efdeportes.com

Dislexia em adultos: a importância do diagnóstico 

para um favorável processo de aprendizagem

La dislexia en adultos: la importancia del diagnóstico para un favorable proceso de aprendizaje

 

*Psicóloga, Mestre em Ciências da Saúde- Neurociências pela Pontifícia Universidade Católica

do Rio Grande do Sul (PUCRS). Membro da equipe de Neuropsicologia do Hospital São Lucas-PUCRS

**Pedagoga, Mestre em Educação pela Universidad del Mar, Chile

Orientadora dos cursos de pós graduação UNIASSELVI

Roberta de Figueiredo Gomes*

Daniela Rohan Hirschmann**

robfg@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo tem como objetivo enfocar a problemática da dislexia sem diagnóstico em alunos adultos que freqüentam a sala de aula, a partir de uma revisão da literatura da área, destacando as principais questões acerca da dislexia e estratégias para o favorecimento do processo de aprendizagem. Inicialmente, pretende-se conceituar e explorar a dislexia, privilegiando características do transtorno. Uma discussão sobre as dificuldades de aprendizagem apresentada por disléxicos também é esboçada, assim como a proposta de um modelo de intervenção por parte dos professores que facilite seu aprendizado. Por último, uma conclusão é proposta para integrar as discussões feitas ao longo do artigo.

          Unitermos: Dislexia. Adultos. Aprendizagem.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Atualmente, sabe-se que a dislexia acompanha o indivíduo em seu processo de aprendizagem e tornou-se um tema recorrente, pois chega a atingir 15,0% da população mundial (RUBINO, 2008). Não é apenas uma dificuldade na compreensão de conteúdos vistos em sala de aula, mas sim um distúrbio, que o acompanha desde a infância e adolescência, afetando a aprendizagem.

    Percebe-se que muitos jovens e adultos não trataram esse distúrbio nos primeiros anos da escola e acabam apresentando fracassos no decorrer de sua vida acadêmica, podendo causar insegurança emocional e isolamento social (BAKKER, 2002). A literatura enfatiza que, estratégias para que o aluno alcance maior progresso no aprendizado são de grande relevância para minimizar dificuldade com leitura, escrita ou fala, isto é, os professores, enquanto responsáveis pelo ensino e instrução destas competências, irão desempenhar um papel fundamental no processo de aprendizagem na dislexia (LIMA; CAMEIRÃO; MEIRELES; LUCCI, 2005).

    Este artigo pretende descrever as principais questões acerca da dislexia em adultos e estratégias para favorecer o progresso do aluno no processo de aprendizagem. Através de uma revisão bibliográfica, prioriza-se aqui analisar e propor estratégias de aprendizado que facilitem e auxiliem o professor com seus alunos, frente à problemática enfrentada por adultos com dislexia sem diagnóstico que freqüentam as salas de aula.

Dislexia

    Dificuldades de aprendizagem são bastante comentadas e discutidas na atualidade e um dos distúrbios que está aparecendo com freqüência, tanto em escolas quanto em universidades, é a dislexia. A dislexia se caracteriza como um transtorno da leitura e escrita que deixa o rendimento escolar do indivíduo e o potencial intelectual inferior ao esperado à idade cronológica (VELLUTINO, 1987; APA, 2000).

    É um distúrbio específico de aprendizagem, onde o indivíduo apresenta dificuldades com fluência correta na leitura e na habilidade para decodificar a soletração, resultantes de um déficit no componente fonológico da linguagem (LYON et al, 2003). Ocorre devido à interrupção ou malformação nas conexões que ligam o lobo frontal aos lobos parietal e occipital do córtex cerebral. Os fatores desencadeantes deste transtorno são os genéticos; e os fatores psicológicos, pedagógicos, socioeconômicos e culturais são os fatores agravantes (SIQUEIRA; GURGEL-GIANNETTI, 2011; CAPELLINI, 2004; SHAYWITZ, 2006).

    O que acontece na dislexia é que na maioria dos casos o indivíduo não identifica sinais gráficos, letras ou qualquer código que caracterize um texto. O cérebro não identifica o que seja uma letra e não sabe o que são sílabas (OLIVIER, 2006). Contudo, o comprometimento varia conforme a idade devido ao indivíduo desenvolver estratégias para lidar com suas dificuldades (ALBUQUERQUE, 2004). Sendo uma perturbação da linguagem que se origina em nível do processamento fonológico, podem-se observar dificuldades nas competências de leitura como os sinais preditores mais importantes para a detecção (TELES, 2004).

