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Perfil antropométrico e de hábitos de vida de adolescentes
das turmas de ginástica e voleibol de uma escola
estadual selecionada de Montenegro

Perfil antropométrico y de hábitos de vida de adolescentes de los cursos 

de gimnasia y voleibol de una escuela estatal seleccionada de Montenegro

 

*Licenciado em Educação Física pela Universidade Luterana do Brasil, ULBRA

**Mestrando em Inclusão Social e Acessibilidade pela Universidade Feevale

***Doutor em Ciências do Movimento Humano pela Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS

(Brasil)

Fernando Garcia Holderbaum*

Marcos Vinícius Zirbes**

Guilherme Garcia Holderbaum***

ghgarcia@ibest.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi verificar o perfil antropométrico e os hábitos de vida de adolescentes das turmas de Ginástica e Voleibol de uma escola estadual selecionada de Montenegro/RS. Para tanto, se realizou uma pesquisa de caráter descritivo exploratório com 60 indivíduos, sendo 30 do sexo masculino e 30 do feminino. Para se traçar o perfil antropométrico das duas turmas foram coletadas as medidas de peso, estatura e o somatório de nove dobras cutâneas. Para estimar os hábitos de vida foi aplicado um questionário modificado e adaptado para o presente estudo proposto por GAYA; TORRES (2000). Os resultados apresentaram um somatório de 95,96 para a turma de voleibol e 110,13 para a turma de ginástica, mesmo assim, o teste estatístico utilizado (teste t simples para amostras independentes) não apontou diferenças significativas. Dessa forma, conclui-se que as turmas de voleibol e ginástica apresentam perfis antropométricos semelhantes, estando os valores encontrados no somatório de dobras cutâneas de acordo com resultados encontrados na literatura. No que se refere ao perfil de hábitos de vida, os alunos das turmas de voleibol apresentaram uma conduta diferenciada quando comparados aos da turma de ginástica, já que os do voleibol apresentam hábitos como, dormir cedo, praticar atividades físicas fora do ambiente escolar, bem como a realização de caminhadas mesmo que seja para ir até a escola, enquanto que os da ginástica dormem tarde, passam mais tempo conectados à internet e poucos procuram praticar atividades físicas fora do ambiente escolar.

          Unitermos: Antropometria. Hábitos de vida. Adolescência. Escola.

 

Abstract

          The aim of this study was to investigate the anthropometric and lifestyle habits of adolescents practicing Physical Education (classes of gymnastics and volleyball) selected from a state school in the city of Montenegro. Thus, it was conducted a descriptive exploratory research with a group of 60 individuals, 30 males and 30 females. To trace the anthropometric profile of the two classes were collected measurements of weight and height of the subjects as well as the sum of nine skinfolds. To estimate the lifestyle habits was applied a questionnaire of GAYA; TORRES (2000). This questionnaire was changed and adapted for this study and consists of seventeen closed questions of multiple choice, where the subjects were able to faithfully record their lifestyle habits within and out of school. The results showed a sum of 95,96 to volleyball class and 110,13 to gymnastics class, yet the statistical test used (simple t test for independent samples) showed no significant differences. Thus, we conclude that the volleyball and gymnastics classes have similar anthropometric profiles, and the values ​​found in the sum of skinfolds according to results from the literature. As regards the profile of lifestyle habits, students in volleyball classes had a different behavior when compared to the gymnastics class. Volleyball students present lifestyle habits like sleeping early, physical activities outside of school and such as making walking even to go to school, while gymnastics sleep late, spend more time connected to the internet and few of them look for physical activity outside school.

          Keywords: Anthropometry. Life habits. Teens. School.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As tecnologias de comunicação e informação são o que há de mais completo no que diz respeito à interação mundial. Os avanços da tecnologia trouxeram vários benefícios para a população mundial, principalmente as crianças e adolescentes que facilmente podem realizar seus trabalhos escolares e consultar conteúdos em apenas alguns segundos, conectados a Internet1. Por outro lado, todos esses avanços tecnológicos contribuem também para o sedentarismo2. Na adolescência, cresce cada vez mais o interesse dos jovens pela comunicação através da internet. Assim, acabam trocando as atividades físicas por longas horas na frente do computador acessando redes sociais3. Lopes e Maia4 afirmam que todo adolescente deveria se manter diariamente ou quase diariamente ativo, seja em atividades lúdicas, no trabalho, no desporto, no tempo livre, na Educação Física ou no exercício programado, quer no contexto da família, na escola ou em atividades da comunidade.

