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Desenvolvimento e bem-estar em bebês
de 6 a 36 meses através da natação

Desarrollo y bienestar en bebés de 6 a 36 meses por medio de la natación

 

*Especialista em Educação Física Escolar, docente na FACEM-MT

**Doutorando em Educação PUCRS, professor substituto

da Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA

***Mestre em Educação PUCRS. Técnico Desportivo e Professor Temporário

da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA

****Graduada em Educação Física – FACEM-MT

(Brasil)

João Ricardo Gabriel de Oliveira*

jrgabriel2@yahoo.com.br

Adelar Aparecido Sampaio**

adelarsampaio@bol.com.br

Marcio Alessandro Cossio Baez***

marciobaez@unipampa.edu.br

Francieli Aparecida de Lorensi Gnoato****

frangnoato@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A natação para bebês é uma atividade que se encontra em ascensão e a adesão à sua prática vem aumentando significativamente ao longo dos anos. No presente trabalho procuramos analisar alguns benefícios ao bem-estar e ao desenvolvimento infantil através da natação. Participaram do estudo 20 bebês de 06 a 36 meses, de ambos os sexos divididos em grupos de 6 a 12 meses, 13 a 24 meses, e de 25 a 36 meses, que frequentavam aulas de natação em dois períodos semanais de 45 min/aula numa escola de natação do município de Sorriso, MT. Utilizamos a metodologia de pesquisa descritiva, com coleta de dados voltada aos pais e/ou responsáveis através de questionário semiestruturado. Foi verificado a influência positiva das atividades aquáticas no bem-estar e desenvolvimento. Conclui-se que a natação oferecida de forma qualificada e adequada é instrumento promotor do bem-estar e favorece no desenvolvimento infantil.

          Unitermos: Natação. Bebês. Desenvolvimento infantil. Bem-estar.

 

Resumen

          La natación para bebés es una actividad que va en aumento y la aceptación de su práctica ha crecido significativamente a lo largo de los años. En este trabajo se analizan algunos de los beneficios del bienestar y desarrollo infantil a través de la natación. El estudio incluyó a 20 niños 6 a 36 meses, de ambos sexos, divididos en grupos de 6-12 meses, 13-24 meses y 25-36 meses, asistiendo a clases de natación en dos periodos semanales de 45 minutos/clase en una escuela de natación en el municipio de Sorriso, MT. Utilizamos la metodología de la investigación descriptiva, con la recopilación de datos orientada a los padres o tutores a través de cuestionario semi-estructurado. Se observó la influencia positiva de las actividades en el agua en el bienestar y el desarrollo. Se concluye que la natación ofertada de manera calificada y adecuada promueve el bienestar y favorece el desarrollo del niño.

          Palabras clave: Natación. Bebés. Desarrollo del niño. Bienestar.

 

Abstract

          Swimming for babies is an activity that is on the rise and acceptance of his practice has grown significantly over the years. In this paper we analyze some welfare benefits and child development through swimming. The study included 20 infants 06-36 months, of both sexes divided into groups 6-12 months, 13-24 months and 25-36 months, attending swimming lessons at two weekly periods of 45 min / class in a swimming school in the municipality of Sorriso, MT. We use the methodology descriptive research with data collection geared to parents and/or guardians through semi-structured questionnaire. It was observed the positive influence of water activities on the welfare and development. It is concluded that swimming offered so is qualified and suitable instrument to promote the welfare and promotes child development.
          Keywords: Swimming. Babies. Child development. Wellness.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    No presente estudo, que trata dos benefícios da natação para bebês de 6 a 36 meses, procuramos compreender de que maneira os indivíduos obtêm benefícios com práticas regulares em atividades aquáticas, tendo em vista que desde a concepção até a primeira infância passam por diferentes etapas de maturação biológica, caracterizados por um ritmo de crescimento muito acelerado e intenso, denominado por muitos autores como, estágios de desenvolvimento.

    Nesta fase caracterizada por grandes mudanças, estes estágios são fundamentais para que a criança consiga assimilar estas etapas de reorganização seguidas por períodos de integração a cada estágio alcançado.

