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Relação entre índice de massa corporal pré-gestacional e 

ganho ponderal total de gestantes atendidas em Unidades 

Básicas de Saúde do município de Teixeiras, MG

La relación entre el índice de masa corporal antes del embarazo y la ganancia ponderal 

total de embarazadas atendidas en Unidades Básicas de Salud del municipio de Teixeiras, MG

 

Universidade Federal de Viçosa

Minas Gerais

(Brasil)

Ana Paula da Costa Soares

Luciana Ferreira da Rocha Sant’Ana

Keila Bacelar Duarte de Morais

Tatiana Aguiar Montini

Marcos Vidal Martins

marcos.vidal@ufv.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo se propôs a verificar a relação entre estado nutricional pré- gestacional e o ganho de peso total, e a caracterizar a ingestão alimentar da amostra. Esta era composta por 43 gestantes, em relação ao ganho ponderal recomendado 36% apresentaram ganho superior e 38% ganho inferior. O ganho excessivo foi menor no grupo das mulheres com excesso de peso no início da gestação, tal fato é resultado do acompanhamento nutricional realizado.

          Unitermos: Gestação. Ganho de peso gestacional. Estado nutricional pré-gestacional. Ingestão alimentar.

 

Resumo

          Este estudio se propone a verificar la relación entre el estado nutricional antes del embarazo y la ganancia o aumento de peso total y a caracterizar la ingesta alimenticia de los sujetos, 43 mujeres en estado de embarazo. En relación al aumento de peso ponderal recomendado, 36% de las mujeres demostraron un aumento y 38% una pérdida. El aumento excesivo fue menor en las mujeres con exceso de peso antes del embarazo. Tal hecho fue el resultado de un acompaňamiento nutricional. 

          Palabras clave: Gestación. Aumento de peso durante el embarazo. Estado nutricional antes del embarazo. Ingesta alimenticia.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A importância da nutrição materna sobre a evolução da gestação tem sido investigada e evidenciada pela literatura. Nos países em desenvolvimento o foco está na análise do déficit de peso materno e o resultado da gravidez. Entretanto, crescente prevalência de obesidade em gestantes, tem levado muitos estudos a relacionarem negativamente essa alteração nutricional com a gravidez. Assim, o sobrepeso e a obesidade configuram-se como importante problema para a saúde pública em muitos países, chegando a prevalecer sobre a desnutrição, sendo um dos principais responsáveis pelas altas taxas de morbimortalidade materna e fetal (GUERTZENSTEIN, 2007).

    O ganho de peso adequado durante a gestação é de fundamental importância para garantir ótimo crescimento fetal e saúde materna. O American College of Obstetricians and Gynecologists indica que existe uma relação linear positiva entre ganho de peso materno e peso do recém-nascido. O excesso de peso pré-gravídico e o ganho de peso exagerado levam a complicações gestacionais, tais como diabetes gestacional, hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, eclâmpsia e maior peso fetal (VISNADI, 2004).

    As grandes variações no ganho de peso gravídico em mulheres saudáveis parecem ser determinadas por diferenças nas características maternas, como estado nutricional pré-gestacional, idade, paridade, condição socioeconômica, falta de instrução, uso de drogas, atividade física (GAMA, 2002).

    Segundo a Organização Mundial de Saúde, o monitoramento do ganho ponderal durante a gestação é um procedimento de baixo custo e de grande utilidade para o estabelecimento de intervenções nutricionais visando à redução de riscos maternos e fetais. A orientação nutricional pode proporcionar um ganho de peso adequado, prevenindo tanto o ganho excessivo quanto o incremento ponderal insuficiente, logo, ocasionar redução da incidência de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, eclampsia, hipertensão arterial, e restrição de crescimento intra-uterino (WHO, 1995).

Material e métodos

    Trata-se de um estudo transversal, analítico, descritivo, com coleta de dados secundários referentes ao projeto de extensão intitulado “Cuidado à Saúde de Gestantes e Mães de Crianças até Dois Anos de Idade – Programa de Saúde da Família, Teixeiras – MG, ANO II”, desenvolvido pelo Departamento de Nutrição e Saúde – UFV, executado no ano de 2009. Realizou-se acompanhamento nutricional individualizado com gestantes atendidas durante o pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município de Teixeiras – MG. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, da Universidade Federal de Viçosa.

