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Determinação de cumarina no xarope de 

guaco armazenado em diferentes temperaturas

Determinación de la cumarina en jarabe de guaco almacenada a diferentes temperaturas

 

*Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, FIPMoc

**Faculdade de Saúde Ibituruna, FASI

***Faculdades Santo Agostinho, FASA

****Faculdade Anhanguera de Brasília, ANHANGUERA

Universidade de Brasília, UnB

(Brasil)

Ronilson Ferreira Freitas*

Tahiana Ferreira Freitas**

Thaisa Almeida Pinheiro* ***

Carlos Rafael Altino Correia**

Paulo Francisco Afonso da Silva Junior**

Anna Maly de Leão e Neves Eduardo****

Eurislene Moreira Antunes Damasceno* **

ronnypharma@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Mikania glomerata S., conhecida popularmente como guaco, há muito tempo tem sido utilizada para tratamento farmacológico. O poder medicinal do guaco é avaliado nas folhas, onde é possível identificar cumarinas, óleos essenciais, taninos, guacosídeos, flavonóides e outros. As cumarinas são consideradas os principais marcadores químicos quando as formulações forem à base de guaco para analisar controle de qualidade. O xarope é forma farmacêutica mais aplicada na administração do guaco para tratamento de doenças pulmonares graças ao efeito broncodilatador, e é composto por água, sacarose, metil parabeno entre outros. Objetivou-se com este estudo determinar a presença de cumarina no xarope de guaco armazenado em diferentes temperaturas, comparando a variação da cumarina em relação aos dois xaropes analisados. Os extrato do guaco utilizado foi o guaco edulito 81,5 mg/mL e o guaco xarope 0,1mL/mL adquiridos no comércio da cidade de Montes Claros, norte de Minas Gerias, Brasil. Foi utilizado aproximadamente 90 mL de cada xarope, sendo 30mL a uma temperatura de 15° C, 30 mL a 30° C e 30 mL a 45 °C, estes armazenados em um béquer presentes na estufa por 24 horas. Para os testes cromatográficos utilizaram-se placas de sílica gel que foram ativadas em uma estufa a 120°C por 30 minutos. Decorrido este período, o extrato foi diretamente aplicado na placa com auxilio de um tubo capilar. Para a eluição da placa utilizou-se um sistema de fase móvel composto por uma mistura de tolueno- diclorometano- acetona (45:25:35). Após a eluição e evaporação do solvente na placa, esta foi colocada na capela de exaustão para secagem no período de 5 minutos e a mesma foi revelada com vapores de KOH. As manchas formadas foram devidamente marcadas e medidas para o cálculo dos fatores de retenção (RF). Por meio do perfil cromatográfico em camada delgada (CCD) do extrato de guaco, foi identificado manchas dispostas uniformemente com valores de retenção bem definidos no xarope de guaco edulito e guaco xarope. Os valores de RF encontrados para guaco edulito e o guaco xarope nas diferentes temperaturas foram respectivamente, 15° C, RF = 0,87 e RF = 0,88; 30° C, RF = 0,82 e RF = 0,84 e a 45° C, RF = 0,82 e RF = 0,81. De acordo com os valores dos fatores de retenção e das condições experimentais, notou-se a presença de substância complexa (cumarina) que pode estar relacionada à propriedade medicinal encontrada no xarope de guaco.

          Unitermos: Mikania glomerata S. Temperatura. Xarope. Cumarina. Armazenamento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A planta Mikania Glomerata Spreng, conhecida popularmente como guaco, apresenta-se do gênero Mikania e teve sua espécie oficializada na primeira edição da Farmacopéia Brasileira como fito fármaco. Esta espécie medicinal possui entre outros nomes vulgares, tais como, Erva-de-cobra, Cipó-catinga e Coração-de-Jesus. Pertencente a família das Asteraceae, é uma planta originária da América do Sul, de ocorrência natural no Brasil, sendo possivelmente encontrada nos estados entre São Paulo e Rio Grande do Sul e países vizinhos ao brasileiro como, Paraguai, Argentina e Uruguai (Corrêa Jr. et al , 1994; Silva, 1929).

    Apesar de toda sua complexidade constitucional sobre os aspectos químicos, o guaco é uma das espécies de planta medicinal mais estudada quando visada for sua ação farmacognóstica. O enorme número de espécies do gênero Mikania, cerca de 300 espécies, permite com que esta tenha uma grande tradição na área medicinal popular, o que facilita o acesso à própria planta. Sua presença constante pode ser observada pelos índios, que desta, faz uso em alta amplitude para tratamento de eventualidades farmacológicas ocorridas nas suas intermediações. (Distasi et al, 1994; Panizza, 1997).

    Apesar do alto valor comercial do guaco, poucos são os estudos sobre seu cultivo. É uma planta de aspectos histológicos notáveis, sendo esta, uma trepadeira-arbustiva de ramos abundantes, caule delgado e cilíndrico, folhas opostas, ovais e triangulares com flores amareladas e brancas reunidas em capítulos. (Martins et al, 1995; Franco, 1998; Boeger et al, 2004).

    O poder medicinal do guaco é avaliado nas folhas onde os principais constituintes químicos são observados, entre eles é possível identificar cumarinas, óleos essenciais (cineol, borneol e eugenol), taninos, guacosídeos, flavonóides e compostos sesquiterpênicos e diterpênicos. (Cerri, 1991; Martins et al, 1995; Franco, 1998). As cumarinas são consideradas os principais marcadores químicos quando as formulações forem a base de guaco para analisar controle de qualidade,conforme Resolução nº 89, de 16 de março de 2004 onde uma lista de registros simplificado de fitoterápicos da ANVISA encontra-se presente (ANVISA, 2004).