    Os diversos ambientes são fundamentais para o desenvolvimento dos bebês, entretanto o meio aquático caracteriza-se como um ambiente estimulante, que possibilita uma variedade de movimentos, devido à inibição ou minimização do impacto da gravidade do corpo imerso em água, além dos benefícios que o contato com o meio líquido pode proporcionar aos bebês.

    Sendo assim, a natação pode ser considerada uma excelente ferramenta para o melhor desenvolvimento da criança, já que o bebê está adaptado ao meio líquido desde a gestação, momento onde são capazes de realizar movimentos natatórios, demonstrando uma série de reflexos comuns na primeira infância.

    A natação para bebês é uma atividade que se encontra em ascensão e a adesão à prática por parte dos pais vem aumentando significativamente ao longo dos anos, tendo em vista que pode ser utilizada como ferramenta para o desenvolvimento da criança.

    Neste contexto, o presente estudo pretende contribuir com os educadores (pais, professores) acerca dos benefícios que a prática regular da natação promove ao desenvolvimento de bem-estar em bebês na faixa etária de 6 a 36 meses que participaram periodicamente de aulas de natação em uma escola de natação do município de Sorriso/MT.

2.     Revisão de literatura

2.1.     O desenvolvimento da criança

    O período de desenvolvimento intra-uterino de um indivíduo dura cerca de nove meses e neste período o feto realiza uma série de transformações até o nascimento que continuam ao longo do desenvolvimento humano através de uma complexidade de fatores genéticos, biológicos, físicos e sociais.

    Nos primeiros anos de vida, o desenvolvimento biológico passa por uma série de evoluções e segundo Piaget (1989) o desenvolvimento da criança ocorre por estágios, ocorrendo uma modificação progressiva dos esquemas de assimilação, propiciando diferentes maneiras de o indivíduo interagir com o meio, ou seja, de organizar seus conhecimentos visando sua adaptação.

    O desenvolvimento da criança está sujeito a inúmeras influências e as diferenças individuais aumentam à medida que a criança cresce. Os estágios de desenvolvimento de acordo com Ramaldes (1999) de forma sintetizada são:

  • Período: 06 a 18 meses/fase: emocional/características – aparece o riso e o choro, demonstrando sentimento e desenvolvimento das emoções capitais: dor, bem-estar, fome, alegria.

  • Período: 18 a 24 meses/fase: sensório motor/características: coordenação de dois sistemas básicos: sensório, motor, experiências: tatocinestésicas, viso-motora, auditivas fônicas.

  • Período: 24 a 30 meses/fase: projetivo/características – necessidade se torna presente e o objeto ausente. Ação é estimuladora da atividade mental.

2.2.     Crescimento físico

    Cada criança é única e num contexto geral entende-se que seu desenvolvimento é o resultado da complexidade de interações ambientais, sociais, biológicas e físicas de cada indivíduo e por esta razão a fase de desenvolvimento são determinantes no processo de estruturação orgânica decisivas para toda a vida.

    Quanto ao crescimento físico de uma criança nos primeiros anos de vida o crescimento é acelerado até os três anos e depois deste período é regular, porém mais lento.

    Para Corrêa (2002) o desenvolvimento físico e motor normal ocorre em uma sequência pré-ordenada, além de influenciado pela hereditariedade, fatores do ambiente, tais como renda, nutrição, raça e sexo.

    A herança genética também representa fator determinante para o crescimento físico (altura, peso), entretanto, existem marcos de desenvolvimento padrão:

Tabela 1. Desenvolvimento padrão de crianças de 0 a 36 meses

    Importante ressaltar que crianças crescem em ambientes onde existem melhores condições de moradia, de saúde e de alimentação, pois, possuem melhores condições para seu desenvolvimento.

2.3.     Desenvolvimento motor

    A necessidade humana de se movimentar é vital e acontece desde o ventre materno, evoluindo de movimentos mais simples a movimentos mais complexos.

    Para Manoel (apud DIAS, 2009) o desenvolvimento motor é o processo pelo qual todos os seres humanos percorrem em busca de aquisições de habilidades no decorrer de suas vidas. Para o autor, é um processo extenso e difere de indivíduo para indivíduo, quanto ao momento que ocorre. Entretanto, a sequência como ocorre é basicamente a mesma em todas as crianças.