    Sua manifestação pode ocorrer ao longo da vida e não apenas em crianças, e independe de adequada oportunidade de aprendizagem e da intrínseca integridade sensorial (input), mental (integração/elaboração), motora (output) e comportamental (FONSECA, 2009). Entretanto, conforme o autor, as dificuldades na dislexia parecem ser experimentadas em nível do input, quando envolve processos de compreensão ou de retenção e de informações contidas no texto, o que requer estratégias de recuperação e criação de esquemas, planos internos ou enquadramentos ideacionais e juntamente a experimentação de dificuldades a nível output, quando há solicitação de produção de um resumo ou fala do texto.

    Segundo Olivier (2006), pode-se resumir os sintomas de acordo com sua intensidade, para melhor detecção de cada tipo de dislexia:

    Apesar de haver uma classificação didática para os tipos de dislexia, deve-se ressaltar que as dislexias singular/primária e comum/correlata podem caracterizar qualquer um dos tipos de dislexia.

    Outras nomenclaturas são utilizadas na literatura para a classificação dos tipos de dislexia. Segundo Santana (2002), as dislexias são divididas em dislexias centrais e dislexias periféricas:

    Desde a década de 1960 até a atualidade, a dislexia apresenta alguns descritores que caracterizam o transtorno: presença de inteligência normal, ausência de deficiências cognitivas, sensoriais e motoras, presença de fatores neurobiológicos, histórico familiar positivo, presença de alterações em habilidades cognitivas que comprometem a atenção, memória e percepção; exposição a um ambiente escolar e sociocultural adequado, persistência de sintomas desde a infância. O maior avanço em pesquisas brasileiras ocorreu na década de 1990 e parece que já há um consenso de que a dislexia apresenta comprometimento cognitivo e lingüístico, responsáveis pelo processamento da leitura e da escrita (CAPELLINI, 2005).

    Um estudo realizado no Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano avaliou exames de ressonância magnética funcional (fMRI) do cérebro enquanto realizavam leitura e compreensão de sons em 144 indivíduos, sendo 70 disléxicas e 74 não disléxicas com idades entre 7 a 18 anos. Os resultados mostraram que os não disléxicos ativaram a parte posterior do cérebro, enquanto que os disléxicos ativaram as regiões frontais e parietais, tendo a parte posterior inibida, concluindo evidências neurobiológicas e a existência de uma interrupção subjacente nos sistemas neuronais associados à leitura em indivíduos com dislexia (OLIVIER, 2006).

    Ainda, sinais de alerta são descritos na literatura para detectar problemas de leitura e linguagem em jovens e adultos: história pessoal de dificuldades persistentes com leitura e escrita e mesmo que melhore ao longo dos anos, a leitura continua sendo lenta, esforçada e cansativa; dificuldades em pronúncia de palavras como nome de pessoas, ruas, lugares,...; não reconhece palavras que leu ou ouviu quando repete a leitura no dia seguinte; preferência por livros com muitos espaços em branco ou poucas palavras por página; muitas horas despendidas em trabalhos acadêmicos; ortografia pobre, com preferência por palavras mais fáceis de escrever; dificuldade para estudar; sentimentos de desconforto ao ler oralmente, evitando tais situações; confusão de palavras que apresentam pronúncia semelhante; dificuldades em recordação de datas, números de telefone,...; o vocabulário expressivo é inferior ao compreensivo (TELES, 2004).

    A evidência de dificuldades nos processos cognitivos superiores como boa capacidade de aprendizagem, idéias criativas com muita originalidade, boa capacidade empática, de resiliência e adaptação, sucesso profissional em áreas como medicina, finanças, arquitetura e ciências políticas também são sinais relevantes para este transtorno (TELES, 2004).

    Na tentativa de aprofundar o impacto da dislexia em estudantes do ensino superior, o relatório do National Working Party on Dyslexia in Higher Education (apud SECO et al., 2009), revelou que, em 234 instituições de ensino analisadas, a prevalência de dislexia foi de 1,35% (cerca de 23 mil estudantes) e que, mesmo sendo um distúrbio que acompanha o indivíduo ao longo da sua vida, 43,0% destes estudantes foram identificados como disléxicos após ingressarem no ensino superior.

