efdeportes.com

A continuação do estudo sobre o efeito da periodização 

em um jogador do voleibol na areia, 2009 a 2012

Continuación del estudio sobre el efecto de la periodización en un jugador de beach voleibol, 2009 a 2012

The continuation of the study about the effect of the periodization in a beach volleyball player, 2009 to 2012

 

Mestre em Ciência da Motricidade Humana

pela UCB do RJ

(Brasil)

Nelson Kautzner Marques Junior

nk-junior@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O estudo tem o objetivo de determinar o efeito da periodização nas medidas antropométricas e no condicionamento físico de um atleta do voleibol de dupla na areia. O treinamento físico periodizado aconteceu de 2009 a 2012. As medidas antropométricas e os testes físicos pouco se alteraram no período de 2009 a 2012. Porém, os testes físicos do voleibolista de dupla na areia nesses anos foram melhores do que nos anos anteriores. Em conclusão, o treino físico periodizado causa benefícios significativos no condicionamento físico de uma atleta de 37 a 40 anos.

          Unitermos: Voleibol. Esporte. Periodização.

 

Abstract

          The study has the objective of determines the effect of the periodization in anthropometric measurements and in physical training conditioning of a sand volleyball player. The periodized physical training occurred in 2009 to 2012. The anthropometric measurements and the physical tests have changed little during the period of 2009 to 2012. However, the physical tests of the sand volleyball player during 2009 to 2012 were better than in previous years. In conclusion, periodized physical training causes significant benefits in physical conditioning in an athlete of 37 to 40 years.

          Keywords: Volleyball. Sport. Periodization.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O treino científico para o atleta do voleibol de dupla na areia precisa ser prescrito com um ou mais modelos de periodização1. Conforme a necessidade do voleibolista de dupla na areia (Ex.: aumento da força, manutenção da potência aeróbia, etc.), o professor de Educação Física precisa elaborar um ou mais modelos de periodização que permitam ao esportista atingir o máximo do desempenho físico, técnico e tático2.

    A periodização permite uma organização do treino de maneira racional ao longo da temporada3. Sendo constituída por microciclo, mesociclo e macrociclo. Para essas cargas serem elaboradas com precisão, é necessário cálculos matemáticos4 ou acompanhamento do treino pela estatística com o intuito de detectar a evolução e piora do jogador de dupla na areia na temporada5.

    Porém, como o jogo de dupla na areia é realizado por muitas horas e acontecem várias partidas no mesmo dia durante o campeonato, é necessário que o condicionamento físico do voleibolista de dupla na areia seja bom para permitir adequado desempenho nos jogos6. A literatura especializada do voleibol de dupla na areia recomenda que o treino físico para o jogador seja composto pelo treino de força (musculação e/ou salto em profundidade), treino aeróbio e/ou anaeróbio, sessão de agilidade e de velocidade, trabalho de flexibilidade e treino com bola (técnico, situacional e jogo)7. Todos esses treinamentos precisam estar inseridos na periodização e merecem ser acompanhados pela cineantropometria com o objetivo do professor detectar a melhora e o decréscimo do preparo físico durante o ano8.

    Entretanto, quando são consultados estudos de campo sobre a periodização para o atleta de dupla na areia são encontradas poucas investigações1,4,9. Talvez isso aconteça porque essa modalidade começou a ser praticado com mais seriedade a partir de 1987, quando aconteceu o 1º Mundial de Voleibol de Dupla na Areia. Sabendo dessa lacuna no voleibol de dupla na areia, o estudo tem o objetivo de determinar o efeito da periodização nas medidas antropométricas e no condicionamento físico de um atleta do voleibol de dupla na areia.

Método

Amostra

    Composta por um atleta do voleibol na areia “amador” que treina um turno (Treino Físico: duração máxima de 2 h, ocorrendo geralmente de 2ª a 6ª feira entre 21 às 23 h. Treino com Bola: no período da manhã durante o fim de semana). Entre 2009 a 2012, o treinamento físico periodizado continuou a ser elaborado por um educador físico, sendo registrado nesse estudo. Essa periodização da sessão física é a continuação da pesquisa de Marques Junior1 que transcorreu nos anos de 1999 a 2008. Esse jogador é hemisfério direito de processamento mental, possui estatura de 184,5 cm, atua no jogo de dupla com ênfase na defesa, mas quando necessário, joga bloqueando. Iniciou essa segunda etapa da pesquisa com 37 anos (2009) e a última coleta de dados estava com 40 anos (2012). Durante esse treino físico periodizado o atleta se encontrava na fase de longevidade de treinamento esportivo10,11.

Testes utilizados

    Todos os testes entre 2009 a 2012 foram praticados entre 21 às 23 horas. Essa bateria de testes foi recomendada por Marques Junior12 para jogadores do voleibol de dupla na areia. Os testes foram feitos na seguinte ordem:

  • Testes Antropométricos: estatura, massa corporal total e circunferências (Realizados no 1º dia).

  • Testes Neuromusculares: flexão até a exaustão (4º teste do 1º dia) e abdominal em 1`(5º teste do 1º dia) e agilidade de vai e vem de 6 m (6º teste do 2º dia).

  • Teste Metabólico Indireto: velocidade de 4 m (7º teste do 2º dia).

  • Teste Neuromuscular: salto vertical sem contramovimento e salto vertical com contramovimento (8º teste do 3º dia).

    Após todas as avaliações anteriores ocorreu um ou dois dias de descanso para recuperar ao máximo o atleta do esforço dos testes anteriores com o intuito do jogador conseguir bom resultado na avaliação da aptidão aeróbia.

  • Teste Metabólico Indireto: aeróbio de vai e vem de 10 m (9º teste do último dia).

Periodização de 2009 a 2012

    A tabela a seguir expõe o resumo da periodização de 2009 a 2012 do jogador de dupla na areia. Entre esses 4 anos o voleibolista praticou vários modelos de periodização com o intuito de não entrar numa estagnação do condicionamento físico.

Tabela 1. Visão geral da periodização entre 2009 a 2012 (4 anos)

Macrociclo

Periodização

Etapa ou Período ou Fase

Treino

Mesociclo

Objetivo do Mesociclo

Microciclo

Teste Físico e Antropométrico

 

1 de 2009

 

Não Linear

Simples

 

F. de Força Rápida

Jan-Mai

 

MFm e/ou MFR

MFRR

SP FR

CCA

1

2

3

 

Aumentar os níveis de força do atleta.

 

Teste

Forte

Estabilizador

Médio

Fraco

3-9 de Jan

Verão

 

28 de Abr a 4 de Mai

Outono

1 de 2009

Matveev

Simples

P. de Transição

Jun-Jul

CCA

4

Descanso ativo para ter bom desempenho na prova.

Médio

Fraco

 

-

2 de 2009

Tschiene

Simples

Período Preparatório

Jul-Ago

MFR e MFRR

SP FR

TIA

 

5

 

Aumentar os níveis de força e do VO2máx.

Forte

Estabilizador

Fraco

 

-

2 de 2009

Matveev

Simples

PPGeral

Set

 

CCA

6

Descanso ativo para ter bom desempenho na prova.

 

Fraco

 

-

2 de 2009

Tschiene

Simples

Período Preparatório

Set-Out

MFR e MFRR

CV2m e SP FR

CCA

 

7

Melhorar diversas capacidades motoras para atingir o pico.

 

Atingiu o pico.

 

Forte

Médio

25-31 de Set

Primavera

2 de 2009

 

Não Linear

Simples

 

F. de Força Rápida

Nov-Dez

 

MFm e/ou MFR

MFRR

CV2m e SP FR

TIA

 

8

9

 

Manutenção do incremento das capacidades motoras do mesociclo anterior.

Total de Sessões no Ano = 186

Total de Descanso no Ano = 151

Forte

Médio

Fraco

Estabilizador

Teste

22-28 de Dez

Verão

1 de 2010

Não Linear

Simples

F. de Força Rápida

Jan-Abr

MFm e/ou MFR

MFRR

CV2m e SP FR

 

1

2

3

 

 

Aumentar os níveis de força do jogador de voleibol de dupla na areia.

Forte

Estabilizador

Médio

Teste

1-9 de Abr

Verão

 

 

1 de 2010

Matveev

Simples

PPGeral

Abr

Caminhada

4

 

Descanso ativo para fazer boa prova.

 

Fraco

Forte

 

-

1 de 2010

Não Linear

Simples

F. de Força Rápida

Mai-Jun

MFm e/ou MFR

MFRR

SP FR

5

6

 

Aumentar os níveis de força do jogador de voleibol de dupla na areia.