    Conforme Meinel referenciado por Matos (2009) as formas de movimento mais importantes que se aprimoram e que também são adquiridas entre o primeiro e o terceiro ano de vida, são: o andar, subir, equilibrar, saltar de um plano superior, correr, saltitar e saltar, gatinhas, rodar, rolar, empurrar, puxar, trepar, pendurar e balançar, carregar, indícios do pegar e diferentes formas de lançar. Nesta fase de desenvolvimento a criança adquire habilidades e adaptações do tipo comportamental, entretanto ainda não desenvolveu habilidades de raciocínio e coordenação motora mais fina.

    Ainda Höher (2007) enfatiza que, os movimentos da criança, com poucas semanas de vida, são fundamentalmente movimentos incontrolados, não coordenados. Entretanto, ao final da primeira infância, apresenta um quadro notavelmente diferente: seus movimentos são voluntários e coordenados, controla a posição do corpo e dos segmentos corporais mais importantes (pernas, braços, tronco), é capaz de andar e de correr.

2.4.     Desenvolvimento psicomotor da criança

    Segundo Dias (2009) desde os movimentos mais rudimentares ou reflexos até a organização mais estrutural do movimento, transcorrem uma série de aquisições de capacidades motoras, as quais permitem um processo de adaptação e domínio. Com isso observa-se que o desenvolvimento psicomotor da criança é um processo contínuo.

    Para Hoër (2007) a psicomotricidade está relacionada às implicações psicológicas do movimento e da atividade corporal na relação do organismo com meio em que se desenvolve. A meta do desenvolvimento psicomotor é o controle do próprio corpo até ser capaz de extrair todas as possibilidades de ação e expressão que sejam possíveis a cada um.

    A psicomotricidade é a resposta do organismo aos estímulos externos e varia de criança para criança. Conforme Franco (apud MATOS, 2009) a educação psicomotora adapta a criança ao meio utilizando o corpo como instrumento e referência como forma de auto-conhecimento e desenvolvimento e sua relação com os objetos e o mundo.

    Durante este período a criança começa a manipular o meio externo. Chora quando sente ou deseja algo. É o período em que a imunidade já está mais desenvolvida, considerada época favorável para se adaptar ao meio líquido. Quando a água molha as vias respiratórias externas (boca e nariz) a respiração do lactente sadio é bloqueada por reflexos.

2.5.     O desenvolvimento psicossocial

    Apesar de os bebês partilharem desde o início de padrões comuns de desenvolvimento, revelam personalidades diferentes, as quais refletem as influências sociais e ambientais, processo este que é longo, gradativo e contínuo.

    O processo de desenvolvimento não é caracterizado por nenhum tipo de marcação que separa a infância da adolescência e da vida adulta. Entretanto, a partir da infância o desenvolvimento psicossocial está diretamente interligado com as relações sócio-ambientais apontadas em diversas teorias acerca da formação da sua personalidade.

    Ao que se refere ao desenvolvimento social, de acordo com Corrêa (2002), as crianças são capazes de distinguir familiares e estranhos entre cinco e sete meses, porém, a aceitação a estranhos difere muito de bebê para bebê, pois alguns esquivam-se daqueles que não são familiares, outros acolhem bem todos que se aproximam, considerando-se a experiência que tiveram com pessoas estranhas e o grau de liberdade dado pelos pais.

    Tendo em vista o acima exposto, fica evidente que o temperamento, as emoções e as experiências fazem parte da base psicossocial, formando um sistema interligado, e o desenvolvimento da criança é o resulta desta interação.

    Analisando-se os aspectos expostos é importante salientar que o desenvolvimento psicossocial da criança origina-se em resposta aos estímulos recebidos, ao convívio familiar e ao ambiente a que está inserida, características estas que acompanham o indivíduo ao longo da vida.

2.6.     A Natação para bebês e seus benefícios

    A natação ou ato de nadar é a atividade física considerada como excelente agente educativo para o desenvolvimento motor, cognitivo e psicossocial da criança, considerando-se o ambiente prazeroso, o grupo de movimentos complexos realizados e as inúmeras possibilidades de atividades que podem ser desenvolvidas no meio aquático.

    Neste aspecto Lagrange citado por Azevedo (2008) afirma que o bebê já é adaptado ao meio líquido desde a gestação e estando acostumado ao meio líquido desde a fase uterina, pode exibir uma performance que encanta e até surpreende quem assiste a uma aula de natação para crianças. O contato com a água ainda nos primeiros meses de vida favorece a saúde e proporciona um movimento de prazer e descobertas para os bebês.