    Os dados contidos nos prontuários consistem em: 1) dados socioeconômicos, hábitos de vida e antecedentes obstétricos, que permitiram a caracterização da amostra estudada; 2) recordatório alimentar de 24 horas, o qual forneceu os dados para análise da composição nutricional dos alimentos consumidos pelas gestantes; 3) e dados antropométricos: peso pré-gestacional e estatura; os quais foram utilizados para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e posterior classificação das gestantes de acordo com o estado nutricional pré-gestacional, segundo o Instituto de Medicina Americano (IOM, 1990); e peso gestacional total.

    O ganho ponderal total foi obtido pela diferença entre o peso materno na última semana gestacional que consta no prontuário e o peso pré-gestacional. Para classificar a adequação do ganho ponderal total foram utilizados os critérios do IOM (1990), que estabelece limites para o ganho de peso gestacional de acordo com o estado nutricional inicial da gestante. As gestantes foram classificadas nas seguintes categorias: ganho de peso insuficiente, quando apresentavam ganho ponderal inferior ao mínimo recomendado; adequado, quando apresentavam ganho dentro da faixa de recomendação; e excessivo, quando apresentavam ganho ponderal acima do limite máximo recomendado.

    Foram selecionados prontuários de gestantes acompanhadas pelo projeto de extensão no ano de 2009, sendo incluídas aquelas que se encontravam clinicamente saudáveis e que possuíam pelo menos dois recordatórios alimentares de 24 horas, um referente ao segundo e o outro ao terceiro trimestre de gestação, totalizando 43 gestantes. Sendo excluídas gestantes multigesta (1) e gestantes com idade inferior a 18 anos (26), uma vez que estas não compareciam aos atendimentos acompanhadas pelos pais ou responsáveis, o que impossibilitou a assinatura por eles de um termo que permitiria a inclusão destas voluntárias.

    A avaliação da dieta das gestantes foi realizada por meio da análise dos recordatórios de 24 horas obtidos durante os atendimentos nutricionais. Os alimentos consumidos foram relatados pelas gestantes em medidas caseiras, as quais foram transformadas em peso (gramas), com auxílio do Programa Avanutre – software de avaliação nutricional, versão 2.0. Por meio deste também foi realizada a análise da composição nutricional dos recordatórios.

    Foram obtidos valores de média, desvio-padrão, mediana, valores mínimos e máximos referentes à ingestão energética, de macronutrientes e micronutrientes (ferro, cálcio e ácido fólico) contidos nos recordatórios 24 horas relativos ao segundo e terceiro trimestres gestacionais.

    Foi utilizada uma estatística descritiva com os dados sociodemográficos e ginecológicos/obstétricos. A tabulação dos dados antropométricos e dietéticos, e a análise estatística foi feita através do programa Epi Info versão 3.5.1. O teste de correlação de Spearman foi realizado para se avaliar a existência de correlação linear entre o ganho de peso e o estado nutricional pré-gestacional, adotando-se nível de significância de 5% (p<0,05).

Resultados e discussão

    O grupo de gestantes estudado era composto por mulheres adultas, com idade de 25 anos (± 6,3). Outras pesquisas realizadas no Brasil com gestantes mostraram condição semelhante (UCHIYAMA et al., 1993; NASCIMENTO; SOUZA, 2002).

    A faixa etária das gestantes estudadas se encontra dentro do intervalo considerado ideal para a concepção, que vai de 20 a 29 anos, sendo que nesta faixa etária há um melhor prognóstico, não sendo muito indicado os extremos da idade reprodutiva. Acima dos 35 anos os riscos aumentam para anomalias congênitas, aborto espontâneo e placenta prévia (MILLER, 1996). E abaixo dos 19 anos, os riscos envolvem a insegurança socioeconômica, imaturidade biológica da jovem mãe para atingir o termo (40° semana gestacional) e os hábitos alimentares inadequados (SAUNDERS, 2009).

    A amostra apresentou baixo nível de escolaridade, foi observado que seis (14%) gestantes possuíam menos de quatro anos de estudo (tabela 1). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006) elas são consideradas analfabetas funcionais, ou seja, sabem ler, mas não interpretar o que leu. E, outras sete (16,2%) possuíam apenas o ensino fundamental incompleto.

