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Incontinência urinária em atletas: uma revisão de literatura

La incontinencia urinaria en deportistas: una revisión de la literatura

Urinary incontinence in athletes: a literature review

 

*Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB)

**Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Grupo de Pesquisa em Cineantropometria, Performance Humana

e Treinamento de Força (GPCiPeHTF/UFRRJ) / CNPq

(Brasil)

Maria Clara Soares*

clarasoares24@gmail.com

Thaís Regina Galvão*

thais.reginagalvao@gmail.com

Vladimir Schuindt da Silva**

vladimirschuindt@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A incontinência urinária consiste na perda involuntária de urina e pode ser ocasionada pelo esforço excessivo caracterizado na prática de atividades físicas. Realizou-se um levantamento bibliográfico a fim de identificar a relação do esforço físico na incontinência urinária em mulheres atletas de alto rendimento. Foi consultada a base de dados Lilacs. Os resultados dos estudos revisados indicaram que a incontinência urinária pode atrapalhar a performance das atletas, e contribuir para o abandono ao esporte.

          Unitermos: Incontinência urinária. Atletas. Educação Física.

 

Abstract

          Urinary incontinence is the involuntary loss of urine and can be caused by overexertion characterized in physical activity. We conducted a literature review to identify the relationship of physical effort urinary incontinence in women in high-level athletes. We also consulted Lilacs database. The results of these studies indicated that urinary incontinence may hinder the performance of athletes, and contribute to abandon the sport.

          Keywords: Urinary incontinence. Athletes. Physical Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A World Health Organization (WHO) recomenda que as pessoas assumam, e mantenham para a vida toda, níveis adequados de atividade física (WHO, 2010). Sabe-se que a prática de esportes serve como prevenção a inúmeras doenças. E os exercícios aeróbios, de fortalecimento muscular e de flexibilidade, são geralmente indicados no processo de tratamento e na prevenção de doenças cardíacas, hipertensão, osteoporose, obesidade, diabetes, entre outras (CARROL; DUDFIELD, 2004).

    Neste sentido, a população feminina está aderindo a uma rotina de práticas de atividades físicas. Por conseguinte, impondo à comunidade científica novos desafios à pesquisa dos efeitos das atividades no organismo feminino (BORIN, 2006). Caetano et al. (2009) afirmam que ainda há pouco conhecimento sobre a saúde feminina por parte dos profissionais de Educação Física. E determinados órgãos e/ou tecidos podem necessitar de cuidados diferenciados, como o assoalho pélvico (AP). Segundo Calais-Germain (2005 apud TONON DA LUZ et al., 2011, p. 17), “o assoalho pélvico representa o conjunto de partes moles que fecham a pelve e é formado por músculos, ligamentos e fáscias. Seu objetivo é principalmente sustentar a bexiga, o útero e o reto.”

    A vulnerabilidade do AP pode contribuir para o aparecimento de algumas doenças e debilidades nesta região como infecções urinárias de repetição, dificuldade para evacuar, dores na região da pelve, incontinência fecal e a incontinência urinária (IU) - perda involuntária de urina, geralmente encontradas em mulheres em período de climatério (período da menopausa) e multíparas (que tiveram partos), mas já há indícios de jovens nulíparas (mulheres que não tiveram partos) que apresentam essas disfunções durante a prática de esporte ou atividade física (ALMEIDA et al., 2011). Em mulheres jovens nulíparas e fisicamente ativas que não apresentam outros fatores de risco potenciais para IU, um forte fator etiológico pode ser o tipo de atividade física que elas realizam, causando uma pressão intra-abdominal cronicamente alta sobre o AP (SILVA et al., 2005).

    Segundo Caetano et al. (2009), a incidência da IU é significativamente maior no sexo feminino, com as mulheres fisicamente ativas, como as atletas de alto rendimento, sendo as mais suscetíveis a ter IU devido ao grande esforço realizado durante as práticas de suas modalidades, e também durante seus treinamentos físicos.