    No contexto escolar, muitos adolescentes não praticam ou não gostam de participar das aulas de Educação Física. Uma das justificativas para este problema pode residir nas experiências negativas vivenciadas anteriormente com esta disciplina, o que faz com que muitos deles acabem se distanciando da prática esportiva na fase adulta.

    A Educação Física é uma disciplina que se torna cada vez mais importante para os alunos dentro da escola uma vez que proporciona aos mesmos, benefícios na qualidade de vida a partir da prática de jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas 5, 6, 7, 8. Por esses motivos esta pesquisa se desenvolveu com o intuito de investigar qual é o perfil antropométrico e de hábitos de vida de escolares participantes das aulas de Educação Física nas modalidades de ginástica e voleibol, em uma escola selecionada da cidade de Montenegro, Rio Grande do Sul, Brasil.

Métodos

    O delineamento deste estudo foi de caráter descritivo exploratório, transversal, pois teve como finalidade observar as turmas selecionadas, registrar e analisar os hábitos de vida dos alunos, bem com seus perfis antropométricos, correlacionar estas avaliações sem manipulá-las, procurando descrever, classificar e conhecer a natureza dos resultados obtidos. A população é composta por escolares do ensino médio, entre 14 e 17 anos de idade, todos praticantes de Educação Física da Escola Estadual Técnica São João Batista de Montenegro-RS. A amostra desta pesquisa, selecionada por conveniência, foi composta por 60 escolares, sendo 30 do gênero masculino e 30, feminino.

Instrumentos e materiais

    Para a realização de todas as avaliações foi utilizada uma sala de ginástica, localizada no sótão da escola. para obter a mensuração das dobras tricipital, subescapular, peitoral, bicipital, axilar, supra-Ilíaca, abdominal, coxa, panturrilha, foi utilizado um compasso clínico de dobras cutâneas da marca Slimguide (Skinfold Thickness mm). As medidas de peso e estatura foram coletadas através de uma balança de precisão da marca Filizola com estadiômetro. Os hábitos de vida dos adolescentes foram avaliados por meio de um questionário adaptado9, composto de 17 questões fechadas de múltipla escolha. Foi permitido aos participantes assinalar apenas uma resposta por questão. Um termo de consentimento informado, aprovado pela Direção da Escola, Supervisão Escolar, Conselho Escolar e pela 2º Coordenadoria de Ensino foi assinado pelos responsáveis dos sujeitos permitindo a participação dos mesmos no presente estudo.

Tratamento estatístico

    Para a análise dos dados foi utilizado o software SPSS versão 17.0. O teste estatístico utilizado foi o teste t simples (para amostras independentes) para a comparação das médias do somatório das dobras cutâneas dos alunos das turmas de ginástica e voleibol. O nível de significância adotado foi α ≤ 0,05.

Resultados

    A tabela abaixo apresenta os resultados obtidos em relação às médias e desvios-padrão das idades e medidas antropométricas dos sujeitos do estudo.

Tabela 1. Distribuição das médias e desvios-padrão das idades, peso e estatura dos sujeitos do estudo

 

Tabela 2. Distribuição das médias, desvios-padrão e somatório das dobras cutâneas (DC) avaliadas nos 

sujeitos do estudo (n:60) Dobras Cutâneas (mm): TR (Tricipital); SB (Subescapular); SP (Supra-Ilíaca); 

ABD (Abdominal); PE (Peitoral); AX (Axilar); BI (Bicipital); CX (Coxa); PE (Perna)

    Os resultados da tabela 2 indicam que todas as dobras cutâneas avaliadas tiveram maiores valores para os sujeitos da turma de Ginástica. Sendo assim, a maior diferença foi encontrada na dobra abdominal (3,22 mm), seguido das dobras de perna (2,34 mm), tríceps (2,24 mm), subescapular (1,91 mm), coxa (1,82 mm), perna (1,3 mm), axilar (0,74 mm), supra-ilíaca (0,5 mm) e Bíceps (0,1). Ainda assim, o somatório das nove dobras cutâneas dos sujeitos das turmas de ginástica (110,13 mm) e voleibol (95,96 mm), não apresentou diferença significativa (T (17) = 0,169; p = 0,868). Observou-se uma diferença de apenas 14,17 mm no total.

