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Condições de saúde e a promoção da atividade física em
adultos atendidos pela Estratégia da Saúde da Família (ESF)

Condiciones de salud y la promoción de la actividad física en adultos atendidos por la Estrategia de Salud de la Familia (ESF)

 

Professores do Curso de Educação Física

da Unoesc, campus de São Miguel do Oeste, SC

Grupo de estudos e pesquisa em Atividade Física e Educação Física Escolar

Laboratório de Fisiologia do Exercício (LAFE)

(Brasil)

Sandra Fachineto

Andréa Jaqueline Prates Ribeiro

Elis Regina Frigeri

Eliéser Felipe Livinalli

Fátima Bisutti

Sandro Claro Pedrozo

sandra.fachineto@unoesc.edu.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo objetivou avaliar o índice de massa corporal (IMC) e a circunferência de cintura (CC) em adultos atendidos pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) visando a promoção de saúde por meio da prática de atividade física nos municípios pertencentes à Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Maravilha/SC. A amostra foi selecionada a partir de divulgação em todas as unidades de saúde e no total, 620 usuários participaram da avaliação diagnóstica e de orientações relacionadas à prática de atividade física em 15 núcleos de apoio à saúde distribuídos em 11 municípios da SDR, incluindo hipertensos, diabéticos e idosos. Foram analisadas as variáveis: Índice da Massa Corporal (IMC) e Circunferência Cintura (CC). As orientações da atividade física foram feitas através de palestras educativas, de exercícios orientados (alongamentos, fortalecimento muscular e caminhada) e de folders informativos. Os dados foram analisados através de estatística descritiva (média, desvio-padrão e freqüência relativa). Os resultados mostraram que tanto em diabéticos como em hipertensos, os indicadores de gordura corporal (IMC e CC) apresentaram valores acima dos padrões de normalidade representando maior risco no que concerne ao desenvolvimento de doenças crônico degenerativas.

          Unitermos: Atividade física. Saúde pública. Hipertensos. Diabéticos.

 

Abstract

          The present study aimed to evaluate the body mass index (BMI) and waist circumference (WC) in adults served by the Family Health Strategy (FHS) aimed at promoting health through physical activity in the municipalities belonging to the Department of Regional Development (SDR) of Maravilha / SC. The sample was selected from disclosure in all health units and in total, 620 users participated in the diagnostic evaluation and guidelines related to physical activity in 15 core health support distributed in 11 municipalities of the SDR, including hypertension, diabetics and the elderly. The variables: Body Mass Index (BMI) and Waist Circumference (WC). The guidelines of physical activity were made through educational lectures, guided exercises (stretching, muscle strengthening and walking) and informational brochures. Data were analyzed using descriptive statistics (mean, standard deviation and relative frequency). The results showed that both diabetic and in hypertensive, indicators of body fat (BMI and WC) had values ​​above the normal range representing higher risk regarding the development of chronic degenerative diseases.
          Keywords: Physical activity. Public health. Hypertensives. Diabetics.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O estilo de vida exerce influência direta sobre a saúde das pessoas sendo o sedentarismo atualmente, um dos principais fatores ligados ao desenvolvimento de doenças e à mortalidade. Além do mais, a obesidade é uma dos principais conseqüências do sedentarismo, representando um importante fator de risco para o desenvolvimento de várias doenças como diabetes, hipertensão, dislipidemias, câncer entre outras. (NAHAS, 2010).

    A promoção da saúde representa uma estratégia para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que afetam as populações humanas. (SOUZA; GRUNDY, 2004). A necessidade de trabalho multiprofissional nos cuidados com a saúde vem sendo incorporada de forma progressiva na prática diária, principalmente pelo Sistema Único de Saúde através da Estratégia Saúde na Família (ESF). Esta surgiu com o principal propósito de levar a saúde para mais perto da família e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. (MACHADO, 2007; BRASIL, 2004).

    A participação dos profissionais da Educação Física na ESF mostra-se muito importante, uma vez que atuam tanto na prevenção de doenças como na educação em saúde por meio do incentivo à prática de atividade física orientada.