    Quanto à renda e moradia, 18 (41,8%) gestantes possuíam renda familiar inferior a um salário mínimo por mês, sendo que apenas 16 (37,2%) exerciam atividade ocupacional remunerada. Entre as 43 voluntárias, 17 (39,5%) residiam na zona rural. Melo et al. (2007) encontraram dados semelhantes, onde 64% das gestantes possuíam menos de oito anos de estudo, cerca de um terço (35%) trabalhava fora de casa e 90% tinham renda familiar abaixo de um salário mínimo.

    Nascimento e Souza (2002), em estudo com gestantes de São Paulo encontraram 45,7% de sua amostra com apenas o ensino fundamental incompleto e 59% com renda média de R$ 230,00. No entanto, Andreto et al (2006), em seu estudo nas cidades de Recife e Pernambuco, encontrou que 60,4% de sua amostra possuía oito ou mais anos de estudo. Visnad et al (2004) encontrou R$ 750,00 como média da renda familiar, sendo que apenas 34% das entrevistadas exerciam atividade ocupacional remunerada.

    A maior parte das gestantes (n = 36, 83,7%) contavam com apoio de um companheiro. Em conformidade com este fato, Andreto et al (2006) e Kroeff et al. (2004) encontraram 92,5% e 87,8%, das gestantes vivendo sob a mesma condição, respectivamente.

    Em relação ao estilo de vida, o presente estudo encontrou quatro (9,3%) voluntárias tabagistas e duas (4,6%) declararam ter consumido bebida alcoólica durante a gestação. Kroeff et al. (2004), observaram um percentual maior de gestantes que faziam uso de bebida alcoólica e de tabaco durante a gestação, sendo respectivamente 34,4% e 39,5% da amostra.

    Apenas duas (4,6%) gestantes praticavam exercício físico habitualmente, sendo baixa a frequência da prática de atividades física no grupo. Melo et al., (2007) ao avaliar 115 gestantes, encontrou uma freqüência ainda menor de prática de atividade física, apenas uma (0,86%) gestante praticava esporte.

    A presença do fumo durante a gestação é preocupante, tendo em vista que as mulheres que fumam se alimentam menos, não atendendo às necessidades da gestação, podendo ocasionar o baixo peso ao nascer (VITOLO, 2003). Já o consumo de álcool em doses elevadas pode prejudicar o transporte de oxigênio pelo cordão umbilical, alterando o transporte de nutrientes e o desenvolvimento fetal (GUERTZENSTEIN, 2007). Assim, tanto o álcool quanto o tabaco, são fatores que contribuem para o baixo peso ao nascer.

    Observou-se neste estudo que a idade média na primeira gestação foi de 19,25 anos (± 5,2), a média de paridade era baixa, sendo de 1,1 filhos por mulher (± 1,4). Dados semelhantes foram obtidos por outros autores brasileiros (DINIZ; SANCOVSKI, 1996; VISNADI, 2004; ANDRETO, 2006). Segundo o IBGE (2002), a média de filhos por mulher brasileira é de 2,3. O índice de filhos por mulher inferior a média nacional encontrado na amostra pode ser explicado pelo elevado número de gestantes com idade entre 18 e 20 anos.

    Questionadas quanto ao uso de anticoncepcional, 27 mulheres (63%) relataram não fazer uso deste método contraceptivo. Quanto ao intervalo interpartal foi encontrada média de 3 anos (± 3,5), sendo que 23 gestantes apresentaram um espaçamento entre 2 a 6 anos, valor próximo ao encontrado por Melo et al. (2007).

    Em relação ao tipo de parto na última gestação (que antecedeu a do presente estudo), observou-se pequena diferença entre parto normal (15) e cesariana (14). Sendo que 14 gestantes (32,5%) eram primíparas. Vale ressaltar que a proporção de cesariana está acima do preconizado pela Organização Mundial de Saúde que é de 10 a 15% (BRASIL, 1984).

