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A importância do futebol para o desenvolvimento afetivo, cognitivo
e psicomotor dos adolescentes no segundo segmento
do ensino fundamental

La importancia del fútbol para el desarrollo afectivo, cognitivo y psicomotor
de los adolescentes en el segundo ciclo de enseñanza básica

 

*Graduado/a em Educação Física pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP/RJ)

**Pós-graduado em Educação Física escolar pela Universidade Gama Filho (UGF/RJ)

***Mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP/SP)

(Brasil)

Anderson Augusto Cardoso de Lemos*

David Moreira Damico* **

Ana Paula Ramos Junqueira*

Rubem Machado Filho***

rubemfisiologista@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O estudo teve como objetivo fazer uma abordagem sobre a importância do futebol para o desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor dos adolescentes no segundo segmento do ensino fundamental. O universo de pesquisa foi composto por 82 alunos e alunas do segundo segmento do Ensino fundamental do Colégio Estadual Rui Barbosa em Petrópolis-RJ. A escolha da unidade de ensino não obedeceu nenhum tipo de critério específico, apenas pela facilidade de acesso dos pesquisadores. Quanto aos alunos e alunas que fizeram parte da amostra foi utilizado como critério pertencer ao grupo etário entre 13 a 15 anos e estes também deveriam ser praticantes de futebol em escolinhas de clubes, na rua, espaços públicos ou nas aulas de educação física escolar pelo menos uma vez por semana. Então, apenas aqueles que praticam o futebol participaram da pesquisa, para uma melhor análise em relação aos benefícios que o futebol traz para os domínios cognitivos, afetivos e psicomotores na visão destes alunos. De acordo com as respostas obtidas no questionário vemos que pelo ao menos uma vez por semana a grande maioria jovem pratica o futebol em seu tempo livre, afirmando assim que o futebol se faz presente em nossa cultura e dia-a-dia. Além de praticá-lo em aulas escolares ou escolinhas como foi obtido em outras respostas.

          Unitermos: Futebol. Psicomotricidade. Ensino fundamental.

 

Abstract

          The study aimed to make an approach to the importance of soccer to the development affective, cognitive and psychomotor adolescents in the second segment of the school. The research universe was composed of 82 male and female students of the second segment of the State College Elementary Rui Barbosa in Petrópolis-RJ. The choice of teaching unit did not follow any specific criterion, only the ease of access for researchers. With regard to male and female students who were part of the sample was used as a criterion to belong to the age group between 13 and 15 years and these should also be practicing soccer in schools of clubs, on the streets, public spaces or in school physical education classes at least once a week. So only those who play soccer in the survey, for a better analysis of the benefits that soccer brings to the domains cognitive, affective and psychomotor vision of these students. According to the responses from the questionnaire to see that at least once a week most young soccer practice in their spare time, thus affirming that soccer is present in our culture and day-to-day. In addition to practice it in school or kindergarten classes as obtained in other answers.
          Keywords: Soccer. Psychomotricity. Elementary school.

 

          Este artigo é parte do trabalho de conclusão de curso de graduação em Educação Física de Anderson Augusto Cardoso de Lemos pela Universidade Católica de Petrópolis.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Falar sobre a história do futebol e suas influências no Brasil, é de tal forma algo que necessita de três momentos distintos. Primeiro seria a chegada do futebol no país, o segundo a sua popularização e por fim o papel do negro nesse processo. Essa recontada história transformou-se em mito como definiu (Watt, 1997).

    Uma história tradicional largamente conhecida no âmbito da cultura, que é creditada como uma crença histórica ou quase histórica, e que encarna ou simboliza alguns valores básicos de uma sociedade. (Watt, 1997).

    A história do futebol no Brasil iniciou-se com o retorno de Charles Miller. Na ocasião ainda classificado como um esporte para elite. (Rodrigues, 2004), diz tratar-se do pontapé inicial:

    O futebol surge no Brasil no final do século XIX, quando Charles Miller retorna da Inglaterra, em 1894, trazendo consigo materiais próprios desse esporte: bolas, camisas, calções e chuteiras. É Charles Miller quem introduz o futebol no Brasil, inicialmente no estado de São Paulo, entre os jovens da elite paulistana. O elitismo é uma marca do nascimento do futebol no Brasil.

    Essa estrutura elitista foi cada vez mais afirmada com o inicio da prática do futebol (Helal, 1990). Logo após a atividade de missionário exercida por Charles Miller, o futebol teve como focos de irradiação o meio industrial e aristocrático ligados aos hábitos de lazer da colônia europeia (Helal, 1990).

