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Nutrição escolar: realidade das escolas de Quissamã, RJ

Nutrición escolar: la realidad de las escuelas de Quissama, RJ

 

*Aluno do curso de graduação em Educação Física

da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC Quissamã, RJ

**Professor do curso de graduação em Educação Física

da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC Quissamã, RJ

Professor do curso de graduação em Educação Física

da Universo, Campos dos Goytacazes, RJ

Mestre em Ciências da Motricidade Humana, UCB, RJ

Leonardo Alves Nunes*

Ronaldo Nascimento Maciel**

rnmvolei@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Os danos, a curto e longo prazo, causados tanto pela falta quanto pela abundância de peso no processo de desenvolvimento infantil na escola são severos. O conhecimento do hábito alimentar da população analisada se torna importante para determinada ações de controle e preventivas dos desvios nutricionais. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar os hábitos alimentares de escolares do município de Quissamã (RJ) enquanto estão na escola e a aceitação destes em relação à merenda escolar. A amostra foi de 311 alunos, com idade entre 13 e 17 anos, sendo 163 meninas e 148 meninos, regularmente matriculados na rede pública de ensino. Foi aplicado um questionário semi-aberto estruturado adaptado. De acordo com os resultados encontrados pelo presente estudo, a merenda escolar oferecida pelas escolas do município de Quissamã (RJ) atende as necessidades e expectativas dos escolares.

          Unitermos: Merenda. Escola. Alimentação.

 

Abstract

          The damage in the short and long term, caused by both the lack and abundance by weight in the process of child development at the school are severe. The knowledge of the feeding habits of the surveyed population becomes important for certain preventive and control measures of nutritional problems. The objective of this study was to determine the dietary habits of school children of Quissamã (RJ) while at school and acceptance of these in relation to school meals. The sample of 311 students aged between 13 and 17 years, 163 girls and 148 boys enrolled in public schools. We used a questionnaire adapted semi-structured open. According to the results found in this study, school lunches provided by the schools of the city of Quissamã (RJ) meets the needs and expectations of students.

          Keywords: Merenda. School. Feeding.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um artifício do governo, de recinto nacional, que tem objetivo de suprir, no mínimo, 15% das necessidades nutricionais dos alunos durante o tempo que estes passam na escola. O PNAE objetiva, também, contribuir para diminuição do índice de fuga escolar, para a formação de bons hábitos alimentares e para o crescimento da capacidade de aprendizagem (MUNIZ e CARVALHO, 2007).

    Miranda e Navarro (2008) afirmam que os consumos alimentares inadequados, caracterizado por um aumento do hábito de ingerir alimentos de alto valor calórico, essencialmente os alimentos industrializados, associado á redução de atividade física, resultam em um desequilíbrio energético que cooperam para o aumento da prevalência da obesidade. De acordo com Triches e Giugliani (2005) o consumo alimentar tem sido relacionado à obesidade não somente quando a uma alta ingestão alimentar, como também está ligada à composição e qualidade da dieta. Costumes alimentares inadequados, como o baixo consumo de frutas, hortaliças e leite, o aumento da ingestão de guloseimas, como bolachas recheadas, salgadinhos, doces, refrigerantes, bem com ausência no café da manhã, entre outros, explicam em parte a alta prevalência do volume de adiposidade nas crianças.

    De acordo com Carvalho et al. (2010) os danos, a curto e longo prazo, causados tanto pela falta quanto pela abundância de peso no processo de desenvolvimento infantil na escola são severos. O conhecimento do hábito alimentar da população analisada se torna importante para determinada ações de controle e preventivas dos desvios nutricionais. Além disso, como hábitos alimentares adquiridos na infância tendem a se tornar estáveis na vida adulta, tornam-se importantes a promoção de providências que auxiliem a aquisição de hábitos saudáveis nesse período da vida.

    No panorama mundial, entende-se que atualmente as crianças e adolescentes possam ser estimulado ao consumo de alimentos de baixo teor nutricional e ao sedentarismo, devido à influência de vários fatores, como os hábitos dos próprios pais, a pressão dos colegas e a publicidade. Como consequência à ação destas práticas, destaca-se uma avanço de sobrepeso e obesidade infantil nas últimas décadas, que são relacionada a doenças crônicas, refletindo de maneira negativa na qualidade de vidas crianças e adolescentes (PEREIRA et al. 2011).