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica, ginecológica e obstétrica de gestantes

atendidas em UBS no município de Teixeiras-MG, no ano de 2009

    Durante a gestação as necessidades de macro e micronutrientes estão aumentadas devido às modificações fisiológicas que ocorrem nesta época da vida das mulheres (WILLIAMS, 2001). As recomendações de nutrientes para esse período foram elaboradas pelo IOM (2002), que estabeleceu as Dietary Reference Intakes (DRI).

    O presente estudo analisou o consumo alimentar das gestantes quanto ao conteúdo de energia, macronutrientes, cálcio, ferro e ácido fólico (tabela 2).

    As médias da ingestão energética encontradas foram de 1533,4 kcal (± 587,9) no segundo trimestre e de 1446 kcal (± 587,8) no terceiro, valores inferiores ao encontrado por Nascimento e Souza (2002) e Visnadi (2004), que encontraram, respectivamente, uma ingestão média de 1736,13 kcal no segundo trimestre e 1730 kcal no terceiro trimestre.

    Com relação ao consumo alimentar, identificou-se a seguinte distribuição percentual dos macronutrientes: 12,8% de proteínas, 25,9% de lipídios e 61,3% de carboidratos; sendo estes valores referentes ao recordatório alimentar realizado no segundo trimestre gestacional. A distribuição dos macronutrientes encontrada no recordatório alimentar realizado no terceiro trimestre foi: 13,75% de proteínas, 23,86% de lipídios e 59,53% de carboidratos. Estas proporções foram obtidas a partir dos valores médios de consumo, estando a distribuição dos macronutrientes do terceiro recordatório próxima ao do segundo e adequada segundo a IOM (2002).

    Nascimento e Souza (2002) encontraram a seguinte distribuição: 16% de proteínas, 29% de lipídios e 55% de carboidratos. Nota-se que os valores de proteína e lipídios foram superiores aqueles identificados nos recordatórios das voluntárias. Em consonância a Nascimento e Souza (2002), Visnadi (2004) também identificou valores superiores para estes dois nutrientes, sendo 16% de proteína e 27% de lipídeo. Para carboidrato, encontrou-se o valor de 57% do total de macronutrientes. O consumo médio diário de cálcio verificado neste estudo relativo ao segundo trimestre gestacional foi de 470 mg e ao terceiro trimestre foi de 510,4 mg; representando 47% e 51%, respectivamente da recomendação estabelecida pelas DRI’s (2002), a qual é de 1000 mg. Valores inferiores ao obtido em estudos no Rio de Janeiro e em São Paulo, 636 mg e 521,5 mg (NASCIMENTO; SOUZA, 2002; VISNADI, 2004). Há relatos na literatura que a suplementação de cálcio reduz a incidência de hipertensão e pré-eclâmpsia em mulheres com risco de desenvolvê-las na gravidez ou em gestantes com baixa ingestão desse mineral (VILLAR et al., 2003). Sua deficiência tem sido relacionada com prejuízos no crescimento e desenvolvimento fetal, alteração de membrana, contrações prematuras e precipitação do parto (GUERTZENSTEIN, 2007).

    A deficiência de ferro constitui o distúrbio nutricional mais comum e a mais importante causa de anemia no mundo (VISNADI, 2004). A média de ingestão encontrada pelo presente estudo foi de 9,8 mg para o segundo trimestre gestacional e de 9,7 mg para o terceiro, representando 44,5% e 44%, respectivamente, do estabelecido pelas DRI’s (2002), de 22 mg. Os valores encontrados são inferiores aos identificados por Nascimento e Souza (2002), 10 mg, e Visnadi (2004), que obteve média de 11,3mg, para este nutriente.

    É importante ressaltar que a recomendação para ingestão de ferro durante a gestação é um valor dificilmente atingido somente com a alimentação, por isso o Ministério da Saúde aconselha a suplementação para todas as gestantes a partir da 20ª semana de gravidez até o 3º mês pós-parto (NASCIMENTO; SOUZA, 2002).