    O esporte veio com força total na cidade de São Paulo, onde Charles Miller filiou-se a clubes, tendo assim a chance de expandir cada vez mais o futebol. Caldas (1990) diz que:

    Cabe frisar a importância do São Paulo Athletic Club, fundado no ano de 1888, a quem Charles Miller se filiou, organizando a prática futebolística em São Paulo. Nesta fase, o futebol era praticado nos colégios de elite paulistas e cariocas Alfredo Gomes, Anglo-brasileiro.

    Sendo assim, pode-se afirmar que a principal pessoa responsável pela introdução e expansão da prática do futebol no Brasil foi Charles Miller. Sendo ele considerado por inúmeras pessoas como pai do futebol no Brasil.

    O domínio cognitivo classifica as operações mentais, aspecto necessário para entender um desenvolvimento do ser humano. Segundo Magill (1984), fazem parte do domínio cognitivo, operações mentais como a descoberta ou reconhecimento de informação, a retenção ou armazenamento de infor­mação, a geração de informações a partir de certos dados e a tomada de decisão ou feitura de julgamento acer­ca da informação.

    Ao falar de domínios coginitivos um estudo mais abrangente pode ser encontrado por Bloom (1956), que elaborou uma taxonomia de objetivos nesta área, ordenando as diferentes aperações mentais da mais simples à mais complexa.

    O cognitivo torná-se assim de extrema importância no processo de aprendizagem. O conhecimento, tal como Piaget (1973), o concebe, nem procede dos sentidos, nem da percepção, mas da ação inteira. As estruturas ou esquemas cognitivos são o resultado de um processo intenso e contínuo de interação entre o sujeito e o objeto. O conhecimento processa-se em termos de mudança tanto no sujeito quanto no objeto.

    Nesse seguimeto o cognitivo é defendido por muitos autores, para melhora do rendimeto nesse processo tão abrangente (Delfillippi e Ornstein, 2003).

    Baseado nos domínios, a psicomotricidade possui suma importância dentro do contexto aprendizado. Sendo ela um dos grandes deveres de exploração dos profissionais de Educação Física.

    Segundo Santos (2007), psicomotricidade é a evolução das relações recíprocas, incessantes e permanentes dos fatores neurofisiológicos, psicológicos e sociais que intervêm na integração, elaboração e realização do movimento humano.

    A psicomotricidade é, então, uma atividade motora considerada no seu significado de atividade psíquica que se manifesta em uma execução motora (Santos, 2007).

    O futebol nas escolas é muito praticado, possuindo correntes que defendam e outras que criticam essa prática em excesso nas escolas. Porém não cabe a esse estudo falar sobre essa discussão e sim ilustrar a participação do futebol na Educação Física escolar.

    O futebol como conteúdo escolar encontra-se dentro do grupo dos esportes, grupo esse que deve ser trabalhado assim como os outros em todos os ciclos escolares (PCN, 1997).

    A partir da problemática exposta, este trabalho tem como objetivo fazer uma abordagem sobre a importância do futebol para o desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor dos adolescentes no segundo segmento do ensino fundamental.

Materiais e métodos

    Metodologicamente, iniciamos o presente estudo através de uma revisão bibliográfica sobre o tema, tendo como indicadores teóricos, livros, artigos e sites da internet. Foi realizada também, uma pesquisa de campo de base quantitativa, usando como recurso para coleta de dados o questionário.

    O questionário foi elaborado, para responder às questões norteadoras do estudo e foi validado através da aplicação do mesmo à três alunos distintos e com as mesmas características dos alunos que fizeram parte da amostra do estudo. Todos pertencentes a uma escola da rede pública de Petrópolis, diferentes daquelas escolhidas para fazerem parte do estudo.

Amostra

    O universo de pesquisa foi composto por 82 alunos e alunas do segundo segmento do Ensino fundamental do Colégio Estadual Rui Barbosa em Petrópolis-RJ. A escolha da unidade de ensino não obedeceu nenhum tipo de critério específico, apenas pela facilidade de acesso dos pesquisadores. Quanto aos alunos e alunas que fizeram parte da amostra foi utilizado como critério o pertenimento ao grupo etário que deveria ser entre 13 a 15 anos e estes também deveriam ser praticantes de futebol em escolinhas de clubes, na rua, espaços públicos ou nas aulas de educação física escolar pelo menos uma vez por semana. Então, apenas aqueles que praticam o futebol participaram da pesquisa, para uma melhor análise em relação aos benefícios que o futebol traz para os domínios cognitivos, afetivos e psicomotores na visão destes alunos.

