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Desmistificando a ação do potássio no 

processo de formação das cãibras musculares

Desmitificando la acción del potasio en el proceso de la formación de los calambres musculares

 

*Graduado em Educação Física pela Universidade do Estado

do Pará (Campus VII), Conceição do Araguaia, PA

**Graduando em Licenciatura Plena em Ciências Naturais

pela Universidade Federal do Pará, Cametá, PA
(Brasil)

Francisco Flávio Sales Galdino*

fsales18@hotmail.com

Fabiano Sales Galdino**

fabianosales09@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          É comum vermos em vários âmbitos da atividade física, clubes de futebol, academias, aulas de natação, atletas sofrendo com cãibras musculares. A pesquisa parte da inquietação obtida nesses espaços, pois sempre que esse fato ocorria geralmente o técnico, o professor, os próprios colegas do curso de Educação Física, relacionavam, erroneamente, a formação das cãibras musculares á falta de potássio no organismo. Assim, o objetivo desta pesquisa é desmistificar a ação do potássio no processo de formação das cãibras musculares. Para tal, utilizamos obras de autores como Guyton e Hall (1997); Mcardle et al (1998); Horswill (1996) e outros artigos encontrados em meio eletrônico que também tratam sobre o assunto. Ao final, percebe-se que o potássio não é o fator causador das cãibras musculares, uma vez que várias pesquisas demonstram que após o exercício físico as quantidades de potássio perdidas pelo suor são relativamente pequenas.

          Unitermos: Cãibra muscular. Potássio. Exercício físico.

 

Abstract

          We often see in various areas of physical activity, football clubs, gyms, swimming lessons, athletes suffering from muscle cramps. The research part of restlessness obtained in these spaces, because whenever that actually occurs usually the coach, the teacher's own colleagues at the Physical Education course, related, erroneously, the formation of muscle cramps to lack of potassium in the body. The objective of this research is to demystify the action of potassium in the formation process of muscle cramps. Therefore, we used the works of authors such as Guyton and Hall (1997); Mcardle et al (1998); Horswill (1996), and other items found in the electronic media that also deal on the subject. At the end, one realizes that potassium is not the causative factor of muscle cramps, since several studies have shown that after exercise the quantities of potassium lost in sweat are relatively small.

          Keywords: Crick. Potassium. Exercise.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O presente trabalho surge de uma inquietação obtida a partir da vivência de alguns espaços, como escolinhas de Futebol, aulas de Educação Física, e aulas de Natação. Sempre quando algum aluno sentia câimbra muscular, o técnico, o professor, e os próprios colegas do curso de Educação Física, atribuíam o aparecimento desse processo á falta de potássio no músculo. Muitos deles indicavam até banana, por ser um alimento rico em potássio, como meio de reduzir essa incidência.

    Mas, será mesmo que o potássio tem relação com o aparecimento de cãibra muscular? Esse questionamento é o que motivou a realização desta pesquisa. Desse modo, o objetivo do estudo é analisar a relação do potássio com a formação da câimbra muscular. Para tal, utilizamos obras de autores como Guyton e Hall (1997); Mcardle et al (1998); Horswill (1996), entre outros que também abordam sobre o tema.

    A câimbra muscular é sem duvida um fator que interfere no desempenho esportivo de qualquer atleta, ou mesmo de um praticante de atividade física. No futebol, é comum vermos atletas no campo sofrendo com esse mal, isso representa um grande problema não só para ele, mais para o time inteiro, pois dificilmente um atleta que sofre com câimbra muscular durante a partida consegue voltar, comprometendo assim a qualidade da equipe, e conseqüentemente a vitória.

    Já alguns anos cientistas, médicos, fisiologistas, vem tentando estabelecer uma causa para o aparecimento da câimbra muscular, porém, sua origem ainda hoje é desconhecida. Apesar disso, existem algumas teorias na literatura que visam justificar seu o aparecimento, a teoria eletrolítica e da hidratação, a teoria do meio ambiente, e a teoria metabólica.