    Com relação aos hábitos de vida, os alunos foram questionados quanto ao tipo de moradia. Dentre os alunos da ginástica, 21 assinalaram casa (70%) e nove apartamento (30%). Entre os sujeitos do voleibol, 24 moram em casa (80%) e seis em apartamento (20%).

    Quanto ao número de televisores que possuíam em casa, as opções foram: (1) um televisor, (2) dois televisores, (3) 3 ou mais televisores. Houve equilíbrio nas opções dois e três para as duas turmas. Dentre os alunos da ginástica, 16 marcaram a opção três (53,33%) e 14 a segunda opção (46,67%). Dentre os alunos do voleibol, 15 marcaram a última alternativa (50%), 12 a segunda (40%) e apenas três a primeira (10%).

    Quanto à distância percorrida pelos alunos até a escola, as opções foram: (1) até 1 km, (2) entre 1 km e 3 km e (3) mais de 3 km. Dentre os sujeitos da turma de ginástica, sete afirmaram percorrer até 1km (23,33%), 15 entre 1 e 3 km (50%) e oito mais de 3 km (26,67%); já os do voleibol, três informaram que percorriam até 1 km (10%), 13 entre 1 e 3 km (43,33%), e 14 mais de 3 km (46,67%).

    Com relação ao meio de locomoção utilizado para ir até a escola as opções foram: (1) a pé, (2) bicicleta e (3) carro, ônibus ou moto. Dentre os alunos de voleibol, 18 assinalaram a primeira opção (60%), oito a segunda (26,67%) e apenas quatro a terceira (13,33%). Nenhum aluno da turma de ginástica assinalou a segunda opção. Sendo assim, 13 optaram pela primeira alternativa (43,33%) e 17 pela terceira (56,67%).

    Quando questionados sobre as atividades praticadas quando estão em suas residências, os sujeitos da turma de ginástica responderam da seguinte forma: dois afirmaram passar a maior parte do tempo assistindo televisão (6,67%), 27 responderam que ficam conectados a Internet ou jogando vídeo game (90%) e apenas um afirmou realizar outra atividade (3,33%). Dentre os sujeitos da turma de voleibol, três assistem televisão (10%), 20 ficam na Internet ou jogam vídeo game (66,67%) e sete fazem outras atividades (23,33%).

    Quanto às atividades praticadas quando saem de casa, as opções foram: (1) praticar esportes ou ir à academia, (2) frequentar festas jovens e (3) outras atividades. Dentre os alunos da ginástica, oito afirmaram frequentar academias e praticar esportes (26,67%), 21 costumam frequentar festas jovens (70%) e um afirma realizar outras atividades (3,33%). Dentre os alunos do voleibol, 14 afirmam que praticam esportes e treinam em academias (46,66%) e 16 frequentam festas jovens (53,34%).

    Os resultados que se relacionam diretamente com a prática de atividades físicas ou esportivas são apresentados na forma de gráficos.

    Com relação ao tipo de material esportivo que possuem em casa, 66,66% dos alunos da turma de ginástica responderam bicicleta, skate ou patins, 26,66% possuem bola de futebol, basquete, voleibol ou handebol, e 6,67% possuem outro material esportivo. Dentre os sujeitos do voleibol, 40% responderam bicicleta, skate ou patins, 40% possuem bola de futebol, basquete, voleibol ou handebol, e 20% possuem outros materiais esportivos (20%). Estes resultados podem ser melhor observados no Gráfico 1.

Gráfico 1. Tipo de material esportivo que possuem em casa

    Quanto à prática de atividade física fora do ambiente escolar, os resultados obtidos demonstram que 50% dos alunos da ginástica se consideram fisicamente ativos fora da escola, enquanto que no voleibol este valor chega a 73,33%. Estes indivíduos foram questionados quanto ao tipo de atividade praticada fora do ambiente escolar. As opções foram: (1) futebol, basquete, vôlei ou handebol, (2) corrida, caminhada ou andar de bicicleta e (3) frequentar academia.

