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Análise dos métodos de ensino 

utilizados em escolas de futsal de Porto Alegre

Análisis de los métodos de enseñanza utilizados en las escuelas de futsal de Porto Alegre

 

Escola de Educação Física

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(Brasil)

Graduado Rafael Rodrigues Krás Borges

Dr. Rogério da Cunha Voser

rogerio.voser@ufrgs.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo transversal, de corte qualitativo e descritivo tem por objetivo analisar o método de ensino mais utilizado pelos professores nas escolas de Futsal. Participaram da pesquisa quatro professores de escolas de Futsal, sendo cada um de um local diferente e as turmas de cada educador eram distintas. As análises das aulas feitas se deram através de descrição das aulas, tempo transcorrido de cada exercício, relacionado ao seu tipo de método, e aceitação dos alunos. Os dados demonstraram que a Forma centrada no jogo formal é a mais utilizada quando se trata de iniciação em escolas de Futsal de Porto Alegre. O jogo aplicado é de modo formal, não ocorrendo intervenções e possui alunos no revezamento. O estudo mostra também que a dimensão Outros (Alongamentos, conversa, aquecimento sem bola e recreativo sem bola) ocupa um grande espaço da aula. A metodologia centrada na técnica e as metodologias que visam estimular a tomada de decisão e a inteligência tática foram as menos utilizadas.

          Unitermos: Ensino. Escolas de futsal. Iniciação. Método. Metodologia.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Atualmente, o Futsal é o esporte que possui o maior número de praticantes no Brasil, em se tratando de escolas esportivas (SANTANA, 2004). No mundo, são mais de 70 países que o praticam em quatro continentes, tendo como destaque além do Brasil, a Espanha, Itália, Portugal, Argentina, Rússia, Paraguai entre outros.

    O Futsal teve nos últimos 15, 20 anos a sua maior difusão e crescimento. E vem sendo praticado por milhares de pessoas, que em grande parte são crianças e adolescentes. Deve- se atribuir uma boa parcela desse crescimento as mudanças ocorridas nas regras do futebol de salão para o atual Futsal, tornando o esporte mais atrativo, dinâmico e competitivo. A outra parcela deve-se ao processo de urbanização, o crescimento da violência das cidades brasileiras, o espaço onde se tinha a prática de esportes, como praças e parques, acabaram por ficar escassos e perigosos. Por esse motivo aumentou consideravelmente o número de escolas de Futsal.

    Em função disso, o mercado para professores de Educação Física que trabalham na iniciação ao Futsal se expandiu, e na maioria das vezes os mesmos não estão preparados pedagogicamente para desenvolver seu trabalho de modo a utilizar metodologias que respeitem as necessidades, interesses e as particularidades da dinâmica dos Jogos Desportivos Coletivos. Ainda em função da necessidade alguns locais ainda tinham como treinadores pessoas no qual não possuíam estudo e sim devoção ao esporte (SANTANA, 2004). Na realidade se faz necessário professores qualificados, preparados não só para meramente ensinar futsal e sim ensinar valores e atitudes.

    As escolas de Futsal têm como objetivo desenvolver as habilidades do esporte em si, como os seus princípios técnicos e táticos e por se tratar de uma área do ensino deve-se ter como uns de seus princípios a integração, socialização e auto-estima. E para alcançar esses objetivos, cada professor deve possuir um método eficaz em suas aulas. Para Costa (2005), nas aulas, o ideal é que o aluno nunca sinta o tempo passar e que tenha prazer em relação às atividades propostas pelo professor.

    Segundo Balzano (2007), o desenvolvimento das mais variadas modalidades desportivas, dentre elas o Futsal, tem sido influenciado por diferentes correntes de pensamento e pelos conhecimentos provenientes de múltiplas disciplinas cientificas. Esses conhecimentos tiveram um impacto importante nas modalidades individuais como o atletismo e a natação e posteriormente nos jogos desportivos coletivos (JDC), através da transposição direta de meios e métodos, sem ter em consideração a especificidade estrutural e funcional deste grupo de desporto.

