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Estresse na equipe de enfermagem de
emergência. Uma revisão de literatura

El estrés en un equipo de enfermería de emergencia. Una revisión de la literatura

Stress in nursing team of emergency. A review of literature

 

*Enfermeira Especialista em Urgência e Emergência e Saúde da Família

Professora na graduação de enfermagem da Faculdade de Saúde Ibituruna, FASI

**Enfermeira Especialista em Saúde da Família e Acupuntura

Professora na graduação de enfermagem da Faculdade de Saúde Ibituruna, FASI

***Enfermeira, Instituição: Angioclínica Sociedade Médica LTDA. Montes Claros, MG

****Acadêmica de Enfermagem da Faculdade de Saúde Ibituruna, FASI

(Brasil)

Dina Luciana Batista Andrade*

dinalucianab@yahoo.com.br

Agna Soares da Silva Menezes**

aggna@hotmail.com.br

Claudia Moreira Gomes*

cllaugomes@yahoo.com.br

Maria Cecília Ferreira Santos***

cissamfs@yahoo.com.br

Débora Fagundes Brito****

brito.deba@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo: identificar através de estudo bibliográfico os elementos estressores para profissionais de enfermagem das unidades de urgência e emergência. Métodos: para tal foi efetuada revisão integrativa de literatura com trabalhos publicados entre os anos 2002 e 2011 na Biblioteca Virtual da Saúde. Resultados: foram encontrados nove artigos que tratam do tema Estresse na enfermagem, destes 77,8% são de abordagem quantitativa e 22,2% são de abordagem qualitativa. Quanto aos estressores ocupacionais, 89% destacaram estressores os relacionados ao processo e estrutura organizacional enquanto 44% destacaram a assistência de enfermagem. Conclusão: conclui-se que a enfermagem é potencialmente estressora. Assim, o estresse ocupacional constitui fator de risco à qualidade de vida desses profissionais nos serviços de emergência e está principalmente ligado a estrutura organizacional das instituições e ao processo de trabalho.

          Unitermos: Enfermagem em emergência. Estresse. Esgotamento profissional.

 

Abstract

          Objective: To identify through bibliographic elements stressors for nurses of urgent and emergency units. Methods: For this integrative review was conducted of literature published between 2002 and 2011 in the Virtual Library of Health. Results: We found nine articles dealing with the topic Stress in nursing, 77,8% of these are of a quantitative approach and 22,2% are of a qualitative approach. With regard to occupational stressors, 89% highlighted the stressors related to the process and organizational structure while 44% highlighted nursing care. Conclusion: we conclude that nursing is potentially stressful. Thus, occupational stress is a risk factor to the quality of life in the emergency services and is mainly linked to the organizational structure of institutions and the labor process.

          Keywords: Emergency nursing. Stress. Professional burnout.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A relação do homem com o trabalho constitui fator importante na apresentação de morbidades que podem estar associadas a este trabalho. Nessa perspectiva destaca-se o estresse ocupacional como fator marcante de desgaste mental e físico podendo interferir diretamente na qualidade de vida do trabalhador a na qualidade dos serviços prestados (SILVEIRA; STUMM; KIRCHNER, 2009; MENDES; BORGES; FERREIRA, 2002).

    O estresse ocupacional é difícil de conceituar e pode ser entendido de formas diferentes. Admitem-se três questões envolvidas na conceituação segundo distintas abordagens: (1) como estímulo, com o enfoque no impacto dos estressores; (2) como resposta, quando examina a tensão produzida pelos estressores; e (3) como processo, quando entendido a partir da interação entre pessoa e ambiente. Tendo por bases essas três dimensões do homem, do ambiente e do processo de trabalho a literatura discorre que o estresse advém de demandas do trabalho que excedem as habilidades do trabalhador para enfrentá-las (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001; SCHMIDT, 2009; FERNANDES; MEDEIROS; RIBEIRO, 2008).

    Na evolução do estudo do estresse, alguns termos foram sendo incorporados, entre eles o de estressor. Um estressor pode ser definido como qualquer situação que desperte uma emoção forte boa ou má, e que exija mudança (MENZANI, 2006, LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2005).

