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As mulheres e o esporte: uma investigação acerca do gênero

Las mujeres y el deporte: una investigación acerca del género

 

*Licenciada em Educação Física pela Faculdade Anhanguera

**Mestranda do PPGE da Universidade Federal de Pelotas, seguindo a linha

de pesquisa Filosofia da Educação. Graduada em Licenciatura em Letras

Port-Francês pela mesma Universidade. Bolsista CAPES

(Brasil)

Francine Moraes Pereira*

francinemoraespereira@gmail.com

Priscila Monteiro Chaves**

pripeice@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente texto aborda a forma de ingresso e como são tratadas as mulheres atletas que praticam esportes ditos “masculinos”, a fim de compreender as questões impostas pela cultura da sociedade como um todo. Uma vez que as mulheres ainda não possuem as mesmas oportunidades que os homens atletas.

          Unitermos: Mulheres. Esportes. Gênero.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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    Compreendendo a ascensão feminina em diversas profissões e diversos contextos sociais, o objetivo do presente artigo consiste em analisar nos esportes praticados que são culturalmente “masculinos”, a forma de ingresso das mulheres nestes esportes e como são ajustadas e consideradas, ao compará-las aos homens atletas.

    Considerando que a maioria dos esportes são práticas culturalmente associadas ao masculino, esta pesquisa fundamenta-se em estudos sobre gênero, para que as pessoas tomem conhecimento de como são tratadas as mulheres atletas em nosso país se comparando aos homens. Para um bom entendimento das pessoas, verificou-se a necessidade de fazer uma passagem pela emancipação da mulher, para que todos entendam a luta das mulheres por igualdade

    Segundo Sant’anna (2010), quem acredita que futebol feminino é novidade, está equivocado. Inglaterra e Escócia foram os personagens da primeira partida de futebol entre mulheres, em 1898, em Londres. No contexto brasileiro, a primeira partida de futebol feminino foi realizada em 1921, em São Paulo, onde se enfrentaram os times das senhoritas catarinenses e tremembeenses.

    Esta espécie de distinção de Gênero muito marcada nos esportes, além de ser bastante corrente nas artes marciais, ocorre também no automobilismo. Nota-se isto ao analisar a história deste esporte, que na grande maioria das vezes é dominado por homens. Mas há relatos de mulheres que brilharam bastante neste esporte, como o exemplo da Lella Lombardi na famosa Formula 1, que foi a única mulher a pontuar nesta modalidade até os dias de hoje. Ela conseguiu este feito em 1975, quando ficou em sexto lugar no GP da Espanha. Esta conquista de Lella foi um feito extraordinário, tendo em vista que a Formula1 é uma modalidade que envolve um custo monetário bastante alto, o que traz uma ambição maior e uma desejo que nada dê errado extremamente maior. Muitos empresários acreditam que as mulheres não são capazes de realizar uma corrida com êxito, ponderando o custo inclusive advindos dos prováveis patrocínios.

    Segundo relato de Berton (2006, p. 2) O preconceito com a mulher na prática de esportes, principalmente os de aventura, peca pela falta de roupas próprias, o que levou a pensar na maneira de auxiliá-la com roupas específicas de forma prática, feminina e confortável. Tendo em vista que os esportes radicais não são praticados pelo simples fato de praticar e sim como um estilo de vida, a maioria das mulheres que praticam esportes de aventura ou radicais, vive essa verdade e usa essas roupas diariamente em seus treinos, por este motivo, é necessário que parta das marcas esportivas um investimento para aumentar as opções das mulheres na hora de se vestir. Para os praticantes de esportes de aventura não é apenas treinar e competir trata-se de um estilo de vida que busca descobrir seus próprios limites e superá-los. (Pudles, 2004 apud Berton, 2006).

    Em busca do objetivo proposto pelo presente texto, foi elaborada uma pesquisa exploratória, através de entrevistas aplicadas a 20 mulheres atletas da cidade de Pelotas com idades entre 15 e 22 anos, escolhidas aleatoriamente. As atletas foram abordadas nos locais de prática de seus respectivos esportes, entre os esportes abordados estão: o Skate, o Boxe, o Futebol, o MMA e o Moto Cross. Utilizou-se como instrumento de pesquisa, um questionário aberto contendo sete questões de fácil interpretação com perguntas claras e objetivas, onde as atletas responderam verbalmente.