    Já são vários os programas inseridos nos ESFs de diferentes regiões do Brasil. Em Florianópolis/SC, por exemplo, Gomes e Duarte (2008) evidenciaram que após inserir um programa de quatro meses de orientação por meio de cartilhas e palestras bem como orientação da atividade física domiciliar para aproximadamente 51 pessoas a intervenção apresentou influência positiva para a mudança de comportamento para atividade física e saúde, ou seja, o grupo aumentou o índice de atividade física habitual no exercício.

    No Extremo-Oeste de Santa Catarina, em especial, na região da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Maravilha que é formada por 12 municípios (Bom Jesus do Oeste, Flor do Sertão, Iraceminha, Maravilha, Modelo, Pinhalzinho, São Miguel da Boa Vista, Santa Terezinha do Progresso, Saltinho, Saudades, Romelândia e Tigrinhos), ainda não existia profissional de Educação Física atuando nos Núcleos de Apoio da ESF dos municípios.

    Sabendo da necessidade e a importância de se mudar os comportamentos relacionados a atividade física e sobre os efeitos benéficos da mesma no estilo de vida ativo e saudável é que este estudo objetivou avaliar o índice de massa corporal (IMC) e a circunferência de cintura (CC) em adultos atendidos pela ESF e implantar ações de promoção da saúde por meio da atividade física nos municípios pertencentes à SDR de Maravilha/SC.

Materiais e métodos

    O estudo se caracteriza como descritivo e teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Unoesc, campus de Joaçaba/SC (parecer nº 207/2010).

    A amostra foi composta por 620 usuários de ambos os gêneros com idade igual ou superior a 18 anos, atendidos pelos Núcleos de apoio a saúde da família dos municípios pertencentes à SDR de Maravilha/SC, sendo 146 homens e 474 mulheres. A seleção da amostra foi voluntária, utilizando como critério de inclusão a assinatura do TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido).

    Em um primeiro momento foi feito contato com os Secretários Municipais de Saúde de cada um dos 12 municípios que compõe a Região de Abrangência Regional de Maravilha. Destes, 11 municípios aceitaram participar do programa de avaliação e promoção da saúde. Através de indicação, cada município destinou um grupo vulnerável dentro dos ESFs para participarem da pesquisa, caracterizando-se grupos de: hipertensos, diabéticos e idosos. No total, foram 15 núcleos de pessoas atendidas em 11 municípios.

    Foram avaliadas as condição de saúde individual de cada sujeito participantes por meio de medidas de circunferência de cintura, massa corporal e estatura que resultaram nos indicadores de gordura abdominal (CC) e gordura geral (IMC). Os parâmetros de classificação para o IMC e CC seguiram as recomendações da Organização Mundial da Saúde (1998).

    Após o diagnóstico, foram implementadas ações de promoção da saúde. Uma vez por mês, a equipe de pesquisadores visitava os grupos avaliados e realizava orientações de saúde e da prática de atividade física. Salienta-se, portanto, que essa intervenção não se caracterizou como um programa de exercícios e sim como uma proposta de promoção da saúde. No total, foram 4 meses de trabalho.

    Os resultados referentes a medidas de IMC e CC foram analisados através do programa SPSS, versão 13.0, utilizando-se de estatística descritiva (média e desvio-padrão; freqüência relativa).

Resultados

Etapa diagnóstica

    A tabela 01 mostra os valores médios e o desvio-padrão das variáveis idade, peso, estatura, circunferência de cintura (CC) e índice de massa corporal (IMC) dos indivíduos dos gêneros masculino e feminino que fizeram parte da amostra.

Tabela 01. Caracterização da amostra

    Pode-se observar que os valores médios de CC tanto para o gênero masculino como para o feminino enquadrando-se acima do padrão recomendável para a saúde, assim como, para a medida correspondente ao índice de massa corporal.

    Na tabela 2 observa-se que a maioria dos diabéticos, idosos e hipertensos apresentou “risco alto” em relação ao indicador CC.