Médio

Fraco

Forte

 

-

1 de 2010

Matveev

Simples

PPGeral

Jul

 

Caminhada

7

 

Descanso ativo para fazer boa prova.

 

Fraco

Forte

 

-

2 de 2010

Tschiene

Simples

Período Preparatório

Jul-Dez

MFR e MFRR

CCA

Along. D

Karatê

8-12

 

Manutenção da força

 

Total de Sessões no Ano = 180

Total de Descanso no Ano = 171

 

Médio

Fraco

Forte

Teste

27-31 Dez

Verão

1 de 2011

Tschiene

Simples

Período Preparatório

Jan-Jun

MFR e MFRR

SP FR

CV 6 m

CCA

Along D

Karatê

1-6

 

Aumentar a força rápida, melhorar o componente elástico e a velocidade e diminuir o índice cintura/quadril.

 

Atingiu o pico.

 

Forte

Estabilizador

Teste

Médio

Fraco

1-5 Mai

Outono

2 de 2011

Matveev

Simples

PPGeral

Jul-Out

 

MFR e MFRR

SP FR

CCA

Caminhada

Along D

Karatê

7-10

 

Descanso ativo para fazer boa prova.

 

Recuperação após a prova.

 

Fraco

Médio

 

 

-

2 de 2011

Matveev

Simples

P. de Transição

MFR e MFRR

SP FR

CCA

Along D

Karatê

11

12

 

Descanso ativo.

 

Total de Sessões no Ano = 193

Total de Descanso no Ano = 162

Fraco

Médio

1-5 Dez

Primavera

1 de 2012

Matveev

Simples

PPEspecial

Jan-Abr

MFR e MFRR

SP FR

TIA

CCA

Along D

Karatê

1-4

Melhorar o VO2máx.

 

Diminuir a circunferência abdominal.

Fraco

Estabilizador

Médio

 

1 de 2012

Não Linear

Simples

F. de Força Rápida

Mai-Ago

MFm e/ou MFR

MFRR

SP FR

Along D

Karatê

5-8

Manter o VO2máx.

 

Diminuir a circunferência abdominal.

 

Aumentar a força rápida e a velocidade.

Teste

Médio

Forte

Fraco

Estabilizador

1-5 Mai

Outono

2 de 2012

Matveev

Simples

 

PPEspecial

Set-Dez

MFR e MFRR

SP FR

CCA

TIA

Along D

Karatê

7-12

 

Diminuir a circunferência abdominal.

 

Aumentar a velocidade.

 

Total de Sessões no Ano = 200

Total de Descanso no Ano = 150

Teste

Médio

Forte

Fraco

 

1-5 Set

Inverno

 

 

27-31 Dez

Verão

Significado das Abreviaturas: F. de Força Rápida - fase, P. de Transição - período, PPGeral ou PPEspecial – preparatório de preparação, CCA – corrida contínua aeróbia, 

TIA – treino intervalado aeróbio, MFR – musculação de força rápida, MFm – musculação de força máxima, MFRR – musculação de força rápida de resistência, SP FR – salto em profundidade de força rápida,

 CV2m e SP FR – corrida veloz de 2 e logo depois salto em profundidade de força rápida, CV6m e SP FR – corrida veloz de 6 e logo depois salto em profundidade de força rápida, Alongamento Dinâmico – Along. D.

Obs.: O número que aparece nos mesociclos é a quantidade deles em cada mês e no ano.

Obs2.: Os testes foram realizados entre 5 a 9 dias.

    No ano de 2009 foram prescritos três modelos de periodização (não linear, Matveev e Tschiene) para gerar uma variabilidade da carga de treino e ocasionar um incremento no condicionamento físico. O macrociclo 1 o primeiro modelo de periodização foi realizado pela periodização não linear na fase de força rápida por 5 meses (janeiro a maio), visando aumentar a força do atleta. Essa duração da periodização não linear foi baseada na literatura desse modelo porque em 3 a 6 meses a força tende melhorar no esportista13. A sessão de força na periodização não linear foi praticada com constante oscilação entre as capacidades motoras, permitindo também uma não linearidade entre volume e intensidade. Quando o voleibolista de dupla na areia estava descansado e/ou o trabalho visava um maior estresse de treino, era efetuada toda a sessão de força (composta pela musculação de força máxima, pela musculação de força rápida, pela musculação de força rápida de resistência só para o abdominal supra e pelo salto em profundidade de força rápida com barreira de 56 e 66 cm). Mas se o jogador estivesse cansado ou a sessão objetivava um menor estímulo de treino, o atleta efetuava um menor trabalho (praticava musculação de força rápida e de força rápida de resistência para o abdominal e salto em profundidade de força rápida ou realizava musculação de força máxima e de força rápida de resistência para o abdominal e salto em profundidade de força rápida). Toda a sessão de preparação de força especial na musculação seguiu as diretrizes de Marques Junior14 e no salto em profundidade foi efetuado conforme as recomendações de Marques Junior15. O treino de corrida contínua aeróbia foi prescrito numa duração de 15 a 30 minutos com o objetivo de promover um descanso ativo, mas foi praticado nos dias que não tinha treino de força para evitar interferência nos ganhos dessa capacidade motora. A partir de junho e julho de 2009 (tempo exato de 1 mês e 19 dias), foi realizado um período de transição pelo modelo de Matveev. Durante o período de transição o jogador de voleibol na areia praticou um treino geral de corrida contínua aeróbia de 15 a 30 minutos. Essa escolha pelo trabalho aeróbio foi baseada em Antunes et alii16 que afirmaram que essa sessão é benéfica para o humor, o estado psicológico, a atenção e outros. Espera-se que esse descanso ativo de corrida contínua aeróbia proporcione um adequado desempenho na prova do concurso da UFRJ (aconteceu em 22 de junho).

    O macrociclo 2 de 2009 a carga de treino foi mais intensa, o intuito era de levar o jogador de voleibol na areia ao pico da forma esportiva. Segundo as referências do voleibol17,18, para o voleibolista atingir o pico necessita de cargas fortes de treino e depois um período de recuperação não muito longo a fim de proporcionar a supercompensação, o pico da forma esportiva. Embasado nessas informações, foi estruturada e realizada a periodização de Tschiene no mês de julho e agosto, somente o período preparatório. Neste modelo a ênfase foi o trabalho de força, consistindo de musculação de força rápida com exercícios de preparação de força especial, força rápida de resistência para o abdominal e tendo trabalho de salto em profundidade de força rápida (barreiras de 56, 66 e 75 cm). Todo o exercício de força seguiu as orientações de Marques Junior14,15. Essa prioridade na sessão de força era esperada uma otimização nos testes de força (flexão, abdominal e salto vertical), nas avaliações que sofrem influência com o aumento da força (agilidade e velocidade) e no VO2máx, num período mínimo de 3 meses porque as pesquisas desse esporte evidenciaram que o treino de força intenso causa uma melhora em diversas capacidades motoras19,20. Nos dias que não tinha treino de força, para não deteriorar essa capacidade motora, foi praticado treino intervalado aeróbio21 com o intuito de causar um incremento no VO2máx do voleibolista. A fim de gerar um descanso ativo após o desgastante treino de força, foi realizado entre 1 a 22 de setembro no período preparatório de preparação geral de Matveev um trabalho de baixa intensidade de corrida contínua aeróbia por 15 a 50 minutos, seguindo os ensinamentos de Bangsbo22. Esse descanso ativo com trabalho aeróbio também seguiu os ensinamentos de Antunes Neto et alii16, a corrida aeróbia proporciona um aumento cognitivo. Talvez essa melhora cognitiva possa ser benéfica no segundo concurso público da UFRJ, em 20 de setembro de 2009. A partir de 24 de setembro a 24 de outubro, foi praticado novo período preparatório no modelo de Tschiene com cargas de força de alta intensidade. O voleibolista realizou musculação de força rápida, corrida de 2 m veloz e em seguida acontece o salto em profundidade de força rápida com quatro barreiras de 66 cm (Simula a ação da cortada, tendo corrida e salto). O intervalo profilático da periodização de Tschiene foi composto por uma corrida contínua aeróbia de baixa intensidade por 15 a 50 minutos. Após esse treinamento (3 meses e 2 dias, 20 de julho a 24 de outubro), foram realizados testes físicos (7 dias, 25 a 31 de outubro), sendo constatado o pico do condicionamento físico porque o voleibolista conseguiu incremento em diversas capacidades condicionantes (Obs.: O último pico desse atleta foi em junho de 2001 no modelo de Matveev, ver no estudo de Marques Junior1). Os resultados foram os seguintes: medidas antropométricas com valores similares aos anos anteriores, resultado da flexão (200 repetições) próximo da melhor marca dessa avaliação (250 repetições em 2006), recorde pessoal no abdominal (330 repetições), maior impulsão no salto vertical sem contramovimento (46 cm, os valores anteriores ficavam entre 41 a 44 cm), segunda melhor elevação do centro de gravidade no salto vertical com contramovimento (48 cm, o recorde é de 50 cm em 2004), a agilidade não se alterou (0,66 m/s, o melhor resultado é de 0,75 m/s em 2006 e 2007), a velocidade foi mais breve do que outras avaliações (8 m/s) e a segunda vez no ano que o jogador de dupla na areia atingiu seu recorde do consumo máximo de oxigênio (VO2máx), 59,6 ml/kg/min (A 1ª vez ocorreu na primeira avaliação do ano de 2009). Algo chamou a atenção no incremento da preparação física do voleibolista de dupla na areia, foi a velocidade. Talvez essa melhora esteja relacionada com a musculação de força rápida e provavelmente na prática de um novo exercício de velocidade, estando de acordo com a especificidade da cortada (acontece corrida veloz e depois salto), o atleta corre com máxima velocidade por 2 m e em seguida realiza saltos consecutivos sobre as barreiras de 66 cm, total de quatro. Segundo Marques Junior23, essa distância de 2 m acontece no voleibol de dupla na areia durante o saque em suspensão. Consultando a literatura, a velocidade é otimizada com corrida veloz24, musculação de força rápida25 e salto em profundidade15.