    O aprofundamento no estudo das conseqüências ao psíquico dos trabalhadores, geradas pelos estressores, resulta no surgimento do termo Burnout, designando aquilo que deixou de funcionar por exaustão energética, expresso por meio de um sentimento de fracasso causado por um excessivo desgaste de energia e recursos. A síndrome de Burnout instala-se quando situações de enfrentamento do estresse profissional prolongado e crônico não foram utilizadas, falharam ou não foram suficientes (MENZANI, 2006; MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

    Ao definir este síndrome Schmidt; Dantas (2006) relatam que ela caracteriza-se por três diferentes componentes: exaustão emocional, despersonalização e ausência de realização profissional e que acomete, geralmente, os profissionais que trabalham em contato direto com pessoas como os trabalhadores da saúde. Atualmente, o conceito de Burnout é considerado um dos desdobramentos mais importantes do estresse ocupacional.

    A literatura concorda que o trabalho do enfermeiro, por sua própria natureza e características, revela-se especialmente suscetível ao fenômeno do estresse ocupacional. Neste ínterim, destaca-se o hospital como importante fonte geradora de estresse, merecendo especial destaque as unidades de urgência e emergência. Estas são permeadas de situações que envolvem conflitos e tensões passíveis de gerarem estresse. É exigido dos enfermeiros conhecimento técnico, científico, habilidades e competências que devem se expressar em respostas rápidas. Uma equipe que atua em Emergência se depara com inúmeras situações, podendo estas ser desencandeadoras tanto de satisfação, quanto de frustração, sofrimento, impotência, dentre outros. Em diversos estudos, fatores como falta de autonomia, de reconhecimento, trabalho por turno, atividade gerencial, administração de pessoal e relacionamento interpessoal foram apontados como estressantes (SILVEIRA; STUMM; KIRCHNER, 2009; STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001; FERNANDES; MEDEIROS; RIBEIRO, 2008; MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

    Entretanto, fica claro que pesquisas que falam de estresse entre profissionais da urgência e emergência tornam-se relevantes uma vez que estes profissionais convivem intimamente com elementos estressores apresentando alta predisposição para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005). Apesar de muito se falar sobre o assunto ainda cabem discussões sobre quais estressores ocupacionais tem maior significância para o desenvolvimento de estresse ocupacional na enfermagem.

    Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo identificar quais elementos a literatura científica tem apontado como estressores para profissionais de enfermagem das unidades de urgência e emergência e que grau de importância tem sido dado a estes elementos como contribuintes no desenvolvimento do estresse ocupacional, buscando as implicações desse estresse para esses profissionais.

Métodos

    Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura acerca do estresse nos profissionais de enfermagem que atuam em unidades de Urgência e Emergência. O propósito geral de uma revisão integrativa é reunir conhecimentos sobre determinado assunto, ajudando nos alicerces da construção de um conhecimento significativo para a enfermagem (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

    Para proceder à busca dos artigos científicos baseou-se no seguinte questionamento: quais elementos a literatura científica tem apontado como estressores para profissionais de enfermagem das unidades de urgência e emergência?

    Foi desenvolvida a busca eletrônica, com base em material já elaborado, em fontes secundárias de livros e bancos de dados eletrônicos, a partir da base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A coleta de dados ocorreu no período 01 de outubro a 23 de novembro de 2011.

    As estratégias utilizadas para localizar os artigos foram definidas tendo como eixo norteador a pergunta e os critérios de inclusão da revisão integrativa, previamente estabelecidos para manter a coerência e evitar possíveis vieses. Os descritores utilizados foram: Enfermagem em Emergência, Estresse, Esgotamento Profissional. Foram encontrados 38 artigos relacionados ao tema, dos quais 09 foram selecionados para compor a amostra. Os critérios de inclusão foram: trabalhos disponíveis em língua portuguesa, publicados entre os anos de 2001 a 2010, oriundos de pesquisa original que descrevem estressores para a enfermagem em unidades críticas de emergência. Forma excluídos os artigos que não se adequavam ao tema proposto, que abordavam apenas os sinais e sintomas do estresse, os que não tratavam dos estressores e artigos de revisão de literatura.