    Entre os alunos da ginástica 13,33% (n=2) praticam futebol, basquetebol, voleibol ou handebol fora da escola, 46,67% (n=7) costumam realizar caminhadas, corridas ou andar de bicicleta e 40% (n=6) frequentam academia. Dentre os do voleibol, 27,27% (n=6) praticam futebol, basquete, vôlei ou handebol, 27,27% (n=6) realizam corrida caminhada ou andam de bicicleta, e 45,46% (n=10) frequentam academias. Estes resultados podem ser melhor observados no Gráfico 2.

Gráfico 2. Tipo de atividade física praticada fora da escola

    Com relação ao tempo de duração da atividade física praticada fora do ambiente escolar, as opções foram: até 40 min., 41 a 60 min. e mais que 60 min.

    Dentre os sujeitos da ginástica, um afirma realizar a atividade física em até 40 min. (6,66%), 12 realizam de 41 a 60 min. (80%) e dois realizam a atividade com tempo superior a 60 min (13,34%). Dentre os sujeitos do voleibol, oito praticam as atividades entre 41 e 60 min. (36,36%) e 14 realizam em mais que 60 min (63,64%).

    Nesta mesma perspectiva, os sujeitos foram questionados em relação ao tempo que estão praticando estas atividades físicas fora do ambiente escolar. Os resultados podem ser observados no Gráfico 3.

Gráfico 3. Tempo de prática da atividade física realizada fora da escola

Discussão

    Todos os valores médios das dobras cutâneas da turma de ginástica foram maiores do que os da turma do voleibol, embora estes valores não tenham apresentado diferença significativa (Tabela 2).

    Silva et al.10, analisando e comparando a composição corporal em escolares não encontrou diferença significativa no somatório de nove dobras cutâneas, o que corrobora com o presente estudo.

    Novaes et al.11 não encontraram diferenças significativas em relação ao índice de obesidade de adolescentes de 12 a 18 anos. Estes autores não utilizaram o somatório de dobras cutâneas. Os mesmos optaram pela identificação do percentual de gordura, dos hábitos de vida, bem como dos hábitos alimentares. Entre os principais resultados destacaram a falta de atividade física e a alimentação inadequada que determinados alunos mantinham durante o seu dia-a-dia. Estes fatores sugerem que adolescentes que possuem hábitos alimentares inadequados, poderão ter menor disposição para pratica esportiva em relação aos que possuem uma alimentação adequada, e em consequência disso, poderão apresentar maiores índices de obesidade.

    Ferreira et al.12 comparando a aptidão física entre escolares de Itaquera e São Caetano do Sul não observaram nenhuma diferença em relação às dobras e a soma das sete dobras cutâneas estudadas, o que corrobora, também com o presente estudo. Já Montgomery et al.13, comparando crianças brasileiras com canadenses, verificaram que a somatória de cinco dobras cutâneas dos canadenses eram superiores a dos brasileiros.

    Filardo et al.14 analisando e comparando composição corporal e antropometria de jovens do sexo feminino entre 13 e 17 anos de idade participantes de uma turma de basquete e uma turma de voleibol, não encontrou diferenças significativas nas variáveis antropométricas e na composição corporal. O tratamento estatístico realizado neste estudo não apresentou diferença significativa entre os dois grupos, o que corrobora com o presente estudo, uma vez que também não foram encontradas diferenças significativas entre as turmas de ginástica e voleibol.

    Os resultados do presente estudo mostram que metade dos sujeitos integrantes da turma de ginástica não realiza atividades físicas fora da escola. Vieira et al.15, avaliaram o perfil de saúde e atividade física em adolescentes. Resultados semelhantes aos do presente estudo foram encontrados, já que mais da metade dos 185 sujeitos da amostra não mantinham o hábito de praticar atividades físicas ou algum esporte.

    O fato de a turma de voleibol apresentar hábitos de vida diferenciados em relação aos alunos da turma de ginástica pode estar relacionado com o maior envolvimento que estes alunos possuem com o esporte e por estarem mais ativos durante as aulas realizando movimentos mais complexos e com maiores dificuldades em relação às aulas de ginástica. Os resultados obtidos na pesquisa de Almeida e Soares16 apontaram que adolescentes que praticam voleibol, acabam adquirindo boa capacidade física, como flexibilidade, força e agilidade. Embora se faça esta observação é importante considerar que estatisticamente não foi observada uma diferença significativa no somatório das dobras cutâneas dos sujeitos investigados das turmas de ginástica e voleibol. Ainda sim, acredita-se que o menor valor obtido no somatório das nove dobras cutâneas pela turma de voleibol, está relacionado com os hábitos de vida destes adolescentes.