    O adulto disléxico que não teve um acompanhamento adequado na infância apresentará dificuldades em leitura e escrita, memória de curto prazo, aprendizagem de uma segunda língua, nomeação de objetos e pessoas, aspectos afetivos e emocionais. Ainda, pode apresentar depressão, ansiedade e, algumas vezes, pode começar a abusar de drogas e álcool (SOARES et al., 2010).

    Como a dislexia é uma desordem de origem neurológica e que não há cura, torna-se fundamental a sua detecção para que seus efeitos sobre a vida do indivíduo sejam trabalhados e conseqüentemente minimizados, isto é, quanto mais cedo foi descoberta, mais favorecerá o aluno com um ensino diferenciado (PAVÃO, 2005).

Aprendizagem e suas dificuldades em adultos disléxicos

    A aprendizagem é o processo onde ocorrem modificações duradouras no comportamento como resultado de uma experiência, correspondendo à aquisição de novos conhecimentos e como conseqüência haverá a modificação do comportamento (MAXWELL; MASTERS; EVES, 2003).

    Representa a capacidade de processamento e armazenamento de informações adquiridas e relacioná-las de acordo com a necessidade. É um processo complexo, dinâmico, estruturado a partir de um ato motor e perceptivo que origina a cognição, indispensável para o aprimoramento e desenvolvimento intelectual do ser humano. Quando alguém aprende, como ler e escrever existe um processo de informações entre o sujeito aprendente (aluno) e a tarefa (leitura/escrita) (SOARES et al., 2010; FONSECA, 2008).

    Dentre as funções responsáveis para o desenvolvimento da aprendizagem está a linguagem. Esta função caracteriza-se por uma forma complexa de comportamentos que exigem a integridade de zonas ou áreas cerebrais necessárias para a sua aquisição e desenvolvimento. As funções corticais superiores são responsáveis pela aprendizagem da linguagem falada e linguagem escrita e este aprendizado depende da integridade das funções gnósico-interpretativas e práxico-produtivas (CAPELLINI, 2005).

    Na aprendizagem da leitura e escrita, estão envolvidas habilidades cognitivas complexas e a capacidade de reflexão sobre a linguagem (aspectos fonológicos, sintáticos, semânticos e pragmáticos) e a dificuldade em ler e compreender é um dos maiores obstáculos da aprendizagem, que gera conseqüências educacionais, sociais e emocionais (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004; SIQUEIRA; GURGEL-GIANNETTI, 2011).

    O desenvolvimento do indivíduo sofre influencia genética, mas, com o passar dos meses, esta influencia biológica passa a sofrer uma pressão cada vez maior de fatores ambientais (ANDRADE; BUENO, 2005). Um destes fatores ambientais que influenciam diretamente o desenvolvimento da capacidade intelectual do indivíduo são o ensino e os estímulos vivenciados em sala de aula.

    O ensino caracteriza-se por um planejamento frente às exigências naturais de aprendizagem e para que ocorra uma favorável aprendizagem em alunos com dislexia, o professor deve estar atento às manifestações deste transtorno, procurando motivar e auxiliar nas dificuldades, tanto em sala de aula como em atividades extraclasse. Segundo Bakker (2002), os professores do ensino médio e superior devem ser capazes de reconhecer um aluno com dislexia e saber como lidar com ele.

    De acordo com Feldman (2005), as aprendizagens em sala de aula se formam por um sistema de campos oriundos de alunos e professores, cada um com sua individualidade. Este sistema alimenta-se de ambas as partes e sofre influencias recíprocas, transmitindo afetos e aprendizagens. Se houver uma falta de predisposição para a criação de pontes e fronteiras, para a estruturação de um sistema planejado e eficiente que sustente o processo de ensino-aprendizagem, poderão ocorrer dificuldades e impossibilidades deste processo ser eficiente.

    O rendimento acadêmico é variável e não predeterminado, devido ao organismo ser acessível a mudanças e modificações. O organismo humano é um sistema aberto e com possibilidades para criação de estratégias inovadoras, podendo melhorar seus níveis de rendimento (FELDMAN, 2005). Em adultos com dislexia, acredita-se que as dificuldades de aprendizagem tenham uma íntima relação com a história prévia de atraso na aquisição da linguagem e por isso, vê-se a necessidade de identificá-las precocemente para evitar posteriores conseqüências sociais e educacionais desfavoráveis (SCHIRMER; FONTOURA; NUNES, 2004; LANDRY; SMITH; SWANK, 2002).

