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Características dos óbitos em idosos
em Montes Claros, Minas Gerais, Brasil

Características de las muertes en personas mayores en Montes Claros, Minas Gerais, Brasil

 

*Acadêmicos do curso de Enfermagem, das Faculdades Santo Agostinho

de Montes Claros, Minas Gerais. Membros do Grupo de Pesquisa em Enfermagem, FASA

das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros

**Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde. Doutoranda em Ciências da Saúde

pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Líder do Grupo de Pesquisa

em Enfermagem, FASA das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros

(Brasil)

Odilon Fernandes dos Santos*

dilonvzp@hotmail.com

Mirelli Mello Pinho*

mirellemelopinho@yahoo.com

Ludmila Mourão Xavier Gomes**

ludyxavier@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetivou analisar o perfil epidemiológico dos óbitos em idosos com 60 anos ou mais no município de Montes Claros, Minas Gerais. Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e retrospectivo realizado com dados secundários do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Obtiveram-se informações relativas às mortes de idosos residentes em Montes Claros no ano de 2009. Foram registrados 1016 óbitos na faixa etária acima dos 60 anos. Os óbitos foram mais freqüentes em homens (51,9%) quando comparado às mulheres (48,1%). A faixa etária de 80 anos ou mais foi a que apresentou maior freqüência de óbitos (39,1%). Observou-se que 40,7% dos idosos eram casados. As principais causas de morte dos idosos foram: doenças do aparelho circulatório (28,5%), neoplasias (tumores) (18,3%), sintomas sinais e achados anormais em exames clínicos e laboratoriais (17,1%). Acredita- se que a implantação de políticas e programas garanta o alcance do envelhecimento saudável, com autonomia e qualidade.

          Unitermos: Idoso. Sistemas de informação. Mortalidade.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A expectativa de vida da população do Brasil aumentou e deve situá-lo entre as nações com maior número de idosos no século XXI (MATHIAS et al., 2010). O censo de 2000 mostrou que a população de 60 anos ou mais de idade era de 14.536.029 de pessoas, em 1991 correspondiam a 10.722.705 idosos. No inicio da década a população idosa representava 7,3%, no ano 2000 essa proporção era de 8,6%, evidenciando um maior envelhecimento da população brasileira, sendo um sinal positivo de desenvolvimento do país (BRASIL, 2002).

    Dados do censo demográfico de 2010 retratam que os idosos representam 11% da população, e com tendência ao aumento deste número. Em Minas Gerais correspondem a 11,9%, na capital mineira, Belo Horizonte, a 12,7% e em Montes Claros os idosos são 8,8% dos habitantes (BRASIL, 2010).

    Entre os anos de 2002 e 2030 ocorrerão mais óbitos por doenças não transmissíveis em grupos etários mais avançados do que em grupos etários mais jovens (MATHERS e LONCAR, 2006). Neste sentido destaca-se que o perfil de morbimortalidade em idosos deve ser conhecido para a prevenção e promoção à saúde.

    O presente estudo teve por objetivo analisar o perfil epidemiológico dos óbitos em idosos com 60 anos ou mais no município de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil no ano de 2009.

Metodologia

    Estudo descritivo, quantitativo e retrospectivo realizado com dados secundários do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Conforme estabelece a Política Nacional do Idoso para a definição da população idosa, optou-se por estudar a faixa etária de 60 anos ou mais, idade limite ou inicial do envelhecimento (BRASIL, 2010).

    Obtiveram-se informações relativas às mortes de idosos residentes em Montes Claros no ano de 2009 por meio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A análise dos dados foi feita mediante a estatística descritiva.

    As variáveis utilizadas foram sexo, idade, raça/cor, escolaridade e estado civil. As causas básicas de óbitos foram agrupadas segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - Décima Revisão (CID-10).

Resultados

    Foram registrados 1016 óbitos na faixa etária acima dos 60 anos. Os óbitos foram mais frequentes em homens (51,9%) quando comparado às mulheres (48,1%).

Tabela 1. Perfil dos idosos que morreram em 2009 no município de Montes Claros, Minas Gerais

    O perfil dos idosos que morreram no município de Montes Claros, em 2009 aponta para a seguinte faixa etária: o grupo de 60 a 69 anos representa 27% dos óbitos, 70 a 79 anos, 33,9% e no grupo de 80 anos ou mais faleceram 39,1% dos idosos.

    Em relação à cor/raça ocorreu maior número de óbitos em indivíduos pardos (60,3%), a soma daqueles que se auto declararam de cor branca, preta, amarela ou indígena juntos são 8,9% e o restante 30,8% por não ter sido declarado ou preenchido foram ignorados.