    A periodização não linear acontece com uma constante oscilação entre volume e intensidade, permitindo um descanso ativo após o pico e pode-se trabalhar várias capacidades de força ao mesmo tempo26. Sabendo dessas informações e visando a manutenção dos ganhos do condicionamento físico do 2º semestre de 2009, foi praticada uma periodização não linear em novembro (atividades realizadas: musculação de força rápida e/ou musculação de força máxima; corrida contínua aeróbia de 15 a 60 minutos nos dias que não ocorre sessão de força para gerar um descanso ativo) e em dezembro (musculação de força rápida e corrida veloz seguido de salto em profundidade de 66 e 56 cm ou musculação de força máxima e corrida veloz seguido de salto em profundidade de 66 e 56 cm; treino intervalado aeróbio nos dias que não ocorre sessão de força para ocasionar incremento no VO2máx). Após essa periodização foram realizados os testes onde foi constatado piora do VO2máx (50,6 ml/kg/min), ligeiro declínio de algumas avaliações (salto vertical sem contramovimento com 44 cm, salto vertical com contramovimento com 45 cm, velocidade com 6,55 m/s – a 2ª melhor marca), outros testes não se alteraram (antropométrico, flexão com 200 repetições e agilidade com 0,66 m/s) e o voleibolista obteve um recorde (abdominal com 350 repetições). Conclui-se que aconteceu manutenção do condicionamento físico do jogador.

    Em 2009, não foram praticadas sessões de flexibilidade, técnico e tático, onde ocorre o trabalho com bola. O treino de flexibilidade não foi efetuado porque interfere no ganho de força27, sendo a atividade prioritária do ano. Já o treino técnico e tático, o voleibolista não praticou porque esteve estudando principalmente sábado e domingo, para concurso público (fez três concursos, o terceiro aconteceu em 20 de dezembro), dia que é realizado a sessão com bola.

    O macrociclo 1 de 2010 foi iniciado com a periodização não linear na fase de força rápida (1º de janeiro a 30 de março). Sendo prescrita a musculação de força máxima, de força rápida e de força rápida de resistência para o abdominal com halter, ainda possuindo corrida de 6 m com caneleira de 11 kg e em seguida foram efetuados seis saltos nas barreiras do salto em profundidade de força rápida (4 barreiras de 66 cm e 2 barreiras de 56 cm). O trabalho de corrida veloz e depois salto simula algumas atividades do voleibol na areia, a cortada, o saque em suspensão e o bloqueio (quando o jogador saca, depois corre em direção à rede e em seguida faz o bloqueio). A metragem de 6 m costuma acontecer na cortada23. Durante a periodização não linear foi dada ênfase aos exercícios de força rápida e de força reativa porque recentes estudos evidenciaram que o esporte de ação rápida deve dar prioridade a essas capacidades motoras. Lamas et alii28 encontraram que a musculação de força rápida otimiza a força rápida e a força máxima, enquanto que a musculação de força máxima pode interferir na geração da velocidade, merecendo cautela na prescrição desse treinamento. O treino aeróbio da periodização não linear foi excluído porque seguiu as recomendações de McGown et alii29. Em abril foram efetuados testes antropométricos e físicos para identificar a adaptação fisiológica referente ao treinamento (1 a 9 de abril de 2010).

    Após a prática dos testes, o voleibolista de dupla na areia viajou para Boa Vista, Roraima, com o intuito de realizar uma prova para ser funcionário na Universidade Estadual de Roraima (UERR). Nesse momento foi prescrita e realizada a periodização de Matveev através do período preparatório de preparação geral, isso aconteceu em todo o mês de abril. A sessão foi efetuada através de caminhada na cidade por 1 a 3 horas, onde objetivou um descanso ativo30 e de gerar uma melhor memória porque o trabalho aeróbio ocasiona uma maior oxigenação do cérebro31. Chegando da viagem, foi iniciado outro mesociclo da periodização não linear na fase de força rápida nos meses de maio e abril. Nesses 2 meses foram realizados os seguintes atividades: musculação de força rápida e/ou força máxima, abdominal de força rápida de resistência com halter e salto em profundidade de força rápida com barreira de 56 e/ou 66 cm. Essa 2ª etapa da periodização não linear foi similar a 1ª fase, também objetivou aumentar os níveis de força. No mês de junho, aconteceu outra viagem, o jogador de voleibol foi para Fortaleza, Ceará, com a meta de efetuar uma prova e se tornar funcionário público da Universidade Federal do Ceará. Nesse período, foi estruturada e praticada a mesma periodização de Matveev que ocorreu em Roraima.

    Quando o atleta de dupla na areia retornou de Fortaleza, aconteceu o macrociclo 2 de 2010. Esse macrociclo foi realizado através da periodização de Tschiene32, sendo efetuado de julho a dezembro (6 meses). O objetivo do macrociclo foi a manutenção da força, principalmente da força rápida. Durante a periodização de Tschiene foi praticada a musculação de força rápida, o abdominal de força rápida de resistência com halter e o salto em profundidade de 66 e/ou 75 cm. O intervalo profilático no modelo Tschiene aconteceu através da corrida contínua com duração de 30 minutos. O intuito desse trabalho aeróbio de média duração era uma recuperação ativa para remover mais rápido os metabólitos da fadiga33.

    Dois novos exercícios foram realizados no macrociclo 2, o primeiro foi a introdução no trabalho de força rápida a prática de soco no makiwara (iniciado em setembro) e posteriormente chute no mesmo aparelho (iniciado em dezembro). Ambas tarefas pertencem ao karatê shotokan, treinado pelo atleta na adolescência e no início da fase adulta. Essa atividade foi incluída por causa do aumento da violência no Rio de Janeiro. A segunda atividade foi a realização do alongamento dinâmico (iniciado em setembro) porque ele não interfere na geração de força34 e por questões de saúde, conforme o ser humano fica mais velho reduz a flexibilidade por causa do envelhecimento do colágeno que torna menos elástico35. O alongamento dinâmico praticado foi de elevação dos membros inferiores (elevação frontal, lateral, para trás e semicircular) com intuito de facilitar os deslocamentos no voleibol e permitir um aquecimento do chute de karatê.

    Por causa dos concursos (o último concurso de 2010 foi realizado no Rio de Janeiro, em novembro, para aeronáutica) e de muito trabalho, o voleibolista não teve tempo para jogar voleibol em 2010, somente fez treino físico e também, só fez 2 testes antropométricos e físicos, o último foi efetuado entre 27 a 31 de dezembro de 2010.

    Em 2011, o macrociclo 1 foi iniciado com a periodização de Tschiene (1º de janeiro a 30 de junho) com principal objetivo de aumentar a força rápida e a velocidade. Nesse macrociclo o atleta realizou musculação de força rápida e força rápida de resistência para o abdômen, salto em profundidade de força rápida, corrida de velocidade de 6 m, alongamento dinâmico de elevação do membro inferior e karatê (soco e chute na makiwara, kata na pausa ativa). Quando o atleta estava muito cansado ele realizou corrida contínua aeróbia em baixa intensidade.