    De acordo com Ramaldes (1999) a prática regular da natação é um dos meios mais eficazes para prevenção e correção de problemas posturais, auxilia no desenvolvimento fisiológico, principalmente o cardiopulmonar permitindo novas possibilidades de coordenação, além de ser considerada como um excelente método pedagógico e favorável para um relacionamento melhor consigo e com os outros.

    Damasceno citado por Morais (2008) ressalta ainda que, através de um programa de natação é possível supor que as estimulações corporais, transformadas em gestos motores, levarão os indivíduos a conseguirem progressos em suas habilidades motoras, psíquicas e sociais, requeridas para adequada estruturação da personalidade infantil.

    De acordo com Le Boulch, (1982) a criança necessita do contato com outras crianças da mesma faixa etária, conhecer e aproximar-se de adultos, a fim de iniciar sua fase elementar de socialização. O caráter coletivo da aprendizagem da natação, através do intercâmbio com as outras pessoas permite à criança ampliar sua relação afetivo-social.

    Já Santos (apud BAGGINI, 2008) enfatiza que a criança deve ser considerada um ser que constrói suas relações com o mundo através de suas próprias atividades cotidianas. Dentre as vantagens da prática estão o desenvolvimento e a maturação do bebê, considerando-se a capacidade de estímulo que a natação favorece.

    Segundo Ferreira (apud AZEVEDO, 2008) a natação proporciona aos bebês benefícios físicos, orgânicos, sociais, terapêuticos e recreativos, melhora a adaptação na água aprimorando a coordenação motora, noções de espaço e tempo, prepara o psicológico e neurológico para o auto-salvamento, aumento da resistência cárdio-respiratória e muscular. A natação ajuda também a tranqüilizar o sono, estimular o apetite, melhorar a memória, além de prevenir algumas doenças respiratórias

    Ao que diz respeito às desvantagens, Camus (1993) aponta algumas contra-indicações, na maioria dos casos passageira, como os resfriados e os problemas alérgicos relacionados ao cloro que não são considerados entraves para a prática da atividade, já que existe no mercado produtos alternativos como o cloro orgânico que evita tais reações.

    Considerando-se os aspectos relacionados às doenças respiratórias, Rodrigues (2006) afirma que a natação no ponto de vista fisiológico, melhora o desempenho muscular e ventilatório da criança. Sendo assim, é importante salientar para que bons resultados sejam alcançados que a natação para os bebês deve estar focada no desenvolvimento e no benefício à saúde e não como objetivo principal o de tornar a criança um atleta.

2.6.1.     As Aulas de Natação

    As aulas de natação para bebês devem ser agradáveis e ter em média duração entre 30 e 45 minutos já que o sistema termo-regulador não está em pleno desenvolvimento e para não tornar a atividade cansativa. O progresso deve ser gradativo, apresentando sempre exercícios que despertem o interesse dos bebês.

    Até a idade de três anos é indicado que a criança realize a prática junto com um acompanhante na piscina ou então até que sinta-se confiante e esteja acostumada com a atividade aquática, pois o aprendizado deve ser entendido como seguro e prazeroso e, deste modo, contribuir para o desenvolvimento fisiológico e sócio-afetivo.

    Segundo Zulietti e Sousa (2002) é recomendado que o acompanhante nas aulas de natação sejam os pais. Além disso, é importante ressaltar que a presença dos pais é indispensável nas aulas, pois, aumenta a confiança do bebê facilitando seu processo de aprendizagem, além disso, somente os pais conhecem as reações e as expressões dos filhos. Quando os bebês estão com os pais, têm maior liberdade e segurança para expressar seus sentimentos sem ficarem inibidos (HOËR, 2007).

    Levando-se em consideração os aspectos psicológicos de cada criança, Ramaldes (1999) aponta que o papel do professor consiste em corrigir as falhas cometidas pelos alunos através de correções verbais, correções manuais, mostrar e explicar o gesto que o aluno deverá fazer mantendo acima de tudo a segurança do aprendiz.