    Verificou-se que 40,7% dos idosos eram casados, 35,3% viúvos, 17,2% solteiros e 2,9% separados judicialmente. Observou-se que 3,9% não constavam seu estado civil sendo encaixados na variável ignorada.

    Referente à tabela 1, verifica-se que 7,9% (80) dos idosos possuíam baixa escolaridade e 7,4% (75) eram analfabetos. Destaca-se que o campo escolaridade ignorada correspondeu a 796 idosos.

Tabela 2. Principais causas de morte dos idosos em 2009, Montes Claros, Minas Gerais

    A primeira causa básica de morte foram as doenças do aparelho circulatório com 28,5%, seguido das neoplasias (tumores) representando 18,3% e em terceiro lugar aparece os sintomas sinais e achados anormais em exames clínicos e laboratoriais 17,1%. As outras doenças juntas somam 36,1% dos casos de óbitos.

Tabela 3. As duas principais causas de morte segundo o CID–BR–10, em Montes Claros, Minas Gerais

IX - Doenças do aparelho circulatório

N (%) *

.066 Febre reumática aguda e doença reumática crônica do coração

1 (0,3%)

.067 Doenças hipertensivas

18 (6,2%)

.068 Doenças isquêmicas do coração

28 (9,7%)

.068.1 Infarto agudo do miocárdio

29 (10%)

.069 Outras doenças cardíacas

80 (27,6%)

.070 Doenças cerebrovasculares

113 (39%)

.071 Aterosclerose

3 (1%)

.072 Restante das doenças do aparelho circulatório

18 (6,2%)

Total

290 (100%)

II – Neoplasias (tumores)

N (%) *

.032 Neoplasia maligna do lábio, cavidade oral e faringe

6 (3,2%)

.033 Neoplasia maligna do esôfago

15 (8,1%)

.034 Neoplasia maligna do estômago

13 (7%)

.035 Neoplasia maligna do cólon, reto e ânus

19 (10,2%)

.036 Neoplasia maligna do fígado e vias biliares intra-hepáticas

10 (5,4%)

.037 Neoplasia maligna do pâncreas

8 (4,3%)

.038 Neoplasia maligna da laringe

2 (1,1%)

.039 Neoplasia maligna da traqueia, brônquios e pulmões

19 (10,2%)

.040 Neoplasia maligna da pele

3 (1,6%)

.041 Neoplasia maligna da mama

10 (5,4%)

.042 Neoplasia maligna do colo do útero

2 (1,1%)

.043 Neoplasia maligna do corpo e partes n /esp útero

3 (1,6%)

.044 Neoplasia maligna do ovário

1 (0,5%)

.045 Neoplasia maligna da próstata

17 (9,1%)

.046 Neoplasia maligna da bexiga

3 (1,6%)

.047 Neoplasia maligna menig, encéfalo e outras partes SNC

6 (3,2%)

.048 Linfoma não-Hodgkin

5 (2,7%)

.049 Mieloma mult e neoplasia maligna de plasmócito

4 (2,2%)

.050 Leucemia

3 (1,6%)

.051 Neoplasia in situ, benigna, comportamento incerto

3 (1,6%)

.052 Restante de neoplasias malignas

34 (18,3%)

Total

186 (100%)

*Valores de porcentagens arredondados.

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil. Sistema de Informática sobre Mortalidade SIM/DATASUS.

    Dentre as doenças do aparelho circulatório destacam-se em primeiro lugar as doenças cerebrovasculares 113(39%), em segundo lugar outras doenças cardíacas 80(27,6%), em terceiro lugar o infarto agudo do miocárdio 29(10%) e a soma das demais doenças totalizando 68(23,4%).

    A segunda maior causa de óbitos nos idosos do município foram as neoplasias (tumores). Segundo a tabela 3 as neoplasias malignas do cólon, reto e ânus representam 10,2% (19) das causas de óbitos, as neoplasias malignas da traqueia, brônquios e pulmões empatam em primeiro lugar com a mesma frequência de 10,2% (19), em segundo lugar a neoplasia maligna da próstata 9,1% (17), como terceira causa destaca-se a neoplasia maligna do esôfago 8,1% (15) e as demais neoplasias juntas somam 62,4% (116).

Discussão

    Ao analisar o perfil epidemiológico dos óbitos em idosos no município de Montes Claros, Minas Gerais, observou-se que os óbitos são mais comuns em homens idosos de baixa escolaridade. A principal causa de morte foram as doenças do aparelho circulatório, seguida pelas neoplasias (tumores).