    A análise dos dados foi realizada através da categorização dos dados o que proporcionou o conhecimento das características marcantes e sua importância em cada trabalho.

Resultados

    Na busca da compreensão de elementos relevantes procedeu-se a listagem dos artigos escolhidos elaborando quadros contendo informações a respeito desses artigos que proporcionaram encontrar evidências a serem trazidas para a discussão dos resultados conforme exposto abaixo.

Tabela 1. Apresentação dos artigos incluídos na revisão integrativa

    A análise detalhada dos referidos artigos possibilitou levantar dados referentes às características inerentes de cada trabalho no que diz respeito ao objetivo, método proposto, instrumento utilizado, sujeitos dos estudos e resultados alcançados. Tal levantamento foi de grande relevância para que se conseguisse identificar os estressores e ainda inferir os de maior destaque entre os estudos, ou seja, os que, na visão dos enfermeiros, mais interferem na sua vida laboral podendo predispô-los ao estresse ocupacional. Dessa forma, as tabelas que seguem apresentam as características dos artigos objeto desse estudo.

    Em relação ao tipo de pesquisa, Instrumento utilizado e sujeitos do estudo, foram encontradas as seguintes definições:

Tabela 2. Artigos segundo o tipo de pesquisa, instrumento utilizado e sujeitos dos estudos

    Entre os trabalhos pesquisados observa-se que sete (77,8%) utilizaram a pesquisa quantitativa como método, enquanto duas (22,2%) utilizaram a pesquisa qualitativa. Entre as sete pesquisas quantitativas, seis (85,7%) utilizaram questionário validado como instrumento de coleta de dados.

    Quanto aos objetivos e resultados alcançados nos trabalhos observa-se o seguinte:

Tabela 3. Objetivo e resultados alcançados nos artigos da amostra

    À leitura exaustiva dos artigos pôde-se perceber que os principais estressores do ambiente de trabalho do enfermeiro de urgência e emergência relacionavam-se ao Processo e Estrutura Organizacional e à Assistência de Enfermagem. A partir destes eixos temáticos foi possível construir as categorias para discussão dos resultados. A tabela abaixo revela a categoria, os estressores relacionados, os autores envolvidos e o percentual de frequência desses estressores entre os trabalhos analisados.

Tabela 4. Categorias, questões relacionadas, respectivas fontes e percentual de freqüência

Discussão

Processo e estrutura organizacional

    Pela análise da literatura pode-se inferir que a estrutura organizacional da instituição hospitalar tem responsabilidade no nível de stress dos enfermeiros que trabalham em unidades de urgência e emergência. As condições de trabalho dos enfermeiros nos hospitais há muitos anos têm sido consideradas inadequadas devido às especificidades do ambiente e das atividades insalubres executadas pelos profissionais (DALRI; ROBAZZI; SILVA, 2010; COSTA; MARZIALE, 2006).

    O hospital, fazendo parte do setor de serviços, sofre influências capitalistas, sendo o tempo de trabalho um aspecto de extrema relevância, principalmente quando se considera que o produto do trabalho em saúde é consumido conjuntamente com a sua produção. Deste modo, a organização do processo de trabalho em saúde, ao adotar o tempo linear e quatitativo na condução das atividades de saúde pode causar danos a integridade dos trabalhadores, o que pode ser caracterizado como uma forma de violência sobre o corpo dos trabalhadores e das pessoas assistidas no processo terapêutico (COSTA; MARZIALE, 2006).

    Destaca-se ainda que o cotidiano profissional nesta unidade aumenta, também, o nível de ansiedade e tensão provocados sobretudo pela sua elevada responsabilidade. Esse fato ocorre devido à influência das variáveis como: ambiente extremamente seco, refrigerado, fechado, iluminação artificial, ruído interno contínuo e intermitente, interrelacionamento constante com as mesmas pessoas da equipe durante o turno, bem como a exigência excessiva de segurança (SILVEIRA; STUMM; KIRCHNER, 2009; DALRI; ROBAZZI; SILVA, 2010; SALOMÉ; MARTINS; ESPÓSITO, 2009).

