auxílio do trabalho escolar, no processo de aprendizagem e na formação profissional. Especificamente o psicopedagogo pode, na sua função, gerir relações entre pessoas e entre saberes, podendo, portanto, contribuir e auxiliar no processo de aprendizagem dessas crianças e na gestão dos profissionais que constroem esse processo.

    Com base nisso e nas análises aqui desenvolvidas, registra-se que só é possível ao psicopedagogo institucional contribuir no ensino-aprendizagem de crianças com deficiências, quando ele tem competência comprovada no trabalho com equipes pedagógicas, conhecimento profundo em sua área de modo a trabalhar muito próximo aos supervisores e orientadores, de tal maneira que possam realizar uma ação de orientação pontual e permanente com os professores. Devem-se buscar métodos adequados para trabalhar as dificuldades desses alunos, evitando, assim, futuros traumas e constrangimentos que a incompreensão e o desconhecimento acarretam em suas vidas.

    Para concluir, o psicopedagogo institucional, além de sua capacitação, precisa ser um profissional com ampla visão do processo educativo, e estar em processo constante de formação continuada em relação às dificuldades de aprendizagem, pois seu principal papel é de moderador junto à equipe administrativa-pedagógica da instituição escolar e seu principal objetivo é despertar o interesse e o prazer do aluno e do professor pelo processo de ensinar e aprender, garantindo sucesso escolar para todos.

Referências bibliográficas

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