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Efeitos do Método Pilates na capacidade física
e composição corporal em mulheres adultas

Los efectos del Método Pilates en la capacidad física y composición corporal en mujeres adultas

 

*Especialista em Personal Trainer pela Universidade Santa Cecília

***Coordenador e Professor da Pós-Graduação (Lato Sensu)

na Universidade Santa Cecília - Santos, SP

(Brasil)

Profa. Esp. Alessandra Domingos de Andrade*

Profa. Esp. Noelma Coelho Teles*

Prof. Me. Cássio Adriano Pereira**

cassioadriano@unisanta.br

 

 

 

 

Resumo

          O Método Pilates de treinamento físico desenvolve força, resistência e flexibilidade, recuperando o tônus muscular. Percebe-se uma expansão de adeptos deste método a procura de uma atividade física que seja completa. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do Método Pilates na capacidade física e na composição corporal em mulheres adultas. Para isto, 19 mulheres entre 18 e 60 anos de idade foram selecionadas e divididas em dois grupos, um grupo que já praticavam o método Pilates a pelo menos três e meses, e um grupo de fisicamente inativas. Os dois grupos passaram por testes de composição corporal (massa corporal, estatura, circunferência de cintura e quadril e dobras cutâneas) e por testes de flexibilidade e equilíbrio. As diferenças entre os grupos foram analisadas através do teste “t” de Student baseado em um nível de significância de p<0,05. Os resultados demonstraram que mulheres praticantes do Método Pilates de treinamento apresentam maior percentual de massa magra corporal e maior alcance em teste de flexibilidade em relação a seus pares fisicamente inativas.

          Unitermos: Pilates. Treinamento. Capacidade física. Composição corporal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Método Pilates é um programa completo de condicionamento físico e mental numa vasta órbita de exercícios potenciais (MIRANDA & MORAES, 2009). Nos momentos atuais, percebe-se uma expansão de adeptos no Método Pilates por todo o mundo e um número crescente de livros e textos vêm sendo publicados sobre o mesmo assunto.

    Desenvolvido por Joseph Pilates no início da década de 1920 tem como base um conceito denominado de contrologia, que é o controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo, a correta utilização e aplicação dos mais importantes princípios das forças que atuam em cada um dos ossos do esqueleto, com o completo conhecimento dos mecanismos funcionais do corpo, e o total entendimento dos princípios de equilíbrio e gravidade aplicados a cada movimento, no estado ativo, em repouso e dormindo (KOLYNIAK, CAVALCANTI & AOKI, 2004).

    Os exercícios sugeridos pelo método serviram para recuperar força, flexibilidade e resistência, além de restabelecer o tônus muscular mais rapidamente de soldados feridos na primeira guerra mundial (MARCHESONI et al., 2010). Hoje é utilizado por milhões de pessoas em todo o Mundo com o mesmo intuito e até em relação a modificações na composição corporal.

    Vários são os efeitos da prática do Método Pilates, tais como: o fortalecimento da musculatura extensora do tronco, atenuando o desequilíbrio entre esses grupos musculares (KOLYNIAK, CAVALCANTI E AOKI, 2004), a melhora de quadro de osteoporose e osteopenia, associado à ingestão de medicação apropriada (KOPITZKE, 2007), aumento na força e resistência muscular, flexibilidade, estabilidade postural e desempenho motor (ROGRIGUES et al, 2010), incremento na força abdominal (FERREIRA et al., 2007), e aumento na flexibilidade, em teste de flexão de quadril (MIRANDA E MORAES, 2009).

    Contudo, poucos estudos avaliaram a relação entre a prática do Método Pilates e modificações na composição corporal. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito do Método Pilates na capacidade física e na composição corporal em mulheres adultas.

Materiais e métodos

    Este estudo foi composto por dois grupos de mulheres adultas entre 18 e 60 anos de idade, sendo um grupo de adultas ativos (GA), composto por 10 mulheres que já praticavam o Método Pilates (Solo) a pelo menos três meses, duas vezes por semana, sem interrupções, e outro grupo composto por nove mulheres fisicamente inativas (GI), a pelo menos um ano sem prática de atividade física sistematizada.

    A amostra foi selecionada na cidade de Santos, estado de São Paulo, em academias que ofereciam o Método de Pilates no Solo. As avaliações foram realizadas em uma única academia, com os mesmos instrumentos e pelo mesmo avaliador. Todos os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e foram informados sobre os procedimentos do teste e objetivos do estudo.

