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Os fatores de inclusão do deficiente visual
nas aulas de Educação Física

Los factores de inclusión del discapacitado visual en las clases de Educación Física

 

*Graduando em Licenciatura em Educação Física

Universidade Vale do Acaraú - UVA/AP – Macapá - Amapá

**Especialista em Educação física escolar

Instituto Brasileiro de Pesquisa e Extensão – IBPEX – Macapá - Amapá

***Especialista em Educação Física Escolar

Tutora da Universidade Aberta do Brasil UAB – Macapá - Amapá

****Mestre em Educação Física

Universidade Federal de Pelotas – UFPEL - Pelotas – Rio Grande do Sul

*****Graduado em Educação Física – Universidade Federal do Piauí – UFPI

Especialista em Educação à Distancia – SENAC – Piauí

Marco Aurélio da Silva Gomes*

Wirliane da Silva de Melo**

Marceli Pureza de Melo***

Francisco Marlon da Silva Gomes****

Aldir de Azevedo Dantas*****

marlonmacapa@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A pesquisa realizada aborda os fatores de inclusão do deficiente visual nas aulas de Educação Física, refere-se a alunos cegos ou baixa visão, uma situação que nos possibilita lutarmos contra alguns preconceitos, deficientes visuais e não deficiente nas atividades de Educação Física Escolar, na sociedade e entre outros. O objetivo desta pesquisa foi identificar os fatores principais da inclusão nas aulas de Educação Física. O estudo se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica e qualitativa O estudo também identificou que as leis, estudiosos e principalmente a família tem contribuído para sanar com as dificuldades encontradas pelos professores que atuam no processo de inclusão. A falta de materiais adaptados, estruturas adaptadas e esforço coletivo, são outros fatores que contribuem para o processo inverso da inclusão. Mas dispostos a mudar essa situação, teremos nós professores colaborar para que todos os alunos deficientes visuais sejam inclusos e participem do processo de ensino aprendizagem nas aulas de Educação Física.

          Unitermos: Inclusão escolar. Deficiência Visual. Educação Física Escolar.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A escola inclusiva tem como princípio que todas as crianças aprendam juntas, independente de qualquer dificuldade ou diferenças que possam ter. Ela deve assumir e responder às necessidades individuais de seus alunos, assegurando uma qualidade de educação para todos.

    Portanto, este trabalho surgiu na curiosidade do tema, em se discutir e verificar os fatores de inclusão na escola com atendimento de alunos com necessidades especiais.

    O tema pesquisado tem elevada importância para a sociedade, uma vez que se trata de seres humanos, chamados “diferentes” por pessoas que não possuem conhecimento ou contato com eles, e sua relação com a sociedade comum.

    Um dos grandes desafios enfrentados pelos professores de Educação Física em sua prática docente refere-se à adoção de uma postura adequada para o trabalho com alunos com algum tipo de deficiência. Apesar de muitas vezes, de acordo com o vigente em legislação, as turmas serem compostas por aulas diferenciadas para deficientes e não deficientes, muitos docentes optam por não uni-los durante as atividades e, por vezes, diferenciam as atividades de acordo com a deficiência.

    O tema a ser abordado refere-se a alunos cegos ou baixa visão, uma situação que nos possibilita lutarmos contra alguns preconceitos, deficientes visuais e não deficiente nas atividades de Educação Física Escolar, na sociedade e entre outros.

    Neste presente trabalho, temos como objetivo identificar o processo de inclusão do aluno com deficiência visual, nas aulas de educação física, no intuito de que a aula possa incluir esse aluno para as realizações de suas atividades e fazendo com que essas atividades sejam prazerosas e tragam uma autoconfiança para eles no convívio social.

    A inclusão do aluno deficiente visual na escola tem como finalidade a interação do deficiente aos “não deficientes”, não só no meio escolar, mas perante a sociedade onde há ainda um grande preconceito para com os deficientes.

