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A realização da assistência de enfermagem em uma unidade de 

recuperação pós-anestesia em Hospital Filantrópico de Montes Claros, MG

La realización de la asistencia de enfermería en una unidad de recuperación post-anestesia en el Hospital Filantrópico de Montes Claros, MG

The performance of nursing care in a recovery unit in after anesthesia Hospital Philanthropic of Montes Claros, MG

 

*Enfermeiro especialista em Enfermagem em Cardiologia e Docência do Ensino Superior

pela Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho de Montes Claros

Especialista em Saúde Pública pelas FIP-Moc. Docente da Unimontes

**Enfermeira formada pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros-FIP-Moc

***Enfermeira, com especialização em Urgência e Emergência

com Ênfase em Terapia Intensiva pelas FIP-Moc

****Enfermeira, com especialidade Enfermagem em UTI

pela Faculdade Luíza de Marillac - São Camilo do Rio de Janeiro

*****Enfermeira, Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP

******Acadêmica do curso de enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

*******Mestre e Docente da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

(Brasil)

Ricardo Soares de Oliveira*

Mayra Virgínia Brandão Silva dos Santos**

Edna Maria de Souza Oliveira***

Daniella Fagundes Souto****

Simone Guimarães Teixeira Souto*****

Juliana de Cássia Aguiar******

Ivanilson Soares Dias*******

rickenfermeiromoc@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo é verificar como a equipe de enfermagem tem realizado a assistência aos pacientes da unidade de recuperação pós-anestésica, frente às principais complicações em Hospital Filantrópico de Montes Claros. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratório-descritiva que teve como foco a assistência de enfermagem. Para coleta dos dados foi utilizado um questionário semi-estruturado com uma questão norteadora aplicada há 7 (sete) funcionários lotados no Bloco Cirúrgico (BC) I e II deste hospital, que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão propostos. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) com o parecer número 358/06. Verificou que grande parte dos entrevistados conhece e aplica os cuidados de enfermagem com coerência à literatura estudada. E hoje, com o título de hospital acreditado, com protocolos bem definidos, é uma referência em matéria de qualidade da assistência, tanto cirúrgica quanto de enfermagem em geral, para Montes Claros como para todo o estado de Minas Gerais.

          Unitermos: Cuidados. Enfermagem. Recuperação. Anestésica.

 

Abstract
         
The objective of this study is to see how the nursing team has performed patient care unit postanesthesia recovery, against the major complications in Hospital Philanthropy Montes Claros. This is a qualitative research is an exploratory-descriptive focused nursing care. For data collection we used a semi-structured questionnaire with a guiding question applied for seven (7) employees crowded the Surgical Block (BC) I and II of this hospital, who met the inclusion and exclusion criteria proposed. This study was approved by the Ethics Committee of the Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) with the opinion number 358/06. Found that most respondents know and apply the nursing care consistent with the literature studied. And today, with the title of accredited hospital, with well-defined protocols, is a benchmark for quality of care, both surgical and nursing in general to Montes Claros as for the entire state of Minas Gerais.

          Keywords: Healthcare. Nursing. Rehabilitation. Anesthesia.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Unidade de Recuperação Anestésica (URPA) é o local, dentro do Bloco Cirúrgico (BC), onde o paciente submetido ao procedimento anestésico-cirúrgico, deve permanecer sob observação e cuidados constantes da equipe de enfermagem, até que haja a recuperação da consciência, estabilidade dos sinais vitais, prevenção das intercorrências do período pós-anestésico e/ou pronto-atendimento1.

    Os cuidados que paciente necessita durante o período pós-operatório constituem um desafio devido às alterações fisiológicas complexas que ocorrem nesta fase. Para avaliar o estado do paciente no pós-operatório, o profissional se baseia nas informações derivadas do exame realizado durante o pré-operatório, assim como no seu conhecimento do tipo de cirurgia e das ocorrências durante a operação2.