    Os testes realizados foram:

  • Teste de composição corporal: baseado no protocolo de três dobras cutâneas de Pollock (1978), sendo aferidas as medidas triciptal, suprailíaca e coxa. Para tal foi utilizado um compasso de marca Sanny com escala em milímetros. O teste foi realizado com o avaliado vestindo roupa de banho e pele seca;

  • Estatura: realizado com estadiômetro portátil de marca Sanny com precisão em milímetros. O teste foi realizado descalço, em posição ortostática e aferido em inspiração total;

  • Massa corporal (MC): foi utilizada uma balança digital com precisão de 100g, calibragem constatada e apoiada em solo nivelado. O teste foi realizado com o avaliado descalço e vestindo roupa de banho, sem portar nenhuma outra vestimenta e objeto;

  • Circunferência da cintura e quadril: foi utilizada uma fita métrica flexível de metal e escala em milímetros de marca Sanny. Os pontos referenciais para a circunferência da cintura foi a região menos proeminente da região abdominal, aproximadamente dois centímetros acima do umbigo; já para o quadril, foi considerado a maior porção glútea visível ao avaliador. O teste foi realizado em roupa de banho e com a pele seca;

  • Teste de flexibilidade (FLEX): foi avaliada a flexibilidade de tronco e quadril através do teste de sentar e alcançar no Banco de Wells. O avaliado, sentado de pernas estendidas, realizou três tentativas em alcançar com a ponta dos dedos das mãos, o máximo de amplitude, sendo considerada válida a melhor tentativa. O teste foi expresso em centímetros;

  • Teste de equilíbrio (EQUIL): foi utilizado o teste denominado “Parada da Cegonha”, por Tritschler (2003). O avaliado permanece sobre o pé de apoio, no qual sente maior confiança (após duas tentativas de verificação), com as mãos apoiadas na altura da cintura e com o outro pé apoiado, com a face plantar, na parte interna do joelho da perna dominante. Após comando do avaliador, o avaliado eleva o calcanhar e permanece em apoio sobre os artelhos até perder o equilíbrio, tocando os calcanhares no chão ou tirando as mãos da cintura, o que caracteriza motivo para interrupção do teste. Foram feitas três tentativas consecutivas com 15 segundos de descanso entre cada uma, todas as tentativas foram realizadas com os olhos abertos. É considerado o valor da melhor tentativa executada nas três repetições como o resultado do teste.

    O IMC (Índice de massa corporal) foi obtido através dos resultados da massa corporal e estatura, sendo expresso em kg/m². O índice de relação cintura/quadril (RCQ) foi realizado através do produto entre a razão dos valores de cintura/quadril.

    Através dos resultados dos testes de massa corporal, estatura, composição corporal e mais a idade dos avaliados, foram calculados, em programa Excel 2007 for Windows, o percentual de gordura (%GC) e o percentual de massa magra - isenta de gordura - (%MM) de cada participante.

    O teste “t” de Student pareado foi utilizado para avaliar a diferença entre grupos, como tratamento estatístico desde estudo, realizado em software Excel 2007 for Windows, levando em consideração um nível de significância de p < 0,05.

Resultados

    A amostra foi composta por 19 mulheres entre 18 e 60 anos de idade assim distribuídas: 10 mulheres no GA com média de idade de 47 anos ± 8,8 (desvio-padrão), e nove mulheres no GI com média de idade de 32 anos ± 10,5 (desvio-padrão).

    A caracterização dos resultados da análise dos dados estatísticos referentes a este estudo é apresentado nas tabelas a seguir.

Tabela 1. Resultado com média e desvio-padrão das variáveis de composição corporal nos dois grupos

 

Tabela 2. Resultados com média e desvio-padrão das variáveis de avaliação física nos dois grupos

    A tabela 1 demonstra as médias e desvio-padrão para as variáveis de composição corporal avaliadas nos dois grupos. Quando aplicado o teste “t” de Student pareado, notou-se que para as variáveis IMC, RCQ, %GC e MC não houve diferenças significativas (p<0,05) entre os grupos. Já para a variável %MM houve diferença significativa (p<0,05) entre os grupos, sendo que o GA apresentou maior valor médio do percentual de massa magra, 73,62% ± 3,09, em relação ao GI, 70,48% ± 4,54.

    A tabela 2 demonstra as médias e desvio-padrão para as variáveis de avaliação física avaliadas nos dois grupos. Quando aplicado o teste “t” de Student pareado, notou-se que para a variável EQUIL não houve diferenças significativas (p<0,05) entre grupos. Já para a variável FLEX houve diferença significativa (p<0,05) entre os grupos, sendo que o GA apresentou maior alcance médio (34,60cm ± 6,49) em relação ao grupo GI (20,56cm ± 15,21).

Discussão

    O Método Pilates, hoje em dia, é um método de treinamento utilizado em diversas esferas e vertentes do treinamento físico. Os estudos sobre o tema são crescentes, porém, há necessidade de mais investigações sobre o tema. Com isso, este presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito do Método Pilates na capacidade física e na composição corporal em adultos.

    Não foram encontradas diferenças significativas para algumas variáveis nas avaliações da composição corporal: IMC, RCQ, %GC e MC. Da mesma forma, para a variável na avaliação da capacidade física equilíbrio (EQUIL), também não foi encontrada diferença significativa entre os GA e GI. Porém, para a variável da composição corporal massa magra (%MM) e para variável de avaliação física flexibilidade (FLEX), foi demonstrado diferenças significativas entre os GA e GI, onde o GA apresentou melhor desempenho no teste de flexibilidade, caracterizado por maior alcance (em centímetros) em relação ao GI. Igualmente, o GA apresentou maior percentual de massa magra (%MM) em relação ao GI.