    Os teste foram efetuados nesse macrociclo 1, entre 1 a 5 de maio de 2011, sendo evidenciado uma melhora muito boa nas avaliações, concluindo que o esportista atingiu o pico da forma esportiva. Os resultados foram o seguinte: 270 flexões (melhor marca), 370 abdominais em 1 minuto (melhor marca), 0,75 m/s na agilidade de 6 m (atingiu novamente a melhor marca), 8 m/s na velocidade de 4 m (atingiu novamente a melhor marca), 45 cm no salto vertical sem contramovimento (2ª melhor marca, o melhor resultado é de 46 cm e ocorreu em 2009), 48,3 cm no salto vertical com contramovimento (2ª melhor marca, o melhor resultado é de 50 cm e aconteceu em 2004) e o VO2máx ficou com resultado dentro do padrão mundial de um voleibolista de elite, 53,6 ml/kg/min.

    O macrociclo 2 de 2011, o modelo prescrito foi a periodização de Matveev (julho a dezembro) com o intuito do voleibolista estar bem fisicamente, mentalmente para a prova da UERR. Essa avaliação aconteceu entre 1 a 5 de setembro, estando muito calor em Boa Vista (38 a 41ºC). Antes da prova e após, no período preparatório de preparação geral o atleta realizou as seguintes atividades: musculação de força rápida e força rápida de resistência para o abdômen, salto em profundidade de força rápida, corrida contínua, caminhada, alongamento dinâmico de elevação do membro inferior e karatê (soco e chute na makiwara, kata na pausa ativa). Em novembro e dezembro, foi praticado o período de transição da periodização de Matveev. Os testes físicos e antropométricos fora realizados em dezembro, acontecendo um pequeno decréscimo dos resultados.

    Em 2012, o macrociclo 1 foi realizado através da periodização de Matveev (janeiro a abril). Durante o período preparatório de preparação especial o objetivo foi aumentar o VO2máx e diminuir o índice cintura e quadril. O principal exercício para atingir esses dois objetivos foi composto pelo treino intervalado aeróbio porque ele causa maior oxidação da gordura corporal36 e acarreta um incremento no componente aeróbio37. Esse treino intervalado aeróbio teve outro objetivo, melhorar a condição cognitiva do atleta que fez uma prova na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em 8 de março de 201216. Também, é mais específico, simula o esforço ativo e passivo do voleibol. Nessa periodização de Matveev foi praticado treino de força (musculação de força rápida, musculação de força rápida de resistência para o abdômen e segurando halter e salto em profundidade de 56 e/ou 66 cm), alongamento dinâmico (elevação da perna) e karatê shotokan. Em abril, por causa da morte da tia do atleta, a ênfase da sessão foi o treino aeróbio de corrida contínua por 20 a 30 minutos com o intuito de recuperar emocionalmente o voleibolista.

    O primeiro teste de 2012 foi praticado no início de maio, com o objetivo de averiguar as adaptações fisiológicas referentes à periodização de Matveev. Um teste a mais foi incluído, o perfil do estado de humor (POMS) reduzido que pode determinar o sobretreino no esportista38. O segundo modelo utilizado no macrociclo 1 (maio a agosto) foi a periodização não linear, com o intuito de aumentar a força rápida e consequentemente otimizar a velocidade do voleibolista33. Durante essa periodização não linear foi exercitada o treino de força (força rápida e/ou força máxima, força rápida de resistência para o abdominal com halter e salto em profundidade de 56 e/ou 66 cm) e karatê. Como o VO2máx melhorou (último teste de 2011 - passou de 41,6 ml/kg/min para 50,6 ml/kg/min), o treino aeróbio não foi efetuado nesse modelo. Em 5 de agosto de 2012, o avô desse jogador de dupla na areia faleceu, mas mesmo assim ele continuou a treinar com dedicação.

    A segunda avaliação do voleibolista aconteceu na primeira semana de setembro de 2012, sendo satisfatória, somente a velocidade teve um resultado ruim (passou de 6,45 m/s para 5 m/s) e o índice cintura e quadril também. Então, a ênfase no macrociclo 2 foi o trabalho de força rápida e a sessão aeróbia. Sendo prescrito o modelo de periodização de Matveev no período de preparação especial de setembro até dezembro de 2012. O último teste aconteceu em dezembro, melhorando muito o VO2máx (de 50,6 ml/kg/min para 59,6 ml/kg/min) e a agilidade (de 0,66 m/s para 0,75 m/s) do atleta. Somente o índice cintura e quadril permaneceu alto, sendo 1.

    A tabela 2 expõe os exercícios praticados entre 2009 a 2012, momento que esse atleta se encontrava na fase de longevidade de treinamento esportivo (37 a 40 anos):

Tabela 2. Relação dos exercícios praticados pelo jogador de dupla na areia – 2009 a 2012

Força

Aeróbio e Anaeróbio

Alongamento e Karatê

Musculação

- Força Rápida de Resistência somente para o Abdominal Supra 15-30 repetições, 1-3 séries, 1-5 min de pausa

- Força Rápida 6-10 rep, 1-3 s, 1-5 min de pausa

- Força Máxima 1-5 rep, 1-3 s, 1-5min de pausa

 

A carga dos exercícios de musculação foi estabelecida pelo teste de peso por repetição de acordo com Marques Junior39.

 

- Métodos: alternado por segmento, agonista x antagonista e prioritário.

 

- Exercícios de musculação que fortaleceu o *Manguito Rotador conforme a indicação de Marques Junior40.

 

Preparação de Força Geral

- *Abdução Horizontal com Halter.

 

Preparação de Força Especial

- Flexão reativa com ombro abduzido, Flexão e *Extensão do ombro com halter (balanceio dos braços), *Remada em pé, Arranque, Pullover unilateral, Supino com ombro abduzido, *Rotação interna do ombro, *Rotação externa do ombro, *Arranque, Abdominal supra com halter, Agachamento com halter, Agachamento balístico com halter, Flexão do quadril com caneleira, Corrida de 6 ou 8 m com caneleira, Abdução do quadril com caneleira, Adução do quadril com caneleira, Deslocamento lateral com caneleira, Flexão do joelho com caneleira, Flexão e Extensão do quadril com caneleira, Manchete com medicinebol, Toque com medicinebol e Flexão com mão fechada (soco).

 

Trabalho em Conjunto

- Corrida de velocidade de 2 ou 6 m seguido de salto em profundidade (3 a 6 barreiras).

 

Salto em Profundidade

- Força Rápida de 56, 66 e 75 cm, 3 a 6 repetições, 1-10 séries, 1-5 min de pausa15.

 

A altura de treino foi estabelecida pelo teste, ou seja, o atleta salta a barreira, cai no solo e toca com a mão suja de giz na parede41. A maior altura de alcance na parede corresponde à barreira do salto em profundidade.

 

Corrida Contínua

Estímulo: 15-60`

 

Treino Intervalado Aeróbio de Vai e Volta

Distância: 8 m

Estímulo: 3`

Séries: 1-10

Pausa: 1-1 min 30 seg

 

 

 

Corrida de Velocidade

Distância: 8 m

Estímulo: mais rápido possível

Séries: 1-10

Pausa: 1-5 min

 

 

 

Alongamento Dinâmico

Elevação da Perna (frontal, lateral, para trás e semicircular) 3 vezes cada perna.

 

Karatê Shotokan

Gyaku zuki e Kizami zuki (soco) na Makiwara

3 a 6 rep., 1 a 3 s., 1-5' de pausa

 

Mae geri e Mawashi geri (chute) Kekomi (abdômen) no ar

3 a 6 rep., 1 a 2 s., 1-5' de pausa

 

Em dezembro os chutes passaram a ser efetuados na makiwara, com a mudança para mawashi geri keage (rosto) e continuou a ser feito o mae geri kekomi.

 

Em 2011, todos os chutes passaram ser efetuados no rosto (keage). Também foi acrescentado mais um soco, Oi zuki (3 rep., 1 a 3 s., 1-5' de pausa).

 

Na pausa o atleta passou a praticar kata lentamente (1º ao 5º kata, Tekki Shodan e Tekki Nidan).

 

Em 2012, o esportista acrescentou mais dois katas, Bassai Dai e Kanku Dai

Significado das Abreviaturas: s – séries, min – minutos, seg – segundos, rep – repetições, cm – centímetros e m – metros.