    Alguns estudos relacionados aos modelos de ensino utilizados em escolas, ainda mostram uma tendência para uma abordagem mais tecnicista, baseada no ensino por partes, onde a repetição a automatização dos gestos técnicos prevalece em detrimento a uma abordagem mais global, em forma de jogos pré-desportivos e condicionados e atividades situacionais (LIMA JUNIOR, 2010; SANTANA, 2005; VOSER, 1999).

    A pesquisa de mestrado de Voser (1999), que objetivou analisar os métodos de ensino, verificou a existência de uma pedagogia que privilegia um modelo de ensino tradicional, que promove o esporte através do treinamento dos alunos, transformando-o em trabalho e não lazer, tendo em vista o mais alto grau de desempenho.

    Um artigo publicado por Santana (2005) “Iniciação ao Futsal: as crianças jogam para aprender ou aprendem para jogar?” observou os métodos, analítico-sintético e global-funcional em duas escolas e qual era o mais utilizado em aulas de futsal para crianças de sete a oito anos de idade. Descobriu que o analítico-sintético foi o único utilizado. E concluiu que a crença pedagógica dessas escolas é a de que as crianças aprenderão futsal praticando séries de exercícios, o que, de um lado, contribui para que elas se desenvolvam tecnicamente, mas, de outro lado, lhes compromete a inteligência tática.

    Moreira e Greco (2005) no “Estudo comparativo da estruturação dos treinos de Futsal na categoria pré-mirim” analisaram os procedimentos de Ensino Aprendizagem-Treinamento (E-A-T) adotado por treinadores de futsal nas faixas etárias correspondentes à iniciação da modalidade. No estudo os autores afirmam que na organização e estruturação das sessões de treinamento em ambos os grupos prevaleceram uma metodologia diretiva, basicamente centrada nos elementos técnicos do jogo. Os dados confirmam a utilização de um modelo tradicional, tecnicista de treinamento na modalidade.

    Outro estudo recente de mestrado de Lima Junior (2010), intitulado Análise comparativa de modelos de ensino do futsal em jovens”, obteve resultados que indicam que em sua pesquisa os professores não adotaram as estratégias metodológicas apresentadas no curso, pois não formaram grupos fixos ao longo do treinamento e não restringiram o treino dos aspectos técnicos a 25% das atividades desenvolvidas. Os professores, nos dois ambientes, adotaram um modelo misto, com equilíbrio entre os modelos global-funcional e analítico-sintético. A opinião dos professores é semelhante, pois consideram o modelo sob forma de jogo como mais eficiente, mas não o priorizam em seus treinos. A opinião dos jogadores acompanha os professores, demonstrando satisfação com os resultados obtidos. Os resultados subsidiam a posterior reflexão sobre os cuidados necessários para a confecção de manuais didáticos ou organização de cursos tendo em vista a divulgação dos diversos modelos de ensino tático do futsal.

    Baseado neste exposto, o estudo procura responder a seguinte questão, qual o método de ensino utilizado em escolas de futsal de Porto Alegre?

    Para tanto, se estabeleceu o seguinte objetivo geral: analisar o método de ensino mais utilizado pelos professores nas escolas de Futsal.

    Este objetivo geral foi decomposto em objetivos específicos que seguem: verificar o nível de formação dos professores e relacioná-los com o método aplicado, verificar como é realizada a distribuição dos conteúdos da aula e o tempo utilizado para cada método.

2.     Metodologia

    O presente estudo é do tipo transversal de corte qualitativo e descritivo (TRIVINÕS, 1992). Através dessa abordagem procurou-se registrar, descrever, analisar e interpretar a prática cotidiana dos professores pesquisados. Os sujeitos da pesquisa foram quatro professores do sexo masculino que trabalham em 4 escolas particulares de futsal situadas na cidade de Porto Alegre. Foram observadas 2 aulas de cada professor em turmas diferentes. Todos os professores ministravam aula para a mesma faixa etária entre 9-12 anos. A escolha dos professores e locais ocorreu de forma intencional, de acordo com suas possibilidades de tempo e de seus interesses em fornecer subsídios para este trabalho. A fim de obter informações necessárias para esta pesquisa, inicialmente entrou-se em contato com os locais de modo a obter a autorização para a realização da coleta de dados. Posteriormente, o professor assinava o Termo de Consentimento Livre Esclarecido e no mesmo encontro realizava-se uma entrevista com o objetivo de conhecê-los, saber da sua formação, dos cursos realizados na área do Futsal e seus interesses com o trabalho realizado com crianças.