    Estudo de caso de Miranda e Moraes (2009), com dois indivíduos, que realizaram treinamento físico pelo Método Pilates por três meses, também não demonstraram diferenças significativas no percentual de gordura dos avaliados. Da mesma forma que o presente estudo, no teste de flexibilidade, apesar de ser realizado com instrumentos diferentes do presente estudo, pelo goniômetro, os avaliados apresentaram maiores amplitudes de movimento após o período de treinamento. Estes dados corroboram os achados descritos presente. Porém, uma diferença pode ser observada entre os mesmos. No estudo de Miranda e Moraes (2009) não foi encontrada diferença significativa no percentual de massa magra nas avaliações pré e pós-treinamento, o que pode ser observado no presente estudo. Este fato pode ser explicado pela diferença no tempo de treinamento das amostras entre os estudos. Miranda e Moraes (2009) realizaram treinamento deste método por três meses, o que talvez não demonstrou ser suficientemente longo para promover adaptações significativas na massa magra. Já o presente estudo avaliou pessoas com no mínimo três meses de prática, o que pode ter influenciado pessoas com maior tempo de prática participando da amostra, demonstrando tempo suficiente para adaptações na massa magra.

    Em relação a teste de avaliação física de força, Ferreira et al. (2007) demonstraram que em teste de força abdominal, a prática do Método Pilates é suficiente para aumentar a força dinâmica deste grupo muscular. No presente estudo não houve testes de força avaliados. Porém, o aumento da massa magra, observada neste estudo, é uma das características hipotéticas de contribuição para o aumento da força muscular.

    Rosa e Lima (2009) avaliaram a correlação entre lombalgia e índices de flexibilidade em praticantes do Método Pilates que praticam o treinamento a pelo menos três meses. Os autores não encontraram correlação entre os fatores, concluindo que a flexibilidade não é o único item a ser avaliado em casos de lombalgia em praticantes do método, já que a etiologia do problema é multifatorial. O presente estudo não avaliou intensidade de do lombar, mas defini a flexibilidade como um dos componentes da aptidão física beneficiadas com o método de treinamento, assim como, o aumento da massa magra, que pode influenciar no incremento da força muscular e contribuir na prevenção de patologias, como a lombalgia.

    Limitações possíveis deste estudo pode ser a amostra selecionada, a qual não foi constituída de forma aleatória, e sim de forma voluntária conforme disposição dos pesquisadores. Assim como o método de estudo transversal, realizando apenas um teste em momento específico em praticantes experientes do método de treinamento estudado. Portanto, sugerem-se, a partir deste momento, testes realizados com amostra aleatória e método de estudo longitudinal com maior controle de variáveis.

Considerações finais

    Em vista dos resultados obtidos neste estudo, pode-se considerar que o Método Pilates de treinamento físico, com prática de no mínimo três meses sem interrupções, é suficiente para incrementar a flexibilidade e a massa magra de mulheres praticantes do método, quando comparadas a mulheres que não praticam nenhuma atividade física sistematizada.

Referências bibliográficas

  • FERREIRA, C.B.; AIDAR, F.J.; NOVAIS, G.S.; VIANNA, J.M.; CARNEIRO, A.L.; MENEZES, L.S. O Método Pilates sobre a resistência muscular localizada em mulheres adultas. Motricidade. Vol. 3, n. 4, pp. 76-81, 2007.

  • KOLUNIAK, I.E.G.G.; CAVALCANTI, S.M.B.; AOKI, M.S. Avaliação isocinética da musculatura envolvida na flexão e extensão de tronco: efeito do método Pilates. Revista Bras Med Esporte. Vol. 10, n. 6, pp. 487-490, 2004.

  • KOPITZKE, R. Pilates: a fitness tool that transcends the ages. Rehab Manag. Vol. 20, n. 6, pp. 28-31, 2007.

  • MACHESONI, C.; MARTINS, R.; SALES, R.; BORRAGINE, S.O.F. Método Pilates e aptidão física relacionada à saúde. EFDesportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15, n. 150, 2010. http://www.efdeportes.com/efd150/metodo-pilates-e-aptidao-fisica-saude.htm

  • MIRANDA, L.B.; MORAIS, P.D.C. Efeitos do Método Pilates sobre a composição corporal e flexibilidade. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício. Vol. 3, n. 13, pp.16-21, 2009.

  • RODRIGUES, B.G.S.; CADE, S.A.; TORRES, N.V.O.B.; OLIVEIRA, E.M.; DANTAS, E.H.M. Autonomia funcional de idosas praticantes de Pilates. Fisioterapia e Pesquisa. Vol. 17, n. 4, pp.300-305, 2010.

  • ROSA, H.L.; LIMA, J.R.P. Correlação entre flexibilidade e lombalgia em praticantes de Pilates. Rev. Min. Educ. Viçosa. Vol. 17, n. 1, pp. 64-73, 2009.

  • TRITSCHLER, K.A. Medida e avaliação em educação física e esporte de Barrow e McGee. 5ª. rev. ed. Manole: Barueri – SP, 2003.

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