    Além de tal pesquisa de base empírica e da breve pesquisa bibliográfica que permeia o presente texto, analisando o livro Onda Dura: 3 décadas de skate no Brasil, editado por Eduardo Britto, percebeu-se que o livro contém 105 páginas, com o objetivo de narrar a história do skate no Brasil desde 1970 a 2000, mas em meio a tantas páginas verificou-se apenas uma pequena e vaga referência às mulheres, em que o editor informa que, no ano de 1995, ocorreu o primeiro campeonato feminino de skate, realizado na ZN skatepark, em São Paulo, campeonato este o qual foi vencido por Giuliana Ricomini (2000, p. 62), como segue no seguinte extrato:

    A invisibilidade apresenta-se, ainda, naquilo que a publicação mostra como imagens significativas desse esporte. Nele aparecem mais de setenta fotos com atletas fazendo manobras radicais: nenhuma delas é de uma skatista. Nas suas páginas vemos apenas duas imagens de mulheres e essas são bastante emblemáticas para movimentar análises a partir da dos estudos de gêneros. Na primeira delas, aparece a vencedora do primeiro campeonato dos anos de 1990. No entanto, a atleta não é fotografada em ação como são os homens: Giuliana Ricomini está de costas, segurando o skate e revelando para as lentes do fotógrafo a imensa tatuagem que colore quase toda essa parte de seu corpo, que está descoberta. A leitura que fazemos dessa construção textual, em nenhum momento é atribuída a alguém que acabou de vencer um campeonato de skate. O que se vê é um belo corpo tatuado. (FIGUEIRA; GOELLNER, 2009, p.101).

    Apesar da sempre crescente presença feminina na vida esportiva do país, a situação atual das mulheres deve ser avaliada com cautela. Mesmo que a participação delas como esportistas seja significativa, ainda é consideravelmente menor que a dos homens. Esta diferença pode ser identificada nas mais diversas instâncias em que se praticam as atividades corporais e esportivas, tais como nos clubes esportivos, nas atividades escolares, nas áreas de lazer, na presença em estádios e ginásios como espectadoras e também nos meios de comunicação de massa, que destinam aos atletas homens maior destaque e projeção. (Goellner, 2005).

    Logo, a analisando as concepções apresentadas, é possível perceber que a ação das mulheres por igualdade nas oportunidades e contra o preconceito no meio esportivo já é realidade há um largo tempo. No entanto, ainda que com todos os estudos sobre gênero e a ampla história de luta das mulheres, estas ainda não possuem as mesmas oportunidade os atletas do sexo masculino. Todas as atletas entrevistadas relataram que já sofreram preconceitos por praticarem estes esportes, mas também revelaram que o preconceito na grande maioria das vezes parte das pessoas que não praticam o esporte do qual se questiona. Entende-se aqui que esta resistência advém, em maior parte, do imaginário coletivo cultural da sociedade, que ainda traz seus estigmas. Elas acreditam que falta muito incentivo financeiro e também oportunidades de visibilidade na mídia.

    Ponderando as referências estudadas para a elaboração do presente texto, pode-se perceber que apesar da cultura imposta à sociedade, ainda há algumas dúvidas acerca do papel da mídia neste quadro de exclusão: qual a contribuição da mídia no crescimento ou diminuição do preconceito e discriminação impostos as mulheres atletas? Será que esta não estaria marginalizando as atletas, reportando especulações da vida pessoal, comentando sobre a beleza de suas formas físicas e deixando seu desempenho esportivo em segundo plano, em uma sociedade com resquícios machistas? Ao que tudo indica, em busca do constante ibope, esta parece ter uma dupla função, ao minorar a credibilidade destas mulheres enquanto atletas enquanto, ao mesmo tempo, fornece a visibilidade para determinadas atletas.

Referências

  • BRITTO, E.A. Onda dura: Três décadas de skate no Brasil. São Paulo: Gráfica Círculo, 2000.

  • BERTON, Tamissa J. Barreto. A roupa como meio de incentivo a prática de esportes da mulher moderna. 7° Congresso de Pesquisa & Desenvolvimento em Design. Paraná, 2006.

  • FIGUEIRA, Márcia Luiza; GOELLNER, Silvana. Skate e mulheres no Brasil: fragmentos de um esporte em construção. Revista Brasileira de Ciência e Esporte, Campinas, v. 30, n. 3, p. 95-110, maio 2009.

  • GOELLNER, Silvana. Mulher e esporte no Brasil: entre incentivos e interdições elas fazem história. Revista Pensar a Prática, v.8, n.1, p.85- 100, jan/jun. 2005.

  • SANT’ANNA, C.J.B.de. Futebol Feminino. 2010. Disponível em: http://www.clerioborges.com.br/ffeminino.html. Acesso em: 28 de abril 2012.

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