    Após entrevista inicial observou-se duas aulas de cada professor de forma sistemática e estruturada utilizando uma matriz. No qual se anotou as descrições das atividades, o tempo de realização das atividades e a aceitação dos alunos.

    Operacionalização das categorias de análise da matriz

Outros = Alongamentos, conversa, aquecimento sem bola e recreativo sem bola (sem a intenção de desenvolver a técnica).

Aprendizado através da técnica = atividades práticas apresentadas aos alunos de forma analítica.

Aprendizado através do próprio jogo = prática do próprio jogo formal, com suas regras básicas, sem adaptação ou qualquer tipo de mudança da regra com intuito pedagógico.

Aprendizado através dos Jogos Condicionados, recreativos e situacionais = atividades que estimulam o aprendizado e compreensão global do jogo. Nesta abordagem o jogo é decomposto em unidades funcionais, as funções táticas ocorrem de forma orientada e provocada, estimulando a tomada de decisão e a inteligência tática.

Obs.: Foi mensurada a ocorrência das atividades, bem como o tempo cronometrado de cada uma das mesmas.

3.     Apresentação e discussão dos resultados

    Foi possível observar que todos os professores observados são formados em Educação Física, sendo que três deles possuem especialização e trabalham em média há 8 anos com a iniciação ao futsal. Corroborando com Santana (1998) onde coloca que o ensino do futsal deve ser feito pelo professor de Educação Física, competente para propiciar o aprendizado, estabelecendo objetivos, conteúdos, metodologia e avaliação do ensino.

    Em seus objetivos mostraram uma preocupação com a formação global dos alunos, onde incluíam os aspectos motores, sociais, morais, éticos, familiares. Esses dados vão ao encontro de Vargas Neto e Voser (2001) no qual relatam que o professor deve oportunizar uma variedade de experiências motoras, bem como um contato com vários tipos de objetos em diferentes espaços, proporcionando, assim, a conscientização corporal. Os dados citados corroboram também com Santana (2004) onde o autor cita que o professor tem de potencializar as características como a motora, sociomoral, afetiva e intelectual.

    Os professores de modo geral relataram que buscam também que seus alunos despertem o gosto pelo futsal. Porém apenas o professor C citou que para alcançar esse objetivo utilizaria uma metodologia apropriada para cada faixa etária. Sendo assim, indo ao encontro de autores como (Santana 2004, 1998; Voser 2003) no qual citam em seus livros que para cada grupo de alunos o professor deve procurar o método mais adequado respeitando a realidade, momento e faixa etária.

    E o professor B foi o único que relatou, além dos objetivos já citados, que tem como objetivo no futsal encaminhar os alunos que se destacam na escola a clubes. No quais autores como (APOLO, 2007; MUTTI, 2003; SANTANA 2004; VARGAS NETO; VOSER 2001) citam que a especialização precoce não está de acordo com nenhum dos interesses e necessidades da criança, podendo acarretar os possíveis riscos: do tipo físico, psicológicos, motrizes e o abandono do esporte. Ou seja, bem longe de ser um objetivo traçado para uma aula com crianças em formação.

Em relação às dimensões analisadas:

    Pode-se notar que o professor A foi o único que se utilizou de todas as dimensões (Outros, Forma centrada na técnica, Forma centrada no jogo formal e Forma centrada nos jogos condicionados, situacionais e recreativos) em suas aulas, propiciando assim a seus alunos uma aula mais dinâmica e rica metodologicamente. Porém, há ocorrência em demasia na dimensão Outros, acarretando uma perda muito grande do tempo de aula em conversa, aquecimento sem bola e montagem de times. E um tempo total na dimensão Forma centrada no jogo formal muito grande, ocasionando um jogo criativo, porém com base individualista, com anarquia tática, apresentando descoordenação das ações coletivas (GARGANTA, 1995).