    Um paciente ao ser submetido a um procedimento cirúrgico está sujeito as mais variadas situações, inclusive complicações, o que aumentaria o tempo de permanência do paciente na URPA, elevando custos, diminuindo demandas, aumentando estresse da equipe e do paciente, uma vez que essas complicações estariam “anexadas” ao tratamento cirúrgico em si. Uma das causas de complicações pós-anestesia é um cuidado ineficaz na URPA.

    Este trabalho tem como objetivo verificar como a equipe de enfermagem tem realizado a assistência aos pacientes na URPA, frente às principais complicações em um Hospital Filantrópico de Montes Claros, Minas Gerais (MG), Brasil.

Metodologia

    Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratório-descritiva, realizada com 7 funcionários da URPA de um Hospital Filantrópico da cidade de Montes Claros – MG que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão propostos.

    As participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido que garante o anonimato e privacidade na participação do estudo, conforme os princípios éticos definidos pelo Conselho Nacional de Saúde, através da resolução 196/96. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros, através do Parecer Consubstanciado número 358/06.

    A coleta de dados foi realizada com a aplicação de um questionário semi-estruturado, previamente definido, contendo a pergunta norteadora “Qual a importância dos cuidados de enfermagem na recuperação do paciente cirúrgico, na URPA?” e outras questões guias relativas à rotina, os cuidados de enfermagem realizados, os conhecimentos adquiridos pelos funcionários da URPA do BC I e II. Foi pesquisada a realização da assistência de enfermagem, apenas para as complicações: dor, náuseas e vômitos, circulatórias, ventilatórias, controle de temperatura e neurológicas.

    Depois de transcritas as respostas das entrevistas, foram feitas as análises dos resultados estabelecidos em questões consideradas relevantes ao objetivo da pesquisa.

Resultados e discussão

    O enfermeiro assistencial tem como atribuições, manter atualizadas normas e rotinas da unidade1. Conforme as informações obtidas com os entrevistados, o setor possui o manual de normas e rotinas, as quais os seguem.

    Na admissão na URPA, começa com a determinação da avaliação imediata das vias aéreas e circulatórias. O paciente é conectado no monitor cardíaco, sua freqüência cardíaca e ritmos são avaliados, a pressão arterial deve ser obtida por meio de manguito, e ainda um acesso arterial pode ser conectado no monitor neste momento4. Os sinais vitais e outros dados importantes devem ser avaliados a cada 15 minutos1.

    Os entrevistados demonstram conhecer grande parte dos cuidados prestados durante a admissão do cliente na URPA, conforme Tabela 01, porém com algumas ressalvas, alguns não relataram com clareza e fidelidade os cuidados de enfermagem prestados ao cliente na admissão na URPA, conforme preconiza o manual de normas e rotinas do setor e a literatura pesquisada.

Tabela 01. Avaliação Inicial na admissão na URPA4

    Quando o cliente entra na URPA, o enfermeiro e os membros da equipe, cirúrgica devem conversar sobre do estado do cliente. O relato da equipe cirúrgica inclui uma revisão dos agentes anestésicos administrados, de modo que o enfermeiro da URPA possa prever com que rapidez o cliente deve recuperar a consciência ou prever as necessidades analgésicas2. A partir das entrevistas, verifica-se que a equipe discute o caso do cliente durante sua transferência da sala de cirurgia para a URPA:

    [...] “Troca de curativo, monitorização respiratória e cardíaca, administração de medicamentos, dados vitais, posições de membros após a cirurgia”. (A1)

    [...] “Observar o estado de consciência, respiração, pulso, administração de O2, aspiração quando necessário, manter vias aéreas livres, aquecer os pacientes, pois geralmente apresentam hipotermia, conforto emocional, chamá-lo pelo nome, manter sua privacidade, etc.”. (A2).

    [...] “Observação geral, dados vitais, cuidados que fizerem necessários com o medicação curativo, troca de drenos e sondas, punção venosa, orientação de tempo e espaço”. (A3).

    Uma das mais graves complicações pós-operatórias é o choque, pode resultar da hipovolemia. O choque pode ser descrito como a inadequada oxigenação celular associada da incapacidade de excreção das escórias do metabolismo3.