    A ênfase do estudo é nos anos de 2009 a 2012 – é apresentada toda a periodização, mas como esse voleibolista de dupla na areia vem sendo acompanhado desde 1999, vão ser comparados todos os dados com os dos anos de 2009 a 2012. A figura 1 mostra a quantidade de treino e de descanso durante cada ano, 1999 a 2012.

Figura 1. Volume de treino e de descanso entre 1999 a 2012

    O teste “t” independente detectou diferença significativa (p≤0,05) entre treino (190,21±14,84) e descanso (150±16,03), o atleta treinou mais do que descansou, t (26) = 6,88, p = 0,001.

Análise dos dados

    Os resultados foram apresentados pela média e desvio padrão. A estatística inferencial foi utilizada por testes paramétricos porque são mais poderosos na determinação do resultado42, e a escolha da melhor estatística paramétrica para analisar os resultados dos testes seguiu a árvore da tomada de decisão de Vincent43 (1995). A Anova one way calculou a diferença dos resultados das medidas dos testes entre 1999 a 2012, com resultados aceitos com nível de significância de p≤0,05. O post hoc Scheffé detectou a diferença das médias aceitando um nível de significância de p≤0,05. Todos os dados estatísticos foram calculados conforme os procedimentos do SPSS 14.0 para Windows.

Resultados e discussão

    A estatura do jogador de voleibol de dupla na areia entre 1999 a 2012 permaneceu em 184,5 cm. Essa estatura para um defensor brasileiro do voleibol de dupla na areia de alto está muito abaixo, atualmente ela é de 191,29±1,52 cm44. Batista et alii45 também observaram estatura do voleibolista de dupla muito superior a esse estudo, 194,65±5,1 cm. Entretanto, a estatura do defensor norte-americano campeão olímpico em 2008 era de 188 cm e do defensor alemão campeão olímpico em 2012 era de 186 cm. Porém, os defensores do voleibol na areia de elite estão com estatura cada vez mais elevadas, com valor de 190,5±2,6 anos46. Talvez essa baixa estatura do jogador dessa pesquisa pode interferir na partida.

    A tabela a seguir expõe a massa corporal total (MCT) do jogador de voleibol na areia em cada ano e sua idade:

Tabela 3. Estatística descritiva da MCT em quilogramas (kg)

    A Anova one way revelou diferença significativa para a MCT, F (13,37) = 21,53, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre algumas médias da MCT. A tabela 4 expõe a diferença das médias.

Tabela 4. Diferença entre as médias da MCT ao longo dos anos, 1999 a 2012

    A MCT do jogador de voleibol na areia oscilou ao longo dos anos, mas em 2011 e 2012, quando estava mais velho (39 e 40 anos), foi quando obteve maior MCT (88,5±0,5 kg e 92,33±2,3 kg). Wilmore e Costill47 informaram que o percentual de gordura (%G) aumenta com o envelhecimento, talvez tenha sido o motivo da maior MCT. Entretanto, a MCT do jogador de voleibol na areia se encontra entre 83,54±6,6 kg a 88,91±10,9 kg, valor similar ao desse estudo48. Palao, Gutierrez e Frideres49 também encontraram valores similares ao dessa pesquisa, entre 88 a 89 kg.

    A média e o desvio padrão da circunferência são apresentados na tabela 5.

Tabela 5. Estatística descritiva da circunferência em cm

    A Anova one way revelou diferença significativa para o braço esquerdo, F (13,37) = 5,07, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos centímetros do braço esquerdo em 2009 (média = 30,75 cm) versus o braço esquerdo em 1999 a 2002 (média = 28,5 cm) - a diferença foi de 2,25. A Anova one way não detectou diferença significativa (p>0,05) para o braço direito, F (13,37) = 5,03.

    A Anova one way revelou diferença significativa para o antebraço esquerdo, F (13,37) = 9,44, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos centímetros do antebraço esquerdo em 2003 (média = 29 cm) versus o antebraço esquerdo em 1999 a 2002 (média = 26 cm) – a diferença foi de 3. Scheffé também detectou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos centímetros do antebraço esquerdo em 2006 (média = 28,87 cm) versus o antebraço esquerdo em 1999 a 2002 (média = 26 cm) – a diferença foi de 0,55. A Anova one way não detectou diferença significativa (p>0,05) para o antebraço direito, F (13,37) = 5.

    A Anova one way revelou diferença significativa para o tórax, F (13,37) = 15,14, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos centímetros do tórax nas seguintes comparações: 2003 (média = 103,75 cm) versus 1999 a 2002 e 2008 (média = 100 cm) – a diferença foi de 3,75, 2003 (média = 103,75 cm) versus 2006 (média = 99,25 cm) – a diferença foi de 0,65, 2003 (média = 103,75 cm) versus 2011 (média = 98,75 cm) – a diferença foi de 5, 2005 (média = 103 cm) versus 2006 (média = 99,25 cm) – a diferença foi de 3,75, 2005 (média = 103 cm) versus 2011 (média = 98,75 cm) – a diferença foi de 4,25, 2009 (média = 104,25 cm) versus 1999 a 2002 e 2008 (media = 100 cm) a diferença foi de 4,25, 2009 (média = 104,25 cm) versus 2006 (média = 99,25 cm) – a diferença foi de 5, 2009 (média = 104,25 cm) versus 2011 (média = 98,75) - a diferença foi de 5,5, 2012 (média = 104,33) versus 1999 a 2002 e 2008 (média = 100 cm) – a diferença foi de 4,33, 2012 (média = 104,33) versus 2006 (média = 99,25 cm) – a diferença foi de 5,08 e 2012 (média = 104,33) versus 2011 (média = 98,75) - a diferença foi de 5,58.

    A Anova one way revelou diferença significativa para o abdômen, F (13,37) = 33,36, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre algumas médias do abdômen que são mostradas na tabela 6 (Obs.: Só são mostradas as comparações que tiveram diferença significativa).

Tabela 6. Diferença entre as médias do abdômen ao longo dos anos, 1999 a 2012

    Os valores de circunferência não puderam ser comparados com a literatura do voleibol de dupla na areia porque não foram achados estudos com essas medidas48,49. Porém, parece que os resultados de circunferência do abdômen estiveram conforme as evidências científicas afirmam, conforme o ser humano vai ficando mais velho, a gordura abdominal tende aumentar50. Contudo, não é possível afirmar que o aumento da circunferência do abdômen é gordura porque não foi mensurado com um compasso de dobras cutâneas. Segundo Lopes e Guimarães51, uma circunferência de até 102 cm para homens se encontra no limite de normalidade, após esse valor o indivíduo está propenso a ter problema cardiovascular.

    A figura 2 mostra a média e o desvio padrão da circunferência do abdômen em cm ao longo dos anos com o respectivo modelo de periodização utilizado na época. Observe que em 1999 a 2001 a circunferência do abdômen era muito menor, vindo aumentar entre 2003 a 2008 e tendo valores muito maiores a partir de 2009 a 2012.

Figura 2. Circunferência do abdômen de 1999 a 2012 com o respectivo modelo de periodização.

    A média e o desvio padrão das demais medidas da circunferência são apresentados na tabela 7.

Tabela 7. Estatística descritiva da circunferência em cm

    A Anova one way revelou diferença significativa para o quadril, F (13,37) = 7,5, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos centímetros do quadril em 2003 (média = 104,25 cm) versus o quadril em 2008 (média = 99,75 cm) – a diferença foi de 4,5.

    A Anova one way revelou diferença significativa para a coxa esquerda, F (13,37) = 48,37, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos centímetros da coxa esquerda nas seguintes comparações: 1999 a 2002 (média = 50) versus 2003 (média = 54) – a diferença foi de – 4, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2004 (média = 56) – a diferença foi de – 6, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2005 (média = 56,5) – a diferença foi de – 6,5, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2006 (média = 55,12) – a diferença foi de – 5,12, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2007 (média = 56,37) – a diferença foi de – 6,37, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2008 (média = 54,5) – a diferença foi de – 4,5, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2009 (média = 57,25) – a diferença foi de – 7,25, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2010 (média = 55,8) – a diferença foi de – 5,8, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2011 (média = 54,75) – a diferença foi de – 4,75, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2012 (média = 56,83) – a diferença foi de – 6,83 e 2003 (média = 54) versus 2009 (média = 57,25) – a diferença foi de – 3,25.

