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Atividades físicas no tempo livre

Las actividades físicas en el tiempo libre

 

*Licenciado em Educação Física pela Universidade estadual de Montes Claros

**Professor do Curso de Educação Física da Universidade Estadual de Montes Claros

***Laboratório do Exercício da Universidade Estadual de Montes Claros

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

da Universidade Estadual de Montes Claros

Flávio Ramos de Oliveira*

Luciana Mendes Oliveira**

Vinicius Dias Rodrigues** ***

viniciuslabex@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte em gasto energético acima dos níveis de repouso. A atividade física no tempo livre é um dos domínios da atividade física e pode ser identificada como a participação em práticas corporais nos momentos de lazer. Assim o presente texto apresenta ao leitor informações interessantes e relevantes sobre a relação da atividade física e o tempo livre.

          Unitermos: Atividades físicas no tempo livre. Atividade física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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    A Atividade Física no Tempo Livre – AFTL pode ser definida como a participação em qualquer tipo de movimento corporal realizado nos momentos de lazer (PITANGA; LESSA, 2008) realizada fora do âmbito escolar, do trabalho e de competições (WANNAMETHEE et al, 2002).

    Salles-Costa et al (2003) evidencia em seu estudo que a atividade física no lazer tem um domínio cotidiano, onde o interesse principal é o corpo ideal, no entanto existe diferença em relação às prioridades tendo em vista a comparação de gêneros. Já em relação ao tipo da atividade física realizado no tempo livre ou lazer, conforme Mello (2002) o ato de andar é a mais praticada no tempo livre, onde observa-se que aproximadamente metade das pessoas que realizam atividade física no tempo livre andam para se exercitarem e, em sua maioria o ato e hábito de andar é regular.

    A atividade física praticada livre de obrigações, ou seja, no tempo livre pode aumentar significativamente o dispêndio energético com satisfatórias influências no estado de saúde das pessoas. Nas atividades de lazer o ponto principal é o sentimento positivo que as pessoas sentem na realização dessas atividades (ESCULCAS; MOTA 2005).

    A prática da AFTL tem efeito preventivo contra doenças crônicas, incluindo hipertensão, doenças da artéria coronária, obesidade, diabetes, osteoporose, câncer de cólon, depressão e ansiedade (PITANGA, 2003).

    Corroborando alguns estudos anteriormente citados, a AFTL possui um efeito contrário às doenças crônicas, destacando a hipertensão arterial sistêmica. Este efeito pode ser justificado pelo fato da não obrigatoriedade, onde a um momento de prazer na efetuação dessa prática (WAGMACKER; PITANGA, 2009).

    Em um estudo de Nery e Barbisan (2010) foi constatado que a prática da atividade física no tempo livre tem um efeito satisfatório no pré-operatório, nos pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio. Estes pacientes obtiveram também um efeito benéfico no pós-operatório imediato, com diminuição significativa no tempo de permanência hospitalar e na incidência de eventos cardíacos maiores.

    Como foi relatado a AFTL é de suma importância na manutenção da saúde. No entanto, o sedentarismo no lazer vem aumentando em uma extensa proporção. Desse modo, Zaitune e Barros (2007) expõem que o sedentarismo combinado à fatores de risco contribui para inúmeras ocorrências de doenças crônicas.

    O sedentarismo no lazer pode ser identificado como a não participação das atividades físicas no momento de lazer. O conhecimento de dados referente ao sedentarismo no lazer e os fatores que o influenciam é de suma importância, onde traz importantes contribuições à saúde pública isso devido servir de base para o incentivo dessa pratica nas populações mais afetadas pela inatividade física (PITANGA; LESSA, 2005).

    Essa questão do sedentarismo é evidenciada nos relatos de Mazo et al (2005) onde no Brasil o maior componente na ocupação do tempo livre é a televisão, onde exige um baixo gasto energético e não desenvolve nenhuma capacidade física.

    Ainda, conforme Salles-Costa et al (2003) mesmo diante da significativa relevância para a qualidade da saúde e vida, nota-se que há uma redução na prática de atividade física durante o tempo de lazer em vários países. Troiano et al (2001), ao investigar essa temática nos Estados Unidos em período recente pode perceber que muitos inquéritos indicam que 23% a 40% (aproximados) da população adulta não praticam atividades físicas no tempo livre (AFTL).

