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Comparação dos níveis de crescimento e desenvolvimento das capacidades motoras de meninas escolares da cidade de Guarulhos, SP praticantes de atividade física geral após 12 semanas de treinamento

Comparación entre los niveles de crecimiento y desarrollo de las capacidades motoras de niñas escolares 

de la ciudad de Guarulhos, SP que realizan actividad física general luego de 12 semanas de entrenamiento

 

Professor de Educação Física da Prefeitura Municipal

do Rio de Janeiro, SME/RJ (4a CRE) – Rio de Janeiro

Mestre em Educação Física. Universidade Metodista

de Piracicaba – UNIMEP – Piracicaba – São Paulo

Rubem Machado Filho

rubemfit@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O estudo teve como objetivos analisar e comparar a antropometria e as capacidades neuromusculares de meninas escolares de 11 a 13 anos, de uma escola pública situada no município de Guarulhos (SP). A amostra foi constituída de 24 escolares. Para a análise estatística foi utilizado para verificar a normalidade dos dados o teste de Shapiro Wilk. Para os dados paramétricos foi utilizado o teste “t”, e para os dados não paramétricos foi utilizado o teste de Wilcoxon. Adotou-se um nível de significância de 5%. Os dados foram processados no SPSS 13.0. Com os resultados obtidos, pode-se concluir que os resultados apresentados pelas crianças, de modo geral, foram satisfatórios para manutenção da saúde.

          Unitermos: Escolares. Crescimento. Desenvolvimento.

 

Abstract

          The study aimed to analyze and compare the anthropometric and neuromuscular capabilities of girls schoolchildren aged 11 to 13 years, a public school located in Guarulhos (SP). The sample consisted of 24 students. For the statistical analysis was used to verify data normality test Shapiro Wilk. For parametric data we used the “t” test and for nonparametric data was used the Wilcoxon test. We adopted a significance level of 5%. The data were processed with SPSS 13.0. With these results, we can conclude that the results reported by children in general, were satisfactory for health maintenance.

          Keywords: School children. Growth. Development.

 

Este artigo é parte integrante da dissertação de mestrado em educação física defendida junto à UNIMEP/SP pelo autor

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O crescimento e o desenvolvimento físico juntamente com o desempenho motor têm sido abordados em pesquisas para documentar e compreender a diversidade de aspectos relacionados à saúde de determinada população (BERGMANN et al., 2008). O crescimento corporal em muitos países constitui-se como o indicador de saúde mais relevante do que qualquer informação acerca do valor do produto interno bruto. Durante a infância e a adolescência, o acompanhamento do crescimento somático possibilita a comparação dos índices individuais com valores apresentados pelo grupo ou com normas de referência, possibilitando assim o diagnóstico precoce de possíveis problemas de baixa estatura para idade, de subnutrição ou de sobrepeso e obesidade, contudo essas análises devem ser acompanhadas de atenção aos aspectos biológicos e sociais, que estão relacionados à variabilidade interindividual (BERGMANN et al., 2008).

    O estilo de vida começa a ser formado na infância, e é possível afirmar que crianças com baixo nível de atividade motora, por exemplo, podem tornar-se adultos sedentários e, conseqüentemente não terem um bom índice de qualidade de vida (MACHADO FILHO, PELLEGRINOTTI, GONELLI, 2011).

    Borges (2008) aponta que a atividade física é um dos mais importantes pré-requisitos para o saudável crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, como também para o estabelecimento de um estilo de vida ativo durante a fase adulta, auxiliando principalmente na aquisição de uma boa capacidade funcional.

    A aptidão física possui elementos relacionados á saúde e ao desempenho, sendo que a interação entre os componentes de aptidão relacionados á saúde e atividade física estão mais voltadas para as capacidades de resistência cardiorrespiratória, força, resistência muscular, flexibilidade e composição corporal. Concomitantemente a aptidão relacionada ao desempenho e a atividade física estão mais dirigidas ás capacidades de velocidade, coordenação, força explosiva, equilíbrio e agilidade (BÖHEME, 1993; MATSUDO et al., 1998; GALLAHUE, 2000; SOUZA, NETO, 2002).

    No processo de desenvolvimento físico e psicológico da criança, o esporte tem um papel de proporcionar a esse individuo em formação um aprimoramento integral de suas habilidades motoras e capacidades físicas e também uma autoestima positiva, possibilitando a esse indivíduo em formação uma boa qualidade de vida (OLIVEIRA, MACHADO FILHO, 2011).

    O objetivo do presente trabalho foi analisar e comparar antes e depois de treinamentos e jogos a antropometria e as capacidades neuromusculares (flexibilidade, resistência muscular localizada, força de membros inferiores, força de membros superiores e agilidade) de meninas escolares de 11 a 13 anos, de uma escola pública situada no município de Guarulhos (SP), praticantes de atividade física geral, após 12 semanas de treinamento.

