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Estudo comparativo entre o VO2máx pelos testes
cardiorrespiratórios de milha e submáximo de Astrand em idosos

Estudio comparativo entre el VO2máx por los test cardiorrespiratorios de la milla y submáximo de Astrand en personas mayores

Comparative study between VO2max by testing cardiorespiratory mile and submaximal Astrand in elderly

 

Departamento de Educação Física

Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO

Irati, Paraná

(Brasil)

Luiz Augusto da Silva

Thiago Emannuel Medeiros

João Luiz Lang Pavlak

luizbiologia@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente trabalho foi verificar se os percentuais do VO2máx correspondem às mesmas intensidades percentuais do teste de caminhada de milha e o teste submáximo de Astrand em idosos. Métodos: Participaram deste estudo 19 voluntários de ambos os sexos com idades entre 50 e 60 anos. Cada voluntário realizou dois testes (T1 – Teste de Milha e T2 – submáximo cicloergômetro) com intervalo de 24 horas entre os mesmos. Para a analise estatística, foi utilizado o teste T Student, sendo significativo para o valor de p > 0,05. Resultados: Para os resultados do VO2máx, o teste de Milha teve média significativamente maior (~52%) em relação ao Teste Submáximo de Astrand (p < 0.001). Conclusão: Conclui-se que ocorreu diferença entre os testes de VO2max aplicados, podendo se consideram a aplicabilidade do teste para o grupo escolhido.

          Unitermos: Idosos. VO2max. Freqüência cardíaca.

 

Abstract

          The aim of this study was to determine the percentages of VO2max intensities correspond to the same percentage of the mile walk test and submaximal Astrand test in the elderly. Methods: The study included 19 volunteers of both sexes aged between 50 and 60 years. Each subject performed two tests (T1 - T2 and Mile Test - submaximal cycle ergometer) with 24-hour interval between them. For the statistical analysis was performed using the Student t test, being significant p value> 0.05. Results: For the results of VO2max, Mile test had significantly higher mean (~52%) compared to the Astrand Submaximal test (p <0.001). Conclusion: We conclude that there was difference between the VO2max tests applied, can we consider the applicability of the test for the selected group.

          Keywords: Elderly. VO2max. Heart rate.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A utilização de exercícios físicos é de extrema importância para idosos, obtendo resultados expressivos como o da regulação completa da hipertensão e do peso sem a utilização de fármacos1. A intensidade do exercício é de fundamental importância para o acompanhamento da atividade sem complicações decorrentes do excesso de esforço. O American College of Sports Medicine2 tem recomendado intensidades de treinamento entre 40 e 60% da capacidade funcional com intensidades de condicionamento para idosos, hipertensos e diabéticos.

    O conhecimento do estado cardiorrespiratório determina uma faixa de segurança para o individuo, podendo realizar a atividade sem maiores riscos envolvidos3. De acordo com Rikli e Jones4, apesar do declínio das capacidades cardiorrespiratórias com o envelhecimento, se a debilidade física for detectada oportunamente e se houver uma intervenção adequada que inclua a atividade física, pode atuar com um excelente componente de ação.

    Entre as principais respostas cardiovasculares agudas ao exercício está a freqüência cardíaca (FC), e pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD). O tipo de resposta de cada variável fisiológica vai depender do tipo de exercício, intensidade e duração5. Uma forma de observar os níveis de aptidão cardiorrespiratória pode estar envolvida com consumo máximo de oxigênio (VO2máx). Ele representa a quantidade máxima de oxigênio que pode ser transportado e consumido pelo metabolismo celular durante o exercício severo6.

    O VO2máx e a FC são influenciados pela demanda metabólica da musculatura ativa, ocorrendo um aumento de ambos com o aumento da intensidade do exercício até que seja atingido o ponto máximo da captação de O2 e da FC. Neste ponto onde mesmo com o aumento da intensidade do exercício não ocorre aumento da captação de O2 denomina-se VO2 máximo, que tem uma relação direta com a FCmax7.

    Um protocolo amplamente usado para mesurar o VO2 para pessoas idosas é o Protocolo em cicloergômetro de Astrand-Ryhming8. Entre as técnicas de testes submáximos é que tem apresentado maior aceitação. É um teste de fase única que dura 6 minutos, e a taxa de trabalho sugerida é selecionada de acordo com o sexo e estado individual de atividade do testado. Outro teste utilizado para idosos compreende o teste de Caminhada da Milha (The Rockport Fitness Walking Test), desenvolvido por Kline et al.9, o qual estima o VO2máx de indivíduos com idade entre 30 e 69 anos, relacionando freqüência cardíaca, idade e tempo para realiza 1600m.