    Salles-Costa et al (2003), afirma ainda que no Brasil, existem pouquíssimos trabalhos de investigação do nível de AFTL da população, principalmente numa abrangência mais extensa. Estudos regionais e municipais como no inquérito domiciliar realizado por Gomes et al (2001) no Município do Rio de Janeiro, verificou-se que cerca de 60% dos homens e 78% das mulheres estudados não realizavam nenhum tipo de atividade física no tempo de lazer.

    Segundo o mesmo autor, até meados de 1980, os estudos epidemiológicos sobre atividade física destinavam-se, em sua maioria, a mensurar e analisar o gasto energético associado ao tipo de trabalho desempenhado por diferentes grupos populacionais (Paffenbarger & Hale, 1975). Com a redução do nível de atividade física ocupacional, Kriska & Caspersen (1997) afirmam que a avaliação da atividade física realizada no tempo destinado ao lazer (tempo livre) tem sido usualmente considerada como uma expressiva representação da prática de atividade física na população.

    A respeito da AFTL para os adolescentes, Fitzgerald & Laidlaw (1995) afirmam que, de acordo com seu estudo, assistir televisão – além da televisão, 45% dos jovens escutam música diariamente, 59% lêem jornais e revistas esporadicamente – oferece a segurança nem sempre encontrada nas ruas das grandes cidades onde os jovens poderiam praticar atividades físicas, principalmente o futebol. Os ambientes nas cidades que possuem faltam de segurança tornam-se obstáculos à prática regular de atividades físicas (SALLIS e OWEN, 1999).

    Para o MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (2004) as atividades básicas no tempo livre dos adolescentes parecem dividir-se entre as praticadas nas escolas, que envolve desde projetos de oficinas oferecidos à comunidade e utilização da estrutura de esporte, ou “na rua”, destacados aqui os esportes, conversas com amigos, entre outros; e os eventos pagos ou privados, como shoppings, cinemas e boates, acessar a Internet e ouvir música em casa. Conforme o Mistério, se houvesse projetos de lazer específicos para jovens destinados à adolescentes de 15 a 17 anos, com espaços adequados e boa estrutura, o índice de violência diminuiria.

    Nos últimos anos os estudos científicos sobre atividade física no lazer e tempo livre vêm aumentando consideravelmente. Entretanto, segundo Dumith et al (2009) são poucos os dados referentes ao tipo da atividade física no lazer e suas características, sendo válida e necessária a elaboração de novas pesquisas e estudos.

    A demografia é uma ciência, de acordo com Cerqueira e Givisiez (2004) refere-se ao estudo das populações humanas, bem como a sua evolução temporal relativo a seu tamanho, sua distribuição espacial, sua composição e suas características gerais.

    Desse modo, para se caracterizar uma população, algumas preocupações essenciais são levantadas e se fazem necessárias investigações desses fenômenos. Assim, são destacadas as principais variáveis demográficas que esboçam características populacionais: tamanho da população; distribuição por sexo, idade, estado conjugal; distribuição segundo região geográfica de residência atual, anterior e de nascimento; natalidade, fecundidade, mortalidade, que, merecem destaque na compreensão de outros fenômenos de natureza social e econômica, entre elas, a estrutura populacional segundo estado civil, região geográfica de residência ou de nascimento, condição de atividade econômica (CERQUEIRA; GIVISIEZ, 2004).

    Essas variáveis servem de base para a construção de indicadores demográficos que são utilizados para a análise e estudos sobre a condição demográfica, como também para o planejamento de políticas sociais e processos de tomadas de decisão da sociedade civil em geral (INE, 2006).

    Já a condição socioeconômica, pode ser determinada através de indicadores socioeconômicos de rendimento (renda familiar), grau de escolaridade, trabalho (emprego), habitação, bens de consumo, ou até mesmo da associação desses indicadores, está entre as principais variáveis em diversas teorias e modelos aplicados à atividade física (PALMAS, 2000).

    Os indicadores socioeconômicos são, usualmente, medida quantitativa dotada de significado social substantivo. Esses indicadores, são ferramentas importantes para a criação de políticas sociais em distintas áreas, tornando possível o acompanhamento pelo poder público e sociedade civil das condições da realidade de vida da população em distintas áreas (CARLEY, 1985).

    Conforme Tammelin et al (2003), os indicadores socioeconômicos combinados podem atuar de modo a influenciar os hábitos de atividade física na população jovem, visto que as condições socioeconômicas caracterizam os fatores ambientais que o indivíduo se insere. Essas condições contribuem muitas vezes para limitar as ações do adolescente durante o seu tempo livre pois os efeitos das desigualdades socioeconômicas podem refletir sobre a disponibilidade da prática de atividades físicas e desportivas (PIRES et al, 2003).