    A Anova one way revelou diferença significativa para a coxa direita, F (13,37) = 74,22, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos centímetros da coxa direita nas seguintes comparações: 1999 a 2002 (média = 50) versus 2003 (média = 57,3) – a diferença foi de – 7,3, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2004 (média = 55,7) – a diferença foi de – 5,75, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2005 (média = 56,37) – a diferença foi de – 6,37, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2006 (média = 55,12) – a diferença foi de – 5,12, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2007 (média = 56,5) – a diferença foi de – 6,5, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2008 (média = 54,5) – a diferença foi de – 4,5, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2009 (média = 57,5) – a diferença foi de – 7,5, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2010 (média = 55,8) – a diferença foi de – 5,8, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2011 (média = 55) – a diferença foi de – 5, 1999 a 2002 (média = 50) versus 2012 (média = 57) – a diferença foi de – 7, 2003 (média = 57,3) versus 2008 (média = 54,5) – a diferença foi de – 2,8 e 2008 (média = 54,5) versus 2009 (média = 57,5) – a diferença foi de - 3.

    A Anova one way revelou diferença significativa para a perna esquerda, F (13,37) = 28,71, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos centímetros da perna esquerda nas seguintes comparações: 1999 a 2002 (média = 35) versus 2003 (média = 38) – a diferença foi de – 3,5, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2004 (média = 37,25) – a diferença foi de – 2,25, 1999 a 2002 (média = 38,5) versus 2005 (média = 38,5) – a diferença foi de – 3,5, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2006 (média = 36,62) – a diferença foi de – 1,62, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2007 (média = 37,75) – a diferença foi de – 2,75, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2008 (média = 38,25) – a diferença foi de – 3,25, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2009 (média = 38,5) – a diferença foi de – 3,5, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2010 (média = 37,5) – a diferença foi de – 2,5, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2011 (média = 39) – a diferença foi de – 4, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2012 (média = 38,5) – a diferença foi de – 3,5.

    A Anova one way revelou diferença significativa para a perna direita, F (13,37) = 30,92, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos centímetros da perna direita nas seguintes comparações: 1999 a 2002 (média = 35) versus 2003 e 2004 (média = 38,5) – a diferença foi de – 3,5, 1999 a 2002 (média = 38,5) versus 2005 (média = 38,37) – a diferença foi de – 3,37, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2006 (média = 37,62) – a diferença foi de – 2,62, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2007 (média = 37,75) – a diferença foi de – 2,75, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2008 (média = 38,25) – a diferença foi de – 3,25, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2009 (média = 38,37) – a diferença foi de – 3,37, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2010 (média = 38) – a diferença foi de – 3, 1999 a 2002 (média = 35) versus 2011 e 2012 (média = 39) – a diferença foi de – 4.

    O que chama atenção em todos os valores das circunferências, mesmo o jogador de voleibol na areia estar ficando mais velho, ocorreu um aumento ou os resultados se mantiveram ao longo dos anos. Então, pode-se afirmar que a periodização prescrita durante esses anos está sendo adequada. A circunferência dessa pesquisa não foi comparada com a literatura do voleibol de dupla na areia porque não foram achados estudos com essas medidas48,49.

    Em 2012 foi acrescido um teste, o POMS reduzido38, a perturbação total de humor (PTH) do voleibolista foi 104 na primeira avaliação, foi de 91 na segundo avaliação e na última foi de 25, a média e o desvio padrão foram de 73,33±42,36. Quanto menor o escore melhor o humor, sendo melhorado ao longo dos meses de 2012. O cálculo do POMS reduzido que determina desajuste ao treino foi zero nas três avaliações, então, o atleta não se encontrava em risco de sobretreino.

    Na tabela 8, o leitor pode observar a média e o desvio padrão do teste de resistência muscular localizada (RML) - flexão até a exaustão.

Tabela 8. Estatística descritiva das repetições

    A Anova one way revelou diferença significativa para o número de repetições da flexão até a exaustão, F (13,37) = 48,98, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre algumas médias das repetições da flexão. A tabela 9 expõe a diferença das médias.

Tabela 9. Diferença entre as médias das repetições da flexão ao longo dos anos

    A avaliação da RML através da flexão até a exaustão foi positiva, a partir de 2009 até 2012, o jogador de dupla na areia obteve um significativo aumento mesmo com o avanço da idade. Os modelos de periodização utilizados nesses anos foram compostos pela periodização de Matveev, pelo o modelo não linear e pela periodização de Tschiene. Nos anos anteriores, foi discutido no estudo de Marques Junior1. Os resultados do número de repetições quando comparado com uma pessoa saudável foram acima da média, porém, não foram encontradas pesquisas sobre a RML no voleibol na areia52. A figura 3 mostra a média e o desvio padrão das repetições do teste de flexão até a exaustão.

Figura 3. Repetições da flexão de 1999 a 2012 com o respectivo modelo de periodização

    A tabela 10 mostra a média e o desvio padrão do teste de força rápida de resistência muscular localizada (RML) - abdominal em 1 minuto.

Tabela 10. Estatística descritiva das repetições

    A Anova one way revelou diferença significativa para o número de repetições do abdominal em 1 minuto, F (13,37) = 108,83, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre algumas médias das repetições do abdominal. A tabela 11 expõe a diferença das médias.

Tabela 11. Diferença entre as médias das repetições do abdominal ao longo dos anos

    A avaliação da força rápida de RML através do abdominal em 1 minuto foi positiva, a partir de 2009 até 2012, o jogador de dupla na areia obteve um significativo aumento mesmo com o avanço da idade. Os modelos de periodização utilizados nesses anos foram compostos pela periodização de Matveev, pelo o modelo não linear e pela periodização de Tschiene. Nos anos anteriores, foi discutido no estudo de Marques Junior1. Os resultados do número de repetições quando comparado com uma pessoa saudável foram acima da média, porém, não foram encontradas pesquisas sobre a força rápida de RML no voleibol na areia52. A figura 4 mostra a média e o desvio padrão das repetições do teste de abdominal em 1 minuto.

Figura 4. Repetições do abdominal de 1999 a 2012 com o respectivo modelo de periodização

    A tabela 12 mostra a média e o desvio padrão do teste de agilidade de 6 metros.

Tabela 12. Estatística descritiva em metros por segundo (m/s)

    A Anova one way revelou diferença significativa para os m/s da agilidade, F (13,37) = 46,43, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre algumas médias dos m/s da agilidade. A tabela 13 expõe a diferença das médias.

Tabela 13. Diferença entre as médias dos m/s da agilidade ao longo dos anos

    A agilidade entre 2009 a 2012 se manteve com valores similares aos anos anteriores – 2004 a 2008, com valores de 0,66 m/s, 0,67 m/s e 0,75 m/s. Porém, em 2009 (37 anos) e 2011 (39 anos), o jogador de voleibol na areia obteve sua melhor marca pessoal 8 m/s . Fato não ocorrido nos anos anteriores (1999 a 2008), quando estava mais jovem (27 a 36 anos). Não foi encontrada nenhuma pesquisa do voleibol de dupla na areia sobre a agilidade, não podendo comparar esses resultados com outro estudo12,52. A figura 5 mostra a média e o desvio padrão em m/s do teste de agilidade. Onde voleibolista obteve a melhor média em m/s (0,75 m/s) sempre esteve presente a periodização de Tschiene.

Figura 5. Metros por segundo da agilidade de 1999 a 2012 com o respectivo modelo de periodização

    A tabela 14 mostra a média e o desvio padrão do teste de velocidade de 4 metros.

Tabela 14. Estatística descritiva em metros por segundo (m/s)

    A Anova one way revelou diferença significativa para os m/s da velocidade, F (13,37) = 9,52, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos m/s da velocidade nas seguintes comparações: 2011 (média = 7,22) versus 1999 a 2005 (média = 4) – a diferença foi de 3,22, 2011 (média = 7,22) versus 2006 (média = 4,14) – a diferença foi de 3,08, 2011 (média = 7,22) versus 2007 (média = 4,17) – a diferença foi de 3,05 e 2011 (média = 7,22) versus 2008 (média = 4,08) – a diferença foi de 3,14.

    A velocidade do jogador de dupla na areia foi mais alta quando estava com 37 a 40 anos – 2009 a 2012, período que estava mais velho. Portanto, a prescrição dos modelos de periodização de Matveev, Tschiene e não linear foram adequadas para um esportista dessa idade. Não foram encontrados estudos sobre a velocidade do jogador de dupla na distância de 4 m12,52. A figura 6 mostra a média e o desvio padrão em m/s do teste de velocidade.