    Dessa maneira, o objetivo do presente trabalho foi verificar se os percentuais do VO2máx correspondem às mesmas intensidades percentuais do teste de caminhada de milha e o teste submáximo de Astrand em idosos.

Materiais e métodos

    Sujeitos: Participaram deste estudo 19 voluntários de ambos os sexos, sendo mostradas as características físicas, clínicas e antropométricas na tabela 1. Para a seleção da amostra foram incluídos indivíduos com idades entre 50 e 60 anos. Foram excluídos indivíduos que apresentassem algum tipo de patologia cardiovascular que os limitassem os movimentos. Seguindo os preceitos éticos de pesquisa com seres humanos, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética Local, com o protocolo n° 03454/2008.

Tabela 1. Caracterização Clínica dos Sujeitos (n = 19)

    Procedimentos Pré-Teste: Todos assinaram um termo de consentimento livre esclarecido (TCLE), qual descrevia todos os procedimentos adotados no estudo e seus possíveis riscos. Seqüencialmente passaram por uma anamnese abordando fatores de risco para doença arterial coronariana, sinais e sintomas sugestivos de disfunções cardiorrespiratórios ou metabólicos. Para a parte antropométrica, a determinação da massa corporal e estatura dos indivíduos, foram utilizadas uma balança (Filizola, modelo 31, Brasil®) com graduação de 100g e um estadiômetro portátil (Ghrum Polar Manufacture, Suíça®) com precisão de 1,0 mm. As medidas de dobras cutâneas foram obtidas com a utilização de um compasso (Cescorf, EUA®) com leitura de 0,5 mm. Inicialmente, foram verificadas as medidas de estatura e massa corporal e a obtenção de dez dobras cutâneas, foram utilizadas as equações do somatório de sete dobras desenvolvidas por Jackson e Pollok10 e, para o percentual de gordura, a de Siri11.

    Procedimentos experimentais: Cada voluntário realizou dois testes (T1 – Teste de Milha e T2 – submáximo cicloergômetro) com intervalo de 24 horas entre os mesmos.

    Para o protocolo de Astrand-Ryhming8 (T1), o sujeito foi submetido a um teste em cicloergômetro, aumento da carga a cada 6 minutos (0,5 kg para Homens e 0,25 kg para mulheres) com verificação da FC, PA, sensação subjetiva de Borg12 e escala de dor13.

    O teste de Milha9, de 1604 metros, foi realizado em pista aberta, verificando a FC e o tempo a cada 2 minutos, até que se completasse a prova, e ao seu final foi mensurado a PA.

    Analise estatística: Para a comparação entre as médias da eficácia dos treinamentos foi utilizado o teste T Student para amostras independentes sendo significativo para o valor de p < 0,05. Para tanto, utilizou para análises o pacote estatístico SPSS versão 13.0.

Resultados

    Os resultados máximos da FC entre os testes de Milha e submáximo de Astrand se mostraram iguais e não significativos (Figura 1).

Figura 1. Média da Freqüência Cardíaca Máxima após o teste de Milha (T1)

e o Teste Submáximo de Astrand (T2). Dados mostrados em Média ± DP

    Para os resultados do VO2máx, o teste de Milha teve média significativamente maior (~52%) em relação ao Teste Submáximo de Astrand (p < 0.001). Os dados podem ser vistos na Figura 2.

Figura 2. Média do VO2máx após o teste de Milha (T1) e o Teste Submáximo de Astrand (T2)

Dados mostrados em Média ± DP. *Estatisticamente diferente (p < 0,001)

Discussão

    O envelhecimento registrado na população brasileira como mundial vem aumentando de forma considerável, e o exercício físico deve ser inserido no cotidiano de cada pessoa, tanto idoso como jovem. O tipo de exercício e a avaliação da capacidade física se tornam uma ferramenta fundamental para cada profissional no momento da prescrição da atividade física para esta população.

    No estudo de Kurata et al.14, com protocolo em bicicleta, alcançaram em pacientes de 75 a 88 anos, média, 84% da freqüência cardíaca máxima. No presente estudo, a média da freqüência cardíaca chegou a 76% do máximo inicialmente caracterizado.

    Em pesquisa realizada por Vacanti et al.15, optou-se por realizar o protocolo de Bruce16 em esteira, chegando a níveis de freqüência cardíaca 95,7 ± 9,6. A média da freqüência cardíaca encontrada nesse estudo se encontra em 121 ± 16.

    Os resultados relacionados ao VO2max do teste com o cicloergômetro podem ser explicados pela capacidade física dos participantes do estudo. A inatividade física aumenta a degeneração das fibras de colágeno e o encurtamento da fibra muscular, reduz a viscosidade do líquido sinovial e atrofia as fibras musculares, reduzindo, dessa forma, a flexibilidade entre indivíduos sedentários. Essa última é o único componente motor que atinge seu auge na infância, piorando em seguida, se não for devidamente trabalhada. O envelhecimento provoca diminuição da amplitude de movimento que pode ser superior a 50%17.