    O xarope é forma farmacêutica mais aplicada na administração da Mikania glomerata Sprenge (guaco), sendo sua formulação composta por água, sacarose, metil parabeno entre outros. Muito utilizado para tratamento de problemas pulmonares o xarope de guaco tem efeito broncodilatador (Moura et al, 2001; Leite et al., 1993; Silva et al., 2006; Soares et al, 2006; Agra et al, 2008; Carvalho et al, 2008; Lozhkin, Sakanyan, 2006).

    O presente trabalho tem como objetivo determinar a presença de cumarina no xarope de guaco armazenado em diferentes temperaturas, verificar a influência térmica e de outros constituintes, comparando a variação da cumarina em relação aos dois xaropes analisados. Esta pesquisa tem o comprometimento de oferecer informação correta e devida do armazenamento do xarope de guaco, pois o armazenamento assegura a integridade física do princípio ativo (cumarina), o que confere o efeito farmacológico do medicamento, por isto as informações referentes ao armazenamento devem estar presentes para obter uma melhor qualidade do produto, gerando assim uma melhor eficiência na sua ação farmacológica.

Materiais e métodos

    Os extrato do guaco “Mikania Glomerata S.” utilizado foi GUACO edulito 81,5 mg/mL, fabricação 06/10, validade 05/12 , lote 853260 e GUACO xarope 0,1mL/mL fabricação 06/10, validade 05/12, lote 489150 adquiridos no comércio da cidade de Montes Claros-MG, Brasil.

    Foi utilizado aproximadamente 90mL de cada xarope, sendo 30mL a uma temperatura de 15 graus, 30mL a 30graus e 30mL a 45graus, estes armazenados em um béquer presentes na estufa por 24 horas. Posteriormente foi realizado o experimento.

Analise cromatográfica

    A cromatografia foi realizada no laboratório de farmacognosia da Faculdade de Saúde Ibituruna (FASI). Para o teste cromatográfico utilizaram-se placas de sílica gel GF 365 nm Tamanho 5x20 cm. As placas foram ativadas em uma estufa a 120 graus por 30 minutos. Decorrido este período, a amostra (extrato) foi diretamente aplicada na placa com auxilio de um tubo capilar. Para a eluição da placa foi utilizado um sistema de fase móvel composto por uma mistura de tolueno- diclorometano- acetona (45:25:35). Após a eluição e evaporação do solvente na placa, esta foi colocada na capela de exaustão para secagem no período de 5minutos e a mesma foi revelada com vapores de KOH (Farmacopéia Brasileira, 4ed, 6ª fascículo, 2005). As manchas formadas foram devidamente marcadas e medidas para o calculo dos fatores de retenção (RF).

Resultados e discussão

    A técnica de adsorção liquida sólido correspondente a cromatografia em camada delgada (CCD) promove a separação dos componentes de uma mistura por uma diferença de afinidade pela fase estacionaria. O desenvolvimento desta técnica é conseqüência das múltiplas vantagens oferecidas, tais como separação em breve espaço de tempo, versatilidade, grande reprodutibilidade, fácil compreensão e custo baixo (Valentim, 2006).

    Por meio do perfil cromatográfico em camada delgada (CCD) do extrato de guaco (Mikania Glomerata S.), foi identificado varias manchas dispostas uniformemente com valores dos fatores de retenção RF bem definidos no xarope de GUACO edulito e GUACO xarope. O fator de retenção é a razão entre a distância percorrida pela substância em questão e a distância percorrida pela fase móvel (Valente et al.,2006). Os valores dos RfF encontrados para GUACO edulito e o GUACO xarope, foram simultaneamente: temperatura de 15graus, Rf= 0,87 e Rf=0,88; temperatura de 30graus, Rf=0,82 e Rf=0,84 e temperatura de 45 graus, Rf=0,82 e Rf=0,81. De acordo com os valores dos fatores de retenção e das condições experimentais utilizadas, notou-se a presença de substancia complexa (cumarina) que pode estar relacionada à propriedade medicinal encontrada no xarope de guaco “Mikania glomerata S.”.

    A vide bula orienta o armazenamento do xarope de guaco nas temperaturas entre 15 e 30 graus para assegurar a estabilidade do xarope de GUACO edulito e GUACO xarope, uma vez que ao ser armazenado a 45 graus, pode haver perda por volatilização de compostos cumarínicos, que pode ser sentida pelo odor cumarínico mais pronunciado desprendido do xarope armazenado nessa temperatura.

Conclusão

    Diante das atividades cromatográficas realizadas neste experimento, foi possível verificar que não houve a perda total do principio ativo cumarina nas temperaturas de 15, 30 e 45graus no período de 24 horas. Condizendo com o que foi estabelecido pela bula onde a temperatura de armazenamento é de 15 a 30 e baseando em estudos já realizados, é possível identificar a cumarina nestas temperaturas e também a 45 graus, apesar de ocorrer em menor quantidade, por ocorrer uma perda por volatilização. Desta forma garanti-se a estabilidade do produto a curto prazo de armazenamento. Orientando futuras analises de estabilidades de cumarinas a longo prazo de armazenamento.

Referências

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