    Os diagnósticos de enfermagem mais comuns relacionados com os cuidados ao paciente pós-anestesia incluem: Padrão respiratório ineficaz, Débito cardíaco reduzido, Alto risco para alteração na temperatura corporal, Processos do pensamento alterado e Dor4.

    Para os entrevistados, as principais e mais graves complicações relatadas acima, também se aplicam na prática, com alguma variação entre um relato e outro uma vez que a maioria descreveu as complicações que preconiza a literatura estudada:

    [...] “Depressão respiratória, parada-cardio-respiratória, vômitos, dor”. (A2)

    [...] “Dor, vômito, depressão respiratória, retenção urinária”. (A4)

    [...] “Apnéia, dispnéia, parada-cardio-respiratória, queda de língua, hipoxemia, dor, retenção urinária, vômitos, hipotensão e hipertensão”. (A6)

    A partir das respostas, percebe-se que algumas complicações vão ao encontro com a literatura, mesmo que muito vago, correspondem ao que preconiza tanto a literatura quanto o manual de normas e rotinas. Porém dos relatos obtidos, apenas um, apresenta indicação de hipotensão, que está subentendido, caso seja interna, ser mais difícil de identificar. Mas a literatura é muito vaga com as complicações mais difíceis de detectar:

    [...] “Depressão respiratória, por que o paciente vem da sala de cirurgia respirando, quando chega na URPA ele é monitorizado só que quando o paciente está com as mãos frias o equipamento às vezes falha, tem que ser observado o movimento da respiração abdominal”. (A1)

    [...] “Respiratória, pode ocorrer que o oxímetro de pulso não esteja bem instalado não consegue captar a dificuldade a tempo”. (A5)

    [...] “hipotensão, pois, existem poucos sintomas” (A6).

    A assistência de enfermagem frente às complicações respiratórias baseia-se em: monitorizar os sinais vitais, dando ênfase à oximetria de pulso; elevar de decúbito; aumentar oferta de O2; solicitar respiração profunda e fisioterapia periódica; desobstruir as vias aéreas superiores e utilizar a cânula de Guedel se indicado; aspirar secreção orotraqueal, se necessário; administrar medicamentos prescritos; preparar material para drenagem pleural, laringoscopia; proceder à monitorização seriada dos gases sanguíneos (gasometria) se indicado; providenciar material para intubação, se indicado; verificar se há falhas no sistema, caso o paciente esteja em ventilação mecânica; registrar as observações e os cuidados prestados ao paciente1.

    Toda a equipe conhece sobre os benefícios em se manter as vias aéreas pérvias, porém, conforme a literatura e contrastando com a prática, outras manobras simples podem aumentar a oferta de oxigênio ao cliente com dificuldade respiratória, como as citadas acima:

    [...] “Liberar vias aéreas, aumenta o O2, observa o ritmo respiratório, comunica a anestesista”. (A1)

    [...] “Observar se as vias estão livres, caso haja necessidade aspirar, em seguida manter cabeça lateralizada ou hiperestender a mesma, deixando a passagem de ar livre, administrar O2 e comunicar ao anestesista imediatamente”. (A2)

    [...] “Administrar O2, massagem, preparar carrinho de emergência, pedir outro para chamar o médico”. (A3)

    Em caso de dor, as intervenções não-farmacológicas que podem ser usadas incluem posicionamento, confiança verbal, toque, aplicações de calor ou gelo, massagem, e estimulação elétrica transcutânea do nervo (EETN). Sendo os cuidados: avaliar os sinais subjetivos da dor; ouvir o relato de dor e determinar analogicamente com base em escala; avaliar os sinais objetivos da dor (posição antálgica de proteção, geme, chora, queixoso, sonolência, irritabilidade, pupilas dilatadas, expressão facial de dor); alterações nos sinais vitais; administrar medicação para dor conforme prescrito; avaliar a causa da dor; acompanhar a evolução da eficácia do alívio da dor4.