    Já a partir de 1998, a IU não foi mais considerada um sintoma, passando a ser considerada uma doença segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID). Para Ortiz (2004 apud SANTOS, 2009) estima-se que 200 milhões de pessoas no mundo apresentam algum tipo de IU. O mais frequente tipo é a IU de esforço (IUE), definida como a queixa de perda involuntária de urina mediante um esforço físico, espirro, tosse ou atividade física (RETT, 2005). A ação patológica da IUE pode ser entendida como a diminuição da pressão de resistência vesical, onde os músculos do AP não conseguem executar o fechamento adequado da uretra. Para que haja o controle da micção durante o esforço, é necessário que o aumento da pressão intravesical seja simultâneo ao fechamento do mecanismo uretral (GROSSE e SENGLER, 2002).

    Segundo Girão; Lima; Baracat (1997), a IUE pode ser classificada em: Tipo 0: IUE sem demonstração objetiva de perda, colo vesical e uretra abrem durante esforço; Tipo I: colo vesical e uretra abrem e descem menos de 2 cm durante esforço, com discreta procedência da parede vaginal anterior; Tipo IIa: colo vesical e uretra abrem e descem mais de 2cm durante esforço, com procedência da parede vaginal anterior; Tipo IIb: o colo vesical e uretra ficam abaixo da borda inferior da sínfise púbica no repouso, podendo descer durante esforço; Tipo III: colo vesical e uretra estão abertos durante repouso, na ausência de contração do detrusor.

    Os fatores de risco para o desenvolvimento da IU são: idade, obesidade, menopausa, cirurgia ginecológica, constipação intestinal, doenças crônicas, fatores hereditários, uso de drogas, consumo de cafeína, tabagismo e exercício físico (HIGA, 2004; HIGA; LOPES; REIS, 2008).

    No contexto esportivo, para as atletas profissionais, os exercícios podem trazer um risco especial, devido aos efeitos negativos no sistema reprodutivo, no qual várias formas de irregularidades menstruais são comuns, como amenorreia secundária, oligoamenorreia, fase lútea curta e anovulação, e no sistema músculo-esquelético, sendo que, além das lesões comuns às atletas, os exercícios de alto impacto podem levar ao enfraquecimento da musculatura pélvica, predispondo-as à IU (WARREN e SHANGOLD, 1997 apud BORIN, 2006). Porém, o impacto causado pela IU na mulher não se limita apenas aos seus aspectos físicos. O aspecto psicológico é impacto também, uma vez que as mulheres incontinentes sentem-se constrangidas para realizar atividades sociais e esportivas (NYGAARD; DELANCEY; ARNSDORF, 1990; Bø, 2004; FITZ et al., 2012). Esse abandono das atividades é ressaltado também por Barros; Lucena; Anselmo (2007), que diz que este problema não é uma condição perigosa ou de risco e embora não cause morbidade ou mortalidade, pode levar a inatividade, principalmente pelo constrangimento higiênico e social, diminuindo o desempenho atlético, aumentando a ansiedade e o sofrimento relacionado à possível perda urinária.

    Entretanto, é possível criar estratégias para que os profissionais de Educação Física trabalhem com indivíduos que apresentem IU, onde uma proposta sistematizada e integrada de atividades físicas pode levar mulheres com IU à melhora significativa na sua saúde.

    A falta de conhecimentos relacionados à IU e a sua relação com a prática de atividades físicas estabelece uma lacuna na formação dos profissionais de Educação Física, e consequentemente, em sua prática docente. A exclusão dos exercícios para os músculos do assoalho pélvico, [...] não se faz coerente já que estes músculos fazem parte da atividade funcional de todas as mulheres e merecem a mesma atenção que os demais (CAETANO et al., 2009).