    Apesar de a aprendizagem ser um processo que envolve a relação entre a escola e o aluno, o que ocorre com maior freqüência é o fracasso de a aprendizagem recair sobre um único lado da relação: o aluno. No caso de alunos diagnosticados com dislexia, o que ocorre é que os mesmos não são responsabilidade do professor (ERCOLIN, 2008).

    De acordo com Richart e Bozzo (2009), professor que coloca a culpa no aluno sobre o seu fracasso em sala de aula acaba se acomodando e não buscando capacitação e metodologias diferentes e eficientes, não entendendo e desrespeitando a individualidade do aluno disléxico.

    Existem quatro mitos que atrapalham a caminhada do indivíduo com dislexia. O primeiro corresponde ao de que a dislexia atrapalha a alfabetização, o segundo é que o disléxico não gosta de ler/escrever, o terceiro que eles são mais inteligentes por serem mais criativos e o ultimo que a dislexia é um defeito genético que acaba prejudicando e restringindo a maneira de encarar o problema (PINTO, 2008).

    A dislexia pode ser identificada em jovens e adultos mesmo que tenham atingido um determinado nível de eficiência, pois a lentidão e esforço da leitura, a persistência de dificuldades ortográficas são sinalizadores do transtorno. Entretanto, se apenas um destes sinais forem identificados, o professor não deve caracterizar o aluno como disléxico, pois o que merece atenção é a existência de um padrão persistente que acompanha este aluno por um longo período de sua vida (TELES, 2004).

    Este transtorno não é sinônimo de um baixo QI e não deve ser considerado, a partir de uma evidencia manifesta, falta de motivação para aprender ou a presença de condições socioeconômicas desviantes ou desfavoráveis (FONSECA, 2009).

    Sabendo-se que a desmotivação é negativamente desfavorável ao processo de ensino-aprendizagem, o professor deverá identificar as causas e fundamentar seu trabalho conforme as necessidades dos alunos, considerando o momento emocional e as ansiedades de cada um (MORAES; VARELA, 2007). Em adultos com dislexia, a desmotivação e conflitos emocionais ocorrem com mais freqüência, exigindo do professor um planejamento e um desenvolvimento das aulas de modo diferenciado.

    Sendo a dislexia um transtorno de fácil descrição, muito mais do que de denominação, ter consciência dos problemas por parte do professor implica na identificação precoce e a elaboração de um diagnóstico psicoeducacional que possa ajudar o aluno adequadamente, com sistemas diferenciados de avaliação em todas as disciplinas (RICHART; BOZZO, 2009; FONSECA, 2008).

    O professor deve estar apto a identificar possíveis sintomas de dislexia e ajudar o aluno a se sair bem na leitura e escrita, assim como os colegas. Especialistas são fundamentais para o auxílio diagnóstico e para a elaboração de um tratamento e ensino adequado, possibilitando amenizar problemas de aprendizagem que o aluno venha a apresentar (RICHART; BOZZO, 2009).

    As dificuldades na aprendizagem acarretam uma série de problemas, como sentimento de fracasso, frustração, isolamento, depressão, agressividade, desinteresse e desatenção (PAVÃO, 2005). De acordo com Sampaio (2011), o indivíduo com dislexia apresenta insegurança e baixa autoestima, se sente triste, culpado e se recusa a realizar as atividades propostas pelo professor devido ao medo de demonstrar os erros e repetir o fracasso. Como conseqüência, acaba criando um vínculo negativo com a aprendizagem, ficando desmotivado e por vezes até agressivo com os colegas e professor. Identificar o problema promove condições ao disléxico de criar estratégicas que facilitarão o convívio com a dificuldade, superando alguns obstáculos e minimizando suas conseqüências (PAVÃO, 2005).

    Frente à problemática apresentada por indivíduos com dislexia, torna-se de fundamental importância intervenções e reelaboração da prática docente. É comum que professores comentem uns com os outros sobre alguns alunos que apresentam dificuldade de disciplina, desinteresse, entre outros e, como conseqüência, professores que irão trabalhar com o aluno no ano/semestre seguinte acabam criando uma espécie de “rótulo”, pela tendência em colocar a culpa no próprio aluno. Se o professor aderir ao rótulo sobre determinado aluno, o desempenho continuará baixo, mas se houver dúvida, questionamentos e investigação, o professor poderá estar fazendo algo para este aluno e ele corresponderá positivamente às intervenções do professor (RICHART; BOZZO, 2009).