    Ainda não há uma descrição esclarecedora dos vários fatores que determinam a forte variabilidade nos hábitos de atividade física dos adolescentes (SEABRA, 2004). Confome Sallis (1995) e Bauman et al (2002) estudos têm demonstrado teorias e modelos que acabam por seguir a convergência de investigação e que ocasionam na adoção de variáveis correlatas que se acredita influenciarem aspectos da complexidade comportamental associada à atividade física.

    Assim, Dishman (1993) afirma a existência de um consenso de que variáveis conhecidas que estabelecem superiores ou inferiores níveis de fixação dos indivíduos aos programas de atividades físicas, todos eles tanto passados quanto presentes podem ser atrelados a fatores demográficos como gênero (sexo), idade, raça e etnia (cor) e estado civil.

    No Brasil existem poucos estudos populacionais debatendo o tema da prática da atividade física no lazer entre homens e mulheres, mais é notório a associação desta com fatores sociodemográficos, ela também tem uma grande relação com as modificações no processo de civilização (SALES-COSTA et al, 2003).

    Sendo assim Júnior (2008) destaca que a condição socioeconômica, associada a fatores que possam demonstrar os níveis de atividades físicas, apresentam-se como instrumentos que podem dar informações necessárias para orientar a preparação, desenvolvimento e avaliação dos programas de promoção da atividade física.

    O mesmo autor relata que aumentar os níveis de prática de atividade física na população jovem, tem representado uma das principais prioridades de saúde pública, em países de diferentes níveis de desenvolvimento socioeconômico.

    Dishman (1993) afirma que fatores demográficos (idade, sexo), bem como outros elementos de natureza psicológica (senso pessoal de competência e motivação) e sócio-culturais (apoio de amigos e familiares) atuam sob a diversidade populacional quanto às rotinas e hábitos de atividades físicas em adolescentes. Nas últimas décadas, em função disso, distintas linhas de pesquisa têm buscado a identificação, dentre os fatores citados, aqueles que mais influenciam a atividade física de adolescentes.

    Em um estudo de Filho e Pitanga (2009), fatores como escolaridade, estado civil, sexo, idade, classe social e outros, influenciam na inatividade física principalmente no tempo livre.

    A acessibilidade as práticas de atividade física no tempo livre depende de um conjunto de fatores entre eles o sexo e a idade (ESCULCAS; MOTA 2005),

    Ainda tratando de fatores que influenciam tem-se a classe social e grau escolar onde Andreotti e Okumas (2003) retratam em seu artigo que estudos referente a população os grupos com baixo grau de instrução e baixo nível socioeconômico são relativamente inativos no tempo livre e tem poucas chances de participar de programas relativos a prática de atividade física.

    Corroborando o relato acima Guedes et al (2001) mostra em seu artigo que adolescentes de classe econômica baixa tem uma predominância para a inatividade física no lazer, motivo justificado pela precoce inserção no mercado trabalho. Esses adolescentes utilizam a televisão como meio de lazer (lazer inativo) isso pelo fato do baixo custo e pelo tempo disponível. Já no gênero feminino nem a televisão é utilizado como lazer devido as atribuições domesticas propostas a elas.

    Junior (2008) salienta em seu estudo que adolescentes de baixo nível socioeconômico apresentaram maior índice em algumas atividade física, isso pelo fato da necessidade e não pelo fato da pratica como forma de lazer.

    Ainda tratando de classe socioeconômica Mello et al (2000) expõem que em um estudo feito nos Estados Unidos e Canadá entre 1973 e 1983, os indivíduos mais jovens e de classe socioeconômica mais alta são mais ativos em seu tempo livre e os homens demostraram uma maior afinidade com os exercícios vigorosos.

    Em um estudo de Nunes et al (2007) referente a classe socioeconômica foi constatado um maior número de horas gastas nas atividades físicas de lazer nas classes A e B. Isso pode ser justificado pelo esclarecimento dos benefícios da atividade física pelos pais, uma vez que estes apresentaram um maior número de anos de estudo, além da maior facilidade para acessar a prática esportiva.

    Em decorrência e não menos importante Mazo et al (2005) evidencia que a prática de atividade física no tempo livre está relacionada com a idade e o nível educacional, sendo a população com um nível educacional mais alto tem uma ligação mais forte com atividades de intensidade vigorosa e moderada, isso em relação aos níveis educacionais mais baixo.

Referências

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