    Para o tratamento das doenças relacionadas ao AP, podem ser utilizadas diferentes estratégias, das quais se destacam a intervenção cirúrgica, o uso de medicamentos, e as terapias conservadoras. O tratamento cirúrgico é considerado arriscado, pois pode trazer complicações além de ter um custo elevado. O uso de medicamentos, uma vez iniciado, não pode ser mais interrompido. Sendo assim, as terapias conservadoras seriam as mais indicadas para o tratamento, contendo técnicas e recursos de baixo custo, além de eficácia comprovada, podendo ser conciliada à medicamentos ou não.

    Segundo Amaro; Gameiro e Moreira (2001), no Brasil a abordagem é ainda tradicionalmente cirúrgica. Mas diante dos altos custos e do procedimento ser evasivo podendo ocasionar complicações, atualmente há mais interesse em tratar essas doenças através da Fisioterapia. Entretanto, a fisioterapia só é indicada dependendo do risco e severidades da doença.

    Dentre as terapias conservadoras, destaca-se a cinesioterapia, que tem como objetivo básico exercitar a musculatura pélvica, visando o fortalecimento, que é baseada no preceito de que movimentos voluntários repetitivos proporcionam um aumento da força muscular (BRUSCHINI; KANO; DAMIÃO, 1999). Ainda propõe-se que haja um maior aporte de sangue e oxigênio, devido ao aumento na irrigação para a musculatura estriada esquelética do AP, permitindo uma maior nutrição, manutenção de tônus e trofismo muscular (DUFOUR et al., 1989).

    O primeiro pesquisador a mostrar que o uso de exercícios para o AP era eficaz para o fortalecimento desta musculatura, foi o ginecologista americano Arnold Kegel. Quando foram criados os exercícios, recomendava-se 300 contrações diárias, hoje depois de muitos estudos, foi comprovado que esse número é exagerado e pode gerar fadiga muscular. Em seu primeiro estudo ele obteve 84% de cura de mulheres com IU, onde o protocolo incluía palpação vaginal e observação clínica da contração voluntária da musculatura do AP e o uso do biofeedback para mensurar a pressão vaginal durante os exercícios. (NOLASCO, 2008).

    Portanto, apesar dos danos multifatoriais que o AP pode sofrer, é possível tratar e reabilitar a região para melhorar a condição física e psicológica da mulher, sendo o fortalecimento um quesito importante no combate às doenças perineais femininas. Assim sendo, pelo presente estudo buscou-se identificar a relação do esforço físico na incontinência urinária em mulheres atletas de alto rendimento.

Métodos

    Através de uma pesquisa analítica realizou-se uma revisão bibliográfica envolvendo análise, avaliação e integração com a literatura publicada a partir da base de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), com o objetivo de identificar estudos no qual abordavam a relação da IU no exercício físico. Para esta forma de pesquisa, foram utilizados os seguintes descritores: incontinência urinária, assoalho pélvico, exercício físico, Educação Física, fortalecimento e atletas, combinados entre si a fim de possuir um melhor resultado na pesquisa (THOMAS, NELSON e SILVERMAN, 2007).

    Utilizaram-se artigos que abordassem assuntos pertinentes à IU em atletas, bem como aqueles que tratam do fortalecimento do AP a fim de prevenir os incômodos urinários nestes indivíduos. Excluindo estudos no qual traziam temáticas sobre animais, idosos, crianças e homens. Que fossem abordados assuntos relacionados a procedimentos de tratamentos médicos e fisioterapêuticos. Que tratassem de cirurgias ou tratamentos medicamentosos do AP, e ainda artigos sobre atletas que abordassem doenças ou distúrbios não relacionados à IU.

    A partir destes descritores foram encontrados 78 obras, pré-selecionados na língua Portuguesa e Inglesa. Desta forma analisando o título dos artigos bem como as palavras-chave e seus descritores o número de artigos encontrados foi de 46. Após esta etapa, analisando o resumo, este número reduziu para 22 artigos. Incluiu-se ainda 8 livros e 4 trabalhos monográficos pela relevância à temática. Ao final da pesquisa foram selecionadas 34 obras, e organizadas a fim de informar sobre IU em atletas.