    Sabemos que encontraremos muitas dificuldades para implantarmos atividades voltadas para a cultura corporal do movimento para deficientes visuais, pois a falta de informação existe, até mesmo por alguns pais não terem conhecimento.

    Desta maneira, quais as atividades que podem ser consideradas como meio mais eficaz para promover esta formação integral dos alunos que a educação física escolar tanto prioriza. Normalmente são realizadas em grupos, aos quais obedecem ao princípio da cooperação entre seus componentes, estimulando assim a criança e o adolescente em sua apreciação do comportamento social, domínio de si mesmo, autocontrole e respeito ao próximo.

    É importante mostrar que a inclusão é algo que pode acontecer verdadeiramente, basta pensarmos nas necessidades especiais como qualquer cidadão, com suas dificuldades sim, mas também com suas capacidades e potencialidades, que eles têm direito a educação e viver na sociedade, frequentando escolas como qualquer outra criança, como já está declarada na LDB 9394/96.

    Por fim, o que falta é o interesse por parte desses professores, logo que os órgãos governamentais já oferecem cursos de especializações para os docentes, de maneira que eles venham ser capacitados para desenvolver um trabalho inclusivo.

    O trabalho caracteriza-se de uma pesquisa bibliográfica

Deficiência Visual

    Tratar do assunto deficiência não é algo tão simples, uma limitação seja ela qual for pode acarretar diversos fatores que podem prejudicar o desenvolvimento de qualquer ser humano.

    É importante dizer que não é qualquer problema visual que podemos considerar como sendo uma deficiência. Existem pessoas que apresentam limitação na visão que são corrigidas com uso de lentes de contato ou óculos possibilitando assim que a pessoa tenha uma vida normal. A partir disso, pode se dizer que a deficiência está relacionada a perda ou limitação de capacidades que podem ser motoras, visuais, auditivas e cognitivas, podendo ser congênitas ou adquiridas no decorrer da vida.

    Ao falarmos em pessoas cegas ou com baixa visão, logo nos vem a imagem de uma pessoa triste, sozinha, dependente de outra pessoa para conseguir se relacionar com objetos e pessoas que fazem parte do meio onde vive.

    Segundo Hoffmann (2002), cita que:

    Na legislação brasileira considera-se como deficiente visual o individuo que apresenta acuidade visual menor que 20/200, isto é, após haver a correção da visão de melhor olho, a pessoa é capaz de ver a menos de 20 metros o que um vidente pode enxergar a 200 metros.

    No entanto, a deficiência visual é compreendida pela acuidade visual, que também é legalmente caracterizado pelo potencial que a pessoa tem para identificar objetos a certa distância. Mesmo com a existência de um problema qualquer que venha a resultar na perca da visão por completo em um dos olhos, essa pessoa não é considerada como deficiente visual, para que isso ocorra à limitação deve atingir ambos os olhos.

    A deficiência visual inclui dois grupos de condição visual: cegueira e visão subnormal. Para fins educacionais e de reabilitação são utilizados os seguintes conceitos da Fundação Dorina Nowill para cegos-FDNC (2000):

    Cegueira: ausência total de visão até a perda da capacidade de indicar projeção de luz. Visão subnormal: condição de visão que vai desde a capacidade de indicar projeção de luz até a redução da acuidade visual ao grau que exige atendimento especializado.

    O que podemos dizer que a baixa visão é a incapacidade de enxergar com clareza suficiente para contar os dedos da mão a uma distância de 3 metros e a cegueira pode acontecer com indivíduos que nascem ou adquirem com o tempo, de acordo com as causas.

    Ainda segundo essa Fundação, a deficiência visual seja ela total ou visão subnormal pode afetar a pessoa em qualquer idade. Bebês podem nascer sem visão e outras pessoas podem tornar-se deficientes visuais, em qualquer fase da vida, desde os primeiros dias de vida até a idade avançada.