    O cliente corre risco de complicações cardiovasculares decorrentes da perda sanguínea real ou potencial proveniente do sítio cirúrgico; de efeitos colaterais da anestesia; de desequilíbrios eletrolíticos; e de depressão dos mecanismos normais de regulação da circulação. A avaliação da freqüência e ritmo cardíaco, associada à pressão arterial, revelam o estado cardiovascular do cliente2.

    A assistência de enfermagem ao paciente com complicações circulatórias hipovolêmicas fundamenta-se em: repor líquido de acordo com a prescrição médica; elevar membros inferiores; monitorar os sinais vitais; manter o acesso venoso adequado; preparar o paciente para re-operação, se necessário; manter o material de atendimento de emergência próximo; registrar a assistência prestada1.

    Já para complicações circulatórias hipertensivas a assistência de enfermagem deve ser a seguinte: verificar a pressão arterial com freqüência a cada 5 minutos até a estabilização; ofertar oxigênio; manter acesso venoso, normotermia; observar queixa dolorosa ou de desconforto; administrar as medicações conforme prescrição médica; registrar a assistência prestada1.

    Diante das informações, observa-se que das opções postas pela literatura e o manual de normas e rotinas, a mais utilizada é alertar ao médico anestesista uma possível complicação ao cliente na URPA. Manobras ou técnicas poderiam ser realizadas durante esta complicação a fim de amenizá-la ou cessá-la, antes de procurar apoio do médico anestesista, algumas simples, como: elevar membros inferiores.

    [...] “Aumentar o gotejamento do soro, conferi pulso e comunicar o anestesista”. (A1)

    [...] “Estando o paciente monitorizado, observação de oximetria de pulso, extremidades, comunicar ao anestesista imediatamente, administrar medicamentos, caso prescrito”. (A2)

    Apesar dos extremos, se considerado as condições ambientais e de atividade física, nos seres humanos os mecanismos de controle da temperatura mantêm a temperatura corpórea central (temperatura dos tecidos profundos) relativamente constante. Porém, a temperatura superficial varia, dependendo da circulação sanguínea na pele e da quantidade de calor perdido para o meio ambiente externo. A temperatura aceitável para os seres humanos varia de 36°C a 38°C, para o adulto5.

    Em casos de hipotermia, preconiza-se que a assistência de enfermagem baseia-se em: aquecer o paciente com uso de cobertores ou manta térmica; controlar a temperatura; administrar soro aquecido conforme prescrição; registrar a assistência prestada1. O tremor pode não ser um sinal de hipotermia, mas, em vez disso, um efeito colateral de determinados agentes anestésicos. A respiração profunda e a tosse podem proporcionar que os gazes anestésicos sejam expelidos2.

    A hipertermia pode ser uma indicação de um processo infeccioso ou sepse, ou pode indicar um processo hipermetabólico – hipertermia maligna, sendo uma emergência. Importante reconhecer e tratar imediatamente a hipertermia maligna, já que é um caso que pode lavar a morte4.

    Nos relatos abaixo, observa-se uma mescla de atividades práticas citadas para atuação diante desta complicação:

    [...] “hipotermia: Aquecer o paciente, administrar soro aquecido se solicitado pelo médico, verificar se o paciente não está molhado. Hipertermia: Compressas frias, medicação de acordo prescrito”. (A2)

    É comum uma alteração da função neurológica na primeira hora pós-anestesia. Agitação, tremores, hiper-reflexia, hiper-tonicidade e clônus são observados com freqüência. Geralmente essas alterações resolvem-se com o passar do tempo de recuperação e tratamento dos fatores contributivos. Contudo, a sedação provisória do paciente pode ser necessária6. Os cuidados de enfermagem são: avaliar o nível de consciência; determine o tipo de agente anestésico usado; monitorizar o nível de saturação de O2; acompanhar o nível de evolução da ansiedade e da dor; observar se a distensão vesical está presente; cateterizar-se apropriado; reorientar o paciente quanto a pessoa e espaço; administrar O2 umidificado; administrar sedação para ansiedade ou medicação para dor.