    Quanto a ingestão de ácido fólico, a média encontrada foi de 145µg referente ao segundo trimestre gestacional e 142,7 µg no terceiro trimestre, representando 27,88% e 27,44%, da quantidade recomendada de 520 µg pelas DRI’s (2002). A ingesta insuficiente de ácido fólico durante a gestação pode provocar má-formação do tubo neural, com possibilidade de subseqüente anemia megaloblástica materna ou do recém-nascido (CZEIZEL; DUDAS, 1992). Nascimento e Souza (2002) encontraram uma ingestão média de 170 µg/dia e Visnadi (2004) de 164,5µg/ dia, valores próximos ao encontrado pelo presente estudo. Entretanto, Donangelo et al. (1996) constataram um consumo médio bem maior, 300μg/dia.

Tabela 2. Valores médios, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo de ingestão no segundo e 

terceiro trimestres gestacionais de gestantes atendidas em UBS no município de Teixeiras-MG, no ano de 2009

    Quanto ao estado nutricional pré-gestacional, 16% da amostra apresentava baixo peso; 58% eutrofia; 7% sobrepeso e 19% obesidade, havendo predomínio da eutrofia, de acordo com a classificação recomendada pelo IOM (1990). Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) referentes ao estado pré-gestacional das gestantes do estado de Minas Gerais, no ano de 2009, mesmo ano da execução do projeto, indicam que das 229 gestantes cadastradas no sistema: 21,8% eram de baixo peso; 41,5% eutróficas; 23,1% apresentavam sobrepeso e 13,5% obesidade.

    Andreto (2006) em estudo na cidade de Recife e Melo et al. (2007), em Campina Grande, encontraram percentual menor para a eutrofia, 50% e 48,3%; e, maior para o baixo peso 23% e 25,4%, respectivamente.

    Em relação ao ganho ponderal total, a média da amostra foi de 8,3 Kg (± 5,4), com ganho mínimo de – 2 Kg, caracterizando uma perda de peso, e máximo de 28,3 Kg. A média de ganho ponderal encontrada está abaixo da recomendação do IMO (1990) que varia entre 10 a 14 Kg, com média de 12 Kg. O baixo ganho ponderal está associado a maior chance de recém-nascidos com baixo peso ao nascer e maiores riscos de complicações materno-fetal (WHO, 2003). Melo et al. (2007) encontraram uma média de ganho de peso superior a do presente estudo, 10,3 ± 3,6 Kg, com ganho mínimo de 2,8 Kg e máximo de 20,8 Kg.

    De acordo com recomendações do IOM (1990), mulheres com baixo peso pré-gestacional (IMC < 19,8), eutrofia (IMC de 19,8 a 25,9), sobrepeso (IMC de 26,0 a 29,0) e obesidade (IMC > 29,0) devem ganhar, respectivamente, 12,5 a 18,0 Kg; 11,5 a 16,0 Kg; 7,0 a 15,9 Kg e 6,8 Kg no mínimo. A tabela 3 mostra a média do ganho de peso do grupo de acordo com o estado nutricional pré-gestacional.

Tabela 3. Médias, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo de ganho de peso total segundo IMC

 pré-gestacional de gestantes atendidas em UBS no município de Teixeiras-MG, no ano de 2009 (n = 43)

    Mesmo tendo acesso ao serviço de acompanhamento nutricional, 72% da amostra ganhou peso de forma inadequada. Em torno de 36% das gestantes apresentaram ganho ponderal superior ao preconizado e cerca de 38% tiveram ganho de peso inferior ao recomendado, sendo que uma gestante apresentou perda de peso. Tal inadequação pode ser explicada devido ao fato de que o peso total analisado não se refere ao peso que a gestante chegou ao final da gestação e sim, ao peso aferido no último atendimento nutricional que foi realizado no terceiro trimestre gestacional cuja média de idade gestacional foi de 30,8 ± 4,3 semanas. Também, o fato de que os acompanhamentos nutricionais tem início somente no segundo trimestre de gestação, uma vez que a maior parte das gestantes busca atendimento nas unidades de saúde tardiamente, prejudica a detecção precoce da inadequação do peso e a adoção de condutas adequadas de acordo com cada caso. Vale ressaltar que o número mínimo de atendimento nutricional realizado pelo projeto foi de dois por gestante.

    A incidência de ganho de peso insuficiente foi superior à observada em relação ao ganho de peso excessivo, sendo que o baixo ganho ponderal esteve mais presente no grupo das eutróficas e obesas, no grupo das gestantes com baixo peso, o ganho ponderal adequado foi o mais prevalente, já em relação às gestantes obesas a distribuição foi semelhante em ambas as categorias (tabela 4).