    A Figura 1 ainda mostra que a média do VO2max possui aptidão cardiorrespiratória abaixo da média estipulada pelo protocolo de Kline et al.9.

    O aumento da prática de exercícios físicos em indivíduos de diversas faixas etárias tende a se obter instrumentos para monitorar e controlar a atividade física. Na literatura, é consenso que a forma mais aceita de melhorar consideravelmente a aptidão física são as atividades físicas. No entanto, existe controvérsia em relação ao tipo dessa atividade adequado para obter mais benefícios à saúde.

    Para se considerar qual tipo de atividade a pessoa idosa possa praticar, devesse buscar uma forma de avaliação que torne essa atividade segura, e este estudo mostrou diferentes valores para um dos parâmetros que caracterizam algumas atividades adequadas, devendo-se observar mais detalhes no momento da prescrição do exercício para esta população.

Conclusão

    Desse modo, podemos concluir que ocorreu diferença entre os testes de VO2max aplicados, podendo se consideram a aplicabilidade do teste para o grupo escolhido. Como limitação principal do presente estudo, se tem o número reduzido da amostra avaliada, e sugere-se a repetição do estudo com um aumento do número de sujeitos avaliados.

Referencias

  1. Rondon MUPB, Forjaz CLM, Nunes N, Amaral SL, Barreto ACP, Negrão CE. Comparação Entre A Prescrição De Intensidade De Treinamento Físico Baseada Na Avaliação Ergométrica Convencional E Na Ergoespiramétria. Arq Bras Cardiol 1998;70(3):159-66.

  2. American College of Sports Medicine (ACSM). Manual de pesquisa das diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 4 ed. São Paulo: Guanabara Koogan; 2003.

  3. Bruce RA. Exercise testing of patients with coronary heart disease. Principles and normal standards for evaluation. Ann Clin Res 1971; 3:323-32.

  4. Rikli RG, Jones CJ. Development and validation of a functional fitness test for community-residing older adults. J Aging Phys Activ 1999;7(2):129-181.

  5. Polito MD, Rosa CC, Schardong P. Respostas cardiovasculares agudas na extensão do joelho realizada em diferentes formas de execução. Rev Bras Med Esporte 2004;10(3):173-176.

  6. Bassett DR, Howley ET. Limiting factors for maximum oxygen uptake and determinants of endurance performance. Med Sci Sports Exerc 2000;32(1):70-84.

  7. Santana MG, Tufik S, Passos GS, Santee DM, Denadai BS, Mello MT. Variação diurna e resposta da cinética do VO2 de ciclistas durante exercício muito intenso. Rev Bras Med Esporte 2008;14(3):227-230.

  8. Åstrand PO, Ryhming I. A nomogram for calculation of aerobic capacity from pulse rate during submaximal work. J Appl Physiol. 1954;7(2):218-21.

  9. Kline GM, Porcari JP, Hintermeister R, Freedson PS, Ward A, McCarron RF. Estimation of VO2max from a one-mile track walk, gender, age, and body weight. Med. Sci. Sports Exerc 1987;19:253-259.

  10. Jackson AS, Pollock ML, Graves JE, Mahar MT. Reliability and validity of bioelectrical impedance in determining body composition. J Appl Physiol 1988;64:529-34.

  11. Siri WE. Body composition from fluid spaces and density. Washington DC: National Academy of Science, 1961.

  12. Borg G, Noble BJ. Psycophysical bases of perceived exertion. Medicine & Science Sport Exerc 1982;14:377-381.

  13. Huskisson EC. Measurement of pain. Lancet 1974;2:1127-31.

  14. Kurata C, Uehara A, Sugi T, Yamazaki K, Tawarahara K, Mikami T, Matoh F, Odagiri K. Exercise myocardial perfusion scintigraphy is useful for evaluating myocardial ischemia even in the elderly. Ann Nucl Med 2000;14:181-6.

  15. Vacanti LJ, Sespedes LBH, Sarpi MO. O Teste Ergométrico é Útil, Seguro e Eficaz, mesmo em ndivíduos Muito Idosos, com 75 Anos ou Mais. Arq Bras Cardiol 2004;82(2):147-50.

  16. Bruce RA. Methods of Exercise Testing. Am J Cardiol 1974;33:715–720.

  17. Pate RR, Pratt SN, Blair WL, Haskell CA, Bouchard D, Buchner W et al. Physical activity and public health. A recommendation of the centers for disease control and prevention and the American College of Sports Medicine. Jama 1995;273:402-407.

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