    Mesmo o professor A sendo um dos que mais teve tempo total na dimensão Forma centrada nos jogos condicionados, situacionais e recreativos, nota-se que esse tempo por tudo que tem se visto na literatura atual é reduzido. Autores como (GARGANTA, 1995; GRECO, 1998; KROGER; ROTH, 2005;) tratam essas metodologias como as metodologias que unem o “o que fazer?”, “quando fazer?” e “por quê fazer?”, estimulando a tomada de decisão e também por ser um método mais inclusivo que os métodos tradicionais.

    Importante ressaltar que o professor B também abusou no tempo na dimensão Outros, totalizando o mesmo tempo que a dimensão Forma centrada no jogo formal. E não utilizou a dimensão Forma centrada nos jogos condicionados, situacionais e recreativos.

    O professor B totalizou o maior tempo na dimensão Forma centrada na técnica, no qual Greco (1998) cita que esse método centrado na técnica possui vantagens importantes, porém as desvantagens se sobressaem na questão de adequação a iniciação esportiva, onde os elementos do jogo (técnicos, táticos, físicos) são treinados separados para se chegar ao todo.

    O professor C também obteve um tempo total grande na dimensão Outros. Entretanto não houve ocorrência na dimensão Forma centrada nas técnicas nas aulas analisadas do professor C. E em se tratando da dimensão Forma centrada nos jogos condicionados, situacionais e recreativos o professor totalizou um tempo pequeno em suas aulas.

    Já na dimensão Forma centrada no jogo formal o professor foi o que mais se utilizou dessa dimensão. Autores como (GARGANTA, 1995; SANTANA, 2004;) defendem que o jogo tem um caráter imprevisível e ensina o aluno a chutar, passar, driblar. Porém condenam o uso do jogo em si, o “lançar a bola e deixar rolar” e ressaltam que a função do professor é planejar diferentes tipos de jogos que preconize a tomada de decisão e os faça refletir sobre o jogo.

    O professor D totalizou o maior tempo na dimensão Outros, acarretando assim dispersão nos alunos e deixando os inquietos. Sendo gasto nas aulas um tempo muito grande com chamada, conversas, explicações longas e escolhas de times.

    Já na dimensão Forma centrada no jogo formal o professor totalizou também praticamente o mesmo tempo utilizado na dimensão Outros, que vai contra tudo aquilo que se indica para o trabalho com crianças. Pois as crianças acima de tudo querem brincar, correr, se divertir e deixar a imaginação aflorar.

    Porém na dimensão Forma centrada nos jogos condicionados, situacionais e recreativos o professor D foi o que mais totalizou tempo em suas aulas, mesmo esse tempo ainda sendo baixo. Indo ao encontro da literatura vê- se que os jovens devem ter o maior número possível de vivências motoras, sem se restringir aos aspectos técnicos, tendo a liberdade e o entendimento das possibilidades de ocupação espacial dos diversos setores da quadra e, assim, poder ter a real concepção do jogo. (GARGANTA, 1995; GRAÇA; OLIVEIRA, 1995; GRECO, 1998; SANTANA, 2004; VOSER, 1999).

    Importante ressaltar que dentre os quatro professores, os professores C e D não utilizaram a dimensão forma centrada nas técnicas nas suas aulas. E somente o professor B não utilizou da dimensão Forma centrada nos jogos condicionados, situacionais e recreativos.

    O professor A foi o único que permeou em suas aulas pelas quatro dimensões analisadas. Corroborando com (BALZANO, 2007; VOSER 1999;) onde os professores não podem desprezar os métodos existentes e sim, devem apenas adequá-los aos momentos em que serão utilizados.

    Outro dado importante a ser questionado é o de todos os quatro professores em suas oito aulas ao total analisadas terem usado em demasia a dimensão Forma centrada no jogo formal. Sabe-se que através deste método, permite-se ao aprendiz a vivência com as mais variadas formas de jogar futsal desde o primeiro contato com o esporte. Entretanto, o jogo por si só não desenvolve plenamente a aprendizagem motora da criança, cabendo ao professor/mediador criar situações e/ou dificuldades para que os alunos possam, de maneira gradual, desenvolver o entendimento do jogo.