    Apesar da existência dessas teorias, o que comumente presenciamos em vários ambientes é a difusão da idéia de que o potássio é o principal desencadeador das câimbras musculares. Assim, iremos abordar de forma resumida cada teoria presente na literatura, e detalhar especificamente a relação do potássio com a formação desse processo.

2.     Definindo cãibra muscular

    A câimbra muscular é um mal freqüente na vida de qualquer desportista, no futebol, na natação, no tênis, em maratonas, atletas das diversas modalidades esportivas certamente já sofreram alguma vez na vida com esse problema.

    Os primeiros relatos de cãibras musculares foram detectados á quase 100 anos atrás em bombeiros e funcionários de um navio que trabalhavam em condições de alta temperatura, e que freqüentemente presenciavam esse processo (FRANÇA, 2010). Miller & Layzer (2005 apud GENTIL, 2011) afirmam que “as câimbras são contrações musculares involuntárias intensas, caracterizada pela ativação de uma grande quantidade de unidades motoras com uma alta freqüência de disparos”. Para Duque (1994), as câimbras musculares são caracterizadas como uma contração involuntária bastante dolorosa que provocam o endurecimento muscular, afetando parte ou totalmente o músculo.

    Outra definição para cãibra muscular é apresentada por Zaidan (2012), conceituando-a como “[...] uma dor súbita, intensa, associada a uma contração muscular involuntária, palpável e persistente [...]”. Ainda segundo Zaidan (2012), as contrações musculares provocadas pelas cãibras musculares são 20 vezes mais potentes do que as contrações voluntarias, e aparecem em provas como as de maratona quando o atleta percorre cerca de 30 km, e em alguns casos, até 6 horas após o término do exercício.

    As cãibras musculares podem atingir qualquer músculo do corpo humano, porém são mais freqüentes na panturrilha, nos músculos da coxa, e no abdômen (HERDY, 2010). Seu aparecimento pode também originar outros tipos de lesões, como distensões, tendinites, e rupturas de ligamentos (GALI apud SILVA, 2009).

2.1.     Causas

    Já alguns anos médicos e demais profissionais do âmbito da saúde, vêm tentando estabelecer uma causa concreta para os mecanismos que originam a cãibra muscular, no entanto, sua real causa ainda é desconhecida. Segundo Herdy (2010), as causas das cãibras estão intimamente ligadas ao processo de hiperexcitação do músculo. Essa hiperexcitação é decorrente de fatores como, atividade física extenuante, alterações eletrolíticas, desidratação, etc.

    Na literatura especifica existem três teorias que apontam as possíveis causas para as câimbras musculares, a teoria eletrolítica e da desidratação, a teoria do meio ambiente, e a teoria dos resíduos metabólicos.

  • Teoria eletrolítica e da desidratação: Segundo Guyton e Hall (1997) essa teoria pressupõe que durante o exercício físico, devido há perda de grandes quantidades de suor (sudorese), componentes como a água, o sódio, e o cálcio, sofrem consideráveis alterações em seus níveis no organismo, esse fato provoca certo desequilíbrio no processo de transmissão dos potencias de ação que originam a contração muscular, gerando assim as cãibras.

  • Teoria do meio ambiente: De acordo com Guyton e Hall (1997) as câimbras induzidas pelo meio ambiente são sustentada pela idéia de que a temperatura externa ao corpo interfere nos mecanismos de contração muscular. A realização de atividades em temperaturas muito quentes, entre 39 e 40 graus, as reações químicas realizadas no organismo ocorrem de forma intensa, essa velocidade no desenvolvimento das reações seriam tão grandes que provocariam contrações musculares de forma involuntárias, ou seja, espasmos, cãibras musculares (GUYTON & HALL, 1997). Da mesma forma que atividades em ambientes relativamente frios segundo Guyton e Hall (1997), os vasos entrariam em contrição, e o volume de sangue para os músculos teriam sua ação comprometida, desencadeando assim as cãibras musculares.