Resultados

    Segundo Kulpa (1996), quase metade de todas as mulheres que se exercitam regularmente apresentam algum sintoma de IUE. Um fator etiológico pode ser o tipo de atividade física realizada, causadora de uma pressão cronicamente alta sobre o AP, que comprime os órgãos do trato urinário resultando na vontade súbita de urinar (SILVA et al., 2005).

    No entanto, existe a dúvida quanto a força de assoalho pélvico dessas atletas - se é forte devido ao aumento da força muscular geral ou se é fraca devido ao alta pressão intra-abdominal que são submetido por longo período. Se houver fraqueza dessa musculatura em relação a uma alta pressão intra-abdominal que é criada, pode ocorrer episódios de perda urinária quando submetidas ao esforço físico e predispor mulher jovens e nulíparas, mesmo na ausência de outros fatores de risco clássicos, a IUE e prolapsos genitais (SILVA, 2005, s/p).

    Nygaard et al. (1994) descobriram que dentre as atividades que proporcionavam às mulheres maior perda de urina estavam a corrida e a ginástica, similarmente aos achados de Nygaard et al. (2005 apud CAETANO; TAVARES e LOPES (2007), que realizaram um estudo com 156 atletas nulíparas com idade média de 19,9 anos, com 28% relatando perder urina durante sua prática esportiva, e com a ginástica sendo o esporte que mais apresentou perda de urina (67%). Dentre as atividades investigadas as que mais proporcionaram perda urinária foram aquelas que incluíam saltos, aterrissagens de alto-impacto e corrida, talvez em parte pelos saltos gerarem uma força máxima de reação que aumenta em 16 vezes o peso corporal (HAY, 1993 apud CAETANO; TAVARES e LOPES, 2007). Estes autores acreditam que as mulheres possuem um limiar de continência, e quando esse limiar, por algum motivo é ultrapassado, os músculos ficam fatigados e perdem sua eficiência, principalmente se não estiverem preparados para estas condições.

    Broso; Subrizi (1996), Bø (2004), Bennell et al. (2008), Nygaard et al. (1994) e Araújo et al. (2008) apontam que as atletas têm os músculos do AP fortes, mas a atividade física árdua levaria ao aumento da pressão abdominal, predispondo a IUE.

    Bø e Borgen (2001) compararam 660 atletas de um time nacional júnior, e 765 mulheres não atletas, com idades entre 15 e 39 anos. Entre as atletas, 4% tinham filhos contra 33% das mulheres não atletas. Não houve significativa diferença na IUE: 41% nas atletas e 39% nas mulheres não atletas.

    Eliasson; Larsson; Mattsson (2002) apontaram que a maior prevalência de perda de urina foi verificada entre atletas trampolinistas. Foram estudadas 35 atletas nulíparas com idade média de 15 anos (12-22 anos). Do total, 80% das atletas se queixaram de perder urina enquanto saltavam no trampolim. Todas as atletas acima dos 15 anos se queixaram de perda de urina. As atletas que relataram o incômodo apontaram que a incontinência se iniciou após dois anos e meio de treinamento. A perda urinária foi associada com tempo de treinamento, idade, duração e frequência do treinamento. As atletas incontinentes eram mais velhas e tinham tido treinamento mais longo e com frequência maior em relação àquelas que não apresentavam os sintomas. Durante os testes, estas tiveram mais dificuldade de interromper a urina voluntariamente contraindo os músculos do períneo do que o grupo que não era incontinente. Essas atletas, provavelmente, foram expostas a contínuos esforços e impactos que, na ausência de um treinamento para fortalecimento dos músculos do períneo, podem ter-se enfraquecido, evoluindo para IU.

    Nygaard; Delancey; Arnsdorf (1990) verificou em um estudo realizado com 326 mulheres com idade média de 38,5 anos (20 a 65 anos) e que se exercitavam regularmente, a atividade que mais provocou perda de urina foi corrida e exercícios de alto impacto aeróbico. Os mesmos autores, numa pesquisa mais recente realizada em 2004, constataram, em 3364 mulheres entre 18 e 60 anos, que uma em cada sete tinha perdido urina durante a atividade física.