    Cabe ainda ressaltar que o professor A (1h e 26 seg), professor C(1h e 6 min) e o professor D (45 min e 58 seg) foram os três professores que mais utilizaram essa dimensão, totalizando seis aulas. Entretanto, enquanto dois times estavam no jogo formal os outros alunos não estavam participando da aula, ficando a espera do seu momento de jogar. Com algumas ressalvas, onde os alunos ficavam praticando chutes no canto da quadra, porém os alunos não se interessavam muito, logicamente pelo desejo de jogar e não ter um professor ao seu lado acompanhando.

    Isso mostra que os dados da dimensão Jogo formal enganam se não analisados no contexto geral da aula. Ou seja, mesmo os professores preconizando a dimensão Jogo formal, tentando propiciar o máximo de vivências possíveis do futsal, os alunos acabaram por jogar praticamente a mesma quantidade de tempo que os alunos do professor B (38 min e 25 seg) que não possuía alunos esperando e que totalizou o menor tempo na dimensão Jogo formal.

    É preciso destacar, com base nos dados colhidos, que a metodologia tradicional baseada no analítico- sintético vem perdendo espaço ao longo dos anos. Nesse estudo a ocorrência maior foi na dimensão Forma centrada no jogo formal, totalizando 3h 30 min em aproximadamente 7h 30 min de 8 aulas.

    Relembrando agora sobre a dimensão Forma centrada nos jogos condicionados, situacionais e recreativos, onde o professor A utilizou em duas aulas 19 min de um total de 2 h 15 min, o professor B não utilizou essa dimensão em 1h e 40 min de suas aulas, o professor C utilizou 13 min de um total de 1h e 55 min e o professor D, 25 min de 1h e 53 min em duas aulas.

    É de suma importância então questionar o porquê que ainda hoje em dia, a dimensão Forma nos jogos condicionados, situacionais e recreativos foi pouco utilizada. Sabe- se pela literatura atual que os métodos citados nessa dimensão privilegiam a interação das especificidades técnicas e táticas no contexto, sendo facilitado em formas de jogos que permitem a exploração de respostas abertas por meio de métodos condicionados (GARGANTA, 1995), situacionais (BENDA, 1998; GRECO; KROGER; ROTH, 2005) e recreativos (TEIXEIRA JUNIOR, 1996; VOSER, 1999), sendo assim os mais indicados para crianças e para iniciação ao futsal.

4.     Conclusões

    Ao finalizar esta pesquisa pode-se tecer as seguintes colocações baseadas no Quadro 1:

Quadro 1. Tempo Geral utilizado pelos professores em cada dimensão

Fonte: Elaborado pelo autor com base na pesquisa

    É possível afirmar que a dimensão Forma centrada no jogo formal é a mais utilizada quando se trata de iniciação ao futsal em escolas de Porto Alegre.

    O jogo aplicado é de modo formal, não ocorrendo intervenções e possui alunos no revezamento. O estudo mostra também que a dimensão Outros (Alongamentos, conversa, aquecimento sem bola e recreativo sem bola) ocupa um grande espaço da aula. Observa-se que tanto a metodologia centrada na técnica (correções a partir do gesto motor) e a metodologia dos jogos condicionados que estimula a tomada de decisão e a inteligência tática foram as menos utilizadas.

    Cabe ressaltar que estes achados foram levantados dentro deste pequeno universo de 4 professores, e, portanto nos trazem alguns indícios do desenvolvimento metodológicos de escolas de Futsal, mas não são respostas conclusivas. Em função do exposto é indicado que outros estudos possam dar seqüência, onde pode-se aumentar o número de professores pesquisados, o número de observações e também de ampliação dos locais e objetivos distintos, pois se sabe que existem escolas de Futsal dentro de clubes, em escolas, dentro ginásios locados e em projetos e programas sociais.

    Espera-se que esta pesquisa possa contribuir com reflexões aos profissionais que trabalham na iniciação e formação esportiva, pois as questões que envolvem a pedagogia do esporte serão extremamente importantes para o desenvolvimento de todo o processo de aderência e permanência das crianças dentro do esporte, inserindo o mesmo em sua cultura de vida.

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