    Além disso, a orientação para o ensino no nível até aos 3 anos conforme Ramaldes (1999) deve ressaltar que a relação entre o professor e o bebê envolve domínio afetivo, o “sentir” da criança, seus medos, suas ansiedades, suas alegrias, suas tristezas, suas pulsões.

    O oferecimento de atividades aquáticas adequadas à criança constitui-se em um dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento das suas capacidades motoras. Para alcançar o pleno desenvolvimento dos bebês, a saúde e o equilíbrio buscados é fundamental desenvolver na criança o gosto pela atividade aquática, através de objetivos claros e firmes, respeitando-se as faixas etárias, propondo atividades dentro de sua capacidade psicomotora, conforme seu desenvolvimento e suas habilidades além de a relação entre professor e o bebê ser de segurança e confiança.

    Além disso, Xavier Filho e Manoel (apud BAGGINI, 2008) argumentam que o profissional deve permitir que a criança, primeiramente, descubra várias formas de locomoção na água, para depois iniciar a aprendizagem dos estilos, pois os movimentos rudimentares das crianças são fundamentais para a futura movimentação eficiente e consistente.

    Salienta-se ainda que diversos autores defendam que o pediatra deve ser consultado antes de se iniciar qualquer atividade com o bebê, onde este profissional ateste que a criança está em dia com as vacinas e apta a realizar a atividade no meio aquático.

3.     Metodologia do trabalho

    Foi realizada uma pesquisa descritiva com o objetivo de coletar dados e informações que contribuam na análise e interpretações dos resultados, além de pesquisa bibliográfica para melhor fundamentação teórica.

    O instrumento de coleta de dados foi desenvolvido por meio de um questionário contendo 10 (dez) questões fechadas, direcionadas aos a pais ou responsáveis de 20 (vinte) bebês em três categorias de entrevistados, considerando-se as faixas etárias de 6 (seis) a 12 (doze) meses, de 13 (treze) a 24 (vinte e quatro) meses e de 25 (vinte e cinco) a 36 (trinta e seis) meses. Os bebês freqüentavam aulas de natação em dois períodos semanais de 45 min/aula em uma escola de natação no município de Sorriso/MT.

    Os dados foram tabulados através de uma planilha de Excel, sendo que para análise foi descritiva.

    No âmbito deste estudo, considerou-se a infância o período compreendido entre o nascimento e os três anos de vida e, neste contexto, foram analisados os aspectos da natação e das atividades no meio aquático e a sua relação com o desenvolvimento infantil e bem- estar de bebês que participam periodicamente de aulas de natação.

    O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade Centro-Matogrossense (FACEM). À escola de natação, foi enviada carta de apresentação, juntamente com as intenções da pesquisa, a qual foi recebida pela direção e aprovada.

    Os responsáveis pelas crianças foram informados que estariam participando de uma pesquisa com objetivo de avaliar os benefícios da natação para bebês de 6 a 36 meses, ocasião em que assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, que expressa sua livre vontade de participar do programa proposto e, para que o pesquisador possa utilizar os dados levantados em trabalhos e publicações relativas ao tema no âmbito nacional e internacional sem, para isso, fazer uso de dados pessoais que possam servir para identificar os participantes, mantendo assim o total anonimato dos indivíduos.

4.     Resultados e discussões

    Neste estudo participaram bebês de ambos os sexos, entretanto no momento da tabulação dos dados o gênero das crianças não foi considerado. Apesar de ignorado o gênero no momento da tabulação de dados, sabe-se que de maneira geral, ao nascer, os meninos são ligeiramente maiores do que as meninas, em todas as dimensões corporais (CORRÊA, 2002). Esta informação não foi considerada relevante para o estudo.

    Dos bebês avaliados, a questão número 1, objetivou saber sobre o aleitamento materno, onde se obteve os seguintes dados apontados na Figura 1.

Figura 1. Questão: Ainda mama no peito?

Fonte: Autores (2012)

    De acordo com a recomendação é de que durante os seis primeiros meses de vida, o aleitamento materno seja exclusivo, pois o leite materno é um alimento completo, possuindo todos os nutrientes que o bebê necessita para crescer de forma saudável durante os seis primeiros meses de vida. Após o sexto mês de vida, aos poucos pode ser introduzido outros alimentos, porém, o leite materno deverá ser mantido até os dois anos ou mais. (BORDIN et. al., 2011).