    O baixo ganho ponderal na gestação é um fator de risco para o baixo peso ao nascer, e é indicador de restrição de crescimento intra-uterino. Estes, por sua vez, são responsáveis pelo aumento de cinco a dez vezes no risco de óbito no primeiro ano de vida e de três vezes mais seqüelas neurológicas, em comparação com o peso normal, além de complicações no parto (MARDONES, 1997).

    Os estudos indicam que o ganho ponderal excessivo é mais prevalente. Parker e Abrams (1993) em estudo conduzido com mulheres americanas observaram que aproximadamente 35% das gestantes apresentaram ganho de peso superior aos recomendados pelo IOM, principalmente as eutróficas e as com sobrepeso, dado também encontrado pelo presente estudo. No Brasil, estudo realizado por Bertoldi et al. (2001) com gestantes de seis capitais brasileiras, verificou ganho de peso superior ao recomendado pelo IOM em 23,3% das gestantes que se encontravam inicialmente com baixo peso, 29,5% das que apresentavam-se eutróficas, 52,7% das classificadas com sobrepeso e 39,2% das que se apresentavam com obesidade.

Tabela 4. Adequação do ganho de peso total de gestantes atendidas em UBS no município de Teixeiras-MG, no ano de 2009 (n=43)

    Para avaliar a existência de correlação linear entre o ganho de peso e o estado nutricional pré-gestacional utilizou-se o coeficiente de correlação para postos de Spearman (rs) cujo valor, -0,3043, indicou correlação negativa fraca (p = 0,0473). Sendo que a medida que aumenta o peso pré-gestacional diminui o ganho de peso total, fato que está de acordo com o preconizado pelo IOM (1990) que estabelece ganho ponderal maior para as gestantes inicialmente com baixo peso e menores para as com sobrepeso/obesidade.

    O presente estudo encontrou um percentual menor de ganho de peso excessivo para as mulheres com excesso de peso no início da gestação. Resultado que está de acordo com os apresentados por Lederman et al. (1997), Bertoldi et al. (2001), Olson e Strawderman (2003) e Andreto (2006). Esses estudos mostram que o ganho de peso tende a ser menor no grupo de IMC mais elevado quando comparado ao grupo de IMC adequado e baixo. Achado importante, uma vez que a obesidade é um problema de saúde pública e a manutenção do peso excessivo pós-parto está intimamente ligada ao peso adquirido durante a gestação (KAC, 2001).

Conclusão

    A amostra apresentou baixo consumo energético, porém adequado em termos de distribuição dos macronutrientes. Em relação aos micronutrientes analisados, a ingestão de cálcio correspondeu a aproximadamente metade do valor da AI, a ingestão de ferro correspondeu a menos da metade do valor da EAR e a ingestão de ácido fólico correspondeu a menos de 30% do valor da EAR, estando a ingestão deste nutriente muito inferior ao encontrado por outros estudos. Tais dados demonstram a possibilidade de inadequação da alimentação das gestantes estudadas.

    Em relação ao estado nutricional pré-gestacional, 42% da amostra apresentava-se com distrofia, sendo que 26% da amostra encontrava-se com excesso de peso. A amostra foi composta por mulheres jovens, média de idade de 25 anos. Tais dados demonstram um elevado percentual de inadequação nutricional da população jovem feminina do município.

    O ganho de peso insuficiente foi mais prevalente do que o ganho excessivo ou adequado, sendo o grupo das gestantes inicialmente classificadas como eutróficas que apresentou o maior percentual de gestantes com ganho de peso inferior ao recomendado.

    O menor percentual de ganho de peso excessivo em mulheres com excesso de peso no início da gestação, possivelmente é resultado do acompanhamento nutricional realizado pelo projeto de extensão, uma vez que as UBS do município não contam com o profissional nutricionista no seu quadro de pessoal.

    A visita domiciliar por ser um instrumento de apreensão da realidade local, permitiria um conhecimento mais profundo da comunidade, possibilitando assim a identificação dos fatores de riscos inerentes a gestação e a atuação mais efetiva do nutricionista sobre a realidade da comunidade.

Referências

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