Materiais e métodos

População e amostra

    A população foi composta por meninas escolares de 11 a 13 anos de idade, pertencentes ao Ensino Fundamental uma escola da Rede Estadual de Educação da cidade de Guarulhos/SP. Participaram do estudo 24 estudantes, com média de idade de 11,81 ± 0,32 anos. A descrição geral das características dos participantes do estudo está representada na Tabela 1.

Tabela 1. Caracterização das participantes da pesquisa

Instrumentos de coleta de dados

    Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados das capacidades motoras foram os seguintes: O teste de “sentar e alcançar” (flexibilidade) foi realizado com auxílio de uma caixa de madeira, especialmente construída para essa finalidade, apresentando dimensões de 30,5 X 30,5 X 30,5cm, tendo a parte superior plana com 56,5cm de comprimento, na qual foi fixada a escala de medida apresentando uma amplitude de 0 a 56,5cm; para o teste de Arremesso de Medicine Ball (Força de Membros Superiores) se fez necessário o uso de uma trena de 5m presa ao solo, uma bola medicinal de 2 kg, fita adesiva, uma cadeira e uma corda; para o teste de salto em distancia parado (Força de Membros Inferiores) foi fixada no solo uma trena com aproximadamente três metros de comprimento, que serviu como escala de medida, onde o ponto zero coincidiu com a linha de partida para o salto; para a execução do teste do “quadrado” (agilidade) foi desenhado no chão um quadrado com 4 (quatro) metros de cada lado, em cada vértices foi colocado um cone de 50cm de altura para delimitar os espaços; para o teste de exercícios abdominais foram utilizados colchonetes. De maneira geral, os participantes da pesquisa realizavam os testes da seguinte forma: primeiramente passavam por uma situação de experimento de cada teste, para posteriormente realizarem a tarefa propriamente dita. Em cada tarefa, os escolares realizavam três repetições no mesmo teste. A aferição das medidas da estatura e peso dos escolares foi efetuada por meio de fita métrica (estatura) e de balança antropométrica (peso). O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado mediante a relação matemática: Peso corporal (Kg) / Estatura² (m).

Figura 1. Execução do teste de flexibilidade (FLEX), realizado com o “Banco de Wells”

Procedimentos do estudo

    O estudo foi realizado após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), sob o parecer número 58/09. Além disso, para que os escolares participassem do estudo, foi necessária a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos pais ou responsáveis.

    A coleta dos dados e os testes foram realizados nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2009, na quadra poliesportiva da escola, durante as aulas de Educação Física, sendo um total de 50 minutos cada aula e três vezes por semana, sendo duas aulas dentro do turno e uma aula fora de horário. O grupo participou de atividades de futsal, handebol, basquetebol, voleibol, estafetas, saltos e “queimada”. Os avaliadores, devidamente treinados pelo pesquisador responsável pelo estudo eram estudantes do curso de graduação em Educação Física, integrantes do corpo de estagiários da supracitada escola.

    Os dados das variáveis antropométricas e das capacidades motoras foram coletados por meio de uma ficha de registro de dados, preenchida pelos pesquisadores de acordo com o resultado obtido pelas escolares. Os testes foram realizados antes e após os treinamentos. Para a realização da bateria de testes as escolares foram organizadas em grupos de seis componentes em forma de circuito.

Análise estatística

    Para a análise estatística foi utilizado para verificar a normalidade dos dados o teste de SHAPIRO WILK. Quando os dados se apresentaram paramétricos foi utilizado o teste “t” para amostras pareadas, e para os dados não paramétricos foi utilizado o teste de WILCOXON. Adotou-se um nível de significância de 5%. Os dados foram processados no SPSS 13.0.

Siglas das variáveis neuromusculares

    FLEX – Flexibilidade; ABD – Abdominais; FMI – Força de membros inferiores; FMS – Força de membros superiores; QUAD – Quadrado

Resultados

    Na tabela 2, são apresentados os valores de médias e desvios-padrão dos testes de FLEX, ABD, FMI, FMS, e QUAD das meninas da cidade de Guarulhos/SP. Ocorreram diferenças estatisticamente significativas nos testes de ABD e FMI.

Tabela 2. Valores das médias e desvios-padrão dos testes de FLEX, ABD, FMI, FMS e QUAD das meninas praticantes de atividade física geral.

Figura 2. Distribuição dos dados do grupo de meninas escolares nos testes

“PRÉ” e “PÓS” treinamentos da variável abdominal (ABD)

 

Figura 3. Distribuição dos dados do grupo de meninas escolares nos testes

“PRÉ” e “PÓS” treinamentos da variável salto horizontal (FMI)

Discussão

    O grupo realizou 30 sessões de atividades, sendo organizado treinamento com aplicação de diferentes modalidades esportivas, exercícios localizados e jogos individuais e coletivos exigindo movimentações corporais abrangentes. Os resultados dos dados antropométricos não apresentaram diferenças significativas entre os grupos.

    Em relação aos testes abdominais o estudo apresentou diferença estatisticamente significativa quando comparou o teste inicial e o teste final, indicando que a programação aplicada influenciou nas capacidades motoras analisadas. Estudo de Vitor et al. (2008) aponta que a melhora dessa capacidade pode ser observada a partir dos 12 anos de idade, porém é mais evidente em idades acima de 14 anos.