    No que diz respeito às classificações, a legal permite à pessoa o direito aos atendimentos previstos pela lei, e obtenção dos recursos junto à previdência social, estabelecendo o exercício da cidadania, variando de acordo com a Constituição de cada país.

    Na classificação Médica segundo o texto da American College of Sports Medicine – ACSM (1997), citado por Fugita (2002) a cegueira pode ser definida como:

    Cegueira por acuidade: significa possuir visão de 20/200 pés ou inferior, com a melhor correção (uso de óculos). É a habilidade de ver em 20 pés ou 6, 096 metros, o que o olho normal vê em 200 pés ou 60,96 metros (ou seja, 1/10 ou menos que a visão normal), onde 1pé = 30,48 cm. Cegueira por campo visual: significa ter um campo visual menor do que 10° de visão central – ter uma visão de túnel. Cegueira total ou não percepção de luz: é a ausência de percepção visual ou a inabilidade de reconhecer uma luz intensa exposta diretamente no olho.

    A cegueira absoluta é quando o indivíduo é incapaz de detectar algo, a cegueira parcial é quando o indivíduo distingue luz, sombras e contornos.

    Para Kirk; Gallagher (1991) a classificação educacional é baseada em um padrão de eficiência visual, que é de certo modo abstrato, sendo utilizada cada vez mais, uma definição funcional que enfatiza os efeitos da limitação visual sobre a habilidade crítica da leitura.

    O instrumento padrão usual é a Escala de Snellen, que consistem em fileiras de letras de tamanhos decrescentes que devem ser lidas a uma distância de 20 pés. Os escores são baseados na exatidão com que a pessoa com deficiência visual foi capaz de identificar as fileiras de letras utilizando um olho de cada vez.

    De acordo com a International Blind Sport Association – IBSA (2005), citado no site da Associação Brasileira de Desporto para Cegos – ABDC, na classificação esportiva utilizada nas competições está especificada da seguinte forma:

    B1: Ausência total da percepção da luz em ambos os olhos, ou alguma percepção da luz, mas com incapacidade para reconhecer a forma de uma mão em qualquer distância ou sentido. B2: Da habilidade de reconhecer a forma de uma mão até uma acuidade visual de 2/60 metros e/ou um campo visual inferior a 5º de amplitude. B3: Desde uma acuidade visual superior a 2/60 metros até 6/60 metros e/ou um campo visual de mais de 5º e menos de 20º de amplitude.

    A letra B refere-se ao termo blind, que significa cego. Todas as classificações devem ser feitas medindo o melhor olho e a correção mais elevada possível. Isto significa que todos os atletas que usam lentes de contato ou vidros devem corrigir normalmente durante a classificação, se pretender ou não as usar durante a competição.

Causas da deficiência visual congênita e adquirida

    Podemos considerar que nos países em desenvolvimento as principais causas são infecciosas, nutricionais, traumáticas e causadas por doenças como cataratas.

    De acordo com médicos as principais causas da cegueira e das outras deficiências visuais têm se relacionado a diversas categorias: doenças infecciosas, acidentes, ferimentos, envenenamentos, tumores, doenças gerais e influências pré-natais e hereditariedade.

    As pessoas que apresentam deficiência visual têm em comum comprometimento no órgão responsável pela visão, um dos canais responsáveis na aquisição de informações.

    Segundo Cidade e Freitas (2002) e outros, citados pela Revista Digital EF deportes, concluíram que:

    As deficiências visuais podem ser congênitas ou adquiridas, algumas podem resultar na deficiência visual, direta ou indiretamente; outras não necessariamente. Há diversos tipos de classificação: legal, médica, educacional e esportiva.