Tabela 02. Freqüência relativa dos grupos de diabéticos, idosos e hipertensos em relação a classificação da circunferência de cintura.

    Em relação ao indicador IMC, a maioria das pessoas participantes de cada grupo pesquisado apresentou sobrepeso ou obesidade (principalmente de grau I).

Tabela 03. Freqüência relativa dos grupos de diabéticos, idosos e hipertensos em relação a classificação de índice de massa corporal

Ações de promoção da saúde

    Como princípio adotou-se o modelo dos estágios de mudança de comportamento, onde segue as etapas de educar (contemplação, pré-contemplação), conscientizar (estágio de preparação), e a praticar (estágio de ação e manutenção). (DUMITH; DOMINGUES; GIGANTE, 2008).

    Desta forma, primeiramente conscientizou-se os participantes de que estão em condições de risco por meio das palestras e de folders. A intenção foi de orientá-los para que pudessem ter subsídios e conhecimento para agir em benefício de sua própria saúde. Por fim, foi possibilitado ações práticas, com estímulos a manter essa condição saudável. Foram feitas caminhadas orientadas, exercícios de alongamento, exercícios de fortalecimento muscular com material alternativo (garrafas pets contendo areia).

Discussão

    No presente estudo as freqüências de sobrepeso e obesidade foram elevadas para os grupos analisados. Este fato pode ser explicado em função de que a maior parte da amostra foi composta por indivíduos com hipertensão e diabetes, fatores freqüentemente associados ao excesso de peso. Corroborando, Cristóvão, Sato e Fujimori (2011) verificaram que de 298 mulheres com idade entre 20-59 anos, usuárias de uma unidade da Estratégia da Saúde da Família de São Paulo/SP o excesso de peso afetou 56% das mulheres, sendo 37% sobrepeso e 19% obesidade. Além do mais, 59% tinham obesidade abdominal associada à idade e hipertensão. Este fato confirma que indivíduos com circunferência de cintura elevada apresentam maior risco de doenças cardiovasculares e metabólicas.

    Dellay e Krug (2010) ao avaliarem o IMC de 37 pacientes hipertensos e/ou diabéticos de uma unidade de Saúde do município de Ibirubá-RS, diagnosticaram que 22 apresentaram sobrepeso e 06 obesidade. Follmann (2011) ao verificar o estado nutricional de 131 idosos de uma unidade básica de Saúde de Porto Alegre observou prevalência de sobrepeso em ambos os sexos, principalmente nas mulheres e 78,86% dos idosos apresentaram circunferência de cintura inadequada. Também destacou que os idosos apresentaram alguma doença associada como hipertensão, diabetes ou dislipidemia.

    Desta forma, a prática de atividade física inserida nas unidades básicas de saúde se torna um importante coadjuvante para minimizar os efeitos do excesso de peso e obesidade assim como das doenças relacionadas. Fachineto et al. (2011) mostraram que exercícios resistidos executados duas vezes por semana durante quatro meses em diabéticos de hipertensos de uma Unidade de Saúde de São Miguel do Oeste/SC se tornaram eficientes para controlar ou mesmo diminuir os valores pressóricos e de glicose dos participantes, embora não se observaram diferenças estatisticamente significativas antes e após a intervenção.

    Ainda, o município de Rio Claro/SP desde 2001 tem implantado um programa de atividade física para diabéticos, hipertensos e obesos nas Unidades Básicas de Saúde. As evidências acumuladas por seis anos pela equipe de pesquisadores do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual Paulista mostraram que o programa foi efetivo para melhorar o desempenho de alguns componentes da aptidão funcional, metabolismo de lipídios e glicose, estados de ânimo e qualidade de vida relacionada a saúde dos participantes. (NAKAMURA et al, 2010).

    Dumith, Domingues e Gigante (2008) afirmam que a necessidade e a importância de se mudar os comportamentos relacionados a atividade física, baseia-se em fatos cientificamente comprovados sobre os efeitos benéficos da atividade física no estilo de vida ativo e saudável e na qualidade de vida dos praticantes.