    A literatura também ressalta que esses profissionais, muitas vezes, passam por privação de sono em função de extensas e múltiplas jornadas de trabalho, trabalham sob pressão com um déficit de trabalhadores de enfermagem no serviço, com a insuficiência de recursos técnicos e materiais, a superlotação de doentes e, também, pela atuação de enfermeiros envolvidos em um fazer acelerado e rotinizado que prejudica a identificação e a definição das necessidades dos doentes, dos trabalhadores e do serviço, apontando para um efeito nocivo (DALRI; ROBAZZI; SILVA, 2010).

Assistência de enfermagem

    Menzani e Bianchi (2009) em estudos realizados com enfermeiros atuantes em unidades de emergência do município de São Paulo e que atendiam pacientes de alta complexidade mostraram que 82,5% dos enfermeiros ocupam cargos assistenciais, o que era de se esperar, visto que o Pronto Socorro trata-se de um local onde a assistência direta faz-se essencial. Verificou-se também que os enfermeiros consideram a qualidade da assistência de enfermagem como um processo que envolve ter conhecimento técnico-científico, bons materiais, equipamentos profissionais capacitados, rotinas de serviços definidos, possuírem parâmetros de avaliação, padrões de atendimento e profissionais com atitudes e comportamentos que visam à satisfação e necessidades dos clientes.

    Ao cuidar de pessoas que em muitas situações estão em risco iminente de morte, onde a assistência requer respostas rápidas e imediatas da equipe e qualquer erro pode implicar na morte do cliente, acaba por desencadear comportamentos inadequados à saúde do cuidador, por exemplo, posturas ergonomicamente inadequadas e tensão emocional (DALRI; ROBAZZI; SILVA, 2010; COSTA; MARZIALE, 2006; MENZANI; BIANCHI, 2009; MARTINO; MISKO, 2004).

    Martino e Misko (2006) em seu estudo em unidades críticas constataram que o enfermeiro sofre alterações emocionais no decorrer do plantão, devido ao desgaste e estresse próprios da atividade assistencial, sobretudo naquelas unidades onde há exigência de alto nível de habilidade e necessidade de respostas imediatas em situações emergenciais. A perda de um paciente deixa a equipe entristecida e com uma sensação de vazio e de impotência frente à morte. Os pesquisadores relatam que comunicar essa má notícia aos familiares é um fator que lhes causa desordem física e psíquica (BATISTA; BIANCHI, 2006; COSTA; MARZIALE, 2006; MARTINO; MISKO, 2004).

    Embora as atividades assistenciais sejam reveridas como as de maior satisfação para os profissonais de urgência, as condições estressantes geradas pela estrutura organizacional das instituições, a exigência de qualidade no atendimento prestado, a gravidade de alguns pacientes, a agressidade de outros devido principalmente à alcoolização tornam a assistência um desafio tenso e estressante (DALRI; ROBAZZI; SILVA, 2010; MENZANI; BIANCHI, 2009).

Conclusão

    Nesta revisão ficou provado o quanto o trabalhador da enfermagem de emergência tem sido exposto a estressores que podem interferir na sua saúde física, psicológica e na qualidade do trabalho prestado, trazendo prejuízos para o próprio trabalhador, para os clientes do serviço e para as insituições. Ficou evidente também que a instituições na sua forma de organiza-se e organizar o trabalho da equipe age predominantemente no aumento da disposição ao estresse ocupacional. Este trabalho abre precedentes para mais estudos sobre assuntos como as alterações biopsicossociais que os estressores ocupacionais podem inferir na qualidade de vida destes enfermeiros para que se criem estratégias de enfrentamento do cotidiano laboral que possam levar à prevenção contra doenças relacionadas ao trabalho

    Diante do exposto, fazem-se necessário rever tais situações e desenvolver mecanismos que reestruturem a prática da enfermagem com vistas a melhores condições de trabalho e diminuição dos efeitos deletérios à saúde desses profissionais.

Referências

Outros artigos em Portugués

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