    Dentre as congênitas estão: traumas oculares; catarata, opacidade do cristalino, causando o embaçamento da visão; glaucoma, aumento anormal da pressão intraocular; rubéola materna, infecção febril e virótica; toxoplasmose, inflamação da retina, etc. As adquiridas podem-se dividir em: tumores; conjuntivite, inflamação na conjuntiva; sarampo, doença aguda virótica, com evolução febril; traumatismo, acidentes de automóveis, de trabalho, arma de fogo e diabetes, doença metabólica.

Histórico da Educação Especial no Brasil

    Nos tempos passados, devido à ignorância de suas causas, a cegueira com frequência despertou medo e superstição nas pessoas, ao longo dos séculos. Na antiga Grécia, a palavra “estigma” se referia a sinais corporais, associados a uma condição moral inferior, a pessoa marcada por um estigma devia ser evitada, principalmente em locais públicos.

    Por outro lado, houve sociedades em que o cego era considerado um favorito dos deuses com sua “visão para dentro”, ele veria coisas que escapavam aos demais. Isso fazia dele um ser superior, um privilegiado.

    À medida que a ciência foi identificando as causas e os mecanismos da perda de visão, essas concepções fantasiosas foram mudando gradualmente.

    No que diz respeito à história da educação, só a partir da década de 60 e 70 é que a legislação brasileira começa a se preocupar com o atendimento educacional de pessoas com deficiência, chegando à Lei 9.394 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN de 1996.

    Segundo a autora FERREIRA, V. (2010):

    A Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989, que dispõe sobre as pessoas com NEEs, reafirmou a obrigatoriedade da oferta da Educação Especial em estabelecimentos públicos de ensino em qualquer curso ou grau, público ou privado.

    A lei veio para reafirmar, que todos os alunos com necessidades especiais escolar têm todos os direitos de estar matriculado no ensino regular como qualquer outro aluno normal, mas ainda acreditamos que o ensino regular hoje ainda não ultrapassa 10% desses alunos com necessidades especiais.

    No Brasil, instituições como a APAE, a Sociedade Pestallozzi, o Instituto Benjamin Constant (para cegos) e o Instituto Nacional de Educação de Surdos são exemplos de pioneirismo no atendimento aos alunos com deficiência.

Direitos das pessoas com Deficiência

    De acordo com o tempo, foram surgindo leis que deram direitos aos deficientes.

    A Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, garante a educação para todos, indistintamente, quaisquer que sejam suas origens ou condições sociais. Segundo a Constituição Federal 1988, citamos alguns princípios:

    O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e justo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.

    Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.

Direito a acessibilidade

    Ao se falar em acessibilidade nos remetemos primeiro aos ambientes e locais do dia a dia onde os indivíduos portadores de uma determinada necessidade especial irão permanecer ou se deslocar. Locais estes que deveriam ser adaptados.

    No que se trata ao deficiente visual, é de suma importância lembrar que estes locais deverão ter pisos em alto relevo que os oriente, caso não estejam utilizando-se de cães guias, indicadores nas paredes, corrimões, portas, elevadores, entre outros setores de uma escola, faculdade ou centros universitários.

    Leis foram criadas, e em seu texto dissertam sobre acessibilidade bem como as normas da ABNT que descreve as regras a serem seguidas para a construção ou a adaptação de ambientes para atender as necessidades das diversas deficiências. A Lei 10.098, de 23 de março de 1994, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

    Porém na sua grande maioria as escolas, faculdades e centros universitários foram criados antes dessas leis terem sido publicadas.

    Ainda devemos lembrar que é necessário ter pessoas especializadas para atendimento a este público, profissionais como: professores de educação física.

O Direito a Educação

    No que diz respeito a educação, a Lei nº 9.394 de 1996, das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no seu capítulo V (Da Educação Especial) proclama:

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

  • 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

  • 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

  • 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

    A educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

    A Declaração de Salamanca (1994), resultado da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, realizada na Espanha, em 1994, com a participação de 92 países, incluindo o Brasil, e que teve o objetivo de promover a educação para todos, sendo considerado um dos documentos mais importantes para o desencadeamento e a estruturação do processo de inclusão educacional das pessoas deficientes (BRASIL, 1994), proclama que:

    Toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter um nível adequado de aprendizagem;

    Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades;

    Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades;

    Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos.