    A questão 2, avaliou se a atividade no meio aquático contribuiu para a melhora do sono dos bebês, segundo os dados obtidos mostrados na Figura 2:

Figura 2. Questão: Melhorou o sono?

Fonte: Autores (2012)

    A natação é um exercício físico complexo que trabalha diversos grupos musculares, oxigena o sangue e conseqüentemente melhora as condições do sono. Salles e Mataruna (apud HOËR, 2007) afirmam que a atividade na água melhora a qualidade do sono, pois facilita o relaxamento e tem algum efeito de sedação. Na visão de Lopes (2004), a água oferece vantagens e efeitos terapêuticos e promovem o relaxamento, melhora a coordenação motora e o equilíbrio.

    Segundo Ramaldes (1999), a prática regular da natação, permite desenvolver todos os mecanismos fisiológicos: a capacidade pulmonar e o sistema cardiovascular, sendo assim, consequêntemente as condições do sono podem melhorar.

    Por outro lado, de acordo com Dias (2009) as atividades aquáticas para lactantes podem proporcionar melhorias em nível motor, tornando os bebês mais ativos e por esta razão pode alterar o sono da criança. Além disso, muitos pediatras recomendam a natação para bebês como um complemento saudável à formação físico-psíquica das crianças.

    A questão 3 avaliou a melhora na alimentação dos bebês que fazem natação, aonde se pode observar na Figura 3:

Figura 3. Questão: Melhorou a alimentação?

Fonte: Autores (2012)

    Zulietti e Sousa (2002) afirmam que o meio líquido estimula a percepção dos cinco sentidos: tato, audição, visão, olfato e paladar, o que pode contribuir para a melhora do apetite dos bebês.

    A visão de Ferreira (apud HOËR, 2007) numa breve contextualização confirma os dados apontados nas três primeiras questões acima descritas, dizendo que a natação é uma das atividades físicas mais completas que o ser humano pode praticar. Por isso, o meio aquático proporciona às pessoas, desde a mais tenra idade, uma gama de benefícios como: melhora na coordenação motora; proporciona melhor noção de espaço e tempo, prepara a criança psicologicamente e neurologicamente para o auto-salvamento, estimula o apetite, aumenta a resistência cardiorrespiratória e muscular, tranquiliza o sono e também previne várias doenças respiratórias.

    A questão 4 teve por objetivo analisar se a criança fica mais tranquila após a aula de natação. Podemos observar os resultados na figura seguir:

Figura 4: Questão: Fica mais tranquilo(a) após a aula?

Fonte: Autores (2012)

    Para Salles e Mataruna (apud HOËR, 2007) o meio aquático contribui significativamente para o desenvolvimento e conhecimento da criança, atuando sobre sua conduta, fazendo-o mais independente e ativo ao explorar o meio, o que favorece a socialização.

    Na questão 5 foram questionados sobre o banho. Observa-se na Figura 5:

Figura 5. Questão: Está gostando mais do banho?

Fonte: Autores (2012)

    Como afirma Hoër (2007) o banho, para além do seu caráter higiênico, deverá também ter um caráter lúdico e experimental, ou seja, será um momento não só de higiene pessoal, mas, também de brincadeira e de experiência da criança com o meio aquático.

    No olhar de Zulietti e Sousa (2002) o bebê na água relembra sua vivência dentro da barriga da mamãe durante a gestação, podendo-se deduzir, então, que a água é prazerosa, principalmente o banho deve ser uma descontração. Os primeiros passos de uma estimulação aquática seria o banho, que tem por objetivo trazer prazer ao bebê. Deixar respingar água no rosto e depois deixar escorrer a água da cabeça para o rosto e brincar muito durante o banho.

    Na questão 6 os entrevistados foram questionados acerca de ocorrência de doenças respiratórias nas crianças, após estas ingressarem na natação. Na Figura 6, observa-se que:

Figura 6. Questão: Teve doenças respiratórias com mais freqüência?

Fonte: Autores (2012)

    No ponto de vista de Camus (1993) a natação apresenta algumas contra-indicações, mas na maioria dos casos são passageiras, como gripes e inflamações. No caso de crianças com rinite (reação inflamatória da membrana mucosa nasal) há divergência de opiniões médicas. Alguns indicam a natação e outros não aconselham. Outro problema comum em bebês é a alergia ao cloro. No entanto, há uma tendência à utilização do cloro orgânico ou sal no tratamento das piscinas, o que evita reações alérgicas.