    Dalponte e Machado (2011) avaliaram 17 atletas de handebol e 6 atletas de voleibol, da cidade de Blumenau/SC, Brasil, com idade média entre 21,82 e 19,50, respectivamente, através do Pad Test e 3 dentre as 23 voluntárias apresentaram a IUE. O Pad Test consiste em avaliar a perda de urina através da mensuração do peso de absorventes utilizados antes e depois de atividades específicas. Se a balança acusar um grama a mais do peso normal do absorvente, é constatado que a atleta apresentou IUE. Na comparação entre as duas modalidades, verificou-se que a atleta de voleibol teve maior perda de urina do que as duas atletas de handebol. Isso mostra que a prática do voleibol leva à maior predisposição de perda urinária do que a prática de handebol.

    Araújo et al. (2008) verificaram 37 mulheres corredoras de longa distância, que treinavam no mínimo uma hora por dia diariamente, e 64% dessas mulheres apresentavam IUE. A média de idade dessas mulheres era de 35 anos, a maioria nulíparas e com Índice de Massa Corpórea (IMC) normal.

    Jácome et al. (2011) encontraram 41,5% de IUE em 106 atletas femininas com idades entre 18 e 45 anos, praticantes de atletismo (corrida e salto), basquete e futebol de salão. Mesmo afirmando utilizarem estratégias para a perda urinária, como o uso de absorventes, micção preventiva ou restrição da ingestão de líquidos, as atletas deste estudo não possuíam conhecimento da relação entre a prática de esporte e a IUE.

Discussão

    De acordo com essas informações, percebe-se que o AP necessita de um trabalho que contemple tanto força quanto resistência. Além das contrações perineais, aspectos como mobilidade pélvica, consciência corporal, coordenação motora e postura também são importantes quando se trata desta região (SILVA e MORAES, 2006). Neste caso, a atividade física pode figurar como uma ação preventiva da IUE (SANTOS et al., 2009). Entretanto, não é prática frequente entre as equipes de competição a inclusão de estratégias preventivas. Isso ocorre, provavelmente, por desconhecimento das disfunções do AP e de como abordá-las, por parte dos treinadores e equipe de saúde que acompanham as atletas. Além disso, o problema é pouco relatado pelas atletas, talvez por constrangimento (ALMEIDA et al., 2011).

    Vitton et al. (2011) sugerem que mulheres praticantes de esportes de alto nível devem ser informadas quanto às possíveis consequências da atividade física intensa sobre a função do AP. Os autores ainda salientam que medidas preventivas podem ser desenvolvidas, como o reconhecimento das disfunções do AP em fase inicial e educação sobre a prevenção e o controle de tais disfunções.

    Treinadores e técnicos devem encorajar as mulheres, sejam atletas ou não, a realizarem a contração no períneo durante suas atividades regulares, pois, sem orientação, é provável que elas não pensem a respeito dessa contração voluntariamente. E necessitam também de uma estimulação dessa musculatura para poderem identificá-la e contraí-la durante suas práticas esportivas, prevenindo o aparecimento ou agravamento da IUE, além de melhorar o controle da bexiga (CAETANO; TAVARES e LOPES, 2007).

Conclusão

    Pelo exposto no presente estudo, pode conclui-se que se faz necessário que o profissional de Educação Física passe a conhecer melhor a área ginecológica, a fim de possuir respaldo para aplicação de treinamento contemplando o AP, buscando neste sentido possíveis medidas profiláticas à saúde feminina, e ainda sim, evitar atitudes de negligência e subsequentemente agravamento de qualquer doença, principalmente a IUE.

    Deste modo, sugerimos que os cursos de Graduação em Educação Física possuam em seus componentes curriculares o tema AP. E que os profissionais atuantes com o público feminino tratem deste assunto com a devida importância.

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