    Qualquer pessoa com deficiência tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades. Escolas devem buscar formas de educar tais crianças e adolescentes, incluindo aquelas que possuam algum tipo de deficiência.

    A Convenção da Guatemala (1999) é o documento resultante da Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação com as Pessoas Portadoras de Deficiência (BRASIL, 1999), no qual os Estados Partes reafirmaram que:

    As pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que esses direitos, inclusive o de não ser submetido à discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano.

    Esta Convenção tem por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de discriminação contra as pessoas com deficiência e propiciar a sua plena integração à sociedade.

Inclusão Educacional

    A inclusão, para Sassaki e outros (1997) como está citado em Cidade & Freitas (2002):

    É uma modificação da sociedade como pré-requisito para que pessoas com necessidades especiais possam buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania; é um processo amplo, com transformações pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais.

    O primeiro passo da inclusão passa pela escola, já que seu papel não é apenas o de ensinar e transmitir conhecimentos como português, matemática, entre outras, mas também o de participar e promover ações que objetivem o estabelecimento dos padrões de convivência social.

    No âmbito da escola a Inclusão é um “paradigma educacional fundamentado na concepção dos direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis...” (MEC/SEESP, 2007, p.1). A educação Inclusiva percebe a diversidade, não somente aceitando e acolhendo, mas sim valorizando as diferenças.

    Sendo assim, na escola (CARVALHO, 1998, p.170 apud CIDADE, R. E.; FREITAS, P. S. 2009):

    Pressupõe, conceitualmente, que todos, sem exceção, devem participar da vida acadêmica, em escolas ditas comuns e nas classes ditas regulares onde deve ser desenvolvido o trabalho pedagógico que sirva a todos, indiscriminadamente.

    A escola pode ser um veículo facilitador junto à sociedade onde esta, poderá adquirir fundamentar e modificar conceitos de participação, colaboração e adaptação. A inclusão social é, portanto, um processo que contribui para a comunicação de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes.

Família e Inclusão

    Um processo de inclusão escolar consciente e responsável não acontece somente no âmbito escolar e deve seguir alguns critérios. A família possui um papel decisivo no sucesso da inclusão. Sabemos que se trata de famílias que experimentam dores psicológicas em diversas fases da vida, desde o momento da notícia da deficiência e durante as fases do desenvolvimento, quando a comparação com demais crianças é frequente.

    Para Glat, R. (2003), “por mais bonita que seja uma família, essa crise é inevitável”. O nascimento de um filho com algum tipo de deficiência significa uma destruição de todos os sonhos e expectativas que haviam sido gerados em função dele. Durante a gravidez, e mesmo antes, os pais sonham com aquele “filho ideal” que será bonito, saudável, inteligente, forte e superar todos os limites.

    Os sentimentos da família sobre a deficiência de seus filhos são periódicos e podem transitar entre a aceitação e a negação, especialmente nas mudanças de fases da criança. A família pode colaborar de maneira muito especial para o desenvolvimento da criança especial na escola, principalmente fornecendo aos profissionais informações sobre as formas de comunicação da criança.

    A inclusão escolar da criança pode trazer alterações no seio familiar, na medida em que a criança está frequentando mais um grupo social e tendo a oportunidade de conviver com outras crianças.

Educação Física Escolar

    A Educação Física tem se mostrado um dos componentes curriculares da escola mais importantes no processo de desenvolvimento da pessoa com deficiência e de sua inclusão educacional e na sociedade de forma geral.