    Entre os principais hábitos de vida analisados como, passar boa parte do tempo assistindo televisão e conectado a Internet; e menor tempo de duração durante a prática esportiva, sugerem uma vida menos ativa para a turma de ginástica, bem como um número reduzido de praticantes de atividades físicas fora da escola. Da mesma forma hábitos como, ir à escola caminhando ou de bicicleta e praticar exercícios há mais tempo sugerem uma vida mais ativa para os indivíduos da turma de voleibol.

    Farias et al. 17 aplicaram em sua pesquisa um questionário de hábitos de vida para adolescentes do ensino médio. Os resultados mostraram, da mesma forma que o presente estudo, que uma parte dos alunos apresentavam uma vida pouco ativa fisicamente, com índices de 78,3% para as adolescentes do sexo feminino e 52,1% para os adolescentes do sexo masculino. Estes resultados correspondem aos obtidos pelos sujeitos do gênero feminino da turma de ginástica no presente estudo, e podem estar relacionados com o fato de que as meninas da turma de voleibol estejam mais ativas fisicamente, devido às atividades realizadas durante as suas aulas8.

    Os resultados obtidos na pesquisa realizada por Pires et al.14, onde um grupo de 754 adolescentes foram avaliados em relação às atividades praticadas durante o dia-a-dia, mostraram que a atividade física ficou apenas em oitavo lugar, ficando atrás de outras como, assistir televisão ou navegar na Internet e conversar ao telefone, o que corrobora com esta pesquisa.

    Já autores como Oehlschlaege et al.3 e Matos et al.18 afirmam, devido aos respectivos estudos realizados, que a grande maioria dos adolescentes não se preocupa com os hábitos de vida realizados durante o dia-a-dia. Estes apresentam posteriormente, uma vida regrada de hábitos inadequados, entre os principais, a falta de atividade física.

    Sendo assim, pode-se dizer que a escola tem papel fundamental na prática esportiva dos alunos, já que é nela que os primeiros e mais importantes estímulos são projetados, e é nela que as crianças e adolescentes devem adquirir hábitos saudáveis e principalmente ter consciência dos diversos benefícios que estes hábitos trazem para o seu dia-a-dia19.

    Os resultados obtidos no presente estudo e nas pesquisas revisadas anteriormente sugerem a prática de atividade física como peça fundamental para o combate ao sedentarismo durante o período da adolescência.

    Os sujeitos da turma de voleibol apresentaram somatório de dobras cutâneas menores que os da turma de ginástica. Este fato pode estar relacionado com os melhores hábitos de vida apresentados por estes sujeitos, bem como a realização de atividades mais complexas durante suas aulas, o que estimula a prática de atividade física.

Conclusão e recomendações

    Os resultados desta pesquisa mostraram que a turma de voleibol obteve menores valores em relação às variáveis antropométricas coletadas, porém sem diferença significativa. Dessa forma, é possível inferir que as turmas de voleibol e ginástica apresentam perfis antropométricos semelhantes, estando os valores encontrados no somatório de dobras cutâneas de acordo com resultados encontrados na literatura.

    No que se refere ao perfil de hábitos de vida, os alunos das turmas de voleibol apresentaram uma conduta diferenciada quando comparados aos da turma de ginástica. A turma de voleibol apresenta hábitos como, dormir cedo, praticar atividades físicas fora do ambiente escolar, bem como a realização de caminhadas mesmo que seja para ir até a escola. Enquanto isso, a turma de ginástica apresenta hábitos como dormir tarde, passar mais tempo conectado à Internet, e pouca procura por atividade física fora do ambiente escolar.

    Sendo assim, acredita-se que os menores valores encontrados no somatório de dobras cutâneas da turma de voleibol estão relacionados com os hábitos de vida apresentados por estes sujeitos.

    Seria interessante dar continuidade a este estudo, e para tanto, aumentar o grupo de amostragem, a fim de obter resultados mais consistentes, de modo a comprovar a real relação dos hábitos de vida com os valores antropométricos avaliados.

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