Figura 6. Metros por segundo da velocidade de 1999 a 2012 com o respectivo modelo de periodização

    A tabela 15 mostra a média e o desvio padrão do teste de salto vertical que avalia a força (SV Força).

Tabela 15. Estatística descritiva em centímetros (cm)

    A Anova one way revelou diferença significativa para os cm do salto vertical sem contramovimento que avalia a força (SV Força), F (13,37) = 17,12, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre algumas médias dos cm que são mostradas na tabela 16 (Obs.: Só são apresentadas as comparações que tiveram diferença significativa).

Tabela 16. Diferença entre as médias dos cm ao longo dos anos, 1999 a 2012

    O jogador de dupla na areia entre 2009 a 2012 obteve resultados do salto vertical sem contramovimento (avalia a força) com valores similares (2009 = 44,5±1,26 cm, 2010 = 44,5±0,7 cm, 2011 = 45 cm e 2012 = 44 cm) porque eles não tiveram diferença significativa (p>0,05). Esses achados foram similares aos dos jogadores (n = 14, idade = 25,2±5,5 anos) do Circuito Mundial de Voleibol na Areia de 2008, da etapa de Adelaide, Austrália, com salto vertical sem contramovimento de 44,45±4,73 cm53. E também, os resultados dessa pesquisa foram idênticos ao da seleção portuguesa (n = 10, idade não fornecida) de 2004 que disputou o torneio pré-olímpico e a liga mundial, com salto vertical sem contramovimento de 41,1±2,5 cm na primeira avaliação e 42,6±3,6 cm no segundo teste54. O atleta dessa investigação só teve o salto vertical sem contramovimento, que avalia a força, um pouco inferior ao dos voleibolistas espanhóis de elite (n = 6, idade de 20,3±1,5 anos), com salto vertical sem contramovimento de 46,5 cm55. Segundo Marques Junior12, o salto vertical sem contramovimento de um jogador de voleibol de elite fica entre 31 a 41 cm. Conclui-se que, a periodização de Matveev, a não linear e a de Tschiene foram eficazes para manutenção dos níveis de força do jogador desse estudo (37 a 40 anos), contrariando aos achados da literatura, a partir dos 30 anos ou pouco mais, a força muscular máxima declina, interferindo no desempenho do salto vertical sem contramovimento56-58. Esse treinamento foi tão eficaz que, em 2009, o voleibolista atingiu o seu recorde pessoal no salto vertical sem contramovimento, 46 cm.

    A figura 7 mostra a média e o desvio padrão em cm do teste de salto vertical sem contramovimento que a avalia a força (SV Força). É possível observar que nos anos anteriores a esse estudo, 1999 a 2008, os resultados do salto vertical foram inferiores.

Figura 7. Salto vertical sem contramovimento de 1999 a 2012 com o respectivo modelo de periodização

    A tabela 17 mostra a média e o desvio padrão do teste de salto vertical que avalia o componente elástico (SV CE, SV com contramovimento).

Tabela 17. Estatística descritiva em centímetros (cm)

    A Anova one way revelou diferença significativa para os cm do salto vertical com contramovimento que avalia o componente elástico (SV CE), F (13,37) = 6,15, p = 0,001. O post hoc Scheffé apresentou diferença significativa (p≤0,05) entre a média dos cm do salto vertical com contramovimento em 2009 (média = 46,75 cm) versus o salto vertical com contramovimento em 2000 (média = 39 cm) - a diferença foi de 7,75.

    O envelhecimento a partir de 25 a 50 anos desencadeia uma redução da massa muscular de aproximadamente 10% e diminui as fibras de contração rápida do indivíduo57. Esse decréscimo da musculatura interfere na geração da força e consequentemente prejudica o desempenho do salto vertical com contramovimento59,60. Em 2011 e 212, o jogador de dupla na areia estava com 39 e 40 anos, foi o momento onde conseguiu as melhores médias, 47,15±1,6 cm e 47 cm. Outro excelente resultado foram os seus melhores saltos, entre 2009 a 2012, ele conseguiu marcas próximas (2009 = 48 cm, 2010 = 46 cm, 2011 = 48,3 cm e 2012 = 47 cm) do seu maior salto vertical com contramovimento (2004 com idade de 32 anos, 50 cm). Então, a prescrição da periodização de Matveev, não linear e de Tschiene foi adequada nesses anos.

    A média do salto vertical com contramovimento de 2009 a 2012 (2009 = 46,75±1,25 cm, 2010 = 45,5±0,7 cm, 2011 = 47,15±1,6 cm e 2012 = 47 cm) desse atleta do voleibol na areia foi similar ao dos jogadores da etapa de Adelaide, Austrália, do Circuito Mundial de 2008, com salto de 46,86±3,81 cm (idade de 25,2±5,5 anos)53, superior ao da seleção portuguesa de 2004, com 44±3,7 cm54 e inferior aos dos jogadores espanhóis de elite com 55,3 cm55. Marques Junior12 afirmou que um voleibolista de alto nível possui um salto vertical com contramovimento na faixa de 38 a 53 cm ou pouco mais. Conclui-se após essas informações que o jogador desse estudo teve excelentes resultados de salto com contramovimento para um esportista com mais idade. A figura 8 ilustra esse alto desempenho, principalmente em 2011 e 2012 quando estava com (39 e 40 anos).

Figura 8. Salto vertical com contramovimento de 1999 a 2012 com o respectivo modelo de periodização

    A tabela 18 mostra a média e o desvio padrão do consumo máximo de oxigênio (VO2máx) do teste vai e vem de 10 m.

Tabela 18. Estatística descritiva em mililitros por quilograma por minuto (ml/kg/min)

    A Anova one way não detectou diferença significativa para o VO2máx em ml/kg/min, F (13,37) = 5,25, p = 0,06. Os dois maiores desempenhos do condicionamento aeróbio do voleibolista foram em 2009 (55,1±5,19 ml/kg/min) e 2012 (53,6±5,19 ml/kg/min), quando o jogador estava com 37 e 40 anos. Esses valores contrariam ao da literatura, o VO2máx diminui 0,5 ml/kg/min a partir dos 20 anos52, fato não observado nesse estudo. Porém, os valores dessa pesquisa foram inferiores para um jogador de dupla na areia, sendo de 61,24 ml/kg/min61. Marques Junior12 informou que o VO2máx de um voleibolista de elite fica entre 38 a 63 ml/kg/min, então o atleta dessa investigação se encontra com um bom VO2máx. A figura 9 mostra os resultados do VO2máx ao longo dos anos.

Figura 9. VO2máx de 1999 a 2012 com o respectivo modelo de periodização

Conclusão

    As medidas antropométricas e os testes físicos pouco se alteraram no período de 2009 a 2012. Porém, os testes físicos do voleibolista de dupla na areia nesses anos foram melhores do que nos anos anteriores. Em conclusão, o treino físico periodizado causa benefícios significativos no condicionamento físico de uma atleta de 37 a 40 anos.

Referências

  1. Marques Junior N (2009). O efeito da periodização em um atleta do voleibol na areia – 1999 a 2008. Mov Percep 10(15):54-94.

  2. Marques Junior N (2012). Periodização do treino. Educ Fís Rev 6(2):1-34.

  3. Marques Junior N (2011). Modelos de periodização para os esportes. Rev Bras Prescrição Fisiol Exerc 5(26):143-162.

  4. Wood et alii (2005). Applying a mathematical model to training adaptation in a distance runner. Eur J Appl Physiol 94(3):310-6.

  5. Pilaczynska-Szczesniak L et alii (2011). Effects of annual training cycle on the metabolic response to supra-maximal exercise test in beach volleyball players. J Hum Kinet 27(-):81-95.

  6. Inácio M (2006). Estudo das exigências fisiológicas e funcionais do jogo de voleibol de praia e das suas implicações na recuperação. 68 f. Monografia de Graduação, Univ. do Porto, Porto, Portugal.

  7. Arruda M, Hespanhol J (2008). Fisiologia do voleibol. São Paulo: Phorte.

  8. Marques Junior N (2002). Uma preparação desportiva para o voleibol. Rev Min Educ Fís 10(2):49-73.

  9. Silva F, Araújo R, Batista G (1998). Voleibol de praia: o treinamento de uma dupla bicampeã mundial. Rev Trein Desp 3(3):17-26.

  10. Correia da Silva T (2003). Programa de revelação de aptidões e capacidades desportivas de atletas portadores de altas habilidades no futebol brasileiro: do senso comum instintivo à metacognição intuitiva. 63-119 f. Dissertação, UCB, RJ, Brasil.