    De acordo com Pereira et al. (2011) foi reconhecido durante 32 reuniões do comitê permanente de nutrição da organização das nações unidas, a importância do papel das escolas, através de campanha educativas sobre nutrição e promovendo encontro de ações dos profissionais da área de saúde na busca pela saúde da população como sendo útil para mudar os crescentes problemas nutricionais em jovens e adultos no mundo. Triches e Giugliani (2005) corroboram esta afirmativa e acrescentam que se torna urgente estudar artifícios que permitam controlar o aumento da obesidade.

    Dentro desta abordagem, o PNAE surge como uma chance para o redimensionamento das ações desenvolvidas no âmbito escolar, podendo ser uma fator estratégico para modificação das práticas alimentares das escolas, havendo a possibilidade de promoção da educação em saúde e nutrição contextualizando as práticas de educação nutricional buscando construir uma perspectiva ampla de construção de cidadania (CUNHA et al. 2010).

    Neste contexto, o objetivo deste estudo é de verificar os hábitos alimentares de escolares do município de Quissamã (RJ) enquanto estão na escola, além de saber a opinião destes em relação a questões referentes à merenda oferecida nas escolas.

Metodologia

    O presente estudo foi realizado no município de Quissamã, localizado no norte do estado do Rio de Janeiro. Foi aplicado um questionário semi-aberto estruturado adaptado (MUNIZ e CARVALHO, 2007), contendo nove perguntas. A amostra consistiu em duas das quatro escolas públicas que existem na cidade. 311 alunos (idade entre 13 e 17 anos, sendo 163 meninas e 148 meninos), regularmente matriculados nos turnos da manhã e tarde no oitavo e nono ano de ensino responderam as questões. Optou-se por estes anos de ensino por entendermos que os alunos nesta fase tem capacidade para entender as perguntas e expressar suas opiniões nas respostas. As diretoras das escolas assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), que foi lido e explicado para todos os alunos quando da aplicação do questionário.

    O questionário foi aplicado por um acadêmico de Educação Física, com auxílio do Professor da classe, que tinham como objetivo facilitar o entendimento das perguntas pela classe, sem, entretanto, interferir nas respostas. Todos os alunos do oitavo e nono ano que estavam presentes no dia da aplicação do questionário responderam as perguntas.

    A ferramenta estatística utilizada foi o percentil score, sendo feita uma análise descritiva dos dados.

Resultados e discussão

    A figura um apresenta os resultados da primeira pergunta do questionário:

Figura 1

    Conforme as respostas, podemos observar que a grande maioria dos alunos (291, ou 94%) consideram importante a oferta da merenda escolar, com apenas 20 (6%) discordando desta opinião. Esse resultado corrobora o encontrado por Muniz e Carvalho (2007) que encontraram 87% de satisfação em sua pesquisa com escolares de João Pessoa (PB) ao fazerem a mesma pergunta.

Figura 2

    Na figura dois observamos as respostas obtidas dos alunos em relação à segunda pergunta. De acordo com as respostas, do total de 311 alunos entrevistados (100%), 191 (61,4%) consomem a merenda alimentar esporadicamente, enquanto 65 (21%) relataram nunca comer na escola, com os 55 restantes (18%) fazendo as refeições diariamente. Esses dados são semelhantes aos do estudo de Flávio, Barcelos e Lima (2004), que encontraram um percentual de 28% de alunos que não faziam refeições na escola, 25% comiam diariamente, enquanto os demais 47% consumiam a merenda eventualmente.

    Já a pergunta três questionou os alunos sobre se estes efetivamente gostavam da comida oferecida.

Figura 3

    De acordo com os resultados, 233 estudantes (75%) apreciam o sabor da merenda escolar, enquanto 78 (25%) não gostam, sendo que destes 22 (7%) mesmo não gostando comem a alimentação ofercida. Os números vão ao encontro dos encontrados por Santos, Ximenes e Prado (2008) que obtiveram um percentual de 75,4% de aceitabilidade da merenda em escolares da rede pública de Porto Velho (RO).

    O quarto item do questionário abordou a quantidade de comida oferecida. 257 alunos (83%) demonstraram satisfação com a quantidade servida, enquanto 9 (3%) acham exagerada e outros 45 (14%) consideram insuficiente a merenda oferecida, conforme pode ser visto na figura abaixo. Esses números são praticamente iguais aos do estudo de Bleil et al. (2009), que encontraram 81% de alunos que achavam suficiente a quantidade de comida ofertada.