    Percebe-se que a atuação diante desta complicação não é utilizada pelos profissionais. Intervenções básicas como o uso do O2 e verificação de distensão vesical podem provocar o processo do pensamento alterado, e estes não estão sendo levados em consideração no momento de atuar nesta complicação:

    [...] “Procurar manter paciente calmo, chamando-o pelo nome, protegê-lo para que não bata cabeça ou qualquer outra parte do corpo vindo assim a se machucar, mesmo que confuso orientá-lo a cerca de seu estado”. (A2)

    [...] “Deve-se testar nível de consciência e, conversar com o paciente acalmando-o”. (A3)

    [...] “Orientando o mesmo quanto a tempo e espaço”. (A6)

    [...] “Comunicar neurocirurgião”. (A7)

    Náusea e vômito são problemas comuns que afetam um grande número de pacientes no pós-operatório na URPA. O controle da náusea e do vômito atualmente começa no pré-operatório e continua em todo o período intra-operatório4.

    O tratamento pós-operatório das náuseas deve ser direcionado no sentido de minimizar as excessivas movimentações do paciente, alívio eficaz da dor, prover funções respiratórias adequadas e sinais vitais estáveis, uso de antiemético, e prevenção da aspiração6. Os cuidados de enfermagem para esta complicação envolvem: manter a cabeça do paciente lateralizada ou paciente em decúbito lateral, com a cabeceira da maca elevada 45º; manter a permeabilidade das vias aéreas e sondas; evitar mudanças bruscas de decúbito; manter oxigenação do paciente; administrar medicações analgésicas e antieméticas, conforme prescrito; tranqüilizar o paciente que retorna à consciência; monitorar sinais vitais; realizar anotações de enfermagem1.

    De acordo com os relatos dos entrevistados e confrontando com a literatura estudada, os profissionais em estudo realizam apenas os cuidados de virar a cabeça do cliente e medicá-lo, o que às vezes, pode não prevenir esta complicação. Cuidados alternativos como evitar mudança brusca de decúbito, tranqüilizar o cliente, manter cabeceira elevada, quando sem contra indicação, podem contribuir para prevenir esta complicação1:

    [...] “Viramos o (paciente), digo a cabeça do paciente para o lado e em seguida administramos a medicação endovenosa. prescrita pelo médico”. (A1)

    [...] “Manter cabeça lateralizada, orientá-lo, e medicar de acordo prescrição, mantê-lo seco e confortável”. (A2)

    [...] “Comunicar com o anestesista, liberar vias aéreas, virar cabeça do paciente para o lado, medicar se necessário”. (A4)

    A preocupação com o paciente no pós-anestésico é uma constante desde 1970, quando Aldrete e Kroulik, inspirados na escala de Apgar para recém-nascidos criaram um método de avaliação fisiológica para pacientes submetidos a procedimentos chamado índice de Aldrete e Kroulik, conforme tabela 02. . Estabelecendo uma pontuação de 0 a 2 para cada parâmetro clínico avaliado. A soma dos pontos obtidos indica a possibilidade de alta na RA. Somando um total de 8 a 10 significa que o paciente tem condições clínicas de alta na URPA1.

Tabela 02. Escala de Avaliação de Aldrete e Kroulik em paciente na URPA1

    Com os relatos, percebe-se que os entrevistados sabem da importância em se ter a escala de Aldrete e Kroulik como referencial numa URPA, sobretudo por ser uma ferramenta tipo check list, porém ainda não estava sendo aplicada:

    [...] “Sim, utilizamos a escala de Aldret e Kroulik. Movimentos dos membros, se existir: dor, vômitos, nível de consciência, se bem orientado, saturação de O2, se verbalizando, recuperação da anestesia”. (A3)

    [...] “Sim, utilizamos a escala de Aldret e Kroulik. Esta escala foi usada em fase experimental, no momento não está sendo usada.”. (A4)

    A fase dos cuidados pós-anestesia começa tão logo ocorra a conclusão dos procedimentos cirúrgico e o paciente transferido para a URPA. Uma área designada para os cuidados ao paciente no pós-operatório é um espaço relativamente recente para os cuidados com o paciente cirúrgico4.