    A capacidade de força muscular quando se observa nos membros inferiores, por meio do salto horizontal, devem-se levar em consideração as atividades que são exercidas pelos mesmos nas atividades que exijam a superação do peso corporal, ou de sobrecargas. No presente estudo as análises dos resultados apontam que ocorreram diferenças estatisticamente significativamente, quando comparados os testes inicial e final. A melhora no teste final pode-se inferir que a programação de atividades físicas generalizadas tinha um componente mais acentuado nos membros inferiores, pois havia muitos saltos em conseqüência da programação constar com muitos jogos esportivos como voleibol, basquete, futsal e corridas. A força muscular depende do sistema neuromuscular, e para melhorá-la necessita de grandes volumes de treinamento. Assim sendo, a impulsão horizontal em virtude de sua solicitação constante nas atividades corporais, tanto nos esportes quando nas demais atividades. Oliveira e Gallagher (1997) afirmam que a força é um processo diretamente vinculado ao crescimento e maturação. Nesse sentido os resultados do presente estudo, quanto à melhora no salto horizontal, pode-se atribuir ao processo de crescimento em razão da faixa etária utilizada e no aprimoramento da habilidade de saltar em conseqüência da prática dos esportes e das atividades físicas gerais. Corroborando que essa afirmação está o estudo de Braga et al. (2008).

    Nesse contexto, as práticas específicas de modalidades esportivas e de atividades físicas gerais, que incluem diversas modalidades na programação apresentaram como sendo importantes para melhoria das capacidades motoras dos escolares na faixa etária de 11 a 13 anos de idade. Embora a prática de esportes como futsal e handebol possua interferência para melhorar em algumas capacidades, pode-se sustentar que no ambiente escolar a prática de esportes específicos ou de forma generalizada contribuem para o crescimento das capacidades FLEX, ABD, FMI, FMS e QUAD que são importantes indicadores de saúde por meio da atividade física. Assim sendo, o estímulo à prática de esportes e exercícios gerais no ambiente escolar vem reforçar e incentivar a cultura da prática nas fases adulta e da terceira idade, objetivando uma melhor qualidade de vida.

Referências bibliográficas

  • BERGMANN, G. G.; BERGMANN, M. L. A; PINHEIRO, E. S.; MOREIRA, R. B.; MARQUES, A. C.; GAYA, A. C. A. Estudo Longitudinal do Crescimento Corporal de Escolares de 10 a 14 anos: Dimorfismo Sexual e Pico de Velocidade. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis v.10, n°3, pg. 250-251, 2008.

  • BÖHEME, M. T. S. Aptidão física: aspectos teóricos. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, v.7, p. 52-55, 1993.

  • BORGES, A. F. Avaliação e Comparação de Indicadores Antropométricos e Neuromusculares de Jovens Escolares do Ensino Fundamental do Interior Paulista. Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Metodista de Piracicaba como requisito à obtenção do título de Mestre em Educação Física, Piracicaba, 2008.

  • BRAGA, F.; GENEROSI, R. A.; GARLIPP, D. C.; GAYA, A. Programas de Treinamento de Força para Escolares sem uso de Equipamentos. Revista Eletrônica da Ulbra São Jerônimo – Vol. 03, 2008.

  • GALLAHUE, D. Educação física desenvolvimentista. Cinergis, Santa Cruz do Sul, v. 1, n. 1, p. 7-18, 2000.

  • MACHADO FILHO, R.; PELLEGRINOTTI, I.; L.; GONELLI, P. R. G. Crescimento e desenvolvimento das capacidades motoras de meninos escolares praticantes de atividade física geral. Ulbra e Movimento (REFUM), Ji-Paraná, v.2 n.1 p.45-59, jan/mar., 2011.

  • MATSUDO, S. M. M. et al., Nível de atividade física em crianças e adolescentes de diferentes regiões de desenvolvimento. Revista da APEF, Londrina, v.3, n. 4, 1998.

  • OLIVEIRA, A. S. A.; MACHADO FILHO, R. A especialização precoce em jovens atletas na modalidade de voleibol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n. 153, ano 15, Fev. 2011.http://www.efdeportes.com/efd153/a-especializacao-precoce-em voleibol.htm

  • OLIVEIRA, A. R.; GALLAGHER, J. D. Treinamento de força muscular em crianças: novas tendências. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, V. 2, N. 3, p. 80-90, 1997.

  • SOUZA, O. F.; NETO CÂNDIDO, S. P. Alteração anual do desenvolvimento físico de meninos de 9 para 10 anos de idade. Revista Brasileira Ciência e Movimento. Brasília, v.10, n.3, p. 19-24, 2002.

  • VITOR, F. M.; UEZU, R.; SILVA, F. B. S.; BÕHME, M. T. S. Aptidão física de jovens atletas do sexo masculino em relação à idade cronológica e estágio de maturação sexual. Revista Brasileira de Educação Física e Esportes. São Paulo, v.22, n.2, p.139-48, abr./jun. 2008.

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