Coleta de dados

    Num segundo momento foi elaborado o Termo de autorização da instituição para pesquisa e um Termo de Livre consentimento e esclarecido. O primeiro, entregue a direção da instituição e devidamente autorizado mediante a assinatura do mesmo. O segundo entregue aos responsáveis pelos alunos e alunas voluntários e devolvidos após sua assinatura aos pesquisadores.

    Os questionários foram entregues pelos pesquisadores aos alunos e alunas voluntários, após as leituras e esclarecimentos sobre o seu preenchimento. Após o período de tempo concedido ao preenchimento dos mesmos, foram recolhidos e colocado em pasta para posterior tabulação dos dados.

    As respostas dos questionários foram tabuladas e seus resultados tratados quantitativamente em números percentuais por categoria e utilizados para posterior análise qualitativa.

Comitê de Ética em Pesquisa

    O pré-projeto de pesquisa que serviu de base para o preenchimento do formulário de pesquisa na Plataforma Brasil foi protocolado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) sob o número CAAE 02050312.6.0000.5281.

Apresentação dos dados, análise e discussão dos resultados

    A pesquisa foi realizada com 82 adolescentes entre 13 e 15 anos, entre eles meninos e meninas praticantes da modalidade do futebol. A mesma foi realizada com alunos regularmente matriculados na instituição de ensino do Colégio Estadual Rui Barbosa, com inteiro consentimento dos responsáveis e autorização da direção da escola.

Tabela 1. Identificação da amostra

 

Gráfico 1. Em relação a pratica do futebol no seu tempo livre (na rua e espaços públicos), em qual dos itens abaixo você se enquadra?

    Com a necessidade de quantificar o quanto o futebol é utilizado pelos adolescentes como forma de lazer. A pergunta número um quis saber quantas vezes por semana o adolescente pratica o futebol no seu tempo livre (na rua e em espaços públicos), ou seja, sem orientação de um profissional de Educação Física. A maioria com 48,7% responderam que praticam o futebol uma vez por semana apenas, 25,6% responderam que praticam duas vezes por semana, 15,8% responderam que praticam de três a cinco vezes por semana e apenas 9,9% responderam que praticam todos os dias da semana. Justificando assim a afirmação de que a maioria dos jovens usa o futebol como forma de lazer pelo ao menos 01 (uma) vez por semana.

Gráfico 2. Já praticou ou pratica futebol em clubes ou escolinhas de esportes?

    A fim de saber qual era o numero de jovens que já frequentou escolinhas com objetivo de auto-rendimento ou por escolha dos responsáveis. A pergunta número dois se refere a essa questão. A maioria com 57,4% responderam que nunca praticaram o futebol em escolinhas de esportes, e 42,6% responderam que sim, esses variando de três meses até oito anos de prática. Então, a minoria dos adolescentes praticou ou pratica o futebol de forma orientada por um profissional fora do ambiente escolar.

Gráfico 3. Quanto à prática do futebol dentro da escola?

    Cientes da dificuldade de aceitação do futebol durante as aulas de Educação Física por alguns, e da insistência pela prática por outros até mesmo fora das aulas. A pergunta número três quis identificar quando que o adolescente pratica o futebol dentro da escola. A grande maioria com 63,4% responderam que praticam apenas nas aulas de Educação Física, 20,7% responderam que praticam apenas nas competições escolares, 9,7% responderam que praticam apenas nos intervalos e 6,2% responderam que nunca praticam.

Gráfico 4. Em sua opinião a pratica do futebol contribui para seu desenvolvimento motor?

    Em defesa ao auxilio que o futebol pode dar ao desenvolvimento motor do individuo. A pergunta número quatro avaliou se os adolescentes percebem que o futebol contribui para o seu desenvolvimento motor. A grande maioria respondeu que sim, 85,3% disseram que o futebol contribui para o desenvolvimento desse domínio, e apenas 14,7% disseram que não.

Gráfico 5. Em sua opinião a pratica do futebol contribui para seu desenvolvimento afetivo?

    Sabendo também que o futebol no Brasil contribui muito com o desenvolvimento afetivo, uma vez que ele faz parte da cultura nacional. A pergunta número cinco avaliou se o desenvolvimento afetivo pode receber alguma contribuição com a prática do futebol na visão dos jovens. Cerca de 60,9% dos adolescentes responderam que sim, e 39,1% dos mesmos responderam que não.