    Segundo Maia et al. (2006) conforme o avanço da idade as taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares aumentam, sendo que em estudo realizado no município de Montes Claros quase metade dos óbitos (47,4%) foram por doenças cardiovasculares. Em ambos os sexos nos anos de 1996 e 2005 as doenças do aparelho circulatório representavam a primeira causa básica de óbitos no município de Montes Claros (OLIVEIRA-CAMPOS et al., 2011).

    No ano de 2009 as doenças do coração ainda lideram as causas de óbito. As neoplasias (tumores) constituíram a segunda causa de mortes. Em estudo realizado no mesmo município foi encontrado frequência de óbitos por neoplasias de 14,13% em 1996 e de 15,69% em 2005 (OLIVEIRA-CAMPOS et al., 2011).

    No Brasil a partir dos anos de 1960 as doenças infecciosas e parasitarias deixaram de ser a primeira causa de morte, sendo substituídas pelas doenças do aparelho circulatório e as neoplasias malignas. Ocorreu uma transição epidemiológica neste período, evidenciado pelo aumento da incidência e mortalidade por doenças crônico-degenerativas, visto que houve um envelhecimento da população resultante do intenso processo de urbanização e ações de promoção e recuperação da saúde (BRASIL, 2011).

    O Instituto Nacional do Câncer (INCA), desde 1995, realiza e publica as estimativas de casos novos de câncer para o Brasil, estas informações adquiriram periodicidade bienal a partir do ano 2005. As estimativas do Instituto Nacional do Câncer para os biênios 2008-2009; 2010-2011; 2012-2013 apontam 466.730; 489.270; 518.510 casos novos de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma em todo o Brasil (BRASIL, 2007; BRASIL, 2009; BRASIL, 2011).

    O câncer de cólon e reto configura-se como a terceira causa mais comum de câncer no mundo. O INCA estimou para o ano de 2010 no Brasil, 13310 casos em homens e 14800 em mulheres, correspondendo a 14 casos novos a cada 100 mil homens e 15 para cada 100 mil mulheres. O mais importante fator de risco para o desenvolvimento dessa neoplasia é a predisposição genética a doenças crônicas do intestino e histórico familiar anterior (BRASIL, 2009).

    Para o ano de 2012 o INCA estima que seja 27320 casos novos de câncer de pulmão no Brasil. Têm-se associado a ocorrência dessa neoplasia com a exposição ao tabagismo, os tabagistas em comparação aos não fumantes tem cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão (BRASIL, 2011).

    O câncer de próstata tem constituído uma preocupação de saúde muito importante quando considerado o aumento da expectativa de vida da população brasileira. A idade, a raça e a história familiar da doença configuram-se como os principais fatores de risco para o desenvolvimento desta neoplasia. No mundo o caso de câncer da próstata diagnosticado tem acometido 62% dos homens com 65 anos ou mais de idade (BRASIL, 2011).

    A utilização de dados secundários do SIM possui limitações, pois ainda existem problemas de subnotificação e subrregistro de óbitos. Entretanto isso expressa a necessidade de intensificar a utilização e publicação dessas estatísticas para que seja um instrumento de melhoria da qualidade dos dados sobre causas de morte no município. Assim como um meio de promoção de políticas de prevenção a doenças e óbitos e melhor expectativa de vida da população idosa do município.

Considerações finais

    Este estudo possibilitou descrever as características dos óbitos em idosos residentes em Montes Claros. Evidenciou-se que os óbitos são mais frequentes na população masculina de idosos e ocorrem principalmente por doenças do aparelho circulatório, seguido de neoplasias. Verificou- se que idosos com baixa escolaridade e menor renda apresentam mais mortes por doenças cardiovasculares.

    Apesar de políticas públicas voltadas para os idosos, as doenças do aparelho circulatório ainda apresentam-se elevadas, portanto destaca-se que são necessárias ações de prevenção e promoção à saúde desde idades mais jovens para a redução da morbimortalidade por doenças cardiovasculares e aumento da expectativa de vida no país.

    Neste sentido sugere-se a aplicação de práticas alternativas na atenção primária assim como a formação de grupos de idosos para o desenvolvimento de atividades físicas, palestras, acompanhamento nutricional e de saúde. Ressalta-se ser necessária a criação de grupos entre os adultos e jovens para a conscientização da mudança de hábitos, com vistas a uma maior expectativa de vida e com qualidade de vida.

    É importante ressaltar as vantagens de estudos voltados para a saúde do idoso. Acredita- se que a implantação de políticas e programas garanta o alcance do envelhecimento saudável, com autonomia e qualidade. Torna- se necessário o conhecimento do perfil epidemiológico da população idosa, a realidade social e o incentivo à produção de pesquisas científicas voltadas a essas temáticas.

Referências

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