    Além disso, Corrêa (2002) afirma que o condicionamento da capacidade respiratória, a pressão da imersão, também aumenta o trabalho respiratório em 60%, melhorando a capacidade respiratória do corpo.

    A respiração é uma das fases mais importantes na aprendizagem da natação, as primeiras dificuldades encontradas pelo nadador estão em não conseguir controlar a respiração, já que na água ela difere da respiração normal, pois no meio líquido inspiramos pela boca e expiramos pelo nariz. Por esta razão, muitos médicos recomendam as atividades na água como método terapêutico para pessoas com enfermidades respiratórias.

    A questão 7 trata da sociabilidade da criança após o início das aulas de natação retratadas na Figura 7:

Figura 7. Questão: Ficou mais sociável?

Fonte: Autores (2012)

    Hoër (2007) afirma que para o bebê, essa prática tem grande importância para sua vida social. Nessa idade ele tem pouco contato social e a natação vai permitir a convivência com outras pessoas. A aula de natação é um dos primeiros locais que o bebê e até mesmo a mãe têm a oportunidade de convívio social, sendo ainda um momento a mais de afetividade e troca de carinho entre mãe e filho.

    Ainda sobre a sociabilidade, é importante ressaltar que, para desenvolver-se, o bebê, após o nascimento requer além da manutenção dos processos orgânicos, o intercâmbio com outras pessoas. É através da relação com os outros que o ser se descobre e constrói pouco a pouco sua personalidade. Esse intercâmbio se inicia entre a mãe e a criança a partir de uma série de organizadores, como o olhar, a mímica, e a mais importante: o sorriso e a linguagem (LE BOULCH apud HOËR, 2007).

    Referente à frequência na Escola, a figura 8 aponta:

Figura 8. Questão: Está na Escola?

Fonte: Autores (2012)

    A inserção em diferentes meios, como por exemplo, a Escola, é de certo modo, promotor do desenvolvimento psicomotor, cognitivo e da personalidade da criança. Portanto, além da maturação, a criança precisa de situações que estimulem a aprendizagem de determinadas habilidades e sua prática posterior, através de orientação, modelos e motivação (HOËR, 2007).

5.     Conclusões

    A partir do estudo realizado, foi possível observar os efeitos esperados na prática de natação para bebês dos 6 aos 36 meses e confirmar o que é consenso entre autores, técnicos e pais, que buscam além do aprendizado da natação a adaptação ao meio aquático.

    A natação contribui significativamente com a socialização, aumenta as possibilidades motoras, afetivas, cognitivas, importantes para crescimento saudável e o desenvolvimento integral do bebê.

    Oferecer atividades no meio líquido adequadas, bem estruturadas e de forma lúdica é fundamental para que os objetivos da prática sejam alcançados. Através da atividade lúdica, as crianças crescem, aprendem a usar os músculos, coordenam o que vêem com o que fazem e adquirem domínio sobre o corpo.

    Pode-se dizer que a prática de atividades aquáticas aumenta as possibilidades motrizes do bebê e permite a experimentação de novas situações que o ajudarão a crescer. Por isso é importante que sua prática deva se presente de forma continuada.

    Importante salientar que as atividades de natação, devem ser propostas dentro da capacidade psicomotora de cada criança, respeitando sua idade, seus limites e suas habilidades para que o desenvolvimento infantil não seja prejudicado e a criança tome gosto pela prática.

    O professor deve estar apto a desempenhar as atividades, programando-as e avaliando-as constantemente, o que exige uma gama de conhecimentos que vão além das técnicas de natação, como por exemplo, conhecimentos de psicomotricidade, psicologia infantil e fisiologia.

    A presença dos pais é fundamental, diferente de outras práticas físicas, a criança nesta modalidade precisa da segurança e do incentivo afetivo peculiar aos pais.

    Por fim, o presente estudo foi capaz de verificar a influência positiva das atividades aquáticas e concluir que a natação oferecida de forma qualificada e adequada é instrumento promotor do bem-estar e desenvolvimento infantil.

Referências bibliográficas

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