Gráfico 6. Em sua opinião a pratica do futebol contribui para seu desenvolvimento cognitivo?

    Concluindo com o terceiro domínio o cognitivo o qual a prática do futebol também o beneficia. A sexta pergunta quis saber se o futebol contribui para o desenvolvimento cognitivo dos adolescentes nas suas opiniões. Eles responderam em 68,2% que sim, e em sua minoria responderam com 31,8% que não.

Gráfico 7. Como você classificaria o futebol enquanto conteúdo para as aulas de Educação Física?

    Baseado em todas as perguntas citadas acima, houve a necessidade de saber o quão importante seria o futebol dentro das aulas de Educação Física para os jovens. A pergunta número sete faz uma análise para sabermos qual seria esse grau de importância, o futebol se encontra para as aulas de Educação Física. A maioria dos entrevistados com 45,1% responderam que o futebol é importante para as aulas de Educação Física, 34,3% responderam que o futebol é muito importante, 14,6% responderam que é relativamente importante, e apenas 6% responderam que o futebol não tem importância nenhuma para as aulas de Educação Física dentro da escola.

    De acordo com as respostas obtidas na primeira pergunta do questionário vemos que pelo ao menos uma vez por semana a grande maioria jovem pratica o futebol em seu tempo livre, afirmando assim que o futebol se faz presente em nossa cultura e dia-a-dia. Além de praticá-lo em aulas escolares ou escolinhas como foi obtido em outras respostas.

    Podemos inferir que a qualidade dessa prática baseou-se em duas linhas, sendo a primeira a prática orientada e a segunda a prática sem orientação. Relativo a essa qualidade, as resposta apresentadas nos levaram à percepção que a escola é o principal local de prática orientada do futebol, embora um percentual importante de adolescentes já tenham em algum momento participado de escolinhas da modalidade. Tal cenário tem possibilidade de ter contribuído para que os alunos respondentes opinarem sobre a percepção de que o futebol contribui em todos os campos do desenvolvimento alvo do estudo, ou seja, afetivo-social, cognitivo e psicomotor.

    A análise do questionário também possibilitou a percepção que os alunos reconhecem de maneira mais evidente os benefícios sobre o desenvolvimento psicomotor e cognitivo, enquanto o desenvolvimento na área afetivo-social parece ser menos evidente que os demais.

    De uma maneira geral, o futebol é percebido como conteúdo importante para as aulas de Educação Física pelos alunos.

    Mesmo outras modalidades esportivas tendo boa aceitação nas aulas de educação física, nenhuma delas se compara com o apelo que o futebol exerce sobre esses alunos.

    Com os resultados obtidos na pesquisa, os professores de educação física dessas redes de ensino podem usá-los como parâmetros para melhor utilização da modalidade como conteúdo de ensino para suas aulas.

Considerações finais

    Ao nos referirmos ao futebol, percebe-se que ele faz parte do cotidiano nacional tornando-se patrimônio histórico e cultural de toda uma população. Desde sua chegada ao Brasil o futebol foi aumentando sua popularidade e evoluindo enquanto modalidade, onde partiu de um esporte totalmente elitista para o mais popular dos esportes. Hoje, pode ser considerado um elo de união entre as raças, pobres e ricos, mulheres e homens entre outros.

    Ao aprofundar em sua história foi maravilhoso perceber como o futebol foi capaz de tantas conquistas históricas, de conseguir fatos que nem imaginávamos que conseguiríamos como, por exemplo: o auxílio na valorização do negro em nosso país, segundo sua força, raça e habilidade.

    A partir disso vemos o futebol presente em cada esquina do país, vivos nas partidas de rua das crianças, dos campeonatos amadores de adultos além dos nossos meios de comunicação. Considerado como uma das mais populares brincadeiras de rua, ele não se faz presente somente nas ruas, mas também dentro das escolas nas aulas de Educação Física. Aulas essas onde o esporte é considerado o maior conteúdo programático. Mas o futebol não está presente somente nas aulas, mas também nos recreios, nas saídas dos professores da sala de aula, e aonde mais a criatividade dos alunos permitirem.

    Considerando tudo isto, observamos que não há como lutar contra “esta força” nem há necessidade disto. Partindo do objetivo das aulas de Educação Física e conhecendo os benefícios do futebol dentro dos três domínios humanos, o afetivo, o cognitivo e o psicomotor.

Referências bibliográficas

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