Conclusão

    Pode-se observar que tanto em diabéticos como em hipertensos e idosos, os indicadores de gordura corporal (IMC e CC) apresentaram valores acima dos padrões de normalidade representando maior risco no que concerne ao desenvolvimento de doenças crônico degenerativas. Sendo assim, verificou-se que é de extrema importância que sejam implementadas ações de promoção da saúde por meio da atividade física para estes grupos a fim de contribuir para uma melhor qualidade de vida.

Agradecimentos

    Ao fundo de amparo à pesquisa científica e inovação do Estado de Santa Catarina – FAPESC, pelo apoio financeiro.

    À equipe de bolsistas e voluntários do Laboratório de Fisiologia do Exercício (LAFE) pelo empenho nas coletas e orientações da atividade física.

    À Secretaria de Desenvolvimento Regional de Maravilha, por disponibilizar o acesso aos postos de Saúde para o desenvolvimento da pesquisa.

Referências

  • BRASIL, Ministério da Saúde. Atenção Básica Saúde da Família: Saúde da família. Brasília- DF: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php. Acesso em: 05 jun. 2012.

  • CRISTÓVÃO, M. F.; SATO, A. P. S.; FUJIMORI, E. Excesso de peso e obesidade abdominal em mulheres atendidas em unidade da estratégia saúde da família, Rev. Esc. Enferm., São Paulo, v.45, dez. 2011.

  • DELLAY, E. R. K.; KRUG, M. R. Nível de atividade física e fatores associados em pacientes diabéticos e hipertensos usuários da Estratégia de Saúde da Família do município de Ibirubá, RS. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v.15, n.145, p. 1 – 6, jun. 2010. http://www.efdeportes.com/efd145/atividade-fisica-em-pacientes-diabeticos-e-hipertensos.htm

  • DUMITH, S. C.; DOMINGUES, M. R; GIGANTE, D.P. Estágios de mudança de Comportamento para a prática de atividade física: uma revisão da literatura. Rev. Bras.Cineantropom. Desempenho Hum, v 10, n 3, p. 301-307, 2008.

  • FACHINETO, S. et al. Efeitos do treinamento resistido na pressão arterial e glicose sanguínea em sujeitos hipertensos e diabéticos cadastrados na Estratégia da Saúde da Família. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 16, n. 156, p. 1-9, maio 2011. http://www.efdeportes.com/efd156/treinamento-resistido-em-sujeitos-hipertensos.htm

  • FOLLMANN, Letícia. Estado Nutricional de idosos usuários de uma unidade básica de saúde em porto alegre/RS. 36 f. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Nutrição), Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2011.

  • GOMES, M. A.; DUARTE, M. F. S. Efetividade de uma intervenção de atividade física em adultos atendidos pela estratégia saúde da família: programa ação e saúde Floripa – Brasil. Revista Brasileira de Atividade Fisica e Saúde, Florianópolis, v. 13, n. 1, p. 44-56, nov. 2008.

  • MACHADO, D. O. A educação física bate á porta; o Programa Saúde da Famíia (PSF) e o acesso à saúde coletiva. In.: FRAGA, A. B. ; WACHES, F. (org). Educação Física e Saúde Coletiva: políticas de formação e perspecitvas de intervenção. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007.

  • NAHAS, Marcus Vinícios. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 5ª ed. Londrina: Midiograf, 2010.

  • NAKAMURA, P. M. et al. Programa de intervenção para a prática de atividade física: Saúde Ativa Rio Claro, Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 15, n. 2, p. 128-132, 2010.

  • SOUZA, E. M.; GRUNDY, E. Promoção da saúde, epidemiologia social e capital social: inter-relações e perspectivas para a saúde pública, Cadernos de Saúde Pública, n. 20, v. 5, p. 1354-1360, set./out., 2004.

  • WORLD HEALTH ORGANIZATION, Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of WHO Consulation on Obesity. Geneva, 1998.

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