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1997, p.85) citam que:

    A educação física para alcançar todos os alunos deve tirar proveito dessas diferenças ao invés de configurá-las como desigualdades. A pluralidade de ações pedagógicas pressupõe que o que torna os alunos diferentes é justamente a capacidade de se expressarem de forma diferente.

    O processo de ensino aprendizagem, a respeito dos conteúdos escolhidos deve considerar as características dos alunos em todas as suas dimensões (cognitivas, corporais, afetiva, ética estética de relação interpessoal e inserção social), não se restringe a simples exercícios de certas habilidades corporais e exercê-las com autonomia de maneira social e culturalmente significativa.

    Isso se deve ao fato de a Educação Física propiciar condições de o aluno desenvolver suas potencialidades, a partir da melhoria de suas condições cardiorrespiratória e funcional, e também de apresentar grandes possibilidades de promover momentos em que o aluno experimente suas potencialidades, vença limites, inter-relacionando-se com os demais alunos e melhorando a sua autoestima.

    A educação física escolar baseou-se na pedagogia Tecnicista, que tinha como princípios à racionalidade e a eficiência, na qual, segundo Libâneo, J. (1994), “a atividade de ensinar era centrada no professor que expõe e interpreta a matéria”.

    O trabalho desenvolvido na escola limitava-se a alguns itens aos quais permeariam o processo de ensino como a operacionalização dos objetivos, a mecanização completa do ensino, o parcelamento do trabalho pedagógico com a especialização de funções, onde professores e alunos passariam a ocupar posições secundárias.

    De acordo com LIBÂNEO, J. (1994), “na aprendizagem escolar há influência de fatores afetivos e sociais. A aprendizagem escolar tem vínculo direto como o meio social”.

    Portanto, é preciso que o profissional de Educação Física entenda que o ato de aprender a Educação Física não se limita apenas à execução mecânica do exercício motor, mas constitui-se em atividade relacionada ao cotidiano da criança, trazendo uma proposta que procure democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da área.

    Segundo GHIRALDELLI (1992), atualmente na organização escolar, a Educação Física tem ocupado um lugar secundário, frequentemente isolado das demais disciplinas.

    Há pouco espaço físico, de material para a prática da mesma, porém nem tudo está perdido, pois toda esta situação leva ao professor de Educação Física a repensar a sua profissão, a desenvolver uma visão crítica dos conteúdos e práticas existentes ao longo da história pedagógica brasileira.

Educação Física Adaptada

    Conforme PEDRINELLI (1994), o termo Educação Física Adaptada surgiu:

    Na década de 50 e foi definido pela American Association for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD) como sendo um programa diversificado de atividades desenvolvimentista, jogos e ritmos adequados aos interesses, capacidades e limitações de estudantes com deficiências.

    A Educação física tem um papel importante no desenvolvimento global dos alunos com deficiência, principalmente daqueles com deficiência, tanto no desenvolvimento motor quanto nos desenvolvimentos intelectual, social e afetivo.

    Segundo ROSADAS (1989), “a educação física adaptada deve ensinar os alunos a fazer mudanças dentro de si”.

    Para conseguir isso, deve-se respeitar a individualidade de cada um, respeitar suas diferenças e limitações, trabalhar suas potencialidades, nunca subestimá-los, vidrar com suas conquistas, motiva-los a dar novos passos e oferecer oportunidade para que eles possam desfrutar da alegria proporcionada pela prática recreativa e esportiva.

    Todas as atividades devem considerar as potencialidades e limitações da pessoa com deficiência, bem como devem ser realizadas de maneira constante, progressiva e regular.

    O professor de Educação Física deve observar que as regras e rotinas são importantes para que a criança e o adulto sintam-se seguros durante as atividades motoras.

    Segundo FERREIRA (2010), afirma que a “Educação Física Adaptada é um programa diversificado de atividades, como jogos, esporte e ritmos, adequados aos interesses, capacidade e limitação do aluno. Tem por objetivo oportunizar várias modalidades de esporte e lazer, ampliando a qualidade de vida, bem como contribuindo para uma melhoria dos aspectos físicos, sociais e psicológicos”.