  • Teoria metabólica: Durante atividades muito intensas a demanda de energia torna-se cada vez mais importante no processo de contração muscular, em atividades dessa natureza o corpo utiliza como meio de formação de energia a via anaeróbica lática, que se caracteriza pela quebra imperfeita da glicose, e que gera resíduos metabólicos como o lactato (MCARDLE, 1998). Esse resíduo quando acumulado na fibra muscular ocasiona um processo chamado acidez metabólica, essa acidez provocada pelo lactato seria o principal responsável pela cãibra muscular segundo essa teoria, uma vez que sua presença inibiria a ação das proteínas contrateis do músculo (MCARDLE, 1998).

3.     A relação do potássio

    Apesar de existirem algumas teorias que defendem a origem da cãibra muscular, muitas pessoas relacionam a incidência desse mal á falta de potássio no organismo. Segundo Horswill (1996), por muito anos jogadores atribuíam á falta de potássio e de outros minerais como o magnésio e o cálcio no organismo como causadores das cãibras musculares. Porém, algumas pesquisas demonstram que as cãibras musculares não possuem muita relação com a diminuição de potássio.

    Horswill (1996) cita um estudo em que foi verificado que as quantidades de potássio perdidas pelos atletas após o exercício físico são muito baixas, se comparadas com as quantidades de sódio, pois os músculos possuem um mecanismo de acumulo desse mineral, assim, sua perda pela sudorese (suor) torna-se pequena. Segundo Pinheiro (2008) os baixos níveis sanguíneos de potássio podem até causar contrações involuntárias, mas os problemas relacionados á essa falta são fraqueza e paralisia muscular, e não cãibras musculares.

    Assim, a teoria que defende a banana, por ser um alimento rico em potássio, acaba ou evita as cãibras musculares não passa de um mito, uma vez que a diminuição de potássio no corpo não possui relação com o aparecimento de cãibras musculares (SANTOS, 2011).

4.     O fator sódio

    Dentre os minerais presentes no organismo, pesquisas demonstram que a falta de sódio talvez seja o principal responsável pelo surgimento das cãibras musculares. Segundo Santos (2011), as quantidades de sódio após o exercício físico tendem á diminuir significativamente, fazendo dele o mineral mais importante á ser reposto para que não ocorram cãibras musculares. Para Bergeron (2001), os atletas eliminam pelo suor quantidades muito elevadas de sódio, mais de que qualquer outro mineral. Horswill (1996) também apresenta uma proposição interessante para defender a teoria do sódio como agente desencadeador das cãibras musculares:

    [...] grandes perdas de sódio e líquidos costumam ser fatores essenciais que predispõem atletas a cãibras musculares. O sódio é um mineral importante na iniciação dos sinais dos nervos e ações que levam ao movimento nos músculos. Por isso, um déficit desse elemento e de líquidos pode tornar os músculos sensíveis. Sob tais condições, uma leve tensão e um movimento subseqüente podem fazer o músculo se contrair e se contorcer incontrolavelmente (HORSWILL, 1996 p. 1).

    Esse fato desmistifica ação do potássio na formação das cãibras musculares, pois as pesquisas demonstram que sua falta no organismo não está relacionada com o inicio desse problema. A maioria das pesquisas presentes na literatura aponta a diminuição de sódio no organismo como principal formador das cãibras musculares.

5.     Considerações finais

    Apesar das reais causas das cãibras musculares ainda serem um mistério para ciência, é consenso entre os autores que a falta de potássio não leva á formação desse processo. Portanto, esta pesquisa contribui para desmistificar a ação do potássio no processo de formação das cãibras musculares, e espera que os profissionais da área da atividade física que trabalham em clubes esportivos, em academias, em piscinas, e outros ambientes, se utilizem das idéias aqui apresentadas com intuito de romper com esse mito que já perdura por alguns anos, e que deve ser superado, difundindo assim o verdadeiro conhecimento acerca do tema.

Referências bibliográficas

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