    Os objetivos da assistência de enfermagem para o paciente na URPA são proporcionar cuidados até que este paciente tenha se recuperado dos efeitos da anestesia, estiver orientado, tiver sinais vitais estáveis e não demonstrar nenhum sinal de hemorragia3.

    Percebe-se que os entrevistados conhecem a importância em se atuar de forma correta e eficiente na URPA, pois, caso contrário, o cliente poderá evoluir para uma situação clínica difícil de ser revertida. A literatura estudada apresenta de forma mais geral esta importância, mas subentende todo o cuidado na recuperação do cliente até que este fique estável e pronto para receber alta:

    [...] “É muito importante atuarmos imediatamente para que o paciente não venha sofrer nenhum dano físico, ou que venha lesar algum órgão vital. Ou obter algum comprometimento futuro”. (A1)

    [...] “A atuação imediata nas complicações pós anestesia é essencial pois é nesse período que se consegue evitar as maiores complicações que por conseqüência pode ocasionar ate o óbito do paciente”. (A4)

    [...] “Para evitar complicações, ou até mesmo óbito”. (A5)

    [...] “Evitar danos maiores ao paciente, facilitar e reabilitação do mesmo”. (A7)

Conclusão

    A grande importância dos cuidados de enfermagem se dá a nível da assistência prestada ao paciente na URPA a fim de proporcionar que este paciente tenha se recuperado dos efeitos da anestesia, estando bem orientado, obtendo sinais vitais estáveis e não demonstrar nenhum sinal de hemorragia. Esta importância subscreve todo o cuidado na recuperação do cliente até que este fique estável e pronto para receber alta. Dessa forma, entendemos que os funcionários da URPA do hospital em estudo, apresentam bom embasamento teórico e prático sobre estes cuidados, restando apenas, sobre alguns cuidados, a realização de uma reciclagem. Hoje, possuindo o referido hospital, título de acreditação plena, passou a ter protocolos de assistência bem definidos e é uma referência em matéria de qualidade da assistência, tanto cirúrgica quanto de enfermagem em geral, para Montes Claros como para todo o estado de Minas Gerais.

    Contudo, faz-se necessário a todos os gestores de Hospitais e Bloco Cirúrgicos, implementar os critérios e normas estabelecidos no Manual: Cirurgia Segura da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e da Organização Mundial da Saúde (OMS), como forma de aumentar os padrões de qualidade dos serviços prestados. Com a certeza de que ele contribuirá para a plena percepção do risco, primeiro passo para a mudança, ou o reforço, no sentido de uma prática efetiva de medidas preventivas, que potencializam os avanços tecnológicos observados na assistência cirúrgica7.

Referências

  1. Associação Brasileira de Enfermeiros de Centros Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC). Práticas Recomendadas – SOBECC: Centro Cirúrgico Recuperação Anestésica Centro de Material e Esterilização. 3ª ed. São Paulo: 2005.

  2. Potter PA, Perry AG. Fundamentos de Enfermagem. 5ª edição. Guanabara Koogan; Rio de Janeiro: 2001. p.1450-1456.

  3. Smeltzer SC, Bare BG. Tratamento de enfermagem pós-operatório. In: Smeltzer SC, Bare BG. Brunner e Suddarth, Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10ª ed. Vol 1. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p.465-487.

  4. Odom, J. Cuidados Pós-Operatório e Complicações In: Meeker MH, Rothrock JC. Alexander: Cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1997. p. 179-194.

  5. Fetzer SJ. Temperatura Corpórea. In: Potter PA, Perry AG. Fundamentos de enfermagem. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009. p.504-505.

  6. Hoffner JL. Anestesia. In: Meeker MH. Rothrock JC. Alexander: Cuidados de enfermagem ao paciente cirúrgico. Cuidados Pós-Operatórios e Complicações 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1997. p. 134-168.

  7. Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo desafio global para a segurança do paciente: Manual - cirurgias seguras salvam vidas (orientações para cirurgia segura da OMS) / Organização Mundial da Saúde; tradução de Marcela Sánchez Nilo e Irma Angélica Durán – Rio de Janeiro: Organização Pan-Americana da Saúde; Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária; 2009. p

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