    Para Oliveira (2009. p. 32):

    Pressupõem que a inclusão escolar só é possível por meio de mudanças estruturais na escola, que viabilizam as pessoas com necessidades especiais as mesmas condições de oportunidades a que outras têm acesso, a convivência com a diversidade cultural e as diferenças individuais.

    Podemos notar também que a falta de materiais na escola, não vem a ser um problema. Por que o professor tem que ter a criatividade de criar materiais adaptados que possa desenvolver as capacidades dos alunos cegos.

    Segundo Alves e Duarte (2005), afirmam que:

    A falta de equipamento apropriado, aliado à ausência de capacitações nas atividades propostas impede a participação da criança com deficiência visual nas aulas de Educação Física escolar. É fundamental que o professor esteja atento a essa necessidade, para que todos os seus alunos tenham oportunidade de participar.

    As políticas públicas são elaboradas e legisladas para mediarem à efetivação do direito a educação. A ampliação de matrículas do ensino público de caráter inclusivo recebe investimento para reestruturação administrativa e demais matérias que trabalham no desenvolvimento dos cegos, mas nem todas as escolas sabem administrar os recursos adquiridos pelos órgãos. Uma vez que, certos gestores priorizam outras situações.

Considerações finais

    O presente trabalho procurou demonstrar alguns fatores relevantes sobre a inclusão de alunos cegos nas aulas de Educação Física. É através destas investigações podemos considerar que as práxis pedagógicas inclusivas implicam diretamente na formação das pessoas.

    O que podemos dizer de tudo isso é que, a escola também possui alguns problemas no que se referem a materiais e conhecimentos, para que o professor possa dar uma boa aula de educação física às alunas cegas. Mas se for pensar que a falta de material é problema, achamos que não, podemos realizar várias atividades com materiais reciclados, ou seja, isso nunca vai ser um problema para um professor que tenha vontade própria para querer da uma boa aula para os seus alunos, sejam eles deficientes ou não. No entanto, o que pode está faltando a muitos professores é o interesse e a criatividade para suprir essa falta de material escolar. Não podemos esquecer que é de responsabilidade do estado a compra o material para que possamos ministrar uma aula com o mínimo de material, lógico que sabemos que muitas escolas não possuem material adequado para dar aula de educação física.

    No que se refere a capacitação de professor/a, a formação continuada é essencial aos professores. Porém os professores de educação física pretendem participar de cursos e palestras para aprimorar seus conhecimentos e consequentemente serão aplicados.

    No que se diz respeito aos benefícios da inclusão para todos os estudantes os alunos cegos deixaram de sofrerem discriminação nas aulas de Educação Física e nas aulas em sala de aula, sendo tratados com respeito como os demais.

    O planejamento na aula requerer que o professor conheça seu aluno cego, suas limitações e restrições para que não haja constrangimentos ou algum tipo de acidentes em sua aula. As leis dão sua contribuição para nos ampará-los e podermos desenvolver a cada momento nossas atividades.

    A família é um dos fatores principais no trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais, sem ela o trabalho fica comprometido.

    A existência de barreiras na estrutura física, à falta de uma quadra esportiva e fornecimento de materiais adaptados ou recursos. São evidencias que os professores se sentem sozinho neste processo e que não depende apenas deles, deve ser um trabalho em conjunto.

    Portanto podemos dizer que nós professores de Educação Física não devemos esperar só pelo poder público, devemos também ter nossas criatividades e interesses, por isso que aprendemos várias atividades em nossas aulas e em estágios. Com isso, jamais vamos deixar os nossos alunos sem uma atividade, por que à escola não possui um espaço adequado e material suficiente para os alunos. Estamos falando de alunos com deficiência, vamos acreditar em nossas potencialidades.

Referências

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