  11. Vieira L, Vieira J, Krebs R (2005). O ensino dos esportes: uma abordagem desenvolvimentista. In. Paes R, Balbino H. (Orgs.). Pedagogia do esporte. Rio de Janeiro: Guanabara. p. 41-61.

  12. Marques Junior N (2010). Seleção de testes para o jogador de voleibol. Mov Percep 11(16):169-206.

  13. Fleck S, Figueira Júnior A (2003). Treinamento de força para o fitness e saúde. São Paulo: Phorte. p.97-100.

  14. Marques Junior N (2004). Preparação de força especial para o voleibolista. Lecturas: Educ Fís Deportes 10(70):1-7. http://www.efdeportes.com/efd70/voleib.htm

  15. Marques Junior N (2009). Salto em profundidade: fisiologia e benefícios. Mov 4(1):1-15.

  16. Antunes Neto H et alii (2006). Exercício físico e função cognitiva. Rev Bras Med Esp 12(2):108-114.

  17. Esper A (2004). Ejemplos prácticos del fenómeno de la supercompensación deportiva. Lecturas: Educ Fís Deportes 10(74):1-16. http://www.efdeportes.com/efd74/superc.htm

  18. Da Silva-Grigoletto M et alii (2008). Comportamiento de diferentes manifestaciones de la resistencia en el voleibol a lo largo de una temporada, en un equipo profesional. Rev Andal Med Deporte 1(1):3-9.

  19. Rigolin da Silva L et alii (2004). Evolução da altura de salto, da potência anaeróbia e da capacidade anaeróbia em jogadoras de voleibol de alto nível. Rev Bras Ciên Esporte 26(1):99-109.

  20. Simões R et alii (2009). Efeitos do treinamento neuromuscular na aptidão cardiorrespiratória e composição corporal de atletas de voleibol do sexo feminino. Rev Bras Med Esporte 15(4):295-89.

  21. Gerken G et alii (2007). Treinamento de força para corredores de fundo. Rev Educ Fís (138):41-5.

  22. Bangsbo J (1998). Optimal preparation for the World Cup in soccer. Clinics Sports Med. 17(4):697-709.

  23. Marques Junior N (2006). Periodização tática: uma nova organização do treinamento para duplas masculinas do voleibol na areia de alto rendimento. Rev Min Educ Fís 14(1):19-45.

  24. Bravo F et alii (2008). Sprint vs. interval training in football. Int J Sports Med 29(8):668-74.

  25. McBride J et alii (2002). The effect of heavy-vs. light-load jump squats on the development of strength, power, and speed. J Strength Cond Res 16(1):75-82.

  26. Kraemer W, Häkkinen K (2004). Treinamento de força para o esporte. Porto Alegre: Artmed. p. 66-143.

  27. Souza A et alii (2009). Efeito agudo do intervalo passivo e do alongamento no desempenho de séries múltiplas. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 11(4): 435-43.

  28. Lamas L et alii (2008). Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da força máxima e da potência muscular de membros inferiores. Rev Bras Educ Fís Esp 22(3):235-45.

  29. McGown C et alii (1990). Gold medal volleyball: the training program and physiological profile of the 1984 Olympic Champions. Res Q Exerc Sports 61(2):196-200.

  30. Matveev L (1991). Fundamentos do treino desportivo. Lisboa: Horizonte. p. 302-3.

  31. Oliveira M (2005). Neurofisiolgia do comportamento. Canoas: ULBRA. p. 133.

  32. Tschiene P (1992). Novas teorias de treino. Atletismo (122):29.

  33. Barbanti V (2010). Treinamento esportivo: as capacidades motoras dos esportistas. Barueri: Manole. p. 226-9.

  34. Amiri-Khorasani M, Osman N, Yusof A (2010). Electromyography assessments of the vastus medialis muscle during soccer kicking between dynamic and static stretching. J Hum Kinet 24(-):35-42.

  35. Alter M (2001). Ciência da flexibilidade. Porto Alegre: Artmed. p. 57.

  36. Mooren F, Völker K (2012). Fisiologia do exercício molecular e celular. São Paulo: Santos. p. 16-7.

  37. McArdle W, Katch F, Katch V (2011). Fisiologia do exercício: nutrição, energia e desempenho humano. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara. p. 472-98, 820-1.

  38. Viana M, Almeida P, Santos R (2001). Adaptação portuguesa da versão reduzida do POMS. Análise Psicológica 1(12):77-92.

  39. Marques Junior N (2007). Teste de força bio-operacional e bio-estrutural para a saúde e para a performance. Mov Percep 8(11):7-41.

  40. Marques Junior N (2004). Principais lesões no atleta de voleibol. Lecturas: Educ Fís Deportes 10(68):1-8. http://www.efdeportes.com/efd68/volei.htm

  41. Marques Junior N (2005). Sugestão de uma periodização para o voleibol “amador” de duplas na areia masculino. 201 f. Monografia de Especialização em Treinamento Desportivo, UGF, RJ, Brasil.

  42. Thomas J, Nelson J (2002). Métodos de pesquisa em atividade física. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed.

  43. Vincent W (1995). Statistics in kinesiology. Champaign: Human Kinetics.

  44. Marques Junior N (2012). Estatura dos brasileiros do voleibol na areia masculino de alto nível, 1987 a 2011. Lecturas: Educ Fís Deportes 17(167):1-7. http://www.efdeportes.com/efd167/estatura-dos-brasileiros-do-voleibol-masculino.htm

  45. Batista G et alii (2008). Características cineantropométricas dos jogadores de voleibol de praia masculino do Brasil e Pan-americanos. FIEP 78 (nº esp):1-5.

  46. Tili M, Giatsis G (2011). The height of the men`s winners FIVB beach volleyball in relation to specialization and court dimensions. J Hum Sport Exerc 6(3):504-10.

  47. Wilmore J, Costill D (2001). Fisiologia do esporte e do exercício. 2ª ed. São Paulo: Manole.

  48. Batista G et alii (2010). Composição corporal e somatotipo de atletas de voleibol de praia nos XV Jogos Pan-americanos. Rev Bras Ci Saúde 14(1):53-8.

  49. Palao J, Gutierrez D, Frideres J (2008). Height, weight, body index and age in relation top level and position. J Sports Med Physical Fit 48(4):466-71.

  50. Souza F, Schroeder P, Librali R (2007). Obesidade e envelhecimento Rev Bras Obesidade Emagrecimento 1(2):24-35.

  51. Lopes R, Guimarães H (2006). Avaliação clínica do paciente hipertenso. Seminários Bras Med 1(1):10-13.

  52. Marques Junior N (2005). Testes para o jogador de voleibol. Rev Min Educ Fís 13(1):130-174.

  53. Riggs M, Sheppard J (2009). The relative importance of strength and power qualities to vertical jump height of elite beach volleyball players during the counter-movement and squat jump. J Hum Sport Exerc 4(3):221-36.

  54. Carvalho C, Vieira L, Carvalho A (2007). Avaliação, controle e monitoração da condição física da seleção portuguesa de voleibol sênior masculina – época de 2004. Rev Port Ci Desp 7(1):68-79.

  55. Palao J, Saenz J, Ureña A (2001). Efecto de un trabajo de aprendizaje del ciclo estiramiento-acortamiento sobre la capacidad de salto en voleibol. Rev Int Med Ci Act Fis Depor 1(3):163-76.

  56. Bosco C, Komi P (1980). Influence of aging on the mechanical behavior of leg extensor muscles. Eur J Appl Physiol 45(2-3):209-19.

  57. Powers S, Howley E (2000). Fisiologia do exercício. 3ª ed. São Paulo: Manole. p. 141.

  58. Wilmore J, Costill D (2001). Fisiologia do esporte e do exercício. 2ª ed. São Paulo: Manole. p. 548-50.

  59. Häkkinen K et alii (1998). Changes in agonist-antagonist EMG, muscle CSA, amd force during strength training in middle-aged and older people. J Appl Physiol 84(4):1341-9.

  60. Svantesson U, Grimby G (1995). Stretch-shortening cycle during plantar flexion in Young and elderly women and men. Eur J Appl Physiol 71(5):381-5.

  61. Figueira Júnior A (2002). Perfil fisiológico. Anais do 2º Congresso Internacional GSSI de Ciências do Esporte. São Paulo, Brasil, p. 38-9.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 178 | Buenos Aires, Marzo de 2013
© 1997-2013 Derechos reservados