Figura 4

    Posteriormente foi questionada a variedade da alimentação. Na análise dos escolares sempre há comidas diferentes, pois assim responderam 277 entrevistados (89%), ou seja, a grande maioria, com apenas 34 alunos (11%) discordando quanto à variação do cardápio. Os números são concordantes com os do estudo de Muniz e Carvalho (2007), em que quase 93% dos estudantes afirmaram que sempre ter comidas diferentes na escola. A figura abaixo ilustra esta afirmativa:

Figura 5

    A sexta pergunta, que pode ser visualizada na próxima figura, foi relacionada a temperatura da comida quando esta é servida. 71% (222 alunos) consideram boa, enquanto 25% (77 estudantes) acham quente demais e outros 4% (12 jovens) relataram que a merenda é servida fria. Sturion (2002) relata que a temperatura é um dos itens que influencia na aceitabilidade da refeição, que neste estudo foi alta, ao contrário do estudo de Bleil et al., (2009), em que apenas 41% dos alunos entenderam que a comida era servida na temperatura adequada.

Figura 6

    Em seguida, foi questionado aos alunos se estes consideram a comida feita na escola saudável, com a resposta podendo ser verificada na figura abaixo:

Figura 7

    283 alunos, ou seja, 91% acham saudável a merenda escolar. Os 9% restantes (28 alunos) discordam desta afirmativa. Esta pergunta reforça a necessidade da alimentação ser bem direcionada por um profissional da nutrição, pois parece haver um interessa dos alunos em consumir alimentos que fazem bem a saúde, devendo a escola disponibilizálos e de forma atrativa para os alunos (MUNIZ e CARVALHO, 2007; SANTOS, XIMENES e PRADO, 2008).

    Posteriormente a pergunta feita foi a respeito do conhecimento prévio dos alunos acerca do cardápio oferecido. Neste ítem 117 (38%) responderam que tem contato com o cardápio, 119 (38%) afirmaram que raramente tiveram contato, enquanto 75 alunos (24%) disseram nunca ter visto o cardápio. Santos, Ximenes e Prado (2008), afirmam que o planejamento e o aspecto final do prato são essenciais para a aceitação dos alunos em relação a merenda, sendo de bom senso que estes tivessem conhecimento prévio do que teria na refeição, além da importância dos referidos alimentos, já´que a merenda escolar deve ser elaborada por um profissional de nutrição devidamente habilitado, contendo os requisitos nutricionais necessários aos consumidores.

Figura 8

    Por fim foi feita uma pergunta relacionada a qualidade do alimentos disponíveis na cantina da escola, pergunta esta que foi respondida apenas pelos alunos de uma das escolas, visto que na outra não há cantina,

Figura 9

    Como podemos observar na figura acima, 114 alunos (41%) acham que sim. Já 91 estudantes discordam e responderam que os alimentos da cantina não são adequados para que deseja ter uma alimentação saudável. 77 Entrevistados (27%) entendem que na cantina muito pouco dos alimentos podem ser donsiderados saudáveis. O estudo de Danelon et al., (2006) alerta para uma baixa qualidade nutricional de alimentos oferecidos em cantinas escolares, ainda que no Estado do Rio de Janeiro exista a lei 4508/2005 que proíbe a venda de produtos que possam vir a colaborar para o aumento da obesidade. Muniz e Carvalho (2007) ressaltam que 65% dos alunos não consomem apenas os alimentos da merenda durante sua permanência na escola, o que reforça a necessidade da cantina disponibilizar alimentos saudáveis, e que esta como parte do ambiente escolar deve estimular o consumo de alimentos saudáveis.

Conclusão

    A importância de uma adequada ingesta alimentar para crianças e adolescentes em idade escolar reside principalmente em dois fatores: o tempo que estes passam na escola e a fase de crescimento pela qual estão passando. A merenda escolar deve contribuir para as demandas nutricionais em todas as suas vertentes (proteicas, lipídicas, energéticas, entre outras), sendo fundamental ainda que tenha uma boa aceitação por parte dos alunos (FLÀVIO, BARCELOS E LIMA, 2004). Políticas públicas de alimentação e nutrição em escolas no Brasil existem há mais de cinco décadas, período este em vem sendo procurada a forma mais adequada para atender as necessidades dos alunos.

    De acordo com os resultados encontrados pelo presente estudo, a merenda escolar oferecida pelas escolas do município de Quissamã (RJ) atende as necessidades e expectativas dos escolares, fato este também encontrado em outras pesquisas similares. Os itens que, na opinião dos entrevistados, deixam a desejar são o contato prévio com o cardápio e a maior disponibilidade de produtos saudáveis na cantina, embora esta não faça parte diretamente da responsabilidade da escola no quesito merenda.

    Apesar de ser um município pequeno em relação ao número de habitantes, entendemos que a pesquisa desenvolvida pode servir de referencial para estudos futuros, que contemplem variáveis que não foram mensuradas nesta obra.

Referências bibliográficas

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