Proposta de intervenção

    Como se pode observar, existem muitos fatores envolvidos no diagnóstico da dislexia em adultos e salienta-se a necessidade de adequar o aluno em sala de aula para que possa apresentar maior aproveitamento acadêmico. O que ocorre é que alunos que apresentam dislexia necessitam de uma orientação específica e adequada para adaptação frente às exigências acadêmicas (ROCHA, 2009).

    Não existe um modelo pronto para manejo de alunos adultos com dislexia. O que se pretende é auxiliar a reflexão do professor e pensar em algumas intervenções, pois estas são imprescindíveis para a melhoria da aprendizagem em alunos disléxicos (SALLES et al., 2004). Para Richart e Bozzo (2009), ações diferenciadas do docente para lidar com a dislexia fazem com que o aluno se desenvolva e consiga acompanhar seus colegas em sala de aula.

    Pensar em estimular este aluno de um modo diferenciado é a premissa para um bom desempenho acadêmico. A solicitação de uma organização nos estudos, uma reserva de bastante tempo para a leitura (necessita mais tempo para ler), fazer resumos das matérias lidas são ações que auxiliam o aluno a um maior aproveitamento do material estudado. Ainda, para Olivier (2006), estimular o aluno em aulas de criatividade, não exigir bom desempenho em aulas teóricas, não deixar que os colegas o ridicularizem por não acompanhar classe são papéis fundamentais do professor na assessoria do aluno disléxico.

    Na era da informática, um dos grandes recursos que tanto o aluno disléxico quanto o professor podem aproveitar para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem é o computador. O professor pode desenvolver aulas criativas e solicitar ajuda do aluno, tornando assim as aulas mais proveitosas para todos os alunos (OLIVIER, 2006). Ainda, a utilização do computador pode auxiliar na leitura, pois o aluno pode procurar imagens que possam ser associadas com o que está sendo lido, obtendo um resultado mais proveitoso com materiais com mais de um estímulo.

    Outras estratégias que auxiliarão muito o aluno é a elaboração de esquemas, tanto no computador quanto no caderno, a utilização de lembretes para marcar partes importantes que leu no texto e a promoção de seminários por parte do professor, para a discussão e integração dos colegas. De acordo com Alves (2007), o professor deve se interessar e conhecer procedimentos pedagógicos atualizando-se e assim avaliar as mudanças necessárias de métodos e recursos específicos.

    Estímulos como estes podem contribuir para um melhor rendimento acadêmico e, fundamentalmente, quando o professor observa o aluno, investiga, olha, faz anotações, ele tira conclusões e principalmente age, faz. Essa é a ação de olhar com atenção e agir que o tornará importante para seus alunos (RICHART; BOZZO, 2009).

    Contudo, é importante salientar que respeitar as diferenças e fazer da sala de aula um ambiente acolhedor e harmonioso estimula o aluno disléxico a seguir em frente em sua caminhada acadêmica. O professor como mediador do processo ensino-aprendizagem, deve ter claro que conhecer as necessidades do indivíduo resulta em um ensino mais condizente com as peculiaridades e assim contribui para a minimização dos déficits acarretados pela dislexia (SALLES et al., 2004).

Considerações finais

    Como a dislexia trata-se de uma condição comum, mas muitas vezes não diagnosticada e tratada, pode apresentar repercussões biopsicossociais para os adultos, interferindo no seu desenvolvimento acadêmico e conseqüentemente na sua qualidade de vida.

    O professor exerce um papel fundamental no ensino-aprendizagem de adultos com dislexia. Ter conhecimento sobre o transtorno e auxiliar o aluno faz parte de um manejo adequado com estes alunos.

    As estratégias de ação por parte do professor e colegas podem produzir efeitos positivos e auxiliarão o aluno a minimizar sentimentos de desmotivação, baixa autoestima, culpa e insegurança, resultando assim em um melhor rendimento acadêmico.

    Ainda, para que haja bom desempenho acadêmico, é fundamental que os professores e profissionais envolvidos no diagnóstico aliem-se, propiciando ao adulto um ambiente de aceitação e tratamento adequado, onde possa aproveitar os conteúdos vistos em sala de aula com maior qualidade.

    Por fim, respeitar as limitações e estimular as potencialidades do adulto com dislexia faz parte de um ensino mais justo e mais humano que, conseqüentemente, irá gerar maiores oportunidades de crescimento intelectual para estes alunos.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 177 | Buenos Aires, Febrero de 2013
© 1997-2013 Derechos reservados